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Diário de Bordo: o dragão da inflação foi domado?

Confira a edição de 17/01/2024 da newsletter Diário de Bordo

17 de janeiro de 2024
10:42
Estátua de dragão com as asas abertas, em preto e branco. Simboliza o comportamento da inflação e os rumos das taxas de juros diário de bordo
Imagem: Samuel Sweet/Pexels

Durante as escavações para a construção de novas linhas de metrô em Londres, no ano de 2020, os trabalhadores se deparam com um dragão em hibernação. Ele desperta e despeja o caos sobre a capital inglesa. A proliferação dos répteis, fora de controle, dizima a civilização ao redor do globo e a humanidade luta para sobreviver…

O parágrafo acima diz respeito à narrativa do filme “Reign of Fire” de 2002. Trata-se de um filme de ficção científica, fundado em um mundo pós apocalíptico devastado por dragões. Ainda bem que na vida real o único dragão que sobrou depois de 2020 foi a inflação…

Super nutrida pelos excessos provocados pelos gastos fiscais mundo afora, os preços ainda reverberam intensamente na mente dos investidores, por mais que os bancos centrais tenham puxado o freio de mão com suas políticas monetárias mais duras. 

Na semana passada, os indicadores de inflação ao consumidor relativos ao mês de dezembro deram sinais de sobrevida e suscitaram a hipótese de que o controle de preços ainda não está ancorado o suficiente para que o processo de afrouxamento monetário se inicie. 

Nos EUA, na margem, os efeitos negativos vieram do segmento de moradia, cuja dinâmica não segue a linearidade clássica de outros segmentos da economia; e dos preços dos veículos usados, que voltaram a subir depois de meses de fraqueza. Aqui no Brasil, apesar do IPCA ter ficado dentro da banda superior da meta de inflação de 2023 — 4,62% —, os alimentos surpreenderam negativamente os economistas em dezembro.

Gráfico 1 – US - Consumer Price Index: CPI e CORE CPI - variação 12 meses (%). Fonte: Koyfin
Gráfico 2 – Brasil - IPCA - MoM e acumulado em 12 meses (%). Fonte: Koyfin

Passados os sustos, as análises ganharam um pouco mais de cor. Especialmente no caso dos EUA, a inflação ao produtor divulgada no dia seguinte mostrou que o processo desinflacionário da economia ainda segue em curso. Na margem, houve queda dos preços das matérias primas, cujo impacto deverá reverberar no PCE (Personal Consumption Expenditure), indicador utilizado pelo Fed para a tomada de decisão dos juros.

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Gráfico 3 – US - Producer Price Index (PPI) - variação em 12 meses (%). Fonte: Koyfin

Tal dinâmica foi suficiente para deflagrar a continuidade no processo do Bull Steepening (processo de inclinação da curva de juros). As taxas de juros dos títulos que vencem em dois anos caiu para os 4,22% ao ano, enquanto os juros dos títulos de 10 anos terminaram a semana nos 4,06%. O swap contendo a operação rendeu bons frutos na semana passada, dado que o diferencial entre as taxas se reduziu em 18,5 pontos base (de -0,349 p.p. para -0,164 p.p.).

No curto prazo, entretanto, há ruídos. Nesses últimos dias, houve acirramento do conflito envolvendo os rebeldes Houthis e as grandes potências. Após os ataques feitos pelas embarcações e aviões americanos e ingleses, a passagem pelo mar vermelho ficou um pouco mais atribulada. É anedótico, mas não foram poucas as empresas que suspenderam a navegação pela região. A Tesla, inclusive, relatou que suspenderá a produção na Gigafactory de Berlim devido à falta de peças. De acordo com a Freightos, na comparação semanal, os preços do transporte de contêineres avançaram mais 4%.

E as commodities?

Por outro lado, os efeitos na dinâmica das commodities ainda se mostram nulos. Os preços do barril do petróleo não avançaram conforme esperado pelos alarmistas de plantão. É preciso ter em mente que seu comportamento sofre os efeitos de vetores mais relevantes de longo prazo, como por exemplo, a desaceleração das economias desenvolvidas e a menor demanda momentânea proveniente da China (eles já montaram um estoque elevado no ano passado). No curto prazo, os EUA ainda sofrem com a redução de mobilidade, provocada pelas baixas temperaturas e nevascas. Acreditar que a alocação no óleo pode ser um hedge perfeito para capturar os eventos de cauda provocados por rupturas nas rotas de comércio me parece arriscado.

Neste instante, do meu ponto de vista, o Urânio guarda melhor esse papel (não à toa, se faz presente em alguns fundos da casa, como por exemplo, o Empiricus Money Rider Hedge Fund FIM IE e Empiricus MoneyBets FIA BDR, além do próprio Urânio FIM). O canal de Suez historicamente é um ponto de passagem do transporte do minério e a ruptura da rota pode ter sido um dos fatores impulsionadores recentes dos seus preços, que alcançaram a marca dos US$ 104 por libra. A tese estrutural, que pode ser vista em nossa carta sobre o tema – veja aqui –, permanece bastante viva, já que a produção de energia em larga escala pode ser um dos mecanismos mais eficazes para reduzir o ímpeto do dragão inflacionário no longo prazo.

Gráfico 4 – Preços do Urânio Spot (UXA1) - em US$ por Libra. Fonte: Bloomberg e Empiricus Gestão.

Como os mercados estão se comportando em janeiro?

A reunião em Davos, na Suíça, começou ontem (15). Nela, os mais diversos participantes do mercado e os formuladores de políticas darão o direcionamento sobre as metas econômicas a serem perseguidas ao longo de 2024. Muito do que está sendo debatido por lá é reverberação das declarações feitas recentemente e, por isso, nenhum tipo de decisão de gestão pode ser tomada com base neste evento.

Mais importante mesmo, talvez tenha sido o início da temporada dos resultados relativos ao quarto trimestre de 2023. Os grandes bancos americanos (JP Morgan Chase, Bank of America, Wells Fargo, BNY Mellon e Citi) abriram-na com resultados mistos. Se por um lado, a superação das estimativas do mercado deu o tom, por outro, houve desaceleração marginal da linha de lucro provocada pelas novas regras do FDIC, órgão responsável por regular o setor nos EUA. A exceção foi o JP Morgan, cujo lucro por ação avançou 20% na comparação anual, devido à incorporação dos negócios do First Republic e ao seu poder de fogo elevado.

Também merece menção especial a aprovação dos ETFs de Bitcoin, por parte da SEC. A regulação da criptomoeda abre um espaço importante para sua institucionalização e inclusão nas carteiras de grandes investidores. Continuamos construtivos em relação à tese, a despeito da forte realização recente do Bitcoin – veio dos US$ 47 mil para os US$ 43 mil. O Ether, por sua vez, ganhou impulso e avança mais de 15% no mês. Por trás disso está a provável aprovação do seu ETF em breve.

Por aqui, foram divulgadas prévias mistas das construtoras. A Cyrela, presente no portfólio do Empiricus Deep Value Brasil FIA, foi um dos destaques. A empresa lançou 13 novos empreendimentos no trimestre, que representaram um VGV de R$ 2,7 bilhões. A boa velocidade de vendas (VSO) — 46% — parece suficiente para sustentar os números da empresa nos próximos trimestres. Os pontos de atenção relativos ao setor, pouco a pouco, vão deixando de ser preocupantes. 

Do lado das bolsas, o Ibovespa ainda continua pressionado pelo mau humor proveniente do cenário externo. A situação do mar vermelho ganhou relevância, após os ataques dos rebeldes Houthis aos cargueiros que ainda passam pela região. Até o fechamento desta edição, por volta das 16h30, o índice perdia 3,52% no mês. Já o S&P 500 perdia 0,3%, puxado para baixo pelos setores de energia e de semi-commodities. Na ponta positiva, o destaque é o setor de Healthcare, que chamou atenção após o evento realizado no JP Morgan na primeira semana do ano. 

Dentro de casa, os fundos em destaque até o fechamento de ontem (15) eram aqueles voltados para o investimento em renda variável internacional. O Empiricus MoneyBets FIA BDR Nível I avançava 2,86% no mês; o Money Rider Ações Dinâmico BDR Nível I subia 2,26%; e o Tech Select FIA BDR Nível I se valorizava 2,47%. Desde a virada de chave dos mercados em novembro, a arrancada foi forte – veja o gráfico 5.

Gráfico 5 – Desempenho dos fundos da Empiricus Gestão com exposição às bolsas internacionais de 31/10/2023 até 12/01/2024. Fonte: Quantum Finance e Empiricus Gestão.

Em minha opinião, o comportamento mais arredio dos investidores institucionais neste começo de ano abriu um espaço interessante para a alocação em ações. Claramente por aqui, a dinâmica de curto prazo está dissociada das perspectivas positivas que devem advir do cenário de melhora das condições financeiras. Apesar do mau humor nesse começo de 2024, nossa visão continua bastante construtiva. É preciso deixar de lado o ruído (ou o rugido) e focar na questão da descompressão dos fluxos de caixa das empresas e no alívio das condições financeiras.

Tal qual visto nos meses de novembro e dezembro, o empuxo à frente parece poderoso o suficiente para um novo salto nos preços das ações em breve. À conferir.

PS 1. Vamos fechar o fundo MicroCap Alert FIA…
Confira o vídeo que gravei falando do assunto aqui.

PS 2. Entre no nosso novo site aqui.  Lá você encontra todas as nossas cartas, relatórios, conteúdos e textos descritivos sobre nossos fundos.

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