Tesouro Direto em outubro: títulos públicos indexados à inflação se encaminham para fechar o ano entre os piores investimentos de 2024
Em compensação, taxas dos papéis Tesouro IPCA+ beiram os 7% ao ano acima da inflação para quem os adquirir agora, patamar extremamente atrativo

Os títulos públicos prefixados e indexados à inflação tiveram mais um mês difícil no Tesouro Direto, fechando outubro em queda em quase todos os vencimentos. Apenas os de prazos mais curtos (vencimentos em 2025 e 2026) conseguiram se salvar e fechar o mês no azul.
Com isso, depois de um 2023 estelar, os papéis Tesouro Prefixado e Tesouro IPCA+ se encaminham para terminar 2024 entre os piores investimentos do ano, principalmente títulos atrelados à inflação, que nos vencimentos mais longos já tombam quase dois dígitos no acumulado de janeiro a outubro.
Em 12 meses, a maioria dos títulos mantém resultado positivo, mas os mais longos já se aproximam do zero a zero.
Quem vai despontando como um dos melhores investimentos do ano é o bom e velho Tesouro Selic, que já sobe mais de 9% em 2024 e mais de 11% em 12 meses. Veja na tabela a seguir o desempenho dos títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto em outubro, no ano e em 12 meses:
Títulos | Últimos 30 dias | No ano | 12 meses |
Tesouro Selic 2029 | 0,86% | 9,16% | 11,25% |
Tesouro Selic 2027 | 0,84% | 9,16% | 11,20% |
Tesouro Prefixado 2027 | -0,47% | - | - |
Tesouro IPCA+ 2029 | -0,47% | 0,93% | 5,73% |
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2035 | -2,03% | - | - |
Tesouro Prefixado 2031 | -2,22% | - | - |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2035 | -2,43% | -2,43% | 3,71% |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2040 | -3,25% | -3,91% | 2,96% |
Tesouro IPCA+ 2035 | -3,94% | -6,28% | 0,76% |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2055 | -4,11% | -7,80% | 0,76% |
Tesouro IPCA+ 2045 | -6,80% | -14,31% | -5,98% |
Tesouro IPCA+ já paga quase 7% ao ano acima da inflação
O aumento contínuo dos juros futuros nos últimos meses levou a uma elevação nas taxas oferecidas pelos títulos prefixados e indexados à inflação e, consequentemente, a uma desvalorização dos preços de mercado dos papéis. Afinal, quando os juros sobem, os preços destes tipos de títulos caem.
É claro que esse desempenho negativo só é realizado por quem vender os papéis antes do vencimento, pois quem ficar com eles até o fim do prazo receberá exatamente a remuneração contratada na compra.
Leia Também
Mas quem apostava na continuidade da queda dos juros futuros para ter um ganho pontual com Tesouro IPCA+ ou Tesouro Prefixado com certeza ficou bastante decepcionado.
Quem comprou, por exemplo, um Tesouro IPCA+ 2035 em janeiro, contratou uma taxa em torno de 5,30% ao ano acima da inflação, o que já não é nada mau.
Se esta pessoa, no entanto, esperava lucrar com a valorização do título, com a expectativa de cortes de juros no Estados Unidos e de uma Selic de um dígito no Brasil – cenário esperado no início do ano – teve uma perda até agora de mais de 6%.
Não só o afrouxamento monetário norte-americano demorou mais que o esperado para começar como, por aqui, a Selic teve que voltar a subir, na medida em que o crescimento econômico continuou resiliente e a inflação voltou a incomodar, tornando a esbarrar no limite superior da meta.
Quem adquirir o mesmo Tesouro IPCA+ 2035 hoje consegue contratar um retorno de 6,77% ao ano acima da inflação até o vencimento.
Risco fiscal continua pressionando os juros futuros
O que mais pesa nos juros futuros brasileiros agora que o Federal Reserve iniciou seu ciclo de cortes de juros é realmente o risco fiscal do país.
A falta de um plano, por parte do governo, de realmente cortar as despesas, num cenário em que o crescimento da economia é justamente turbinado pelo gasto público, deixa o mercado com o pé atrás em relação à inflação e ao risco-país, levando os juros a subirem em praticamente toda a curva.
Com isso, vimos, recentemente, os títulos prefixados voltarem a pagar o famigerado retorno de 1% ao mês que o brasileiro tanto gosta, o qual havia sido abandonado durante o ciclo de cortes na Selic.
Quem comprar os prés disponíveis no Tesouro Direto hoje conseguirá retornos de quase 13% ao ano, caso eles sejam levados ao vencimento.
Os títulos Tesouro Selic, por sua vez, estão se beneficiando justamente do novo ciclo de alta da taxa básica de juros, que pode levá-la novamente acima dos 12% ou 13% ao ano, segundo algumas projeções.
- VEJA MAIS: mais de 1% ao mês na renda fixa; conheça oportunidade que pode render 14% ao ano, isenta de IR
Retornos do Tesouro Direto estão atrativos
Rendimentos acima de 6% ao ano nos títulos Tesouro IPCA+ e de 10% ao ano nos prefixados são tipicamente considerados atrativos para compra, pois costumam indicar patamares de retornos bastante elevados, vistos quando os juros futuros estão pressionados.
Assim, para quem visa formar uma poupança de longo prazo, especialmente no caso dos papéis indexados à inflação, o momento é atrativo para comprar e levar ao vencimento, mas é preciso lembrar que esses títulos são voláteis e seus preços sacodem bastante no curto prazo.
Não são só as LCIs e LCAs! CRI, CRA e debêntures incentivadas também devem perder isenção; demais investimentos terão alíquota única
Pacote de medidas para substituir o aumento do IOF propõe tributação de 5% em todos os títulos de renda fixa hoje isentos, além de alíquota única de 17,5% nas demais aplicações
Ainda vale a pena investir em LCI e LCA com o imposto de 5% proposto por Haddad? Fizemos as contas
Taxação mexe com um dos investimentos preferidos do investidor pessoa física; LCI e LCA hoje são isentas de imposto de renda
Neon lança CDB que rende até 150% do CDI, de olho em novos clientes; veja como investir
Os Certificados de Depósito Bancário tem aporte mínimo de R$ 100; promoção será válida por dois meses
Petrobras (PETR4) está considerando emitir R$ 3 bilhões em debêntures incentivadas, isentas de imposto de renda
Oferta da estatal seguiria outra oferta bilionária de dívida anunciada na semana passada, a da Vale
Vale (VALE3) anuncia emissão de R$ 6 bilhões em debêntures isentas de imposto de renda com retorno inferior ao dos títulos públicos
Com isenção, porém, papel deve se manter atrativo em relação aos títulos Tesouro IPCA+; oferta será restrita a investidores profissionais
CMN reduz prazo de carência de LCIs e LCAs de nove para seis meses, mas fecha um pouco mais o cerco a CRIs, CRAs e CDCAs
Órgão afrouxa restrição imposta em fevereiro de 2024 a LCIs e LCAs, mas aperta um pouco mais as regras para outros títulos isentos de imposto de renda
Vencimento de Tesouro IPCA+ paga R$ 153 bilhões nesta semana; quanto rende essa bolada se for reinvestida?
O Seu Dinheiro simulou o retorno do reinvestimento em novos títulos Tesouro IPCA+ e em outros papéis de renda fixa; confira
Retorno recorde nos títulos IPCA+ de um lado, spreads baixos e RJs do outro: o que é de fato risco e oportunidade na renda fixa privada hoje?
Em carta a investidores, gestora de renda fixa Sparta elenca os pontos positivos e negativos do mercado de crédito privado hoje
Retorno da renda fixa chegou ao topo? Quanto rendem R$ 100 mil na poupança, em Tesouro Selic, CDB e LCI com a Selic em 14,75%
Copom aumentou a taxa básica em mais 0,50 ponto percentual nesta quarta (7), elevando ainda mais o retorno das aplicações pós-fixadas; mas ajuste pode ser o último do ciclo de alta
Onde investir na renda fixa em maio: Tesouro IPCA+ e CRA da BRF são destaques; indicações incluem LCA e debêntures incentivadas
Veja o que BB Investimentos, BTG Pactual, Itaú BBA e XP Investimentos recomendam comprar na renda fixa em maio, especialmente entre os ativos isentos de IR
Selic em alta atrai investidor estrangeiro para a renda fixa do Brasil, apesar do risco fiscal
Analistas também veem espaço para algum ganho — ou perdas limitadas — em dólar para o investidor estrangeiro que aportar no Brasil
Criptoativos de renda fixa: tokens de crédito privado oferecem retorno de até CDI+4% ao ano; é seguro investir?
Empresas aproveitam o apetite do investidor por renda fixa e aumentam a oferta de criptoativos de dívida, registrados na blockchain; entenda os benefícios e os riscos desses novos investimentos
Tesouro Direto pagará R$ 153 bilhões aos investidores em maio; veja data de pagamento e qual título dá direito aos ganhos
O valor corresponde ao vencimento de 33,5 milhões de NTN-Bs, que remuneram com uma taxa prefixada acrescida da variação da inflação
CDBs do Banco Master que pagam até 140% do CDI valem o investimento no curto prazo? Títulos seguem “baratos” no mercado secundário
Investidores seguem tentando desovar seus papéis nas plataformas de corretoras como XP e BTG, mas analistas não veem com bons olhos o risco que os títulos representam
As empresas não querem mais saber da bolsa? Puxada por debêntures, renda fixa domina o mercado com apetite por títulos isentos de IR
Com Selic elevada e incertezas no horizonte, emissões de ações vão de mal a pior, e companhias preferem captar recursos via dívida — no Brasil e no exterior; CRIs e CRAs, no entanto, veem emissões caírem
Não foi só o Banco Master: entre os CDBs mais rentáveis de março, prefixado do Santander paga 15,72%, e banco chinês oferece 9,4% + IPCA
Levantamento da Quantum Finance traz as emissões com taxas acima da média do mercado; no mês passado, estoque de CDBs no país chegou a R$ 2,57 trilhões, alta de 14,3% na base anual
Renda fixa para abril chega a pagar acima de 9% + IPCA, sem IR; recomendações já incluem prefixados, de olho em juros mais comportados
O Seu Dinheiro compilou as carteiras do BB, Itaú BBA, BTG e XP, que recomendaram os melhores papéis para investir no mês
CDBs do Banco Master pagam até 160% do CDI no mercado secundário após investidores desovarem papéis com desconto
Negócio do Master com BRB jogou luz nos problemas de liquidez do banco, o que levou os investidores a optarem por resgate antecipado, com descontos de até 20%; taxas no secundário tiram atratividade dos novos títulos emitidos pelo banco, a taxas mais baixas
O ativo que Luis Stuhlberger gosta em meio às tensões globais e à perda de popularidade de Lula — e que está mais barato que a bolsa
Para o gestor do fundo Verde, Brasil não aguenta mais quatro anos de PT sem haver uma “argentinização”
Banco Master diminui taxas de CDBs em meio à possível compra pelo BRB; veja como ficam as remunerações agora
O grupo Master já soma R$ 52 bilhões em CDBs investidos, mas o Banco de Brasília assumiria apenas uma parte desse passivo — que agora pode aumentar ainda mais