Burnout ou mimimi? O perigo da banalização de termos médicos e a falta de empatia no trabalho
A imprecisão no uso diagnósticos e a trivialização de temas de saúde mental não apenas minam a seriedade dessas questões, mas também obscurecem a importância da conscientização em saúde mental nos espaços corporativos
"Eu tenho TDAH."
"João está à beira de um burnout."
"Meu chefe é um verdadeiro narcisista."
Quem ainda não se deparou com alguma dessas afirmações recentemente provavelmente tirou férias do planeta Terra.
E frente a essas afirmações, a reação que vejo de forma mais recorrente no mundo do trabalho é: "lá vem o mimimi."
O uso massivo e sem critério de expressões que remetem a patologias, estados psíquicos e transtornos tem se intensificado na minha observação cotidiana e empírica.
Leia Também
Tony Volpon: Uma economia global de opostos
Temas que precisam ser tratados de forma séria e responsável hoje circulam entre as pessoas como algo trivial.
E essa banalização de termos médicos e psicológicos não apenas diminui a seriedade de condições reais, mas também pode perpetuar estigmas e mal-entendidos.
- Receba matérias especiais do Seu Dinheiro + recomendações de investimentos diretamente em seu WhatsApp. É só clicar aqui e entrar na In$ights, comunidade gratuita.
"Na boca do mentiroso, o certo é duvidoso"
Na fábula 'O Pastor mentiroso e o Lobo', um jovem pastor, entediado com a solidão ao pastorear suas ovelhas, decide enganar os aldeões gritando falsamente que um lobo estava atacando seu rebanho.
Apesar do descontentamento inicial, os aldeões correram em seu auxílio, proporcionando-lhe a companhia desejada.
Repetindo o truque várias vezes, o pastor perde a confiança dos aldeões.
Quando um lobo de fato ataca seu rebanho, seus gritos por ajuda são ignorados. Quando regressa à aldeia, o rapaz queixa-se amargamente, mas o homem mais velho e sábio da aldeia responde: "na boca do mentiroso, o certo é duvidoso".
Ao atribuirmos diagnósticos sem validação profissional médica, vamos desgastando os termos e a importância da discussão de tratamento desses quadros e de suas causas-raízes dentro do mundo do trabalho.
Nos tornamos pastores mentirosos e todo mundo acaba pagando a conta. Principalmente aqueles que de fato tem um diagnóstico de uma patologia ou transtorno e passam a ser julgados erroneamente como mais um no meio da manada.
- Leia também: Vanessa Lopes fora do BBB 24: o mundo do trabalho não tem um botão de desistência — o que fazer então?
Nos tornamos todos médicos?
Se o autodiagnóstico já é perigoso, quiçá quando fazemos o diagnóstico de outras pessoas.
Ao acusar alguém de ser qualquer coisa, como um narcisista, por exemplo, já estamos condenando essa pessoa a um rótulo que a reduz a arquétipos depreciativos.
É preciso ser responsável no processo de emitir um juízo de valor. Deixemos os diagnósticos conclusivos para os especialistas qualificados.
Primeiro foi a astrologia como justificativa, agora é a vez das patologias, transtornos e estados psíquicos
"Nossa, meu TDAH me faz estourar todos os prazos no trabalho."
Sinto muito em dizer, mas você pode estar usando um artifício que já não cola mais para justificar algo que você não priorizou ou não deu a devida atenção.
Ao fazer um diagnóstico da sua cabeça hipocondríaca, lembre-se que você será cobrado de um exame profissional sobre o que você afirma ser impeditivo para a realização de algo.
Urge a necessidade por uma revisão do nosso léxico
Sugiro um exercício de substituição de alguns termos que talvez você possa estar usando de forma equivocada:
Ao invés de: "eu tenho TDAH", experimente "eu sou muito disperso".
"Nossa, estou tendo um burnout", que tal substituir por "estou completamente exausto."
E, ao acusar um chefe ou colega de trabalho de narcisista sem ter certeza do quadro clínico, uma expressão possível seria "ele tem uma avaliação exagerada de si mesmo".
Para concluir, é essencial sublinhar que a imprecisão no uso de termos médicos e a trivialização de temas de saúde mental não apenas minam a seriedade dessas questões, mas também obscurecem a importância da empatia e da conscientização em saúde mental nos espaços de trabalho.
Destaco a urgência de cultivarmos um ambiente acolhedor, onde o diálogo sobre saúde mental seja incentivado, proporcionando a todos acesso a informações precisas e o suporte necessário.
Até a próxima,
Thiago Veras
Rodolfo Amstalden: De Flávio Day a Flávio Daily…
Mesmo com a rejeição elevada, muito maior que a dos pares eventuais, a candidatura de Flávio Bolsonaro tem chance concreta de seguir em frente; nem todas as candidaturas são feitas para ganhar as eleições
Veja quanto o seu banco paga de imposto, que indicadores vão mexer com a bolsa e o que mais você precisa saber hoje
Assim como as pessoas físicas, os grandes bancos também têm mecanismos para diminuir a mordida do Leão. Confira na matéria
As lições do Chile para o Brasil, ata do Copom, dados dos EUA e o que mais movimenta a bolsa hoje
Chile, assim como a Argentina, vive mudanças políticas que podem servir de sinal para o que está por vir no Brasil. Mercado aguarda ata do Banco Central e dados de emprego nos EUA
Chile vira a página — o Brasil vai ler ou rasgar o livro?
Não por acaso, ganha força a leitura de que o Chile de 2025 antecipa, em diversos aspectos, o Brasil de 2026
Felipe Miranda: Uma visão de Brasil, por Daniel Goldberg
O fundador da Lumina Capital participou de um dos episódios de ‘Hello, Brasil!’ e faz um diagnóstico da realidade brasileira
Dividendos em 2026, empresas encrencadas e agenda da semana: veja tudo que mexe com seu bolso hoje
O Seu Dinheiro traz um levantamento do enorme volume de dividendos pagos pelas empresas neste ano e diz o que esperar para os proventos em 2026
Como enterrar um projeto: você já fez a lista do que vai abandonar em 2025?
Talvez você ou sua empresa já tenham sua lista de metas para 2026. Mas você já fez a lista do que vai abandonar em 2025?
Flávio Day: veja dicas para proteger seu patrimônio com contratos de opções e escolhas de boas ações
Veja como proteger seu patrimônio com contratos de opções e com escolhas de boas empresas
Flávio Day nos lembra a importância de ter proteção e investir em boas empresas
O evento mostra que ainda não chegou a hora de colocar qualquer ação na carteira. Por enquanto, vamos apenas com aquelas empresas boas, segundo a definição de André Esteves: que vão bem em qualquer cenário
A busca pelo rendimento alto sem risco, os juros no Brasil, e o que mais move os mercados hoje
A janela para buscar retornos de 1% ao mês na renda fixa está acabando; mercado vai reagir à manutenção da Selic e à falta de indicações do Copom sobre cortes futuros de juros
Rodolfo Amstalden: E olha que ele nem estava lá, imagina se estivesse…
Entre choques externos e incertezas eleitorais, o pregão de 5 de dezembro revelou que os preços já carregavam mais política do que os investidores admitiam — e que a Bolsa pode reagir tanto a fatores invisíveis quanto a surpresas ainda por vir
A mensagem do Copom para a Selic, juros nos EUA, eleições no Brasil e o que mexe com seu bolso hoje
Investidores e analistas vão avaliar cada vírgula do comunicado do Banco Central para buscar pistas sobre o caminho da taxa básica de juros no ano que vem
Os testes da família Bolsonaro, o sonho de consumo do Magalu (MGLU3), e o que move a bolsa hoje
Veja por que a pré-candidatura de Flávio Bolsonaro à presidência derrubou os mercados; Magazine Luiza inaugura megaloja para turbinar suas receitas
O suposto balão de ensaio do clã Bolsonaro que furou o mercado: como fica o cenário eleitoral agora?
Ainda que o processo eleitoral esteja longe de qualquer definição, a reação ao anúncio da candidatura de Flávio Bolsonaro deixou claro que o caminho até 2026 tende a ser marcado por tensão e volatilidade
Felipe Miranda: Os últimos passos de um homem — ou, compre na fraqueza
A reação do mercado à possível candidatura de Flávio Bolsonaro reacende memórias do Joesley Day, mas há oportunidade
Bolha nas ações de IA, app da B3, e definições de juros: veja o que você precisa saber para investir hoje
Veja o que especialista de gestora com mais de US$ 1,5 trilhão em ativos diz sobre a alta das ações de tecnologia e qual é o impacto para o mercado brasileiro. Acompanhe também a agenda da semana
É o fim da pirâmide corporativa? Como a IA muda a base do trabalho, ameaça os cargos de entrada e reescreve a carreira
As ofertas de emprego para posições de entrada tiveram fortes quedas desde 2024 em razão da adoção da IA. Como os novos trabalhadores vão aprender?
As dicas para quem quer receber dividendos de Natal, e por que Gerdau (GGBR4) e Direcional (DIRR3) são boas apostas
O que o investidor deve olhar antes de investir em uma empresa de olho dos proventos, segundo o colunista do Seu Dinheiro
Tsunami de dividendos extraordinários: como a taxação abre uma janela rara para os amantes de proventos
Ainda que a antecipação seja muito vantajosa em algumas circunstâncias, é preciso analisar caso a caso e não se animar com qualquer anúncio de dividendo extraordinário
Quais são os FIIs campeões de dezembro, divulgação do PIB e da balança comercial e o que mais o mercado espera para hoje
Sete FIIs disputam a liderança no mês de dezembro; veja o que mais você precisa saber hoje antes de investir