🔴 A TEMPORADA DE BALANÇOS DO 1T25 JÁ COMEÇOU – CONFIRA AS NOTÍCIAS, ANÁLISES E RECOMENDAÇÕES

Imposto de 25% para o aço importado: só acreditou quem não leu as letras miúdas

Antes que você entenda errado, não sou favorável a uma maior taxação apenas porque isso beneficia as ações das siderúrgicas brasileiras – só que elas estão em uma briga totalmente desigual contra as chinesas

26 de abril de 2024
6:11 - atualizado às 10:21
Taxação da importação de aço no Brasil
Taxação da importação de aço no Brasil - Imagem: Montagem Seu Dinheiro

A promoção parecia realmente imperdível. Dizia em letras grandes, em um papel amarelo com letras vermelhas para lá de chamativas:

"50% de desconto!!!"

Para falar a verdade, fazia tempo que eu estava procurando uma cama nova, e aquele definitivamente era um sinal de que a hora tinha chegado.

Entrei na loja animado, apontei para o vendedor a cama em promoção e aguardei todo aquele formulário chato ser preenchido.

Tudo bom demais para ser verdade, e na hora de pagar veio a surpresa: 0% de desconto.

"Ué, cadê os 50% de desconto?" — eu perguntei, apontando para o papel da promoção.

Leia Também

Vendedor: "Ah, aquela promoção? Está escrito logo ali embaixo que só é válido na compra da terceira cama".

Ruy: "Pô, tá de sacanagem…", eu disse, forçando os olhos para enxergar as letrinhas miúdas com a tal regra. "TRÊS camas? Mas nem se eu tivesse um hotel eu conseguiria aproveitar essa "promoção"'.

O vendedor ficou meio sem graça, mas pela falta de surpresa com a minha reação imagino que não fui o primeiro a ter desistido da compra.

Taxação de 25%, só que não!

Eu lembrei desse dia quando li as novas regras de taxação para importação de aço propostas pelo Mdic e pela Camex, nesta semana.

As manchetes "amarelas com letras vermelhas chamativas" diziam claramente que a partir de agora teríamos:

"25% de taxação para o aço importado!!!"

Para um país que tem uma alíquota de média de aproximadamente 11% e que vem sofrendo bastante com a competição do aço chinês, o aumento do imposto para 25% deveria ajudar bastante as empresas siderúrgicas brasileiras.

Mas a reação das ações (GGBR, USIM e CSNA) imediatamente após o anúncio não mostrou muita animação dos investidores.

Fonte: TradingView

Alguma ideia do motivo? Sim, as malditas letras miúdas!

A alíquota do imposto não é exatamente 25%

Para começar, apenas 11 das muitas dezenas de produtos siderúrgicos serão elegíveis às tarifas, sendo que quase todos são aços planos (os produtos em destaque ainda estão em processo de definição).

Fonte: Camex | Elaboração: Seu Dinheiro

Em tese, essa grande quantidade de aços planos na lista até seria positiva para Usiminas e CSN, com maior participação desses produtos nas vendas.

Mas calma porque ainda tem mais. Ao contrário do que sugerem as manchetes, a tarifa não será de 25%. Ela só terá esse valor a partir do momento que um certo limite (cota) de importação for ultrapassado.

Essa cota foi definida como 130% da média de importação desses produtos entre 2020 e 2022. Ou seja, apenas quando as importações ultrapassarem 30% da média do volume importado naqueles anos é que a alíquota sobe para 25%.

Considerando todos os produtos planos, incluindo aqueles que não estão na lista, a média de importação entre 2020 e 2022 atingiu 1.800 mil toneladas. Em 2023 esse volume subiu para 2.750 mil toneladas, uma alta de 53%.

Usando os mesmos volumes de 2023 e considerando que não tivéssemos nenhuma importação além da cota, a redução esperada seria de aproximadamente 18% para os produtos planos, um alívio pequeno dada a enxurrada de aço importado vista desde o ano passado.

Mas é importante destacar que a premissa de que não haverá importação além da cota é otimista, dado que mesmo com a alíquota de imposto de 25% o aço chinês ainda consegue chegar no Brasil mais barato que o aço local.

O problema é o dumping

Antes que você entenda errado, não sou favorável a um maior imposto apenas porque isso beneficia as ações das siderúrgicas brasileiras – isso não seria análise, mas apenas uma torcida.

A questão é que as siderúrgicas brasileiras estão em uma briga totalmente desigual contra as chinesas. Com a falta de demanda interna por aço, a China tem incentivado exportações do produto para o mundo inteiro, para proteger as indústrias e os empregos locais.

Até aqui sem grandes problemas, vence quem fornece o produto mais barato, não é mesmo?

O problema é que o aço chinês não é tão barato assim por motivos justos. Na verdade, ele é vendido muitas vezes abaixo do próprio preço de custo, o que só é possível porque o governo local subsidia a produção e assume para ele o prejuízo – prática conhecida como dumping.

Para você ter uma ideia da diferença, nas regras de taxação antes da cota (em torno de 11%), o aço chinês chega no Brasil com um "desconto" de aproximadamente 20%. Não há como competir!

Não é à toa que os Estados Unidos e vários outros países elevaram radicalmente os impostos contra importação de aço. Até a Turquia, que historicamente exporta aço por preços baixos, precisou rever as alíquotas para proteger sua indústria do aço chinês.

  • Análises aprofundadas, relatórios e recomendações de investimentos, entrevistas com grandes players do mercado: tenha tudo isso na palma da sua mão, entrando em nossa comunidade gratuita no WhatsApp. Basta clicar aqui.

Há pontos positivos além do imposto

Como você já deve ter percebido, a taxação comedida está longe de ser suficiente para tirar a indústria siderúrgica brasileira da enorme ociosidade atual.

No entanto, há alguns fatores positivos a serem mencionados. Primeiro, apesar de as cotas terem sido estabelecidas em um patamar muito alto e, portanto, permitirem um volume elevado de importações, elas pelo menos desincentivam compras muito acima desse número.

Além disso, a medida talvez abra espaço para que novas decisões mais duras venham a ser adotadas no futuro, especialmente se as importações continuarem subindo.

Seja como for, para a Gerdau no Brasil o efeito das medidas tomadas nesta semana é pouco relevante, dado que ela é focada em aços longos e especiais, que praticamente nem foram incluídos na lista de produtos taxados.

Ainda assim, gostamos muito da companhia, que mesmo nesse momento ainda bastante difícil, segue entregando ótimos resultados, especialmente pelo bom momento (e pelas tarifas elevadas) nos Estados Unidos, de onde vêm mais da metade do seu Ebitda.

Além disso, negociando por apenas 4x Valor da Firma/Ebitda, muito pessimismo já parece estar embutido no preço, e inclusive abre espaço para surpresas positivas caso venhamos a ter medidas mais duras contra a importação do aço chinês.

A Gerdau segue na série Vacas Leiteiras, que traz outras ótimas companhias capazes de pagar bons bons dividendos para os acionistas, mesmo quando o momento da bolsa não é dos melhores. Se quiser conferir a lista completa, deixo aqui o convite.

Um grande abraço e até a semana que vem.

Ruy

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
CALENDÁRIO ECONÔMICO

Agenda intensa: semana tem balanços de gigantes, indicadores quentes e feriado

27 de abril de 2025 - 17:12

Agenda da semana tem Gerdau, Santander e outras gigantes abrindo temporada de balanços e dados do IGP-M no Brasil e do PIB nos EUA

DEPOIS DO BALANÇO DO 1T25

Vale (VALE3) sem dividendos extraordinários e de olho na China: o que pode acontecer com a mineradora agora; ações caem 2%

25 de abril de 2025 - 13:14

Executivos da companhia, incluindo o CEO Gustavo Pimenta, explicam o resultado financeiro do primeiro trimestre e alertam sobre os riscos da guerra comercial entre China e EUA nos negócios da empresa

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale

25 de abril de 2025 - 8:23

Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal

SEXTOU COM O RUY

Hypera (HYPE3): quando a incerteza joga a favor e rende um lucro de mais de 200% — e esse não é o único caso

25 de abril de 2025 - 6:03

A parte boa de trabalhar com opções é que não precisamos esperar maior clareza dos resultados para investir. Na verdade, quanto mais incerteza melhor, porque é justamente nesses casos em que podemos ter surpresas agradáveis.

FUTURO NEBULOSO

Lucro líquido da Usiminas (USIM5) sobe 9 vezes no 1T25; então por que as ações chegaram a cair 6% hoje?

24 de abril de 2025 - 13:57

Empresa entregou bons resultados, com receita maior, margens melhores e lucro alto, mas a dívida disparou 46% e não agradou investidores que veem juros altos como um detrator para os resultados futuros

Insights Assimétricos

A tarifa como arma, a recessão como colateral: o preço da guerra comercial de Trump

24 de abril de 2025 - 6:08

Em meio a sinais de que a Casa Branca pode aliviar o tom na guerra comercial com a China, os mercados dos EUA fecharam em alta. O alívio, no entanto, contrasta com o alerta do FMI, que cortou a projeção de crescimento americano e elevou o risco de recessão — efeito colateral da política tarifária errática de Trump.

MUNDO EM SUSPENSE

Dólar fraco, desaceleração global e até recessão: cautela leva gestores de fundos brasileiros a rever estratégias — e Brasil entra nas carteiras

22 de abril de 2025 - 12:57

Para Absolute, Genoa e Kapitalo, expectativa é de que a tensão comercial entre China e EUA implique em menos comércio internacional, reforçando a ideia de um novo equilíbrio global ainda incerto

DINHEIRO EXTRA

Caiu na malha fina? Receita libera consulta ao lote de restituição do Imposto de Renda na quarta-feira

19 de abril de 2025 - 13:43

Ao todo, 279,5 mil contribuintes receberão R$ 339,63 milhões, mas há quem receberá o pagamento do lote de restituição do Imposto de Renda antes

SEXTOU COM O RUY

Lições da Páscoa: a ação que se valorizou mais de 100% e tem bons motivos para seguir subindo

18 de abril de 2025 - 7:59

O caso que diferencia a compra de uma ação baseada apenas em uma euforia de curto prazo das teses realmente fundamentadas em valuation e qualidade das empresas

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Que telefone vai tocar primeiro: de Xi ou de Trump? Expectativa mexe com os mercados globais; veja o que esperar desta quinta

17 de abril de 2025 - 8:36

Depois do toma lá dá cá tarifário entre EUA e China, começam a crescer as expectativas de que Xi Jinping e Donald Trump possam iniciar negociações. Resta saber qual telefone irá tocar primeiro.

DRAGÃO À ESPREITA

É hora de aproveitar a sangria dos mercados para investir na China? Guerra tarifária contra os EUA é um risco, mas torneira de estímulos de Xi pode ir longe 

17 de abril de 2025 - 6:12

Parceria entre a B3 e bolsas da China pode estreitar o laço entre os investidores do dois países e permitir uma exposição direta às empresas chinesas que nem os EUA conseguem oferecer; veja quais são as opções para os investidores brasileiros investirem hoje no Gigante Asiático

SE A MODA PEGA…

Taxa das blusinhas versão Trump: Shein e Temu vão subir preços ainda este mês para compensar tarifaço

16 de abril de 2025 - 17:50

Por enquanto, apenas os consumidores norte-americanos devem sentir no bolso os efeitos da guerra comercial com a China já na próxima semana — Shein e Temu batem recordes de vendas, impulsionadas mais pelo medo do aumento do que por otimismo

COMPRAR OU VENDER

Correr da Vale ou para a Vale? VALE3 surge entre as maiores baixas do Ibovespa após dado de produção do 1T25; saiba o que fazer com a ação agora

16 de abril de 2025 - 12:24

A mineradora divulgou queda na produção de minério de ferro entre janeiro e março deste ano e o mercado reage mal nesta quarta-feira (16); bancos e corretoras reavaliam recomendação para o papel antes do balanço

TOUROS E URSOS #219

Tarifaço de Trump pode não resultar em mais inflação, diz CIO da Empiricus Gestão; queda de preços e desaceleração global são mais prováveis

15 de abril de 2025 - 18:24

No episódio do podcast Touros e Ursos desta semana, João Piccioni, CIO da Empiricus Gestão, fala sobre política do caos de Trump e de como os mercados globais devem reagir à sua guerra tarifária

PAGANDO BEM...

Mais de 55% em dividendos: veja as empresas que pagaram mais que a Petrobras (PETR4) em 12 meses e saiba se elas podem repetir a dose

15 de abril de 2025 - 17:02

Ranking da Quantum Finance destaca empresas que não aparecem tanto no noticiário financeiro, mas que pagaram bons proventos entre abril de 2024 e março de 2025

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Respira, mas não larga o salva-vidas: Trump continua mexendo com os humores do mercado nesta terça

15 de abril de 2025 - 8:14

Além da guerra comercial, investidores também acompanham balanços nos EUA, PIB da China e, por aqui, relatório de produção da Vale (VALE3) no 1T25

AGENDA DE RESULTADOS

Temporada de balanços 1T25: Confira as datas e horários das divulgações e das teleconferências

15 de abril de 2025 - 6:47

De volta ao seu ritmo acelerado, a temporada de balanços do 1T25 começa em abril e revela como as empresas brasileiras têm desempenhado na nova era de Donald Trump

Insights Assimétricos

Trump vai recuar e mesmo assim cantar vitória?

15 de abril de 2025 - 6:05

Existe um cenário onde essa bagunça inicial pode evoluir para algo mais racional. Caso a Casa Branca decida abandonar o tarifaço indiscriminado e concentrar esforços em setores estratégicos surgirão oportunidades reais de investimento.

DINHEIRO NO BOLSO

Nova “vaca leiteira”? Fleury (FLRY3) entra no radar dos analistas como aposta de bons dividendos para 2025 e além 

11 de abril de 2025 - 12:24

Perspectiva de crescimento de receita, baixo endividamento e boa capacidade de converter lucro operacional em caixa faz da empresa de diagnósticos a nova aposta defensiva para dividendos do BBA e da Empiricus

SEXTOU COM O RUY

Gigantes da bolsa derretem com tarifas de Trump: pequenas empresas devem começar a chamar a atenção

11 de abril de 2025 - 6:03

Enquanto o mercado tenta entender como as tarifas de Trump ajudam ou atrapalham algumas empresas grandes, outras nanicas com atuação exclusivamente local continuam sua rotina como se (quase) nada tivesse acontecido

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar