Por que os FIIs de shoppings estão bem e os FIIs de lajes corporativas seguem na lanterna — e em qual desses segmentos ainda vale investir
Fundos imobiliários de ambos os segmentos sofreram na pandemia e permanecem descontados na bolsa em relação ao valor dos seus imóveis, mas enquanto os FIIs de shoppings pegaram tração na recuperação, FIIs de escritórios apresentam fôlego menor

Apesar de a taxa de juros no Brasil seguir em níveis altos, com a Selic a 14,75%, os fundos imobiliários vêm, lentamente, se recuperando. No último mês, o Ifix, índice de referência dos FIIs, apresentou uma valorização de 3,01%.
Entre os segmentos que chamam atenção pela resiliência, os fundos de shoppings centers aparecem entre os principais destaques. Porém, enquanto os FIIs do setor já começam a voltar a brilhar aos olhos dos investidores, outro segmento segue na lanterna: os fundos de lajes corporativas.
Segundo um levantamento de rentabilidade do Santander, o setor de shoppings teve o segundo melhor desempenho no mês de abril, com uma alta de 0,70%, entre os FIIs mais negociados na bolsa brasileira. Já os fundos de escritórios apresentaram o pior resultado, com -0,87%.
Além disso, o iTrix, índice elaborado pela Trix e que traz os desempenhos dos setores do Ifix, também mostrou os FIIs de shoppings com o segundo melhor desempenho na B3, com valorização de 12,96% neste ano e de 0,42% no último mês.
O levantamento ainda mostrou que os fundos imobiliários de lajes corporativas tiveram um dos piores resultados, com valorização de 10,18% em 2025 e queda de 0,96% no mês.
Para entender o que vem acontecendo com os dois setores e se ainda vale a pena investir em fundos imobiliários de shoppings e de lajes corporativas, o Seu Dinheiro conversou com Carol Borges, analista de FIIs da EQI Research; com Caio Araujo, analista de FIIs da Empiricus Research; e com Isabela Donadelli e Leonardo Garcia, analistas de research do Trix.
Leia Também
- VEJA MAIS: Com Selic a 14,75% ao ano, ‘é provável que tenhamos alcançado o fim do ciclo de alta dos juros’, defende analista – a era das vacas gordas na renda fixa vai acabar?
FIIs de shoppings, um segmento de destaque
O brilho dos fundos imobiliários de shopping centers tem motivo. Segundo os analistas, os FIIs do segmento vêm apresentando números operacionais fortes.
Apesar da alta dos juros, o consumo continua a todo vapor, impulsionado pelo baixo nível de desemprego no país. Vale lembrar que, em abril, a taxa de desemprego subiu para 7%, mas ainda representou o menor patamar para o período.
“A população está trabalhando e consumindo, e isso vem se refletindo muito nos resultados operacionais dos shoppings”, afirma Carol Borges, da EQI.
Como a renda dos FIIs de shoppings é composta pelo aluguel mínimo estabelecido e também por uma porcentagem do faturamento das lojas, a ampliação das vendas dos lojistas, impulsionada pelo alto consumo, impacta nos resultados e dividendos dos fundos imobiliários.
“Nos shoppings, se você tem um um fluxo maior de vendas, isso já vem diretamente para o dono do shopping, que no caso são os fundos imobiliários. Então é possível ver esse resultado operacional diretamente no dividendo. Esse é um dos fatores que fizeram com que os investidores percebessem que os FIIs estavam começando a apresentar sinais de melhora”, explica Borges.
Mas não para por aí. Os fundos imobiliários de shoppings passam por reajustes nos preços dos aluguéis.
Em 2024, o índice utilizado para a correção dos valores da locação, o IGP-M, passou os primeiros meses do ano em patamares negativos. Assim, não houve repasse nos preços dos aluguéis.
Porém, em 2025, com o IGP-M de volta a patamares positivos, a correção nos contratos tem sido maior, mas sem aumento na vacância. “Como os lojistas registram um momento de venda muito forte, os inquilinos apresentam uma boa saúde financeira. Consequentemente, os FIIs não têm alta da vacância em ativos que, além disso, estão funcionando muito bem”, explica Donadelli.
Porém, Caio Araujo, da Empiricus, lembra que os dados operacionais de shoppings são historicamente mais resilientes. “Os FIIs de shoppings possuem inquilinos pulverizados, o que garante que tenham menor risco de crédito e uma taxa de vacância mais estabilizada”, afirma.
Além disso, os analistas destacam que os shopping centers são bem enraizados na cultura brasileira. A população, em geral, busca lazer e entretenimento nesses locais, o que colabora para um bom desempenho dos ativos.
- SAIBA MAIS: Mesmo investimentos isentos de Imposto de Renda não escapam da Receita; veja por que eles precisam estar na sua declaração
FIIs de lajes corporativas: uma lenta recuperação
Assim como os fundos de shoppings centers, os FIIs de lajes corporativas sofreram durante a pandemia — mas ainda sentem os impactos da crise.
Apesar de o fantasma do home office ter ficado para trás e grandes empresas estarem exigindo o retorno do trabalho presencial, os fundos imobiliários de escritórios ainda estão com os preços dos aluguéis descontados em suas carteiras para evitar um aumento de vacância.
Isso porque, durante a pandemia, o trabalho remoto elevou a saída de inquilinos dos imóveis, fazendo a taxa de vacância chegar a 25,2% no auge da crise do coronavírus.
Contudo, no primeiro trimestre deste ano, o mercado imobiliário mostrou recuperação e já apresentou aumento na locação, inclusive em regiões secundárias de São Paulo.
Apesar dos sinais de melhora, com a taxa de vacância caindo para 17,6% neste ano, o excesso de oferta de imóveis pressiona os rendimentos dos FIIs de lajes corporativas, uma vez que o poder de barganha ainda está nas mãos dos inquilinos, segundo os analistas. Com uma maior oferta de imóveis, os locatários conseguem reivindicar preços mais baixos nos aluguéis.
“Os FIIs de escritórios precisam conseguir ter preços mais competitivos em contratos de locação. Por mais que a gente comece a ver ocupação melhorando, os imóveis cada vez mais cheios, os fundos precisam repassar esse preço para o inquilino. E isso só vai acontecer quando o locatário tiver poucas opções de se realocar”, afirma Borges.
Além disso, os contratos de locação de lajes corporativas, em geral, são acompanhados por um prazo de carência, ou seja, o inquilino passa um período sem realizar pagamentos dos aluguéis ou ganha um desconto significativo.
“Então, por mais que o fundo tenha feito uma locação, tenha o seu portfólio bem ocupado, os rendimentos ainda demoram para aumentar”, explica Araujo.
A dificuldade de crescimento dos dividendos adiciona pressão aos FIIs do segmento na bolsa, uma vez que os investidores acabam não sendo atraídos. Assim, os fundos do setor não acompanharam a janela de valorização vista neste início de 2025.
Já Borges enxerga ainda o movimento “Flight to Quality”, que é traduzido como “Voo para a Qualidade”. Ele ocorre quando investidores buscam ativos com uma maior previsibilidade de resultado.
Então, com outros setores de FIIs apresentando uma boa recuperação, os fundos imobiliários de escritórios também devem recuperar o fôlego no longo prazo.
- VEJA MAIS: Faltam menos de 30 dias para o fim do prazo da declaração; confira o passo a passo para acertar as contas com o Leão
Vale comprar fundos de escritórios agora?
Apesar da lenta recuperação, os FIIs de lajes corporativas seguem sendo atrativos para investimentos de médio e longo prazo, segundo os analistas.
Isso porque os fundos do segmento seguem operando com um bom desconto em relação ao valor patrimonial. Assim, há uma oportunidade de entrada em ativos com fundamentos sólidos.
De acordo com um relatório recente do BTG Pactual, a relação entre preço e valor patrimonial (P/VPA) caiu de 0,76 vez em abril de 2024 para 0,63 vez no mesmo mês em 2025. Ou seja, os fundos de lajes já estavam baratos e ficaram ainda mais baratos.
Contudo, a pesquisa também revelou que os ativos presentes nas carteiras dos FIIs de lajes corporativas tiveram uma desvalorização no seu valor patrimonial no ano passado, da ordem de 0,5%.
Assim, na visão de Borges, os fundos imobiliários do segmento são ativos interessantes para os investidores mais arrojados. Mas ela ressalta que os níveis de alavancagem são pontos de atenção mesmo para quem tolera maiores riscos.
“Para esse investidor, eu indico fundos que não tenham uma dívida muito grande, de forma a aguentar períodos maiores de vacância. Se um fundo muito endividado estiver vacante, pode entrar numa bola de neve de dívidas, tornando impraticável a sustentação do fundo”, afirma.
Ainda vale ter FIIs de shoppings na carteira?
Apesar de os fundos imobiliários de shoppings estarem aproveitando a janela de valorização vista neste ano, eles também seguem descontados em relação ao valor patrimonial.
Ainda segundo o mesmo relatório do BTG Pactual, os FIIs de shopping centers foram os que tiveram maior valorização nos imóveis das suas carteiras entre todos os fundos imobiliários analisados, com alta de 7% em 2024.
Porém, na bolsa, os fundos do setor ocupam o segundo lugar entre os FIIs mais descontados no ano passado. De acordo com o levantamento do banco, a relação entre preço e valor patrimonial (P/VPA) caiu de 0,89 vez em abril de 2024 para 0,75 vez no mesmo período de 2025.
“Esse primeiro fôlego de valorização já foi no primeiro trimestre, mas a gente ainda vê que tem espaço para valorizar e crescer o resultado ainda mais”, afirma Borges.
Na avaliação da analista, o setor de shopping centers deve continuar apresentando bons números, especialmente com Dia das Mães e as férias escolares, que impulsionam as vendas.
Já Araújo destaca que a avaliação dos investimentos trata de uma relação risco e retorno, mas também de uma adequação ao perfil de risco dos investidores. “Não é porque o lado operacional está bem que necessariamente a maior oportunidade de investimento está nos shopping centers”, afirma.
FII vs. FI-Infra: qual o melhor fundo para uma estratégia de renda com dividendos e isenção de imposto?
Apesar da popularidade dos FIIs, os fundos de infraestrutura oferecem incentivos fiscais extras e prometem disputar espaço nas carteiras de quem busca renda mensal isenta de IR
Rubens Ometto e Luiza Trajano bem na fita: Ações da Cosan (CSAN3), do Magalu (MGLU3) e da Raízen (RAIZ4) lideram altas da semana no Ibovespa
Se as ações da Cosan, do Magazine Luiz e da Raizen brilharam no Ibovespa, o mesmo não se pode dizer dos papéis da Brava, da Marfrig e da Azzas 2154
É recorde atrás de recorde: ouro sobe a US$ 3.653,30, renova máxima histórica e acumula ganho de 4% na semana e de 30% em 2025
O gatilho dos ganhos de hoje foi o dado mais fraco de emprego dos EUA, que impulsionou expectativas por cortes de juros pelo banco central norte-americano
Ibovespa renova máximas e dólar cai a R$ 5,4139 com perspectiva de juro menor nos EUA abrindo as portas para corte na Selic
O Departamento do Trabalho dos EUA divulgou, nesta sexta-feira (5), o principal relatório de empregos dos Estados Unidos, o payroll, que veio bem abaixo do esperado pelo mercado e dá a base que o Fed precisava para cortar a taxa, segundo analistas
Ibovespa volta a renovar máxima na esteira de Nova York e dólar acompanha; saiba o que mexe com os mercados
Por aqui, os investidores seguem de olho nas articulações do Congresso pela anistia, enquanto lá fora a chance de corte de juros pelo Fed é cada vez maior
Ouro bate recorde pelo segundo dia seguido e supera US$ 3.600. Hype ou porto seguro?
A prata segue a mesma trajetória de ganhos e renova o maior nível em 14 anos a US$ 42,29 a onça-troy; saiba se vale a pena entrar nessa ou ficar de fora
BARI11 se despede dos cotistas ao anunciar alienação de todos os ativos — mas não é o único FII em vias de ser liquidado
O processo de liquidação do BARI11 faz parte da estratégia da gestora Patria Investimentos, que busca consolidar os FIIs presentes na carteira
GGRC11 quer voltar a encher o carrinho: FII negocia aquisição de ativos do Bluemacaw Logística, e cotas reagem
A operação está avaliada em R$ 125 milhões, e o pagamento será quitado por meio de compensação de créditos
Onde investir em setembro: Cosan (CSAN3), Petrobras (PETR4) e mais opções em ações, dividendos, FIIs e criptomoedas
Em novo episódio da série, analistas da Empiricus Research compartilham recomendações de olho nos mercados interno e externo na esteira das máximas do mês passado
Abre-te, sésamo! Mercado deve ver retorno de IPOs nos EUA com tarifas de Trump colocadas para escanteio
Esse movimento acontece quando o mercado de ações norte-americano oscila perto de máximas históricas, apoiando novas emissões e desafiando os ventos políticos e econômicos contrários
Quando nem o Oráculo acerta: Warren Buffett admite frustração com a separação da Kraft Heinz e ações desabam 6% em Nova York
A divisão da Kraft Heinz marca o fim de uma fusão bilionária que não deu certo — e até Warren Buffett admite que o negócio ficou indigesto para os acionistas
Ibovespa cai com julgamento de Bolsonaro e PIB; Banco do Brasil (BBAS3) sofre e dólar avança
O Ibovespa encerrou o pregão com queda de 0,67%, aos 140.335,16 pontos. Já o dólar à vista (USBRL) terminou as negociações a R$ 5,4748, com alta de 0,64%
Petrobras (PETR4), Bradesco (BBDC4) e mais: 8 empresas pagam dividendos e JCP em setembro; confira
Oito companhias listadas no Ibovespa (IBOV) distribuem dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) aos acionistas em setembro
Agora seria um bom momento para a Rede D’Or (RDOR3) comprar o Fleury (FLRY3), avalia BTG; banco vê chance mais alta de negócio sair
Analistas consideram que diferença entre os valuations das duas empresas tornou o negócio ainda mais atrativo; Fleury estaria agora em bom momento de entrada para a Rede D’Or efetuar a aquisição
As três ações do setor de combustíveis que podem se beneficiar da Operação Carbono Oculto, segundo o BTG
Para os analistas, esse trio de ações na bolsa brasileira pode se beneficiar dos desdobramentos da operação da Polícia Federal contra o PCC; entenda a tese
XP Malls (XPML11) vende participação em nove shoppings por R$ 1,6 bilhão, e quem sai ganhando é o investidor; cotas sobem forte
A operação permite que o FII siga honrando com as contas à pagar, já que, em dezembro deste ano, terá que quitar R$ 780 milhões em obrigações
Mercado Livre (MELI34) nas alturas: o que fez os analistas deste bancão elevarem o preço-alvo para as ações do gigante do e-commerce
Os analistas agora projetam um preço-alvo de US$ 3.200 para as ações do Meli ao final de 2026; entenda a revisão
As maiores altas e quedas do Ibovespa em agosto: temporada de balanços 2T25 dita o desempenho das ações
Não houve avanços ou recuos na bolsa brasileira puxados por setores específicos, em um mês em que os olhos do mercado estavam sobre os resultados das empresas
Ibovespa é o melhor investimento do mês — e do ano; bolsa brasileira pagou quase o dobro do CDI desde janeiro
O principal índice de ações brasileiras engatou a alta em agosto, impulsionado pela perspectiva de melhora da inflação e queda dos juros — no Brasil e nos EUA
Agora é a vez do Brasil? Os três motivos que explicam por que ações brasileiras podem subir até 60%, segundo a Empiricus
A casa de análise vê um cenário favorável para as ações e fundos imobiliários brasileiros, destacando o valor atrativo e os gatilhos que podem impulsionar o mercado, como o enfraquecimento do dólar, o ciclo de juros baixos e as eleições de 2026