🔴 AÇÕES PARA INVESTIR EM JULHO: CONFIRA CARTEIRA COM 10 RECOMENDAÇÕES – ACESSE GRATUITAMENTE

Felipe Miranda: Inflação, juros e mercado financeiro, uma hipótese

Surpreendentemente, atingimos o tal soft landing, aquela margem estreita que desafiava a tendência histórica

8 de janeiro de 2024
20:01 - atualizado às 17:42
inflação - perder dinheiro
Imagem: Shutterstock

Quando Zhou Enlai recebeu a visita de Richard Nixon em 1972, foi perguntado sobre os tumultos na França. Em sua resposta, o premiê chinês afirmou ainda ser muito cedo para tirar qualquer conclusão.

A frase foi vista como uma demonstração da sabedoria confucionista e da visão de longo prazo da China. Passaram quase duzentos anos e ainda era cedo para concluir algo sobre a Revolução Francesa…

Décadas depois, veio a se saber que não era exatamente isso. O diplomata norte-americano Charles Freeman disse ter havido um mal-entendido na fala de Zhou.

O premiê chinês, na verdade, se referia às inquietações de maio de 1968, não àquelas de 1789. Henry Kissinger, em seu brilhante livro sobre a China, também faz uma correção da primeira interpretação.

Seja lá qual das versões é a verdadeira, a original era bem mais legal — talvez por isso tenha demorado tanto para ser corrigida.

O tempo das avaliações históricas e dos processos econômico-sociais não é necessariamente cronológico. Curto e longo prazo, transitório ou permanente, perto ou distante pertencem ao olhar do observador e à maré das circunstâncias.

Leia Também

Pandemia e projeções sobre a inflação

Logo depois da pandemia, quando a inflação veio com tudo, os Bancos Centrais mundiais — ênfase no Fed — caracterizaram aquele fenômeno como transitório.

As cadeias globais de suprimento seriam rapidamente reorganizadas, as commodities cairiam e os efeitos dos estímulos arrefeceriam.

Em pouco tempo, a inflação seria debelada e voltaríamos a período semelhante àquele da estagnação secular, quando a tecnologia e a demografia provocavam um mundo estruturalmente deflacionário.

Meses se passaram, e a inflação, além de não ceder, acelerou. Foi bem mais alta e persistente do que se imaginava.

  • MELHORES INVESTIMENTOS PARA 2024: Receba o guia completo e gratuito do Seu Dinheiro, com recomendações das maiores casas de análise, bancos e corretoras do Brasil. 

As medidas dos Bancos Centrais contra a inflação

Os Bancos Centrais revisitaram sua inflação sobre a suposta transitoriedade do fenômeno e pediram formalmente para não mais chamar o processo de passageiro.

Iniciaram agressivos processos de aperto monetário na sequência. E foram alvo de críticas pesadas sobre seu erro de avaliação.

Nos últimos meses, a inflação começou a arrefecer. Então, a interpretação predominante foi de que a política monetária, embora tardiamente, funcionou.

A economia, os juros e a inflação

A economia sente o efeito dos juros mais altos, a demanda agregada cai, a inflação cai. Estaríamos rigorosamente alinhados à ortodoxia.

Será mesmo? Ou incorreríamos aqui na falácia lógica “post hoc, propter hoc”? Ou seja, a inflação teria desacelerado depois da alta do juro, não necessariamente por conta da alta do juro.

Paul Krugman tem uma hipótese alternativa bastante interessante sobre o processo. Em artigo recente no NYT, de nome “Beware Economists Who Won’t Admit They Were Wrong”, o prêmio Nobel de Economia defende a tese de que a inflação, na verdade, era mesmo transitória — ela apenas demorou mais tempo do que se supunha para arrefecer.

As disrupções na cadeia foram maiores e mais longevas do que se imaginava, e foram intensificadas com a guerra na Ucrânia. A tal transitoriedade acabou levando anos, em vez de meses, mas estava lá. 

Ele argumenta ainda que, na hipótese mais ortodoxa, a inflação teria recuado a partir de um aumento destacado da taxa de desemprego, o que não ocorreu.

Estamos falando de uma taxa de desemprego de 4,5%, para uma inflação que potencialmente caminha para 2,5%. 

Surpreendentemente, atingimos o tal soft landing, aquela margem estreita em que ninguém, além de Chistopher Waller do Fed, parecia acreditar a priori e que desafiava a tendência histórica (ao longo do tempo, processos desinflacionários costumaram vir acompanhados de recessão nos EUA).

Ao melhor estilo Zhou Enlai (ou fake news sobre Zhou Enlai), acho cedo para afirmar se a tese de Krugman está mesmo certa.

O que esperar?

Mas há um ponto importante a ser considerado aqui: as forças predominantes da estagnação secular continuam aí, ainda mais intensas do que anteriormente. O mundo só ficou mais tecnológico e a demografia só piorou.

A grande questão (para a qual não tenho resposta), portanto, seria: o que pesa mais?

De um lado, demografia e tecnologia representam um mundo deflacionário. De outro, near/friend shoring, transição energética e retorno da importância de alguns sindicatos implicariam tendência inflacionária. Qual a força resultante? 

Se Krugman estiver certo, o maior risco seria a manutenção de juros elevados nos EUA gerar uma recessão por lá — nesse sentido, os dados do Relatório de Emprego na última sexta e, no geral, a preocupação mais recente com uma economia dos EUA um pouco mais aquecida seriam bons (e não ruins conforme a interpretação de consenso).

Se voltarmos ao mundo da estagnação secular (ou algo parecido com isso), o juro será bem mais baixo. Voltaremos ao growth, em detrimento ao value

A fraqueza de ativos de risco neste início de 2024 poderia ser interessante oportunidade de compra.

De uma forma ou de outra, os juros vão cair aqui e lá fora — estamos apenas numa discussão de dosimetria fina.

Em sendo o caso, estaríamos discutindo se o ano será marginalmente bom, muito bom ou excelente. Torço pelo último, mas seja lá qual for o caso, a assimetria é convidativa.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
BOMBOU NO SD

Banco do Brasil (BBAS3), ataque hacker, FII do mês e tarifas de 50% de Trump: confira as notícias mais lidas da semana

12 de julho de 2025 - 18:10

Temas da semana anterior continuaram emplacando matérias entre as mais lidas da semana, ao lado do anúncio da tarifa de 50% dos EUA ao Brasil

GUERRA COMERCIAL

Tarifas de Trump podem afastar investimentos estrangeiros em países emergentes, como o Brasil

12 de julho de 2025 - 14:36

Taxação pode ter impacto indireto na economia de emergentes ao afastar investidor gringo, mas esse risco também é limitado

OLHO POR OLHO?

Lula afirma que pode taxar EUA após tarifa de 50%; Trump diz que não falará com brasileiro ‘agora’

12 de julho de 2025 - 11:28

Presidente brasileiro disse novamente que pode acionar Lei de Reciprocidade Econômica para retaliar taxação norte-americana

MOTIVAÇÕES POLÍTICAS

Moody’s vê estatais como chave para impulsionar a economia com eleições no horizonte — e isso não será bom no longo prazo

11 de julho de 2025 - 19:30

A agência avalia que, no curto prazo, crédito das empresas continua sólida, embora a crescente intervenção política aumenta riscos de distorções

TRUMP VS. EMERGENTES

O UBS WM reforça que tarifas de Trump contra o Brasil terão impacto limitado — aqui estão os 4 motivos para o otimismo

11 de julho de 2025 - 17:25

Na última quarta-feira (9), o presidente dos EUA anunciou uma tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros, que devem entrar em vigor em 1º de agosto

APÓS ESCÂNDALO

Governo vai abrir crédito de R$ 3 bilhões para ressarcir vítimas da fraude do INSS; confira como vai funcionar o reembolso

11 de julho de 2025 - 14:01

Entre os R$ 3 bilhões em crédito extraordinário, R$ 400 milhões vão servir para ressarcir as vítimas em situação de vulnerabilidade e que não tenham questionado os valores descontados

ENTREVISTA EXCLUSIVA

Trump é a maior fonte de imprevisibilidade geopolítica e econômica da atualidade — e quem diz isso pode surpreender

11 de julho de 2025 - 7:02

Gustavo Loyola, ex-presidente do BC, falou com exclusividade ao Seu Dinheiro sobre a imposição, por Donald Trump, da sobretaxa de 50% às exportações brasileiras para os EUA

SEM ENDEREÇO CERTO

De Galípolo para Haddad: a carta do presidente do BC ao ministro da Fazenda deixa alerta sobre inflação

10 de julho de 2025 - 18:59

Embora Galípolo tenha reforçado o compromisso com a convergência, foi o que ele não disse que chamou atenção

GUERRA COMERCIAL

O Brasil pode escapar dos impactos das tarifas de Trump: economista-chefe da ARX revela estratégias — e diz por que a retaliação não é uma delas

10 de julho de 2025 - 16:06

Segundo Gabriel Barros, Lula teria uma série de opções estratégicas para mitigar os efeitos negativos dessa medida sobre a economia; confira a visão do especialista

DISPUTA INTERNACIONAL, CRISE INTERNA

Tarifa de Trump sobre produtos do Brasil acirra guerra política: PT mira Eduardo Bolsonaro, e oposição culpa Lula e STF

10 de julho de 2025 - 13:48

Sobretaxa de 50% vira munição em Brasília; governo estuda retaliação e Eduardo, nos EUA, celebra medida como resposta ao ‘autoritarismo do STF’

O QUE ESPERAR AGORA?

Trump cortou as asinhas do Brasil? Os efeitos escondidos da tarifa de 50% chegam até as eleições de 2026

10 de julho de 2025 - 13:41

A taxação dos EUA não mexe apenas com o volume de exportações brasileiras, mas com o cenário macroeconômico e político do país

E AGORA, GALÍPOLO?

Dólar disparou, alerta de inflação acendeu: tarifa de Trump é cavalo de troia que Copom terá que enfrentar

10 de julho de 2025 - 13:07

Depois de meses de desvalorização frente ao real, o dólar voltou a subir diante dos novos riscos comerciais para o Brasil e tende a pressionar os preços novamente, revertendo o alívio anterior

BC PRESSIONADO

Meta de inflação de 3% é plausível para o Brasil? Veja o que dizem economistas sobre os preços que não cedem no país

10 de julho de 2025 - 9:39

Com juros nas alturas e IPCA a 5,35%, o Banco Central se prepara para mais uma explicação oficial, sem a meta de 3% no horizonte próximo

LOTERIAS

Lotofácil, Quina e Dupla Sena dividem os holofotes com 8 novos milionários (e um quase)

10 de julho de 2025 - 7:01

Enquanto isso, começa a valer hoje o reajuste dos preços para as apostas na Lotofácil, na Quina, na Mega-Sena e em outras loterias da Caixa

PEGOU MAL PRA QUEM?

De Lula aos representantes das indústrias: as reações à tarifa de 50% de Trump sobre o Brasil

9 de julho de 2025 - 20:15

O presidente brasileiro promete acionar a lei de reciprocidade brasileira para responder à taxa extra dos EUA, que deve entrar em vigor em 1 de agosto

NÃO ESCAPAMOS

Tarifa de 50% de Trump contra o Brasil vem aí, derruba a bolsa, faz juros dispararem e provoca reação do governo Lula

9 de julho de 2025 - 17:18

O Ibovespa futuro passou a cair mais de 2,5%, enquanto o dólar para agosto renovou máxima a R$ 5,603, subindo mais de 2%

FÁCIL FALAR, DIFÍCIL CONTROLAR A INFLAÇÃO

Não adianta criticar os juros e pedir para BC ignorar a meta, diz Galípolo: “inflação ainda incomoda bastante”

9 de julho de 2025 - 15:14

O presidente do Banco Central participou de uma audiência pública na Câmara dos Deputados e ressaltou que a inflação na meta é objetivo indiscutível

LOTERIAS

Lotofácil deixa duas pessoas mais próximas do primeiro milhão; Mega-Sena e Quina acumulam

9 de julho de 2025 - 6:36

Como hoje só é feriado no Estado de São Paulo, a Lotofácil, a Quina e outras loterias da Caixa terão novos sorteios hoje

NO LIMITE DA POTÊNCIA

Horário de verão pode voltar para evitar apagão; ONS explica o que deve acontecer agora

8 de julho de 2025 - 19:01

Déficit estrutural se aprofunda e governo pode decidir em agosto sobre retorno da medida extinta em 2019

“A META É TRÊS”

Galípolo diz que dorme tranquilo com Selic em 15% e que o importante é perseguir a meta da inflação

8 de julho de 2025 - 16:59

Com os maiores juros desde 2026, Galípolo dispensa faixa e flores: “dificilmente vamos ganhar o torneio de Miss Simpatia no ano de 2025”

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar