🔴 PETR4, DIRR3, BBAS3 E OUTRAS 56 EMPRESAS DIVULGAM RESULTADOS DO 1T25 ESTA SEMANA – ACOMPANHE TUDO DA TEMPORADA

A dura realidade matemática: ou o Brasil acerta a trajetória fiscal ou a situação explode

Mercado esperava mensagem clara de responsabilidade fiscal e controle das contas públicas, mas o governo falhou em transmitir essa segurança

3 de dezembro de 2024
7:01 - atualizado às 6:49
jim simons matemático mit robô investimento dólar
Pacote fiscal do governo foi mal recebido pelo mercado. Imagem: Canva Pro

Na semana passada, o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, realizou um pronunciamento aguardado com grande expectativa pelo mercado, no qual prometia detalhar um plano de corte de gastos que vinha sendo amplamente esperado há meses. Contudo, o discurso acabou se assemelhando mais a uma campanha eleitoral populista do que a uma apresentação sólida e objetiva de medidas fiscais.

O foco que deveria estar no plano de cortes foi desviado pelo anúncio de uma isenção de Imposto de Renda para rendimentos de até R$ 5 mil, acompanhado da criação de um imposto mínimo para faixas de renda mais altas (medida compensatória).

A estratégia de comunicação adotada representou uma grande oportunidade perdida — aliás, o que foi chamado de "cortes de gastos" revelou-se apenas uma desaceleração no crescimento das despesas, distante da redução real nos gastos.

O mercado esperava uma mensagem clara, que demonstrasse um comprometimento genuíno com a responsabilidade fiscal e indicasse uma visão mais concreta sobre o controle das contas públicas. Contudo, o governo falhou em transmitir essa segurança.

Já na tarde que antecedeu o pronunciamento, rumores sobre o conteúdo da mensagem começaram a gerar inquietação no mercado, resultando em impactos imediatos e negativos: o dólar registrou forte valorização, os juros futuros subiram e o Ibovespa apresentou uma queda expressiva. Isso se aprofundou nos últimos dias.

Expectativa vs. realidade

Esses movimentos refletem uma erosão na confiança do mercado em relação à capacidade e à vontade política do governo de implementar um ajuste fiscal.

Leia Também

Note que, apesar das críticas recorrentes à condução da política fiscal, ainda havia uma expectativa de que o governo demonstrasse alguma sensibilidade à gravidade do momento econômico. Infelizmente, essa expectativa não se concretizou. 

Em vez de mitigar a percepção de fragilidade fiscal, o pronunciamento acabou por agravá-la, reforçando os desafios já significativos enfrentados pela economia brasileira.

Tornou-se evidente que o governo não compreendeu a gravidade da situação fiscal por inteiro. O dano já foi causado, e reconquistar a confiança do mercado exigirá um esforço muito maior do que seria necessário inicialmente (se é que é possível).

O problema não se limita apenas ao conteúdo das medidas apresentadas; ele também envolve o timing equivocado e a comunicação desastrosa, que desperdiçaram a oportunidade de transformar o pacote em um catalisador de estabilidade para o final do ano.

Há meses venho alertando sobre a necessidade de o governo definir, de forma clara, o rumo fiscal para os próximos dois anos neste bimestre decisivo.

Viabilidade do pacote fiscal é questionável

A coletiva de imprensa realizada na manhã seguinte ao anúncio, planejada para esclarecer os aspectos técnicos do plano fiscal, falhou em dissipar o clima de pessimismo que já havia se instaurado. Isso porque o próprio pacote é questionável.

As dúvidas sobre a viabilidade de alcançar a economia prometida de aproximadamente R$ 70 bilhões — sendo R$ 30 bilhões previstos para 2025 e R$ 40 bilhões para 2026 — continuam a lançar sombras sobre a possibilidade de equilibrar as contas públicas.

A Instituição Fiscal Independente (IFI), vinculada ao Senado, avaliou as medidas anunciadas e concluiu que elas são insuficientes para reverter os déficits primários previstos para os próximos anos.

Por aqui, temos estimado um impacto real dessas ações seria mais próximo de R$ 46 bilhões em dois anos e R$ 242 bilhões até 2030, valores significativamente inferiores às estimativas apresentadas pelo governo, que projetavam R$ 71,9 bilhões no biênio e R$ 327 bilhões até o final da década.

Quantidade vs. qualidade

No entanto, como venho reiterando, mais importante do que os valores absolutos é a qualidade estrutural das medidas adotadas.

Infelizmente, esse elemento de estruturalidade crucial foi perdido. O esforço de ajuste fiscal foi quase completamente ofuscado pelo anúncio da isenção de IR para rendas de até R$ 5 mil mensais.

Curiosamente, eu já esperava que o governo buscasse estratégias para suavizar o impacto político de suas ações, e isso de fato aconteceu.

Contudo, a falha na comunicação e o atraso no anúncio enfraqueceram a consistência estrutural do plano. 

A proposta de compensar um impacto fiscal superior a R$ 40 bilhões com um imposto mínimo sobre rendas mais altas revelou-se insuficiente e mal planejada.

Ceticismo do mercado com o governo aumenta

Esses erros não apenas aumentaram as dúvidas sobre a eficácia do ajuste fiscal, mas também comprometeram a credibilidade do governo em demonstrar um real comprometimento com a responsabilidade econômica.

O resultado foi um ceticismo ampliado no mercado, que agora questiona o futuro da política fiscal do país.

O anúncio da isenção do Imposto de Renda, apresentado como uma medida de alívio ao eleitorado, revelou-se uma decisão inoportuna, especialmente diante da grave situação fiscal que o Brasil enfrenta.

Embora o tema seja legítimo e mereça atenção — como já foi objeto de tentativas de reforma em gestões anteriores, incluindo a de Paulo Guedes —, o contexto para sua implementação é crucial. Claramente, este não era o momento adequado.

A escolha do governo por uma abordagem populista e demagógica, associada à ala mais radical de sua base política petista, não apenas agravou o problema, mas também distorceu o debate público. Uma péssima sinalização.

Acusar o mercado ou críticos do governo de "não gostarem dos pobres" é uma tentativa simplista, vazia e imprecisa de desviar o foco da real questão estrutural: a sustentabilidade das contas públicas.

Mas a ala política parece adotar um "terraplanismo econômico”.

Qualquer pessoa com o mínimo de compreensão e habilidade de interpretar dados reconhece que o Brasil está enfrentando desafios.

Os números deixam isso claro. Em outubro, o setor público registrou um déficit nominal de R$ 74,7 bilhões, elevando o acumulado dos últimos 12 meses para R$ 1,093 trilhão, ou 9,5% do PIB.

Paralelamente, a dívida bruta do governo aumentou para 78,6% do PIB, reforçando o caráter crítico do quadro fiscal. Nos últimos 12 meses, os pagamentos de juros totalizaram R$ 869 bilhões, correspondendo a 7,6% do PIB.

Será necessário que o Congresso Nacional aprofunde o pacote de contenção de gastos, como sinalizado pelos presidentes das casas legislativas na última semana, para tentar conter a pressão do mercado.

Nesse contexto, colocar a isenção do IR em segundo plano seria não apenas sensato, mas essencial para balizar as expectativas.

Medidas fiscais adicionais no radar

Espera-se ainda que o governo anuncie medidas adicionais nos próximos 30 a 60 dias — considerando o histórico de atrasos, é razoável imaginar que esse prazo se estenda para 90 a 180 dias, o que só agrava a percepção de insegurança fiscal.

A falta de decisões firmes e uma comunicação clara têm sido ausências notórias em momentos críticos como este, o que torna ainda mais urgente uma mudança de postura.

Na minha avaliação, o pacote deveria atuar como uma ponte, fornecendo estabilidade para que o país atravessasse 2025 e permitindo uma discussão mais profunda sobre a política fiscal em 2026, ano eleitoral.

Porém, atrasos e erros na comunicação comprometeram a viabilidade dessa estratégia, deixando o governo em uma posição ainda mais vulnerável.

Diante da ausência de um plano fiscal robusto, a política monetária precisará assumir um papel ainda mais intenso na economia.

Juros vão subir mais?

Isso torna altamente provável um aumento de 75 pontos-base na Selic em dezembro, com projeções de que a taxa de juros final ultrapasse 13,5% ou mais em 2025 — sem uma âncora fiscal, o peso de estabilizar a economia recai sobre o Banco Central, impondo custos econômicos significativos e limitando as perspectivas de crescimento.

Apesar desses reveses, mantenho a convicção de que a possibilidade de uma mudança política em 2026 permanece viável.

No entanto, o caminho até lá será desafiador e exigirá um esforço considerável.

É imperativo que o governo reconheça os erros cometidos, implemente uma correção de rota eficaz e busque estabelecer uma base mais sólida para o futuro.

Somente com essa postura será possível mitigar os danos e restaurar a confiança necessária para enfrentar os desafios que estão por vir.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
MERCADOS HOJE

Cenário dos sonhos para a bolsa: Dow Jones dispara mais de 1 mil pontos na esteira de acordo entre EUA e China

12 de maio de 2025 - 12:32

Por aqui, o Ibovespa teve uma reação morna, mas exportações brasileiras — especialmente de commodities — podem ser beneficiadas com o entendimento; saiba como

BALANÇO DO LARANJINHA

Inter (INBR32) bate recorde de lucro e cresce rentabilidade no 1T25, mas ainda tem chão até chegar no 60-30-30

12 de maio de 2025 - 10:22

O banco digital continuou a entregar avanços no resultado, mas ainda precisa correr para alcançar o ambicioso plano até 2027; veja os principais destaques do balanço

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Onda de euforia nas bolsas: Ibovespa busca novos recordes na esteira do acordo entre EUA e China

12 de maio de 2025 - 8:07

Investidores também estão de olho no andamento da temporada de balanços e na agenda da semana

RESULTADO

BTG Pactual (BPAC11) atinge novo lucro recorde no 1T25 e faz rivais comerem poeira na briga por rentabilidade

12 de maio de 2025 - 5:55

Lucro recorde, crescimento sólido e rentabilidade em alta: os números do trimestre superam as previsões e reafirmam a força do banco de investimentos

O QUE VEM POR AÍ

Ibovespa rompe máxima e garante ganhos no mês: o que o investidor pode esperar para a semana na bolsa

11 de maio de 2025 - 11:48

Confira também quais foram os vencedores e perdedores dos últimos cinco dias e como foi o comportamento do dólar no período

MENOS TRETA COM O LEÃO

Haddad quer que você dispense o contador? Esta ferramenta é uma aposta do governo e da B3 para atrair mais investidores para a bolsa

9 de maio de 2025 - 13:00

ReVar, calculadora do imposto de renda para a renda variável, ganha lançamento oficial e deve diminuir custo de investir na bolsa

IPCA DE ABRIL

O detalhe da inflação de abril que pode tirar o sono de Galípolo e levar o Copom a esticar ainda mais a corda dos juros

9 de maio de 2025 - 12:38

Inflação medida pelo IPCA desacelerou de 0,56% para 0,43% na passagem de março para abril de 2025, praticamente em linha com a mediana das estimativas dos analistas

BRASIL BLINDADO

Haddad vê espaço para negociações com os EUA sobre tarifas e diz que o Brasil está bem posicionado para uma cooperação regional

9 de maio de 2025 - 11:46

Em evento, o ministro da Fazenda falou sobre a conversa que teve com o secretário do Tesouro americano e disse que ele reconheceu a “anomalia” de taxar um país que mais compra do que vende para os EUA

QUEDA LIVRE

Ações da Gol (GOLL4) derretem mais de 30% na B3 após aérea propor aumento de capital bilionário

9 de maio de 2025 - 11:34

A aérea anunciou nesta manhã que um novo aumento de capital entre R$ 5,32 bilhões e R$ 19,25 bilhões foi aprovado pelo conselho de administração.

QUEM VAI PAGAR A CONTA?

Governo vai usar dinheiro da União para ressarcir os aposentados que sofreram com golpe no INSS? Haddad responde quem vai pagar a conta

9 de maio de 2025 - 11:09

Em evento na B3, o ministro da Fazenda disse que o governo federal já tomou as primeiras medidas para captar recursos para ressarcir os aposentados

O OTIMISMO CAUTELOSO DO BANCO

“O Itaú nunca esteve tão preparado para enfrentar desafios”, diz CEO do bancão. É hora de comprar as ações ITUB4 após o balanço forte do 1T25?

9 de maio de 2025 - 11:06

Para Milton Maluhy Filho,após o resultado trimestral forte, a expressão da vez é um otimismo cauteloso, especialmente diante de um cenário macroeconômico mais apertado, com juros nas alturas e desaceleração da economia em vista

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Uma janela para a bolsa: Ibovespa busca novos recordes em dia de IPCA e sinais de novo estágio da guerra comercial de Trump

9 de maio de 2025 - 8:14

Investidores também repercutem a temporada de balanços do primeiro trimestre, com destaque para os números do Itaú e do Magazine Luiza

SEXTOU COM O RUY

Multiplicação histórica: pequenas empresas da bolsa estão prestes a abrir janela de oportunidade

9 de maio de 2025 - 6:03

Os ativos brasileiros já têm se valorizado nas últimas semanas, ajudados pelo tarifaço de Trump e pelas perspectivas mais positivas envolvendo o ciclo eleitoral local — e a chance de queda da Selic aumenta ainda mais esse potencial de valorização

BALANÇO NAS ALTURAS

Itaú (ITUB4) tem lucro quase 14% maior, a R$ 11,1 bilhões, e mantém rentabilidade em alta no 1T25

8 de maio de 2025 - 18:51

Do lado da rentabilidade, o retorno sobre o patrimônio líquido médio atingiu a marca de 22,5% no primeiro trimestre; veja os destaques

FECHANDO O ROMBO

Como vai funcionar o ressarcimento após a fraude do INSS: governo detalha plano enquanto tenta preservar a imagem de Lula

8 de maio de 2025 - 17:06

O presidente do INSS, Gilberto Waller, informou que o órgão deve notificar prejudicados na próxima terça-feira (13), mas a data de início dos pagamentos ainda segue pendente

COM PÉ DIREITO

Bradesco (BBDC4) salta 15% na B3 com balanço mais forte que o esperado, mas CEO não vê “surpresas arrebatadoras” daqui para frente. Vale a pena comprar as ações do banco?

8 de maio de 2025 - 11:35

Além da surpresa com rentabilidade e lucro, o principal destaque positivo do balanço veio da margem líquida — em especial, o resultado com clientes. É hora de colocar BBDC4 na carteira?

DINHEIRO NO BOLSO

Muito acima da Selic: 6 empresas pagam dividendos maiores do que os juros de 14,75% — e uma delas bateu um rendimento de 76% no último ano 

8 de maio de 2025 - 11:21

É difícil competir com a renda fixa quando a Selic está pagando 14,75% ao ano, mas algumas empresas conseguem se diferenciar com suas distribuições de lucros

PARA INGLÊS VER?

Trump anuncia primeiro acordo tarifário no âmbito da guerra comercial; veja o que se sabe até agora

8 de maio de 2025 - 9:56

Trump utilizou a rede social Truth Social para anunciar o primeiro acordo tarifário e aproveitou para comentar sobre a atuação de Powell, presidente do Fed

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Não há escapatória: Ibovespa reage a balanços e Super Quarta enquanto espera detalhes de acordo propalado por Trump

8 de maio de 2025 - 8:30

Investidores reagem positivamente a anúncio feito por Trump de que vai anunciar hoje o primeiro acordo no âmbito de sua guerra comercial

ALTAS EXPECTATIVAS

Itaú Unibanco (ITUB4) será capaz de manter o fôlego no 1T25 ou os resultados fortes começarão a fraquejar? O que esperar do balanço do bancão 

8 de maio de 2025 - 7:04

O resultado do maior banco privado do país está marcado para sair nesta quinta-feira (8), após o fechamento dos mercados; confira as expectativas dos analistas

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar