🔴 11 FONTES DE RENDA EXTRA E ATÉ R$ 2.000 NO PRÓXIMOS 30 DIAS; VEJA COMO

Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com pós-graduação em Finanças Corporativas e Investment Banking pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Trabalhou com produção de reportagem na TV Globo e foi editora de finanças pessoais de Exame.com, na Editora Abril.
Mudança nas regras

Está faltando papel? Emissões de LCIs e LCAs caíram pela metade depois de aumento do prazo de carência

Levantamento do JP Morgan mostra queda anual de 40% nas novas emissões de LCIs e LCAs e baixas de 50% a 60% desde aprovação das novas regras; estudo da XP também mostra impacto das medidas na emissão de CRIs e CRAs

Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
5 de abril de 2024
14:35 - atualizado às 13:26
Plantação e imóveis, destinação dos recursos da LCA e LCI
Plantação e imóveis, destinação dos recursos da LCA e LCI - Imagem: Freepik

A mudança na regulação dos títulos de renda fixa isentos de imposto de renda utilizados para financiar o mercado imobiliário e o agronegócio já vem reduzindo a emissão de novas LCIs, LCAs, CRIs, CRAs e LIGs, tornando esses papéis mais escassos.

No início de fevereiro, o Conselho Monetário Nacional (CMN) publicou duas resoluções que limitam os tipos de emissores e/ou garantias desses títulos, além de aumentar o prazo de carência para vencimento ou resgate de LCIs e LCAs de três para 12 e nove meses, respectivamente.

As restrições já começaram a mostrar efeito. Nesta sexta-feira (05), o JP Morgan publicou as conclusões de um levantamento feito com dados da B3 mostrando que, no período que abarca os meses de fevereiro e março, a emissão de novas LCIs e LCAs caiu 40% em comparação ao mesmo período do ano passado. A emissão de LIGs (Letras Imobiliárias Garantidas), por sua vez, caiu nada menos 97% na mesma base de comparação.

Na base mensal, a queda também foi forte. As novas emissões de LCIs e LCAs caíram de 50% a 60% de fevereiro para março, enquanto as de LIGs baixaram 99%.

Já os saldos alocados em LCIs e LCAs se mantiveram estáveis ou tiveram queda desde janeiro. "No geral, as mudanças regulatórias (...) parecem ter tido um impacto sobre esses instrumentos", diz o relatório.

O banco também analisou os dados da B3 referentes a CDBs. Embora possam ser um pouco enganosos, uma vez que esses títulos são usados para aplicações automáticas em contas-correntes, as novas emissões também caíram no período de março e fevereiro em relação ao mesmo período de 2023, "implicando que esses fluxos possam estar se movendo em direção a outras classes de ativos".

Nesta reportagem, já havíamos comentado que debêntures e fundos de renda fixa absorveram parte desse fluxo, pois são instrumentos que agora são mais líquidos do que LCIs e LCAs com carências mais longas, além de poderem ser isentos de imposto de renda (caso das debêntures incentivadas).

Outra classe de ativos que vem absorvendo parte desses recursos é a de fundos imobiliários, que também dispõem de boa liquidez, além de pagarem rendimentos isentos de IR e serem menos voláteis que ações, por exemplo.

LCIs foram mais penalizadas que LCAs

Outro estudo feito com dados da B3 e publicado no início de março, desta vez pela XP Investimentos, já havia mostrado o efeito das novas regras um mês depois das mudanças na regulação, não só em LCIs e LCAs como também em CRIs e CRAs.

O levantamento da XP analisou a variação do estoque desses ativos entre o fim de janeiro e o fim de fevereiro e o volume depositado por dia na B3, o que indica novas operações.

No caso das LCIs, houve queda de 1,66% no estoque no período (de R$ 373,0 bilhões para R$ 366,8 bilhões), "interrompendo o histórico de crescimento e praticamente anulando o incremento de volume ocorrido em janeiro de 2024", diz o relatório.

Segundo a XP, as LCIs vinham registrando aumento ano após ano no volume de estoque, principalmente após 2021, e a tendência havia sido mantida em janeiro deste ano, antes da publicação das novas regras.

Já o volume depositado por dia em LCIs na B3 teve queda de quase 50% quando comparado às médias diárias entre janeiro de 2023 e janeiro de 2024 e o mês de fevereiro: de cerca de R$ 1,18 bilhão por dia, em média nos 12 meses terminados em janeiro, para R$ 600 milhões por dia, em média, em fevereiro.

No mesmo mês, o total depositado na B3 para LCIs foi de apenas R$ 10,8 bilhões, queda de 65% ante janeiro.

No caso das LCAs, o estoque mostrou certa estabilidade, com queda de R$ 478,3 bilhões para R$ 476,8 bilhões (queda de 0,31%) entre janeiro e fevereiro. Já o volume depositado por dia na B3 caiu quase 40% entre fevereiro e os 12 meses terminados em janeiro (de média de R$ 1,73 bilhão por dia para média de R$ 1,10 bilhão por dia). A queda em fevereiro com relação a janeiro foi de 56%.

Os números provavelmente se devem ao fato de que as novas regras penalizaram mais as LCIs, cujo prazo de carência aumentou para 12 meses, do que as LCAs, cuja carência aumentou para nove meses.

ONDE INVESTIR EM ABRIL: VEJA OS MELHORES INVESTIMENTOS NA BOLSA - AÇÕES, FUNDOS IMOBILIÁRIOS E BDRS

CRIs e CRAs

No caso de CRIs e CRAs, o mesmo estudo da XP mostra que o efeito maior da nova regulação foi sobre o número de requerimentos de oferta pública de distribuição primária (novas emissões) junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o que já podia ser esperado, dado que as mudanças justamente restringem quem pode emitir esses papéis e que ativos podem servir como garantia.

Enquanto o estoque de CRIs apresentou apenas uma pequena queda em fevereiro ante janeiro, o número de pedidos de novas emissões passou de 48 ofertas em janeiro para 32 em fevereiro, queda de 33%. Em volume financeiro, o recuo foi de 61%, de R$ 6,4 bilhões para R$ 2,5 bilhões.

Já no caso dos CRAs, houve até um certo aumento no estoque em fevereiro ante janeiro, mas o número de pedidos de novas emissões no período caiu 40%, de 17 para 10. Em volume financeiro, o recuo foi de 43%, passando de R$ 4,6 bilhões para R$ 2,6 bilhões.

A XP não fez nenhum comparativo anual uma vez que o início de 2023 foi marcado pela descoberta da fraude contábil da Americanas e a recuperação judicial da Light, eventos que distorceram o mercado de crédito privado.

Menos oferta e mesma demanda = preços mais altos e taxas mais baixas

Em relação às LCIs e LCAs, títulos emitidos por bancos, a XP diz que, considerando que não houve alteração significativa na demanda, a consequência direta da menor oferta é a redução da remuneração de tais produtos, de modo a equilibrar o mercado.

"Entretanto, ressaltamos que tal movimento foi mais nítido nos grandes bancos, que se utilizavam mais das operações de curtíssimo prazo (90 dias), sendo possível encontrar no mercado LCIs e LCAs de 90% do CDI (ou mais), como praticado antes das novas regras do CMN", diz o relatório da corretora.

A expectativa do JP Morgan para os bancos brasileiros parece corroborar essa avaliação. Em seu estudo, o banco americano diz manter uma leitura positiva para XP e BTG, enquanto tem uma primeira leitura ligeiramente negativa para os bancos, "pois há mais competição por instrumentos de financiamento quando vemos a recuperação de alguma nova originação de crédito, o que poderia implicar uma maior pressão sobre o custo marginal de captação."

Em outras palavras, as novas regras podem obrigar os bancões a pagarem mais para os investidores para captar recursos no mercado (que é o que eles estão fazendo quando emitem CDBs, LCIs, LCAs e LIGs, por exemplo).

Instituições financeiras focadas em investimentos como XP e BTG, por sua vez, embora de grande porte e com grande número de clientes, já tendiam a remunerar mais para os investidores em suas LCIs e LCAs.

A forte migração de recursos para as debêntures, que teve como uma das razões a mudança na regulação dos títulos isentos, provocou o mesmo efeito no mercado de títulos emitidos por empresas, com valorização dos papéis e recuo nas taxas neste início de ano.

Compartilhe

Renda fixa incentivada

Órfão das LCI e LCA? Banco indica 9 títulos isentos de imposto de renda que rendem mais que o CDI e o Tesouro IPCA+

24 de abril de 2024 - 17:15

Itaú BBA recomenda nove títulos de renda fixa, entre debêntures, CRIs e CRAs, acessíveis para investidores em geral e isentos de IR

Em busca da liquidez perdida

Ficou mais difícil investir em LCI e LCA após mudanças nas regras? Veja que outras opções você encontra no mercado

22 de abril de 2024 - 6:45

Prazo de carência de LCIs e LCAs aumentou de três para 12 ou nove meses, respectivamente; além disso, emissões caíram e taxas baixaram. Para onde correr?

ALTERNATIVA AO PRO SOLUTO

Meu CRI, Minha Vida: em operação inédita, Opea capta R$ 125 milhões para financiar imóvel popular de clientes da MRV

16 de abril de 2024 - 17:27

A Opea Securitizadora e a fintech EmCash acabam de anunciar a emissão do primeiro CRI voltado ao financiamento de unidades lançadas pela MRV dentro do programa habitacional do governo federal

Para onde ir?

Onde investir na renda fixa após tantas mudanças de regras e expectativas? Veja as recomendações das corretoras e bancos

16 de abril de 2024 - 13:03

Mercado agora espera que corte de juro seja menos intenso, e mudanças nos títulos isentos ocasionou alta da demanda por debêntures incentivadas, com queda nas taxas; para onde a renda fixa deve ir, então?

Mordida do Leão

O risco do Tesouro Direto que não te contaram (spoiler: tem a ver com inflação e imposto de renda)

15 de abril de 2024 - 6:04

Mordida do Leão sobre o Tesouro IPCA+ ocorre não só sobre o retorno real do título, mas também sobre a variação da inflação; e isso tem implicações para o investidor

O BRILHO DAS ISENTAS DE IR

A vez da renda fixa: Debêntures impulsionam mercado de capitais no 1T24 após “fim da farra” das LCIs e LCAs 

11 de abril de 2024 - 18:46

A captação do mercado de capitais chegou ao recorde de R$ 130,9 bilhões entre janeiro e março deste ano, impulsionada pelas ofertas de renda fixa

Em busca da isenção perdida

Debêntures incentivadas viraram o porto seguro da isenção de IR, mas ainda valem a pena?

4 de abril de 2024 - 6:36

Títulos de dívida emitidos por empresas estão entre os melhores investimentos do ano, com alta de mais de 3,50%; em 12 meses, ganhos ultrapassam 18,50%. Mas depois de toda essa valorização, taxas continuam atrativas?

Oportunidade

Mesmo com a Selic em queda, taxas do Tesouro Direto subiram e voltaram aos níveis de outubro de 2023; vale a pena investir agora?

21 de março de 2024 - 6:00

Títulos públicos mais longos acumulam queda neste início de ano; no caso do Tesouro IPCA+ remuneração voltou a se aproximar dos 6% ao ano mais inflação

Rumo a um dígito

Quanto rendem R$ 100 mil na poupança, no Tesouro Direto e em CDB com a Selic em 10,75%?

20 de março de 2024 - 19:30

Banco Central cortou a taxa básica em mais 0,50 ponto percentual nesta quarta; veja como a rentabilidade dos investimentos conservadores deve reagir

Renda fixa isenta

Sem IR e com dividendos: gestora do Nubank faz oferta pública de cotas do Nu Infra (NUIF11), seu fundo de debêntures incentivadas

18 de março de 2024 - 10:31

Objetivo da Nu Asset é captar R$ 150 milhões para seu fundo de crédito privado focado em infraestrutura

Fechar
Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Continuar e fechar