Com a Selic a 10,50%, a renda fixa ainda segue atrativa? Veja quanto rendem R$ 100 mil na poupança, no Tesouro Direto e em CDB
Em decisão amplamente esperada, o Banco Central manteve a taxa básica de juros inalterada; saiba como a rentabilidade dos investimentos conservadores deve reagir

Ontem foi dia de o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) divulgar sua decisão de juros após mais uma reunião. E, conforme esperado pelo mercado, os diretores mantiveram a taxa básica de juros (Selic) nos atuais 10,50% ao ano.
A escolha pela manutenção foi unânime e amplamente aguardada em meio à piora nas projeções para a inflação e às preocupações com o cenário fiscal.
Com isso, os investimentos em renda fixa pós-fixados também mantêm o rendimento. E aplicações como o Tesouro Selic, título público federal que acompanha a taxa básica de juros, se apresentam como uma alternativa atrativa para diferentes perfis de investidores.
Isso porque ter uma boa reserva de emergência alocada em renda fixa pós-fixada, liquidez diária e com baixo risco de crédito, é sempre fundamental, independentemente do patamar de juros.
Por isso, o Seu Dinheiro buscou simular quanto rendem R$ 100 mil investidos em diferentes títulos de renda fixa, como a poupança, Tesouro Direto e CDB.
Quanto rendem os investimentos de renda fixa conservadora com a Selic em 10,50%?
Com a manutenção da Selic, a taxa ainda não é o suficiente para ativar o gatilho que muda a regra de remuneração da caderneta de poupança para 70% da Selic mais Taxa Referencial (TR). Esta mudança só ocorre caso a taxa básica caia abaixo de 8,50%.
Leia Também
Assim, a poupança continua pagando seu tradicional 0,50% ao mês mais TR e se torna um pouco mais atrativa frente às aplicações financeiras indexadas à Selic e ao CDI – mas ainda com retorno pior, mesmo consideradas eventuais taxas e imposto de renda dos investimentos pós-fixados.
Com a Selic em 10,50% ao ano (e supondo um CDI um pouco inferior, de 10,40%, como costuma acontecer), as rentabilidades mensais e anuais líquidas das principais aplicações financeiras conservadoras ficam assim:
Investimento | Retorno líquido em 1 mês* | Retorno líquido em 1 ano** |
Poupança | 0,54% | 6,63% |
Tesouro Selic 2027 (via Tesouro Direto) | 0,62% | 8,51% |
CDB 100% do CDI ou fundo Tesouro Selic de taxa zero | 0,64% | 8,58% |
CDI bruto | 0,83% | 10,40% |
(*) 1 mês, no caso da poupança, ou 21 dias úteis e mais de 30 dias corridos para os demais investimentos. Alíquota de IR de 22,5%, quando for o caso. (**) 12 meses, no caso da poupança, ou 252 dias úteis e mais de 360 dias corridos para os demais investimentos. Alíquota de IR de 17,5%, quando for o caso.
Parâmetros da simulação:
- Para o cálculo do retorno do Tesouro Selic, foram considerados uma taxa de administração igual a zero, o spread de compra e venda (espécie de “pedágio” para a venda do título antes do vencimento) e uma taxa de custódia de 0,20% ao ano sobre todo o montante investido, que é o padrão da calculadora do Tesouro Direto.
- Atualmente, no entanto, existe uma isenção da taxa de custódia para valores aplicados de até R$ 1 mil, o que significa que a verdadeira rentabilidade do Tesouro Selic, nesses casos, é um pouco maior que a estimada na tabela.
Para dar uma ideia melhor de como ficará a rentabilidade dos investimentos conservadores daqui para frente, vamos simular a aplicação para os prazos de um e dois anos.
Prazo | Poupança | Tesouro Selic | CDB 100% do CDI | LCI 90% do CDI |
1 ano | 6,63% | 9,25% | 9,32% | 10,11% |
2 anos | 13,70% | 21,11% | 21,21% | 22,20% |
Parâmetros da simulação:
- DI para julho de 2025 (simulação de 1 ano): 11,30% a.a.
- Selic para julho de 2025 (simulação de 1 ano): 11,40% a.a.
- DI para julho de 2026 (simulação de 2 anos): 11,78% a.a.
- Selic para julho de 2026 (simulação de 2 anos): 11,88% a.a.
- Para o cálculo do retorno da poupança, foi considerada a TR média de junho (0,365%);
- Para o cálculo do retorno do Tesouro Selic, foram considerados uma aplicação de R$ 100 mil, taxa de custódia de 0,20% ao ano, uma taxa de administração igual a zero e o spread de compra e venda (espécie de “pedágio” para a venda do título antes do vencimento).
Veja, na tabela a seguir, quanto você teria ao final de cada período caso aplicasse R$ 100 mil em cada um desses investimentos, nas circunstâncias da simulação anterior:
Prazo | Poupança | Tesouro Selic | CDB 100% do CDI | LCI 90% do CDI |
1 ano | R$ 106.631,41 | R$ 109.254,93 | R$ 109.318,37 | R$ 110.110,56 |
2 anos | R$ 113.702,57 | R$ 121.112,22 | R$ 121.205,53 | R$ 122.196,09 |
A trajetória da Selic
Em sua última reunião, no mês de junho, o Copom também optou por manter a Selic em 10,50% ao ano, interrompendo os cortes dos juros. De agosto do ano passado até março deste ano, os diretores do BC reduziram a Selic em 0,50 ponto percentual a cada reunião. Em maio, a taxa tinha sido cortada em 0,25 ponto percentual.
No entanto, os recentes aumentos nas projeções de inflação para 2025 e 2026, a piora no cenário fiscal, a recente alta do dólar e os juros altos nos Estados Unidos fizeram com que as apostas majoritárias fossem de uma pausa no afrouxamento monetário.
No cenário interno, a previsão do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2024 subiu. Segundo a última edição do Boletim Focus, divulgada na segunda-feira (29), a expectativa passou de 4,05% para 4,10% este ano.
Com as preocupações em relação à alta da inflação, a expectativa é que a taxa básica de juros siga em patamar elevado até o fim do ano, fechando 2024 ainda em 10,50%. Mas parte do mercado vê a chance de o Banco Central voltar a elevar a Selic nas próximas reuniões.
O futuro dos juros: a renda fixa ainda deve permanecer atrativa?
Apesar das projeções, a verdadeira dúvida entre analistas e especialistas em política monetária estava no comunicado que o Copom divulga junto à decisão — e o que ele revelaria sobre o futuro da Selic. Entre as novidades, o Copom chamou a atenção para a “taxa de câmbio persistente mais depreciada” como mais um fator de risco para a inflação.
Mas, apesar do risco adicional, o comitê repetiu o mesmo recado de junho, de que "eventuais ajustes futuros na taxa de juros serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta".
Para Dionatan Silva, gestor de Renda Fixa da AMW – Asset Management, da Warren Investimentos, a decisão do Copom de manter a taxa Selic em 10,50% ao ano confirma um cenário de maior cautela devido às questões doméstica e internacional.
Esse cenário, segundo ele, tem um impacto significativo sobre os investimentos em renda fixa, que continua sendo uma opção atrativa para os investidores. "Contudo, sempre seguimos aqui com cautela, principalmente no cenário atual para investimentos prefixados ou indexados à inflação", afirma.
"Nossa predileção em renda fixa continua sendo para ativos pós fixados e na parte de crédito focados em emissões de instituições financeiras de renome, assim aproveitando uma Selic mais alta e o spread bancário que tem entregue bons resultados nos últimos meses", diz o gestor.
Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA
Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo
Copom busca entender em que nível e por quanto tempo os juros vão continuar restritivos, diz Galípolo, a uma semana do próximo ajuste
Em evento, o presidente do BC afirmou que a política monetária precisa de mais tempo para fazer efeito e que o cenário internacional é a maior preocupação do momento
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
FI-Infras apanham na bolsa, mas ainda podem render acima da Selic e estão baratos agora, segundo especialistas; entenda
A queda no preço dos FI-Infras pode ser uma oportunidade para investidor comprar ativos baratos e, depois, buscar lucros com a valorização; entenda
Normas e tamanho do FGC entram na mira do Banco Central após compra do Banco Master levantar debate sobre fundo ser muleta para CDBs de alto risco
Atualmente, a maior contribuição ao fundo é feita pelos grandes bancos, enquanto as instituições menores pagam menos e têm chances maiores de precisar acionar o resgate
Vai dar zebra no Copom? Por que a aposta de uma alta menor da Selic entrou no radar do mercado
Uma virada no placar da Selic começou a se desenhar a pouco mais de duas semanas da próxima reunião do Copom, que acontece nos dias 6 e 7 de maio
Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale
Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal
Bradesco dispara em ranking do Banco Central de reclamações contra bancos; Inter e PagSeguro fecham o pódio. Veja as principais queixas
O Bradesco saiu da sétima posição ao fim de 2024 para o primeiro colocado no começo deste ano, ao somar 7.647 reclamações procedentes. Já Inter e PagSeguro figuram no pódio há muitos trimestres
Tudo tem um preço: Ibovespa tenta manter o bom momento, mas resposta da China aos EUA pode atrapalhar
China nega que esteja negociando tarifas com os Estados Unidos e mercados internacionais patinam
Rodolfo Amstalden: Seu frouxo, eu mando te demitir, mas nunca falei nada disso
Ameaçar Jerome Powell de demissão e chamá-lo de frouxo (“a major loser”), pressionando pela queda da taxa básica, só tende a corromper o dólar e alimentar os juros de longo prazo
Agora 2025 começou: Ibovespa se prepara para seguir nos embalos da festa do estica e puxa de Trump — enquanto ele não muda de ideia
Bolsas internacionais amanheceram em alta nesta quarta-feira diante dos recuos de Trump em relação à guerra comercial e ao destino de Powell
Banco Central acionou juros para defender o real — Galípolo detalha estratégia monetária brasileira em meio à guerra comercial global
Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Gabriel Galípolo detalhou a estratégia monetária do Banco Central e sua visão sobre os rumos da guerra comercial
Orgulho e preconceito na bolsa: Ibovespa volta do feriado após sangria em Wall Street com pressão de Trump sobre Powell
Investidores temem que ações de Trump resultem e interferência no trabalho do Fed, o banco central norte-americano
O preço de um crime: fraudes no Pix disparam e prejuízo ultrapassa R$ 4,9 bilhões em um ano
Segundo o Banco Central, dados referem-se a solicitações de devoluções feitas por usuários e instituições após fraudes confirmadas, mas que não foram concluídas
Powell na mira de Trump: ameaça de demissão preocupa analistas, mas saída do presidente do Fed pode ser mais difícil do que o republicano imagina
As ameaças de Donald Trump contra Jerome Powell adicionam pressão ao mercado, mas a demissão do presidente do Fed pode levar a uma longa batalha judicial
Temporada de balanços 1T25: Confira as datas e horários das divulgações e das teleconferências
De volta ao seu ritmo acelerado, a temporada de balanços do 1T25 começa em abril e revela como as empresas brasileiras têm desempenhado na nova era de Donald Trump
JP Morgan reduz projeção para o PIB brasileiro e vê leve recessão no segundo semestre; cortes de juros devem começar no fim do ano
Diante dos riscos externos com a guerra tarifária de Trump, economia brasileira deve retrair na segunda metade do ano; JP agora vê Selic em 1 dígito no fim de 2026
Como declarar renda fixa — como CDB, Tesouro Direto, LCI, LCA e mais — e COE no imposto de renda 2025
Títulos de renda fixa — mesmo os isentos! — e Certificados de Operações Estruturadas (COE) são declarados de forma semelhante. Veja como informar o saldo e os rendimentos dessas aplicações financeiras na sua declaração
Renda fixa para abril chega a pagar acima de 9% + IPCA, sem IR; recomendações já incluem prefixados, de olho em juros mais comportados
O Seu Dinheiro compilou as carteiras do BB, Itaú BBA, BTG e XP, que recomendaram os melhores papéis para investir no mês
Prazo de validade: Ibovespa tenta acompanhar correção das bolsas internacionais, mas ainda há um Trump no meio do caminho
Bolsas recuperam-se parcialmente das perdas dos últimos dias, mas ameaça de Trump à China coloca em risco a continuidade desse movimento