🔴 IA CASH: AÇÕES DE COMPUTAÇÃO QUÂNTICA COM MAIOR POTENCIAL JÁ COMEÇARAM A SUBIR-  SAIBA MAIS

Crônica de uma ruína anunciada: a Moody’s apenas confirmou o que já era evidente

Três reformas estruturais se impõem como inevitáveis — e cada dia de atraso só agrava o diagnóstico

3 de junho de 2025
6:05 - atualizado às 19:48
Bandeira do Brasil, situação fiscal
Imagem: Canva Pro/Montagem Seu Dinheiro

O Brasil encerrou maio com uma moderação na alta recente dos ativos locais, após meses de valorização robusta. A correção, que mais parece uma realização, teve como gatilhos três elementos claros: o ruído gerado pelo decreto que aumentou o IOF, o aumento visível da pressão política sobre a Fazenda e, por fim, a rotação parcial de capital de volta para ativos americanos, com alguma amenização da tensão comercial.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

No campo da atividade econômica, o pano de fundo segue robusto. O mercado de trabalho permanece apertado, enquanto o PIB do primeiro trimestre surpreendeu positivamente. Em tese, isso deveria limitar o espaço para cortes da Selic neste ano. Ainda assim, mantenho a visão de que o BC pode entregar uma redução ao final de 2025 — embora o ideal fosse um tom mais duro no curto prazo, uma vez que o Copom tem sido forçado a exercer sozinho o papel de âncora de credibilidade econômica. 

Em Brasília, o impasse político-fiscal se agrava. A decisão da Moody’s de rebaixar a perspectiva do Brasil de “positiva” para “estável” apenas formaliza aquilo que já assimilamos: o governo está adiando o inevitável corte de gastos. Não há mais espaço para firulas contábeis nem para a procrastinação política. É verdade que as agências de rating são notoriamente lentas — retrovisores do mercado —, mas mesmo assim funcionam como carimbos constrangedores para quem insiste em ignorar o óbvio.

  • E MAIS: Alta nas projeções para o IPCA em 2025 abre oportunidades para o investidor buscar retornos reais de 8,36% ao ano; confira recomendações

Para completar o retrato fiscal, os dados divulgados na semana passada pelo Banco Central trouxeram mais uma dose de realidade. O impacto crescente dos juros nas despesas públicas empurra a dívida bruta para 76,2% do PIB. Não há como disfarçar: o diagnóstico está feito, o remédio é conhecido, mas o paciente continua fingindo que pode se curar sozinho — sem ajuste, sem remédio, só com fé. Até quando?

A verdade incômoda

A pressão, agora, recai diretamente sobre os ombros do ministro Fernando Haddad. Após o desgaste gerado pelo aumento do IOF, ele recebeu um ultimato de dez dias de Hugo Motta e Davi Alcolumbre para apresentar um “plano B”.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A aposta de Haddad, de que o temor dos parlamentares com eventuais bloqueios de emendas seria suficiente para garantir apoio, revelou-se equivocada. Tudo indica que o Executivo será, mais uma vez, empurrado para um recuo constrangedor, pelo menos na questão do risco sacado — que gerou reação imediata do setor varejista e da própria base aliada.

Leia Também

A verdade incômoda é que o governo se mostra cada vez menos preparado — e talvez menos disposto — a fazer o que precisa ser feito. A popularidade de Lula, em queda consistente, escancara o tamanho do problema: a desaprovação subiu de 50,1% para 53,7% em maio, mesmo antes do escândalo do INSS ganhar corpo e com a crise do IOF ainda longe de terminar.

Se essa tendência se mantiver, não seria nenhum exagero imaginar a desaprovação ultrapassando os 55% em breve.

A eleição ainda está longe no calendário, mas já ocupa o centro das preocupações em Brasília. O debate, portanto, foi antecipado — só que em um momento político desastroso para enfrentá-lo com seriedade. O mais provável é que siga o roteiro conhecido: uma sucessão de “puxadinhos”, com o ajuste verdadeiro deixado para 2027. Como sempre, o Brasil adia o inevitável — até que ele se torne insustentável.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Como bem colocou a Moody’s, não se trata de um tropeço pontual, mas de uma trajetória fiscal desconcertante. A agência foi clara ao apontar a lentidão no enfrentamento da rigidez dos gastos obrigatórios e na construção de credibilidade em torno da política fiscal.

Em outras palavras, mesmo com algum esforço para cumprir metas artificializadas, o governo falha em apresentar um plano de longo prazo minimamente coerente para reequilibrar estruturalmente as contas públicas.

O relatório bimestral com bloqueios de R$ 10,6 bilhões e um contingenciamento adicional de R$ 20,7 bilhões é só mais um sintoma do descompasso. Paliativos fiscais não corrigem a trajetória da dívida — apenas adiam o enfrentamento de sua origem. E o horizonte, convenhamos, não é animador. O ano de 2026 tende a ser pressionado por dinâmicas eleitorais, e 2027 já se desenha como um ajuste duro e indigesto. Em vez de conduzir reformas estruturantes, o governo optou por gastar capital com manobras de curto prazo — e agora vê a fatura se aproximando. 

A obsessão do governo em cobrir buracos fiscais exclusivamente pelo lado da receita — como ficou cristalino no caso do aumento do IOF — já não é apenas um erro técnico: tornou-se um vício crônico. E o problema, infelizmente, não está apenas nas escolhas equivocadas, mas sobretudo nas omissões estratégicas. Cresce o cansaço, tanto da sociedade quanto do Congresso, diante da gula arrecadatória travestida de responsabilidade fiscal.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Sem enfrentar com seriedade o problema das despesas obrigatórias, o Brasil continuará desperdiçando uma rara oportunidade de crescimento sustentável. O país opera no piloto automático rumo à estagnação.

O inevitável para o Brasil

Nesse contexto, três reformas estruturais se impõem como inevitáveis — e cada dia de atraso só agrava o diagnóstico. A primeira é a reforma administrativa: ainda que seus efeitos sejam mais relevantes no longo prazo, ela é fundamental para destravar o potencial do setor público. Sem um Estado mais leve, ágil e eficiente, não há futuro. 

A segunda — e mais urgente — é a reforma orçamentária. Hoje, o orçamento federal é uma caricatura de planejamento: engessado, opaco e dominado por interesses difusos. Desvincular receitas, reduzir rigidez constitucional e restabelecer algum grau de discricionariedade são medidas indispensáveis para restaurar aracionalidade fiscal.

A terceira é a reforma da Previdência. Nela, precisaremos enfrentar três pontos centrais:

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

i) desvincular os reajustes previdenciários do salário mínimo;

ii) consolidar um modelo híbrido, com previdência complementar e regras universais — sem exceções para servidores e militares; e

iii) iniciar uma transição gradual rumo a um modelo de capitalização (o atual regime está falido diante da deterioração demográfica do país).

Em paralelo, é urgente revisar os chamados gastos tributários. A pressão da Moody’s pode até servir de estímulo para que o Congresso enfrente a desoneração da folha e outros subsídios anacrônicos, mas há amplo ceticismo quanto à viabilidade dessa revisão. As renúncias fiscais viraram um vespeiro político — e poucos querem mexer.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Nada disso é ilusão reformista. Trata-se de uma resposta necessária à falência silenciosa de um modelo que já não entrega o que prometeu. Sim, é duro. Mas é o preço da responsabilidade. O Brasil pode continuar fingindo que não vê o abismo à frente — ou pode começar a enfrentá-lo de frente. Caso contrário, seguiremos presos ao ciclo de improvisos fiscais, truques contábeis e reformas pela metade.

E, no fim, pagaremos mais caro por cada minuto de postergação. Ocorre que nenhuma dessas reformas se sustentará sem uma liderança política convicta e respaldada pelas urnas. Por isso, as eleições de 2026 representam um divisor de águas — talvez a última janela para debater com seriedade e profundidade o futuro fiscal do país. Se a oportunidade for desperdiçada, o inevitável virá — mas sem anestesia.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Bolhas de pus, bolhas de sabão e outras hipóteses

1 de outubro de 2025 - 20:00

Ainda que uma bolha de preços no setor de inteligência artificial pareça improvável, uma bolha de lucros continua sendo possível

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Um ano de corrida eleitoral e como isso afeta a bolsa brasileira, e o que move os mercados nesta quarta-feira (1)

1 de outubro de 2025 - 7:59

Primeiro dia de outubro tem shutdown nos EUA, feriadão na China e reunião da Opep

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Tão longe, tão perto: as eleições de 2026 e o caos fiscal logo ali, e o que mexe com os mercados nesta terça-feira (30)

30 de setembro de 2025 - 7:53

Por aqui, mercado aguarda balança orçamentária e desemprego do IBGE; nos EUA, todos de olho nos riscos de uma paralisação do governo e no relatório Jolts

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Eleições de 2026 e o nó fiscal: sem oposição organizada, Brasil enfrenta o risco de um orçamento engessado

30 de setembro de 2025 - 7:18

A frente fiscal permanece como vetor central de risco, mas, no final, 2026 estará dominado pela lógica das urnas, deixando qualquer ajuste estrutural para 2027

EXILE ON WALL STREET

Tony Volpon: O Fed e as duas economias americanas

29 de setembro de 2025 - 20:00

Um ressurgimento de pressões inflacionárias ou uma fraqueza inesperada no mercado de trabalho dos EUA podem levar a autarquia norte-americana a abortar ou acelerar o ciclo de queda de juros

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

B3 deitada em berço esplêndido — mas não eternamente — e o que mexe com os mercados neste segunda-feira (29)

29 de setembro de 2025 - 7:54

Por aqui, investidores aguardam IGP-M e Caged de agosto; nos EUA, Donald Trump negocia para evitar paralisação do governo

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Pequenas notáveis, saudade do que não vivemos e o que mexe com os mercados nesta sexta-feira (26)

26 de setembro de 2025 - 8:07

EUA aguardam divulgação do índice de inflação preferido do Fed, enquanto Trump volta a anunciar mais tarifas

SEXTOU COM O RUY

A microcap que garimpa oportunidades fora da bolsa e vem sendo recompensada por isso

26 de setembro de 2025 - 6:02

Há ótimas empresas fora da bolsa, mas não conseguimos nos tornar sócios delas; mas esta pequena empresa negociada na B3, sim

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Mais água no feijão e o que sobra para os acionistas minoritários, e o que mexe com os mercados nesta quinta (25)

25 de setembro de 2025 - 7:54

Por aqui temos prévia da inflação e reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN); nos EUA, PIB do segundo trimestre e mais falas de dirigentes do Fed

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: O amor pode estar do seu lado

24 de setembro de 2025 - 20:00

Não serei eu a querer estragar o story telling de ninguém, mas o (eventual) rali eleitoral no Brasil sequer começou

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A chama que não se apaga das debêntures incentivadas e o que esperar dos mercados hoje

24 de setembro de 2025 - 7:48

Após renovar recorde ontem, Ibovespa tem dia de agenda esvaziada; destaques são fluxo cambial no Brasil e falas de dirigentes do Fed nos EUA

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Dois coelhos com uma cajadada só, um grande encontro e o que move os mercados nesta terça-feira (23)

23 de setembro de 2025 - 8:17

Investidores acompanham hoje ata do Copom, início da Assembleia Geral da ONU e discurso do presidente do Fed

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

80 anos de ONU: discursos idealistas, cofres vazios e investidores correndo para o ouro

23 de setembro de 2025 - 7:49

Ao mesmo tempo em que busca reafirmar seu papel global, a ONU enfrenta talvez a mais profunda crise de legitimidade e de recursos de sua história

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: O novo ouro é… o próprio ouro

22 de setembro de 2025 - 20:00

Há uma narrativa de que o bitcoin seria o “ouro digital”, mas existem motivos pelos quais o paralelo com o metal precioso não é tão correto assim

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Quem quer dinheiro? Uma jogada de mestre com o ouro, e o que mexe com os mercados nesta segunda-feira (22)

22 de setembro de 2025 - 7:57

Dia tem discursos de dirigentes do Banco Central da Inglaterra e do Federal Reserve; investidores também se preparam para a Assembleia Geral da ONU, que começa amanhã

SEXTOU COM O RUY

Petrobras (PETR4): novo plano estratégico pode abrir as portas para mais dividendos aos acionistas; saiba o que esperar

19 de setembro de 2025 - 7:03

Estamos perto da divulgação do Plano Estratégico 2026-2030 da Petrobras, o que pode ser um catalisador relevante para os papéis da estatal

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

Super Quarta de contrastes: a liquidez vem lá de fora, a cautela segue aqui dentro

18 de setembro de 2025 - 15:36

Fed inicia novo ciclo de cortes, Copom sinaliza flexibilização futura e mercados globais reagem à virada monetária que impulsiona ativos de risco

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

O melhor aluno da sala fazendo bonito na bolsa, e o que esperar dos mercados nesta quinta-feira (18)

18 de setembro de 2025 - 8:07

Investidores ainda reagem às decisões e declarações da Super Quarta; no Reino Unido e no Japão, definição de juros vem hoje

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: A falácia da “falácia da narrativa”

17 de setembro de 2025 - 20:00

Pela visão talebiana, não conseguimos nos contentar com o simples acaso, precisamos sempre de uma explicação para o que está acontecendo

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Como a Super Quarta mexe com os seus investimentos, e o que mais move os mercados nesta quarta-feira (17)

17 de setembro de 2025 - 8:03

Após mais um recorde na bolsa brasileira, investidores aguardam decisão sobre juros nos EUA e no Brasil

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar