7% ao ano acima da inflação: 2 títulos públicos e 10 papéis isentos de IR para aproveitar o retorno gordo da renda fixa
Com a alta dos juros, taxas da renda fixa indexada à inflação estão em níveis historicamente elevados, e em títulos privados isentos de IR já chegam a ultrapassar os 7% ao ano + IPCA

A pressão inflacionária, a depreciação do câmbio e a percepção de risco fiscal mais elevado têm pressionado os juros futuros neste ano. Com isso, o Banco Central voltou a aumentar a taxa básica de juros, o que vem beneficiando a renda fixa com rentabilidade indexada à Selic ou ao CDI.
Enquanto isso, os títulos prefixados ou indexados à inflação têm sofrido com fortes desvalorizações no seus preços de mercado.
Quem tinha esses papéis na carteira, comprados quando os juros estavam mais baixos, certamente sentiu o impacto negativo. Lembrando que o prejuízo só será realizado por quem vender os títulos antes do vencimento com perdas.
Quem permanece com eles até o vencimento recebe exatamente a rentabilidade contratada no dia da compra, ainda que este retorno possa, porventura, perder da Selic ou, no caso dos prefixados, até mesmo da inflação.
Só que quando os juros futuros sobem e os preços desses papéis caem, suas taxas aumentam. Assim, o investidor consegue comprá-los mais baratos e com uma perspectiva de retorno no vencimento maior.
Atualmente, o retorno dos papéis prefixados chega a superar os 13% ao ano para quem os adquirir agora e os levar ao vencimento.
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Já os indexados à inflação estão remunerando em torno de 7% ao ano mais IPCA, uma taxa historicamente elevada para padrões brasileiros, vista apenas em momentos de maior estresse de mercado.
Enquanto os títulos públicos Tesouro IPCA+ pagam entre 6,5% e 7% ao ano acima da inflação em diferentes vencimentos, alguns títulos privados, emitidos por empresas, chegam a remunerar mais de 7% ao ano mais IPCA, e ainda com isenção de imposto de renda.
Diante deste cenário de taxas tão gordas, o Itaú BBA divulgou, nesta sexta-feira (08), suas indicações de títulos públicos (Tesouro Direto) e privados (debêntures, CRIs e CRAs, todos isentos de IR) para novembro, e na lista constam nada menos que 12 papéis indexados à inflação, apesar da atratividade dos papéis pós-fixados com a Selic agora em 11,25% ao ano.
Veja onde investir na renda fixa neste mês segundo o banco:
Como se posicionar na renda fixa, segundo o Itaú BBA
Os analistas do banco lembram que a curva de juros prefixados já embute um cenário no qual a Selic alcança 13,5% na segunda metade do ano que vem, quando então passa a ceder para níveis próximos a 13,0% ao ano, se mantendo neste patamar pelos próximos anos. Já inflação projetada pelo mercado (inflação implícita na curva de juros) é de 4,8% em 2024 e 5,8% em 2025.
Diante desse cenário, o Itaú BBA espera rentabilidades ainda muito atrativas para os títulos de renda fixa atrelados à taxa de juros, inclusive em termos reais (isto é, seu retorno acima da inflação), o que torna esses papéis, na visão dos analistas, a melhor escolha para os objetivos de curto prazo.
Já os títulos atrelados à inflação e os papéis prefixados "embutem cenário desafiador no qual inflação e juros estabilizam em patamares muito acima dos níveis de equilíbrio (3,5% a.a. para inflação e 9,0% para Selic) esperados pelo consenso de economistas", dizem os analistas em relatório.
Em outras palavras, o mercado espera juros e inflação mais elevados do que os níveis de equilíbrio desses indicadores o que, segundo o banco, indica um elevado prêmio de risco (rentabilidade alta, considerando-se o risco) para quem estiver disposto a investir nesses papéis.
Assim, o Itaú BBA recomenda ao investidor:
- Títulos de credito privado isento (como debêntures incentivadas, Certificados de Recebíveis Imobiliários e Certificados de Recebíveis do Agronegócio), se beneficiando de taxas ainda atrativas;
- Títulos pós-fixados, isto é, indexados à Selic ou ao CDI, capazes de amortecer a volatilidade dos próximos meses e propiciar liquidez para aproveitar futuras oportunidades, enquanto continua apresentando uma boa rentabilidade;
- Títulos prefixados com prazo médio ao redor de dois ou três anos, os quais já embutem um cenário de Selic e inflação elevados, podendo ainda se beneficiar de um cenário mais brando de inflação nos próximos trimestres;
- Títulos indexados à inflação de prazos médios superiores a cinco anos, para garantir retornos reais elevados à carteira no médio e longo prazos, uma vez que os analistas esperam que os pós-fixados superem a inflação no curto prazo, mas não necessariamente em horizontes de tempo mais longos.
Onde investir na renda fixa em novembro
Dito isso, estes são os títulos de renda fixa selecionados pelo Itaú BBA para novembro:
Tesouro Direto
- Tesouro Selic 2027: tem a função de prover liquidez à carteira, amortecer a volatilidade e continuar a rentabilizar o capital acima da inflação. Sua rentabilidade é beneficiada pelo recente início do ciclo de alta da taxa Selic, que deve se manter atrativa pelos próximos trimestres.
- Tesouro Prefixado 2027: nesta sexta, oferece uma taxa de 13,13% ao ano até o vencimento. Segundo os analistas do Itaú BBA, a precificação de que a taxa Selic estabilizará em patamar acima 12,5% ao ano gera atratividade aos títulos prefixados de prazo intermediário, dado que eles acreditam em um recuo da Selic ainda em 2025.
- Tesouro IPCA+ 2029 e Tesouro IPCA+ 2045: nesta sexta, oferecem taxas de 6,81% + IPCA e 6,62% + IPCA respectivamente, até o vencimento. Os analistas continuam otimistas com os títulos públicos atrelados ao IPCA de prazos mais longos, pois em prazos mais dilatados, o retorno dos pós-fixados deve convergir para o nível de equilíbrio de 5% ao ano acima da inflação, abaixo, portanto, dos níveis oferecidos por esses papéis indexados ao IPCA.
Títulos de crédito privado isentos de imposto de renda
Além dos dois papéis Tesouro IPCA+ indicados, os dez títulos de crédito privado recomendados pelo Itaú BBA também são todos indexados à inflação e voltados para o longo prazo.
De acordo com o relatório do banco, nesta edição das recomendações de renda fixa não foram incluídos papéis privados atrelados ao CDI dada a menor liquidez que esta categoria apresenta atualmente.
Confira a seleção do Itaú BBA:
Título | Vencimento | Código | Retorno anual | Rating médio |
CRA Atacadão (Carrefour Brasil) | 16/08/2027 | CRA022008SZ | 6,4% + IPCA | AAA |
Debênture Engie | 15/11/2033 | EGIEA1 | 6,2% + IPCA | AAA |
Debênture Isa CTEEP | 15/10/2038 | TRPLB4 | 6,2% + IPCA | AAA |
Debênture Rio+ Saneamento | 15/11/2043 | SABP12 | 7,3% + IPCA | AAA |
CRI Grupo Mateus* | 17/07/2034 | 22C1362141 | 7,0% + IPCA | AAA |
Debênture PRIO* | 15/02/2034 | PEJA22 | 6,9% + IPCA | AA+ |
Debênture Águas do Rio* | 15/09/2034 | RIS414 | 7,2% + IPCA | AA+ |
Debênture Águas do Rio* | 15/09/2042 | RIS424 | 7,4% + IPCA | AA+ |
Debênture Águas do Rio* | 15/09/2042 | RISP24 | 7,4% + IPCA | AA+ |
Debênture Intervias* | 15/05/2038 | IVIAA0 | 6,9% + IPCA | AAA |
Fonte: Itaú BBA
Comentários dos analistas sobre as empresas emissoras dos títulos de crédito privado:
- Atacadão, rede de atacarejo do Carrefour Brasil: "Apesar da sua alavancagem ter se elevado nos últimos anos, devido principalmente à aquisição do Grupo BIG, a companhia possui uma adequada liquidez e grande capacidade de geração de caixa, o que, combinado às iniciativas de eficiência e otimização do portfólio, deve contribuir para a sua gradual desalavancagem."
- Engie Brasil, geradora de energia elétrica: "A companhia atua em um setor regulado, o que, combinado à sua grande eficiência como operadora, tem permitido gerar um robusto fluxo de caixa e manter métricas de crédito conservadoras, apesar dos elevados investimentos."
- Isa CTEEP, transmissora de energia elétrica: "Apesar dos elevados investimentos planejados para os próximos anos, relativos aos leilões vencidos pela companhia entre 2022 e 2023, é uma forte geradora de caixa, operando no segmento menos arriscado do setor elétrico, além de possuir um perfil de dívidas alongado e amplo acesso a fontes de financiamento."
- Rio+ Saneamento, consórcio vencedor do Bloco 3 do leilão de privatização da CEDAE, a companhia de saneamento do Rio de Janeiro: "O Bloco 3 cobre 18 municípios, inclusive a cidade do Rio (24 bairros da Zona Oeste), atendendo 2,6 milhões de habitantes. Apesar do amplo plano de investimentos, a companhia possui um perfil de dívida alongado, além de operar em um setor essencial, que costuma ser resiliente ao longo dos ciclos econômicos."
- Grupo Mateus, rede de supermercados: com foco nos mercados do Norte e do Nordeste, "possui perfil sólido de crédito com posição robusta de liquidez. Considerando as melhorias implementadas na gestão de capital de giro, a companhia tem conseguido conciliar seu forte ritmo de expansão com a manutenção de alavancagem baixa."
- PRIO, petroleira: "Consideramos que a PRIO tem sólido perfil de crédito. A empresa tem conciliado crescimento operacional com geração positiva de caixa, mantendo elevada liquidez financeira e baixa alavancagem. O início da operação de Wahoo deve se dar no início de 2025 e, junto à nova aquisição do campo de Peregrino, deve aumentar rapidamente a geração de caixa da companhia e suportar uma alavancagem em níveis saudáveis."
- Águas do Rio, concessionária de saneamento de 27 municípios do estado do Rio de Janeiro: "Apesar do extenso plano de investimentos, que deve pressionar a alavancagem da companhia, tem apresentado uma forte melhora em seus resultados operacionais, o que, combinado com a grande resiliência do setor de saneamento e sua dívida alongada, fortalece o perfil de crédito da companhia."
- Intervias, concessionária de rodovias: "opera 380,3 km de trechos de rodovias na região centro-norte do Estado de São Paulo, sendo um importante corredor para escoamento de produtos agrícolas e importação de produtos industrializados, resultando num intenso fluxo de veículos pesados. O perfil de crédito da Intervias é sólido, suportado por uma operação com elevadas margens, robusta geração de caixa, e alongado perfil da dívida.
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