“Caçadores de ações”: a empresa que ainda está fora do radar dos investidores, mas é por pouco tempo
A ótima prévia operacional nos deixa mais confiantes de que essa companhia está no caminho certo para voltar a dar lucro ainda em 2024, podendo inclusive se tornar uma boa pagadora de dividendos para quem tem paciência e pensa no longo prazo
Grosso modo, o mundo dos investidores está dividido entre duas grandes classes de investidores: os de valor (value investors) e os de crescimento (growth investors).
Os value investors são aqueles que buscam empresas que estejam negociando abaixo do seu valor intrínseco e que tenham modelos de negócios interessantes e geradores de caixa. Para muitos, o grande segredo dessa estratégia é comprar aquelas que estejam negociando por preços descontados e baixos índices de preço/lucro.
Os growth investors fazem praticamente o oposto: não ligam de pagar múltiplos caros e muitas vezes nem se importam se a empresa dá prejuízo, o que vale é que ela tenha uma narrativa de crescimento exponencial de resultados no futuro, que mais do que compensam os maiores múltiplos envolvidos – é o caso das empresas de inteligência artificial, por exemplo.
Antes de continuar, é importante esclarecer que não existe uma estratégia melhor. Os growth investors que investiram na Amazon ou no Google no início dos anos 2000 ganharam muito dinheiro, mas foi com o value investing que Warren Buffett construiu sua fortuna.
Ações de crescimento sempre terão o seu público fiel, assim como as ações de valor. O problema é quando uma determinada empresa não se encaixa em nenhum dos lados, e fica completamente esquecida pelo mercado.
- Elétrica “mais barata entre os seus pares” é uma das recomendações da carteira de dividendos do analista Ruy Hungria; veja o portfólio completo gratuitamente
Nem growth, nem value
Em qual das caixinhas você colocaria uma empresa que administra estacionamentos: growth ou value?
Leia Também
Os testes da família Bolsonaro, o sonho de consumo do Magalu (MGLU3), e o que move a bolsa hoje
Bom, não dá para colocá-la na mesma categoria de empresas de tecnologia, inteligência artificial, etc, e portanto a etiqueta growth não faz muito sentido neste caso.
No entanto, o conceito de value também não funciona, porque essa companhia em específico ainda apresenta prejuízo, fazendo com que os múltiplos fiquem meio "malucos".
Não entendeu? Calma, explicarei melhor o meu ponto.
Para saber se uma ação está negociando por múltiplos descontados e merece entrar para sua carteira, muitos value investors fazem o seguinte exercício:
- Primeiro, baixam uma planilha com todas as empresas da bolsa, com seus respectivos valores de mercado e os seus lucros.
- Depois, eles dividem uma coluna pela outra, chegando ao múltiplo "Preço/Lucro" de cada empresa.
- Por fim, eles ordenam a coluna pelos índices de Preço/Lucro mais baixos, que deveriam indicar as ações mais baratas.
Por exemplo, vamos supor que a planilha tenha as cinco empresas abaixo e a sua pesquisa trouxe os seguintes resultados:
| Empresa | Valor de Mercado (R$ milhões) | Lucro (R$ milhões) | Preço/Lucro |
| A | 10.000 | 2.000 | 5x |
| B | 5.000 | 500 | 10x |
| C | 20.000 | 1.000 | 20x |
| D | 3.000 | 30 | 100x |
| E | 800 | -73 | -11x |
Nesta análise, que parece supérflua mas muita gente faz, os value investors só aprofundariam os seus estudos nas empresas A e B, que têm múltiplos relativamente baixos. As empresas C e D ficariam de fora por parecerem caras, e E não entraria pois dá prejuízo.
O problema dessa análise é que ela não leva em conta os lucros futuros. Por exemplo, se a empresa E reverter o prejuízo no ano seguinte, seu múltiplo negativo maluco passará a ser bem mais interessante e atrativo aos olhos dos value investors, que podem começar a se interessar pelas ações.
Hoje, a Estapar (ALPK3) negocia com um múltiplo bizarro negativo de -11x preço/lucros, porque ainda dá prejuízo.
Mas temos motivos para acreditar que essa bizarrice não vai durar muito tempo, e em breve ela começará a chamar a atenção de muitos investidores.
O lucro está logo ali
A Estapar foi uma das empresas mais impactadas pela pandemia, quando seus estacionamentos ficaram vazios e praticamente metade das receitas evaporaram.
Para aumentar o drama, a pandemia chegou quando a companhia tinha acabado de vencer a concessão da Zona Azul da cidade de São Paulo, o que fez a dívida e as despesas com juros dispararem.
Mas com a retomada das atividades, a companhia vem ajustando as operações para voltar para o positivo. Os contratos de longo prazo, que exigiam altos investimentos, foram trocados por contratos de curto prazo bem mais baratos, as dívidas vêm sendo roladas com custos cada vez mais atrativos e a equipe comercial vem mantendo os níveis de cancelamento (churn) muito abaixo da média.
Tudo isso têm contribuído para resultados cada vez melhores e a companhia deve voltar a ser lucrativa em breve.
Isso já seria positivo por si só, mas lembre-se do que falamos sobre os "caçadores de ações".
O status de "empresa lucrativa" deve começar a trazer muito mais atenção para os papéis que estão praticamente esquecidos do grande público hoje, e nós entendemos que isso deveria trazer uma reprecificação interessante para ALPK3.
- Os balanços do 2T24 já estão sendo publicados: receba em primeira mão a análise dos profissionais da Empiricus Research e saiba quais ações comprar neste momento. É totalmente gratuito – basta clicar aqui.
Prévia animadora
Nos últimos dias, a companhia soltou uma prévia bastante animadora do 2T24. A receita líquida de R$ 385,1 milhões atingiu mais um recorde trimestral, com alta de +15,1% na comparação com o 2T23.
O aumento foi reflexo principalmente da melhora de ticket médio (receita por vaga) e do aumento líquido de 33,6 mil vagas nos últimos 12 meses, levando o estoque a 484,8 mil vagas (acréscimo de +7,4%).
No referido trimestre, foram inauguradas 15 operações, com destaque para hospitais, instituições de ensino e alguns contratos de shoppings flagships na cidade de São Paulo, que contribuem para o crescimento do ticket mencionado e mostram que ainda há bastante espaço para crescer na capital paulista.
No entanto, o que mais chamou a nossa atenção foi o churn, que indica a perda de contratos. O número chegou ao menor nível dos últimos anos, o que mostra uma relação comercial bastante eficiente, além de um ambiente de competição aparentemente mais saudável.
Outro avanço interessante foi a penetração da receita digital, que chegou a 18,3% da receita líquida e atingiu o maior nível histórico.
As receitas digitais são uma avenida importante para a Estapar, não só pelo fato óbvio de ajudar a receita consolidada, mas porque têm se tornado cada vez mais um grande diferencial competitivo na disputa por novos contratos ou até mesmo para a manutenção dos contratos atuais.
A ótima prévia operacional apenas nos deixa mais confiantes de que a Estapar está no caminho certo para voltar a dar lucro ainda em 2024, podendo inclusive se tornar uma boa pagadora de dividendos para quem tem paciência e pensa no longo prazo. Por isso, ALPK3 está na carteira de Bezerras da série Vacas Leiteiras.
Se quiser conferir mais sobre ela e várias outras empresas pagadoras de dividendos, deixo aqui o convite.
Um grande abraço e até a semana que vem.
Ruy
As dicas para quem quer receber dividendos de Natal, e por que Gerdau (GGBR4) e Direcional (DIRR3) são boas apostas
O que o investidor deve olhar antes de investir em uma empresa de olho dos proventos, segundo o colunista do Seu Dinheiro
Tsunami de dividendos extraordinários: como a taxação abre uma janela rara para os amantes de proventos
Ainda que a antecipação seja muito vantajosa em algumas circunstâncias, é preciso analisar caso a caso e não se animar com qualquer anúncio de dividendo extraordinário
Quais são os FIIs campeões de dezembro, divulgação do PIB e da balança comercial e o que mais o mercado espera para hoje
Sete FIIs disputam a liderança no mês de dezembro; veja o que mais você precisa saber hoje antes de investir
Copel (CPLE3) é a ação do mês, Ibovespa bate novo recorde, e o que mais movimenta os mercados hoje
Empresa de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, a Copel é a favorita para investir em dezembro. Veja o que mais você precisa saber sobre os mercados hoje
Mais empresas no nó do Master e Vorcaro, a escolha do Fed e o que move as bolsas hoje
Titan Capital surge como peça-chave no emaranhado de negócios de Daniel Vorcaro, envolvendo mais de 30 empresas; qual o risco da perda da independência do Fed, e o que mais o investidor precisa saber hoje
A sucessão no Fed: o risco silencioso por trás da queda dos juros
A simples possibilidade de mudança no comando do BC dos EUA já começou a mexer na curva de juros, refletindo a percepção de que o “jogo” da política monetária em 2026 será bem diferente do atual
Tony Volpon: Bolhas não acabam assim
Wall Street vivencia hoje uma bolha especulativa no mercado de ações? Entenda o que está acontecendo nas bolsas norte-americanas, e o que a inteligência artificial tem a ver com isso
As lições da Black Friday para o universo dos fundos imobiliários e uma indicação de FII que realmente vale a pena agora
Descontos na bolsa, retorno com dividendos elevados, movimentos de consolidação: que tipo de investimento realmente compensa na Black Friday dos FIIs?
Os futuros dividendos da Estapar (ALPK3), o plano da Petrobras (PETR3), as falas de Galípolo e o que mais move o mercado
Com mudanças contábeis, Estapar antecipa pagamentos de dividendos. Petrobras divulga seu plano estratégico, e presidente do BC se mantém duro em sua política de juros
Jogada de mestre: proposta da Estapar (ALPK3) reduz a espera por dividendos em até 8 anos, ações disparam e esse pode ser só o começo
A companhia possui um prejuízo acumulado bilionário e precisaria de mais 8 anos para conseguir zerar esse saldo para distribuir dividendos. Essa espera, porém, pode cair drasticamente se duas propostas forem aprovadas na AGE de dezembro.
A decisão de Natal do Fed, os títulos incentivados e o que mais move o mercado hoje
Veja qual o impacto da decisão de dezembro do banco central dos EUA para os mercados brasileiros e o que deve acontecer com as debêntures incentivadas, isentas de IR
Corte de juros em dezembro? O Fed diz talvez, o mercado jura que sim
Embora a maioria do mercado espere um corte de 25 pontos-base, as declarações do Fed revelam divisão interna: há quem considere a inflação o maior risco e há quem veja a fragilidade do mercado de trabalho como a principal preocupação
Rodolfo Amstalden: O mercado realmente subestima a Selic?
Dentro do arcabouço de metas de inflação, nosso Bacen dá mais cavalos de pau do que a média global. E o custo de se voltar atrás para um formulador de política monetária é quase que proibitivo. Logo, faz sentido para o mercado cobrar um seguro diante de viradas possíveis.
As projeções para a economia em 2026, inflação no Brasil e o que mais move os mercados hoje
Seu Dinheiro mostra as projeções do Itaú para os juros, inflação e dólar para 2026; veja o que você precisa saber sobre a bolsa hoje
Os planos e dividendos da Petrobras (PETR3), a guerra entre Rússia e Ucrânia, acordo entre Mercosul e UE e o que mais move o mercado
Seu Dinheiro conversou com analistas para entender o que esperar do novo plano de investimentos da Petrobras; a bolsa brasileira também reflete notícias do cenário econômico internacional
Felipe Miranda: O paradoxo do banqueiro central
Se você é explicitamente “o menino de ouro” do presidente da República e próximo ao ministério da Fazenda, é natural desconfiar de sua eventual subserviência ao poder Executivo
Hapvida decepciona mais uma vez, dados da Europa e dos EUA e o que mais move a bolsa hoje
Operadora de saúde enfrenta mais uma vez os mesmos problemas que a fizeram despencar na bolsa há mais dois anos; investidores aguardam discurso da presidente do Banco Central Europeu (BCE) e dados da economia dos EUA
CDBs do Master, Oncoclínicas (ONCO3), o ‘terror dos vendidos’ e mais: as matérias mais lidas do Seu Dinheiro na semana
Matéria sobre a exposição da Oncoclínicas aos CDBs do Banco Master foi a mais lida da semana; veja os destaques do SD
A debandada da bolsa, pessimismo global e tarifas de Trump: veja o que move os mercados hoje
Nos últimos anos, diversas empresas deixaram a B3; veja o que está por trás desse movimento e o que mais pode afetar o seu bolso
Planejamento, pé no chão e consciência de que a realidade pode ser dura são alguns dos requisitos mais importantes de quem quer ser dono da própria empresa
Milhões de brasileiros sonham em abrir um negócio, mas especialistas alertam que a realidade envolve insegurança financeira, mais trabalho e falta de planejamento