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Bia Azevedo

Bia Azevedo

Jornalista pela Universidade de São Paulo (USP), já trabalhou como coordenadora e editora de conteúdo das redes sociais do Seu Dinheiro e Money Times. Além disso, é pós-graduanda em comunicação digital de business intelligence pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). Para contato, enviar no e-mail beatriz.azevedo@seudinheiro.com.

DE OLHO NAS REDES

Quanto de mim e de você tem no ChatGPT? Como nossos dados viraram o novo petróleo desta revolução

Bia Azevedo
Bia Azevedo
23 de junho de 2024
9:06
Robô olhando para caveira humana.
Imagem: ChatGPT

“As rodas da máquina têm de girar constantemente, mas não podem fazê-lo se não houver quem cuide delas”. Na falta de um jeito original de começar a news desta semana, recorro ao ChatGPT para me fazer parecer mais sofisticada. 

Oi, Chat! [digito educadamente na intenção de ser poupada caso as IAs tomem o poder] Quero uma frase de algum livro clássico sobre alimentar máquinas. 

Confesso que esbocei um belo sorrisinho irônico quando — depois de várias tentativas fracassadas — recebi uma citação do livro Admirável Mundo Novo com a qual começo este texto. 

Não foi só o fato de a Inteligência Artificial estar me sugerindo um livro distópico que me causou risinhos e sim outra coisa: eu realmente li a obra de Aldous Huxley em 2020 e publiquei minha migalha de opinião no Instagram quando terminei. 

O que pode não parecer nada sarcástico até você entender o tema de hoje: como a Inteligência Artificial está usando as nossas publicações em redes sociais para se alimentar. A pergunta é: quanto de mim e de você tem no ChatGPT? 

Claro que eu sei que não foi a minha publicação em específico que gerou essa resposta, a discussão é sobre como os dados que nós fornecemos nas redes sociais viraram ‘o petróleo’ desta revolução tecnológica e quais são as potenciais implicações disso. 

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Quem come quieto, come sempre 

A inteligência artificial devorou o passado para marcar o começo do nosso futuro. 

Vamos ao que o New York Times chamou de “O pecado original das IAs”

Uma investigação do jornal joga luz ao território cinzento — tanto ética quanto legalmente — que permeou o nascimento de modelos como ChatGPT e Gemini

Ninguém nasce sabendo, nem as IAs. Para se tornarem o que são, elas precisaram consumir uma quantidade avassaladora de palavras. 

Quando estava desenvolvendo o ChatGPT, a OpenAI literalmente precisou consumir praticamente todas as palavras em inglês publicadas na internet, tornando-se um “Pac-Man” de artigos, threads no Reddit, ebooks e etc. 

Estamos falando de bilhões, ou até trilhões de palavras

E claro que muitas delas eram protegidas por direitos autorais, o que “sugere que desde o começo essas empresas estão quebrando ou dobrando as regras”, explica o repórter Cade Metz no podcast The Daily. 

Não foi o suficiente. Logo em 2021, os dados acabaram.

O próximo passo foram os vídeos: audiolivros, podcasts e até vídeos do YouTube. Tudo transcrito por um programa da OpenAI. 

Aqui, preciso destacar três coisas:

  1. O YouTube deixa bem claro que é proibido coletar dados em massa do YouTube e usá-los para construir uma nova plataforma;
  2. O Google, dono do YouTube, concorre com a OpenAI no setor de IA, com o Gemini;
  3. A investigação do NY Times mostra que os funcionários do Google sabiam o que a empresa rival estava fazendo.

E aqui surge a pergunta: se sabiam, por que eles deixaram? Porque eles estavam fazendo o mesmo. 

“Se eles criticam o que a OpenAI está fazendo, eles acabam chamando a atenção para si mesmos. E eles não querem fazer isso”, explica Metz.

Ou seja, o uso dos dados disponíveis era tão relevante para eles que foi melhor deixar a concorrência levar vantagem nisso do que causar algum alarde que atrasaria o desenvolvimento… quem come quieto, come sempre.

A gente quer inteiro, não pela metade

A Meta, dona do Facebook e Instagram, também está nessa. 

A empresa passou a usar os dados compartilhados pelos usuários brasileiros para treinar os modelos de IA generativa deles. 

Basicamente, isso significa que tudo o que você posta (fotos, legendas e etc) está servindo de alimento para o chatbot que eles disponibilizarão gradualmente a partir de julho. 

Mas não é de agora que as informações disponíveis na internet são a commodity da empresa. 

A mesma investigação do NY Times teve acesso a gravações de executivos da empresa discutindo como desenvolveriam um modelo para competir com a OpenAI. 

Aqui, misturo imaginação com a realidade sobre como penso que essas conversas foram:  

- Podemos licenciar vários livros por uns 10 dólares cada e ir inserindo no modelo…

- Humm

- E se a gente comprar a Simon & Schuster [editora americana]? Daria para usar tudo que eles têm… 

- Ai, muito complicado… demorado… caro! 

-

-

- Ok, e se a gente usar os dados da internet mesmo? Fazer que nem a OpenAI está fazendo.

- Ufa, você quem disse, não eu. 

Ironias à parte, essas discussões realmente aconteceram e mostram que eles sabiam que poderiam se deparar com uma areia movediça legal e ética. Fizeram mesmo assim.

Aliás, todo esse tema me fez lembrar do caso da atriz Scarlett Johansson, que acusa a OpenAI de “imitar” sua voz para o lançamento da nova versão do robô falante do ChatGPT. Aqui você pode conferir a comparação

Já diriam os Titãs “A gente quer inteiro e não pela metade” — como se já não bastasse usar nossas informações para vender anúncios ou influenciar eleições democráticas.

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Você tem fome de quê? 

Mas a pergunta que resta responder é: onde é que isso tudo vai parar? 

Não entenda como um moralismo, eu mesma estou mais do que satisfeita em entregar meus dados em troca de comodidades na internet, já me acostumei em ser produto e cliente nas redes sociais. 

Minha questão vai mais no sentido de: por mais que a sociedade, assim como eu, tope pagar esse preço, até quando isso será o suficiente? Quanto tempo até que tudo o que produzimos até hoje enquanto humanidade já tenha sido consumido? 

Até porque o que as IAs fazem está rapidamente se tornando banal e replicável. Elas precisam de mais e mais.

Questiona-se, inclusive, se os chatbots estão realmente aprendendo ou se estão apenas replicando padrões de dados.

O objetivo é aperfeiçoá-las o bastante para que elas não apenas reconheçam combinações, mas também compreendam os princípios subjacentes que levam a esses padrões, por meio da incorporação de mecanismos de raciocínio abstrato e compreensão contextual.

Quais informações conseguem alimentar esse tipo de desenvolvimento? A pergunta de um milhão de reais é: quanto tempo até que uma IA comece a alimentar a outra num ciclo infinito, tirando espaço das interações humanas (se é que isso já não está acontecendo)? 

Falo um pouco mais sobre isso neste texto

Eu tenho fome de você

Como uma boa analista de redes sociais, tenho fome de engajamento e seguidores. Todos os dias publicamos uma infinidade de conteúdos com análises e informações cruciais para o seu bolso. 

Fica o convite para se inscrever no nosso canal do YouTube, inclusive eu apareço por lá no quadro Seu Dinheiro Explica, que está com vários vídeos novos. Basta clicar aqui.

Bom domingo e até a próxima. 

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