Bruno Mérola: Como ter máximo retorno e evitar grandes perdas
Confiamos exageradamente em nossa versão futura, nossa atenção de curto prazo é capturada por estímulos infinitos e somos, na maioria, imperfeitos em adequar a execução cotidiana à estratégia bem definida de longo prazo
“Um resfriado adequadamente tratado dura sete dias, mas deixado a si mesmo, cura-se em uma semana.”
Henry Felsen, escritor americano
Desculpa, não dá.
E isso não é um clickbait, apenas uma conversa sobre o inevitável e a ilusão de controle.
Em 2016, Wesley Gray, da gestora Alpha Architect, argumentou que até Deus teria sido demitido se fosse um investidor ativo – inúmeras vezes, aliás.
Já falamos sobre isso aqui, mas a mesma mensagem tem sabores diferentes entre um bull e um bear market.
Leia Também
Flávio Day: veja dicas para proteger seu patrimônio com contratos de opções e escolhas de boas ações
O “portfólio de Deus” do paper levou esse nome pela sua clarividência. Desde 1927, ele investiu numa carteira formada pelas 50 ações que mais ganharam dinheiro pelos próximos cinco anos, rebalanceada a cada período.
Como essa informação só pode ser obtida “a posteriori”, trata-se de uma premissa absurda, que considera 100% de acerto na seleção de ativos, impossível de ser replicada na vida real.
- Onde investir neste mês? Veja GRATUITAMENTE as recomendações em ações, dividendos, fundos imobiliários, BDRs e criptomoedas.
É claro que o retorno acumulado impressiona: 29% ao ano versus 10% do S&P 500.
Então por que esse gestor impecável, que nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu um enxovalho, levaria enormes resgates de investidores e, provavelmente, nem fosse lembrado após 90 anos?
Maquiavel tinha razão?
“O Príncipe”, de Maquiavel, é famoso pelos fins que justificariam os meios, mas o italiano se esquecera de abordar o que fazer quando se está no olho do furacão.
Explico. Na crise global dos anos 30, possuir as melhores ações não teria evitado que a carteira atravessasse um drawdown de 76%. Em 1940, quase 40% de perda antes de se recuperar. Para cada década seguinte, pelos próximos 80 anos, pelo menos uma perda acima de 20%.

Sejamos sinceros: quem tem a coragem de permanecer investido após uma queda de 76%?
A verdade é que não teriam faltado oportunidades ao investidor do portfólio divino para “demitir” seu gestor onipotente, resgatar seu dinheiro e partir para outra.
As três razões para esse comportamento
A primeira é uma dificuldade humana nata de lidar com horizontes de investimento conflitantes.
Confiamos exageradamente em nossa versão futura, nossa atenção de curto prazo é capturada por estímulos infinitos e somos, na maioria, imperfeitos em adequar a execução cotidiana à estratégia bem definida de longo prazo.
A segunda é o oposto, o apego ao passado. Como já existe, é mais fácil dar um peso maior ao passado, concreto, do que ao futuro, ainda abstrato.
“O fundo A caiu x % desde que investi, devo resgatar?” é uma das mensagens que mais recebo de investidores. A preocupação é justa e genuína, mas, para dar minha melhor opinião, preciso quebrar a estrutura original com “apenas por esse motivo, não”.
Raramente, uma queda é motivo suficiente para resgate. Para isso se tornar verdade, ela deve indicar algo mais grave, como:
- gestão de risco inadequada
- alteração no processo de gestão
- mudança de paradigma no mercado
E a terceira é a solidão do contrarian. Se todos resgatam na queda de 75%, por que você não o faria? O que os outros, tão inteligentes quanto, sabem que você não sabe? Ou vice-versa?
É solitário apostar sozinho. Se erra, mereceu; se acerta, pura sorte, ninguém podia prever.
A conclusão da Alpha Architect não apenas lembra o óbvio – só temos um passado para analisar e o que teria sido é frequentemente atropelado pelo que foi –, mas provoca um conflito inesperado entre clarividência e um tipo específico de resiliência.
- Empiricus Educação libera curso gratuito de investimentos em ouro e dólar; acesse as aulas aqui
Não falo do clichê corporativo, bordado em palavras vazias no LinkedIn, e distorcido da sua origem física para servir a intenções tortas de discursos motivacionais.
Mas da qualidade rara do investidor que, dobrado pelo acaso, não apenas não se quebra, mas desafia a física e reforça ainda mais sua convicção inicial. Talvez isso explique porque preferimos gestores “cascudos”, que atravessaram várias crises.
Dê o nome que quiser, mas “antifragilidade” já foi escolhido.
Os testes da família Bolsonaro, o sonho de consumo do Magalu (MGLU3), e o que move a bolsa hoje
Veja por que a pré-candidatura de Flávio Bolsonaro à presidência derrubou os mercados; Magazine Luiza inaugura megaloja para turbinar suas receitas
O suposto balão de ensaio do clã Bolsonaro que furou o mercado: como fica o cenário eleitoral agora?
Ainda que o processo eleitoral esteja longe de qualquer definição, a reação ao anúncio da candidatura de Flávio Bolsonaro deixou claro que o caminho até 2026 tende a ser marcado por tensão e volatilidade
Felipe Miranda: Os últimos passos de um homem — ou, compre na fraqueza
A reação do mercado à possível candidatura de Flávio Bolsonaro reacende memórias do Joesley Day, mas há oportunidade
Bolha nas ações de IA, app da B3, e definições de juros: veja o que você precisa saber para investir hoje
Veja o que especialista de gestora com mais de US$ 1,5 trilhão em ativos diz sobre a alta das ações de tecnologia e qual é o impacto para o mercado brasileiro. Acompanhe também a agenda da semana
É o fim da pirâmide corporativa? Como a IA muda a base do trabalho, ameaça os cargos de entrada e reescreve a carreira
As ofertas de emprego para posições de entrada tiveram fortes quedas desde 2024 em razão da adoção da IA. Como os novos trabalhadores vão aprender?
As dicas para quem quer receber dividendos de Natal, e por que Gerdau (GGBR4) e Direcional (DIRR3) são boas apostas
O que o investidor deve olhar antes de investir em uma empresa de olho dos proventos, segundo o colunista do Seu Dinheiro
Tsunami de dividendos extraordinários: como a taxação abre uma janela rara para os amantes de proventos
Ainda que a antecipação seja muito vantajosa em algumas circunstâncias, é preciso analisar caso a caso e não se animar com qualquer anúncio de dividendo extraordinário
Quais são os FIIs campeões de dezembro, divulgação do PIB e da balança comercial e o que mais o mercado espera para hoje
Sete FIIs disputam a liderança no mês de dezembro; veja o que mais você precisa saber hoje antes de investir
Copel (CPLE3) é a ação do mês, Ibovespa bate novo recorde, e o que mais movimenta os mercados hoje
Empresa de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, a Copel é a favorita para investir em dezembro. Veja o que mais você precisa saber sobre os mercados hoje
Mais empresas no nó do Master e Vorcaro, a escolha do Fed e o que move as bolsas hoje
Titan Capital surge como peça-chave no emaranhado de negócios de Daniel Vorcaro, envolvendo mais de 30 empresas; qual o risco da perda da independência do Fed, e o que mais o investidor precisa saber hoje
A sucessão no Fed: o risco silencioso por trás da queda dos juros
A simples possibilidade de mudança no comando do BC dos EUA já começou a mexer na curva de juros, refletindo a percepção de que o “jogo” da política monetária em 2026 será bem diferente do atual
Tony Volpon: Bolhas não acabam assim
Wall Street vivencia hoje uma bolha especulativa no mercado de ações? Entenda o que está acontecendo nas bolsas norte-americanas, e o que a inteligência artificial tem a ver com isso
As lições da Black Friday para o universo dos fundos imobiliários e uma indicação de FII que realmente vale a pena agora
Descontos na bolsa, retorno com dividendos elevados, movimentos de consolidação: que tipo de investimento realmente compensa na Black Friday dos FIIs?
Os futuros dividendos da Estapar (ALPK3), o plano da Petrobras (PETR3), as falas de Galípolo e o que mais move o mercado
Com mudanças contábeis, Estapar antecipa pagamentos de dividendos. Petrobras divulga seu plano estratégico, e presidente do BC se mantém duro em sua política de juros
Jogada de mestre: proposta da Estapar (ALPK3) reduz a espera por dividendos em até 8 anos, ações disparam e esse pode ser só o começo
A companhia possui um prejuízo acumulado bilionário e precisaria de mais 8 anos para conseguir zerar esse saldo para distribuir dividendos. Essa espera, porém, pode cair drasticamente se duas propostas forem aprovadas na AGE de dezembro.
A decisão de Natal do Fed, os títulos incentivados e o que mais move o mercado hoje
Veja qual o impacto da decisão de dezembro do banco central dos EUA para os mercados brasileiros e o que deve acontecer com as debêntures incentivadas, isentas de IR
Corte de juros em dezembro? O Fed diz talvez, o mercado jura que sim
Embora a maioria do mercado espere um corte de 25 pontos-base, as declarações do Fed revelam divisão interna: há quem considere a inflação o maior risco e há quem veja a fragilidade do mercado de trabalho como a principal preocupação
Rodolfo Amstalden: O mercado realmente subestima a Selic?
Dentro do arcabouço de metas de inflação, nosso Bacen dá mais cavalos de pau do que a média global. E o custo de se voltar atrás para um formulador de política monetária é quase que proibitivo. Logo, faz sentido para o mercado cobrar um seguro diante de viradas possíveis.
As projeções para a economia em 2026, inflação no Brasil e o que mais move os mercados hoje
Seu Dinheiro mostra as projeções do Itaú para os juros, inflação e dólar para 2026; veja o que você precisa saber sobre a bolsa hoje
Os planos e dividendos da Petrobras (PETR3), a guerra entre Rússia e Ucrânia, acordo entre Mercosul e UE e o que mais move o mercado
Seu Dinheiro conversou com analistas para entender o que esperar do novo plano de investimentos da Petrobras; a bolsa brasileira também reflete notícias do cenário econômico internacional
