🔴 OURO DISPARA 55% EM 2025: AINDA DÁ PARA INVESTIR? – SAIBA COMO SE EXPOR AO METAL

Felipe Miranda: Vale a pena investir em ações no Brasil?

Dado que a renda variável carrega, ao menos a princípio, mais risco do que a renda fixa, para se justificar o investimento em ações, elas precisariam pagar mais nessa comparação

17 de março de 2025
20:00 - atualizado às 9:39
B3, bolsa de valores, ações, mercados, brasil, dividendos, empresas, ibovespa, investir resultados balanços
Imagem: iStock/Ca-ssis

Começo a semana com duas recomendações culturais. Ambos são episódios do podcast Market Makers, que está assumindo uma posição semelhante àquela de Joe Rogan nos EUA, tamanha relevância e repercussão entre agentes econômicos.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O primeiro conta com participação dos gestores Daniel Goldberg e Luis Stuhlberger. O segundo entrevista Luiz Guerra, CIO da Pragma. Sugiro que o investidor percorra essa ordem, pois o último faz referência ao primeiro.

Entre eles, se estabelece um rico debate que, em última instância, se debruça sobre a questão: vale a pena investir em ações no Brasil?

Em linguagem técnica, o assunto é apresentado como prêmio de risco de mercado, ou seja, quanto as ações brasileiras rendem, na média, comparativamente ao CDI? Dado que a renda variável carrega, ao menos a princípio, mais risco do que a renda fixa, para se justificar o investimento em ações, elas precisariam pagar mais nessa comparação. 

A experiência global e o caso brasileiro

Observando vários mercados no mundo, em particular nos países desenvolvidos, o tal prêmio é facilmente identificável. Apesar de volátil ao longo do tempo e, por definição, de não se materializar todo ano, várias formas de calcular, fatiando o tempo de diversas maneiras diferentes, apontam a existência do prêmio positivo para se investir em ações.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Para os interessados, Aswath Damodaran calcula de maneira recorrente esse excedente de retorno para a bolsa norte-americana.

Leia Também

No caso brasileiro, a resposta não é óbvia. Mais do que isso, a evidência empírica dos últimos 15 anos (e poucos diriam que isso é curto prazo) aponta para um prêmio de risco negativo das ações brasileiras. Ou seja, elas pagaram menos do que a renda fixa, mesmo carregando uma volatilidade muito maior. 

Veja: essa não é uma discussão teórica. Embora se assente sobre conceitos elementares da Teoria das Decisões Financeiras, dela decorre um corolário prático bastante importante: ora, se as ações brasileiras rendem sistematicamente menos do que a renda fixa, o investidor teria um portfólio mais eficiente se apenas evitasse essa classe de ativo. Dito de outra forma, a renda variável no Brasil deveria ser preterida.

É nesse contexto que se inserem as exposições de Daniel Goldberg e Luiz Guerra. Dando aqui um pequeno spoiler e incorrendo no risco do problema clássico do princípio da não-tradução, de modo que insisto na sugestão de que recorram aos originais, arrisco uma síntese dos argumentos, para depois eu mesmo dar uma posição a respeito.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Se eu não estiver sendo fiel e justo com os expositores, peço desculpas de antemão, já firmando o compromisso de eventual correção subsequente. Qualquer erro na terceirização do discurso será fruto de deslize involuntário, não de qualquer posição dolosa ou tentativa de enviesar a conversa.

Daniel Goldberg identifica um prêmio de risco negativo para as ações brasileiras, de fato, sugerindo que o histórico aponta nessa direção. Com efeito, ao longo dos últimos anos, a Bolsa local tem sido um mau investimento. 

Quando perguntado as razões para essa distorção, Daniel sugere que, na verdade, isso acontece porque aquilo que costumamos chamar de ativo livre de risco no Brasil (títulos da dívida pública) não é realmente livre de risco. 

Luiz Guerra concorda com a afirmação de que o ativo visto como livre de risco no Brasil, na verdade, não é 100% seguro. Mas rebate a ideia do prêmio de risco negativo. Segundo ele, o prêmio é, na verdade, positivo.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Estamos apenas um longo período recente negativo e concluindo que a Bolsa é estruturalmente ruim. Ele lembra que mesmo o S&P 500 já teve décadas de performance negativa ou zerada. O prêmio só existe porque ele demora muito tempo para se materializar. Se ele fosse estável e ocorresse todo ano, seria arbitrado, deixando de existir.

De forma direta: se estendêssemos a janela temporal para horizontes mais dilatados, identificaríamos a Bolsa rendendo acima do CDI.

LEIA TAMBÉM: Felipe Miranda: O pico do excepcionalismo norte-americano?

Ações, renda fixa e risco

Afirmar que o prêmio de risco de mercado no Brasil é negativo significa dizer que:

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
  • i) há um ativo (ações) de maior risco do que outro (renda fixa) e que rende menos estruturalmente; ou
  • ii) as ações são menos arriscadas do que a renda fixa.

Se i) for verdadeiro, precisamos reescrever os livros de Finanças e Economia adicionando um asterisco qualificador, algo assim: “os ativos de maior risco tendem a ter retorno potencial maior, com exceção do caso brasileiro”. Se, sistematicamente, as ações (de maior risco) rendem menos do que a renda fixa, por que ninguém arbitra isso? O mercado brasileiro é estruturalmente ineficiente? 

A respeito do ponto ii), podemos até admitir que, em determinadas situações muito extremas, as ações possam ser menos arriscadas do que a renda fixa. Também sabemos que volatilidade não é necessariamente uma boa medida de risco. Mas colocar estruturalmente as ações como menos arriscadas do que a renda fixa fere um princípio básico das finanças corporativas, de senioridade dos credores sobre os acionistas.

Aqui, inclusive, reside minha ponderação sobre o argumento de Daniel Goldberg. Ele tem o apoio inquestionável dos dados empíricos dos últimos 15 anos. A Bolsa realmente foi ruim nesse longo intervalo. Ele também está correto sobre a existência de risco nos títulos soberanos brasileiros.

No entanto, esse risco dos títulos públicos não explica, na essência, a má performance da Bolsa em termos relativos. Para isso ser verdade, não bastaria a renda fixa ter risco. Ela precisaria ter mais risco do que a Bolsa, o que, como argumentamos acima, não parece ser o caso. Lembre-se: o prêmio de risco, por definição, é um critério relativo. Renda fixa ter risco por si só não justifica o caso aqui em questão.

Já minha ressalva sobre os pontos de Luiz Guerra recai sobre a ausência de evidência empírica para sustentar a tese do prêmio de risco positivo e sistemático nas ações brasileiras. Ele traz excelentes dados sobre os mercados globais. Mas a existência do prêmio lá fora não garante, necessariamente, seu paralelo no Brasil. 

Recorrendo aos dados locais, não conseguimos identificar de maneira tão simples e sistemática o prêmio, como fazemos para os EUA. Há vários momentos, a depender da forma como se corta e se mede, em que o prêmio é, sim, positivo, mas, de novo, essa não é uma conclusão estável e longeva. O momento do ciclo em que você corta e o horizonte temporal interferem muito na análise, em especial para um histórico que, para esse tipo de análise, ainda é curto.

Talvez a resposta definitiva para a questão venha somente nos próximos anos. Com o ciclo mudando em favor de mercados emergentes, uma Selic menor mais à frente e uma eventual mudança do pêndulo de economia política, podemos chegar a uma conclusão muito diferente daquela da década anterior. Não sendo o caso, Daniel terá vencido a argumentação nesta cova de leões.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Eleição no Chile confirma a guinada política da América do Sul para a direita; o Brasil será o próximo?

18 de novembro de 2025 - 6:03

Após a vitória de Javier Milei na Argentina em 2023 e o avanço da direita na Bolívia em 2025, o Chile agora caminha para um segundo turno amplamente favorável ao campo conservador

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Os CDBs que pagam acima da média, dados dos EUA e o que mais movimenta a bolsa hoje

17 de novembro de 2025 - 7:53

Quando o retorno é maior que a média, é hora de desconfiar dos riscos; investidores aguardam dados dos EUA para tentar entender qual será o caminho dos juros norte-americanos

VISÃO 360

Direita ou esquerda? No mundo dos negócios, escolha quem faz ‘jogo duplo’

16 de novembro de 2025 - 8:00

Apostar no negócio maduro ou investir em inovação? Entenda como resolver esse dilema dos negócios

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Esse número pode indicar se é hora de investir na bolsa; Log corta dividendos e o que mais afeta seu bolso hoje

14 de novembro de 2025 - 8:24

Relação entre preço das ações e lucro está longe do histórico e indica que ainda há espaço para subir mais; veja o que analistas dizem sobre o momento atual da bolsa de valores brasileira

SEXTOU COM O RUY

Investir com emoção pode custar caro: o que os recordes do Ibovespa ensinam

14 de novembro de 2025 - 6:55

Se você quer saber se o Ibovespa tem espaço para continuar subindo mesmo perto das máximas, eu não apenas acredito nisso como entendo que podemos estar diante de uma grande janela de valorização da bolsa brasileira — mas isso não livra o investidor de armadilhas

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Seca dos IPOs ainda vai continuar, fim do shutdown e o que mais movimenta a bolsa hoje

13 de novembro de 2025 - 7:57

Mesmo com Regime Fácil, empresas ainda podem demorar a listar ações na bolsa e devem optar por lançar dívidas corporativas; mercado deve reagir ao fim do maior shutdown da história dos EUA, à espera da divulgação de novos dados

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Podemos resumir uma vida em uma imagem?

12 de novembro de 2025 - 19:54

Poucos dias atrás me deparei com um gráfico absolutamente pavoroso, e quase imediatamente meu cérebro fez a estranha conexão: “ora, mas essa imagem que você julga horripilante à primeira vista nada mais é do que a história da vida da Empiricus”

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Shutdown nos EUA e bolsa brasileira estão quebrando recordes diariamente, mas só um pode estar prestes a acabar; veja o que mais mexe com o seu bolso hoje

11 de novembro de 2025 - 8:28

Temporada de balanços, movimentos internacionais e eleições do ano que vem podem impulsionar ainda mais a bolsa brasileira, que está em rali histórico de valorizações; Isa Energia (ISAE4) quer melhorar eficiência antes de aumentar dividendos

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Ibovespa imparável: até onde vai o rali da bolsa brasileira?

11 de novembro de 2025 - 7:28

No acumulado de 2025, o índice avança quase 30% em moeda local — e cerca de 50% em dólar. Esse desempenho é sustentado por três pilares centrais

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Como era verde meu vale do silício

10 de novembro de 2025 - 19:57

Na semana passada, o mitológico investidor Howard Marks escreveu um de seus icônicos memorandos com o título “Baratas na mina de carvão” — uma referência ao alerta recente de Jamie Dimon, CEO do JP Morgan, sobre o mercado de crédito

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Banco do Brasil (BBAS3) precisará provar que superou crise do agro, mercado está otimista com fim do shutdown nos EUA no horizonte, e o que mais você precisa saber sobre a bolsa hoje

10 de novembro de 2025 - 7:55

Analistas acreditam que o BB não conseguirá retomar a rentabilidade do passado, e que ROE de 20% ficou para trás; ata do Copom e dados de inflação também mexem com os mercados

TRILHAS DE CARREIRA

Promovido, e agora? Por que ser bom no que faz não te prepara para liderar pessoas

9 de novembro de 2025 - 8:00

Por que seguimos promovendo técnicos brilhantes e esperando que, por mágica, eles virem líderes preparados? Liderar é um ofício — e como todo ofício, exige aprendizado, preparo e prática

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Novo nome da Eletrobras em nada lembra mercado de energia; shutdown nos EUA e balanço da Petrobras também movem os mercados hoje

7 de novembro de 2025 - 8:14

Depois de rebranding, Axia Energia anuncia R$ 4 bilhões em dividendos; veja o que mais mexe com a bolsa, que bate recorde depois de recorde

SEXTOU COM O RUY

Eletrobras agora é Axia: nome questionável, dividendos indiscutíveis

7 de novembro de 2025 - 7:03

Mesmo com os gastos de rebranding, a empresa entregou bons resultados no 3T25 — e há espaço tanto para valorização das ações como para mais uma bolada em proventos até o fim do ano

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

FII escondido no seu dia a dia é campeão entre os mais recomendados e pode pagar dividendos; mercado também reflete decisão do Copom e aprovação da isenção de IR

6 de novembro de 2025 - 8:03

BTGLG11 é campeão no ranking de fundos imobiliários mais recomendados, Copom manteve Selic em 15% ao ano, e Senado aprovou isenção de Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil

FII DO MÊS

É bicampeão! FII BTLG11 volta ao topo do ranking dos fundos mais recomendados em novembro — e tem dividendos extraordinários no radar

6 de novembro de 2025 - 6:03

Pelo segundo mês consecutivo, o BTLG11 garantiu a vitória ao levar quatro recomendações das dez corretoras, casas de análise e bancos consultados pelo Seu Dinheiro

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Economista revela o que espera para a Selic em 2025, e ações ligadas à inteligência artificial sofrem lá fora; veja o que mais mexe com o mercado hoje

5 de novembro de 2025 - 8:04

Ibovespa renovou recorde antes de decisão do Copom, que deve manter a taxa básica de juros em 15% ao ano, e economista da Galapagos acredita que há espaço para cortes em dezembro; investidores acompanham ações de empresas de tecnologia e temporada de balanços

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

O segredo do Copom, o reinado do Itaú e o que mais movimenta o seu bolso hoje

4 de novembro de 2025 - 7:50

O mercado acredita que o Banco Central irá manter a taxa Selic em 15% ao ano, mas estará atento à comunicação do banco sobre o início do ciclo de cortes; o Itaú irá divulgar seus resultados depois do fechamento e é uma das ações campeãs para o mês de novembro

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Política monetária não cede, e fiscal não ajuda: o que resta ao Copom é a comunicação

4 de novembro de 2025 - 7:10

Mesmo com a inflação em desaceleração, o mercado segue conservador em relação aos juros. Essa preferência traz um recado claro: o problema deriva da falta de credibilidade fiscal

EXILE ON WALL STREET

Tony Volpon: Inteligência artificial — Party like it’s 1998

3 de novembro de 2025 - 22:11

Estamos vivendo uma bolha tecnológica. Muitos investimentos serão mais direcionados, mas isso acontece em qualquer revolução tecnológica.

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar