As ações da Vivara (VIVA3) deixaram de ser uma joia, mas será que ainda merecem um espaço na sua carteira?
Temos que admitir que, apesar da troca truculenta de comando, Nelson Kaufman é um profundo conhecedor do negócio que ele ergueu praticamente do zero

A Vivara (VIVA3) foi o grande assunto da semana dentro do universo de small caps, muito embora os motivos não tenham sido nada agradáveis para a companhia e muito menos para os seus acionistas.
Caso não tenha visto, na sexta-feira passada (15), Paulo Kruglensky apresentou uma surpreendente carta de renúncia ao cargo de CEO. Surpreendente porque ninguém esperava a saída de um CEO que estivesse há tão pouco tempo e entregando tão bons resultados.
Só a troca de supetão já mereceria uma boa dose de preocupação, mas a história fica pior…
O novo (velho) CEO
Quem (re)ocupará a cadeira será Nelson Kaufman, fundador e maior acionista da companhia após 13 anos longe do cargo – o que confirmou algumas apreensões (como a de que provavelmente houve um atrito no comando) e levantou uma série de outras preocupações sobre a governança e a futura alocação de capital.
Além de insistir que existem muitas coisas erradas na Vivara hoje – o que não condiz com os resultados entregues e nem com o preço (até então) recorde das ações –, e de algumas gafes em sua teleconferência de "boas-vindas" aos investidores, Kaufman disse que vai reassumir com o objetivo internacionalizar a companhia, e nós já estamos bastante calejados para saber que planos de internacionalização costumam se transformar em ralo de dinheiro.
Com todos esses sinais ruins, VIVA3 perdeu o status de "preciosa", e desabou 20% desde a renúncia de Kruglensky. A pergunta que fica agora é: depois da queda, ainda faz sentido investir nas ações?
Leia Também
Para qual montanha fugir, Super Quarta e o que mexe com os mercados nesta terça-feira (16)
Felipe Miranda: A neoindustrialização brasileira (e algumas outras tendências)
- Receba matérias especiais do Seu Dinheiro + recomendações de investimentos diretamente em seu WhatsApp.É só clicar aqui e entrar na In$ights, comunidade gratuita.
Vivara: à primeira vista, sem grandes mudanças estratégicas
Não há dúvida de que, em termos de governança, a Vivara é hoje uma companhia bem pior do que na semana passada, mas ninguém sabe ainda qual será o impacto das mudanças nos resultados.
Ainda que Kaufman tenha dito que vai implementar mudanças nas lojas, obviamente, a nossa maior preocupação reside no plano de internacionalização, por conta do menor poder de marca da Vivara lá fora – um ambiente bem mais competitivo e menos conhecido.
Apesar de não sermos fãs da ideia, na tal teleconferência, Kaufman disse que o capex com planos internacionais será limitado a 5% do Ebitda (R$ 25 milhões/ano), o que não é bom, mas também não é um desastre – apenas como base de comparação, a companhia tem investido aproximadamente entre 21% e 26% em novas lojas e reformas no Brasil.

Kaufman também mencionou que a Vivara não vai abrir lojas em avenidas famosas no exterior, ou seja, serão lojas relativamente baratas e com o objetivo de tornar as joias mais acessíveis para um público de renda média, não muito diferente do que ela já faz no Brasil.
Além disso, o CFO Otávio Lyra disse que nenhuma grande mudança acontecerá na alocação de capital, o que indica que a estratégia atual, especialmente com foco nas lojas Life, deve continuar.
Se serão somente essas as mudanças, a queda de 20% realmente terá sido exagerada, mas isso só o tempo e os resultados futuros vão dizer.
- Leia também: Petrobras (PETR4) sem dividendos extraordinários: queda merecida ou oportunidade de compra?
Negócio de qualidade e aparentemente barato
O fato é que depois da derrocada, o valuation da companhia voltou para patamares bem mais atrativos, dado o nível de qualidade do negócio – menos de 12x lucros, contra 14x de Lojas Renner e do Grupo Soma, por exemplo, que estão em um setor muito mais arisco e competitivo.

Um outro ponto que temos que admitir é que, apesar da troca truculenta de comando, Kaufman é um profundo conhecedor do negócio que ele ergueu praticamente do zero, e aqui entra um outro ponto importante.
Para nós, a Vivara tem um dos melhores modelos de negócios da bolsa brasileira, com marca forte, margens elevadas, resiliente, capacidade de crescimento, um ROIC muito acima do custo de capital, etc…
Em alusão à clássica frase de Warren Buffett, desconfiamos que esse seja um daqueles casos clássicos de negócios à prova de "gestões medianas".
Mas só o tempo vai confirmar essa suspeita.
Por ora, a VIVA3 segue na carteira do Microcap Alert, com um peso que já havia sido bastante reduzido no dia 27 de fevereiro, quando as ações estavam próximas das máximas históricas.
Mas é preciso entender que neste momento se trata de uma tese com maiores riscos de governança e piora na alocação de capital.
Por entender que ainda estamos diante de um modelo de negócios diferente, com margens elevadas e retornos sobre o capital investido (ROIC) muito acima da média do varejo brasileiro, manteremos uma exposição aos papéis, mas pequena como deve ser nesses casos de maiores incertezas.
Por outro lado, em casos no quais, além de um bom potencial de crescimento de lucros, também há maior confiança nos resultados futuros, gostamos de alocar uma parcela relevante da carteira.
Por exemplo, apenas duas empresas que gostamos muito são responsáveis por 50% do portfólio do Microcap Alert, não só porque contam com resultados resilientes, mas porque as ações ainda guardam um ótimo potencial de retorno.
Se quiser conferir essas duas teses, e todas as outras empresas que compõem a carteira, deixo aqui o convite.
- Melhor do que Vivara (VIVA3): outras três varejistas brasileiras ocupam 25% da carteira com 10 ações recomendadas pela Empiricus Research para comprar agora. Veja GRATUITAMENTE quais são elas neste link.
Um grande abraço e até a semana que vem.
Ruy
Rodolfo Amstalden: Cuidado com a falácia do take it for granted
A economia argentina, desde a vitória de Javier Milei, apresenta lições importantes para o contexto brasileiro na véspera das eleições presidenciais de 2026
Roupas especiais para anos incríveis, e o que esperar dos mercados nesta quarta-feira (10)
Julgamento de Bolsonaro no STF, inflação de agosto e expectativa de corte de juros nos EUA estão na mira dos investidores
Os investimentos para viver de renda, e o que move os mercados nesta terça-feira (9)
Por aqui, investidores avaliam retomada do julgamento de Bolsonaro; no exterior, ficam de olho na revisão anual dos dados do payroll nos EUA
A derrota de Milei: um tropeço local que não apaga o projeto nacional
Fora da região metropolitana de Buenos Aires, o governo de Milei pode encontrar terreno mais favorável e conquistar resultados que atenuem a derrota provincial. Ainda assim, a trajetória dos ativos argentinos permanece vinculada ao desfecho das eleições de outubro.
Felipe Miranda: Tarcisiômetro
O mercado vai monitorar cada passo dos presidenciáveis, com o termômetro no bolso, diante da possível consolidação da candidatura de Tarcísio de Freitas como o nome da centro-direita e da direita.
A tentativa de retorno do IRB, e o que move os mercados nesta segunda-feira (8)
Após quinta semana seguida de alta, Ibovespa tenta manter bom momento em meio a agenda esvaziada
Entre o diploma e a dignidade: por que jovens atingidos pelo desemprego pagam para fingir que trabalham
Em meio a uma alta taxa de desemprego em sua faixa etária, jovens adultos chineses pagam para ir a escritórios de “mentirinha” e fingir que estão trabalhando
Recorde atrás de recorde na bolsa brasileira, e o que move os mercados nesta sexta-feira (5)
Investidores aguardam dados de emprego nos EUA e continuam de olho no tarifaço de Trump
Ibovespa renova máxima histórica, segue muito barato e a próxima parada pode ser nos 200 mil pontos. Por que você não deve ficar fora dessa?
Juros e dólar baixos e a renovação de poder na eleição de 2026 podem levar a uma das maiores reprecificações da bolsa brasileira. Os riscos existem, mas pode fazer sentido migrar parte da carteira para ações de empresas brasileiras agora.
BRCR11 conquista novos locatários para edifício em São Paulo e reduz vacância; confira os detalhes da operação
As novas locações colocam o empreendimento como um dos destaques do portfólio do fundo imobiliário
O que fazer quando o rio não está para peixe, e o que esperar dos mercados hoje
Investidores estarão de olho no julgamento da legalidade das tarifas aplicadas por Donald Trump e em dados de emprego nos EUA
Rodolfo Amstalden: Se setembro der errado, pode até dar certo
Agosto acabou rendendo uma grata surpresa aos tomadores de risco. Para este mês, porém, as apostas são de retomada de algum nível de estresse
A ação do mês na gangorra do mundo dos negócios, e o que mexe com os mercados hoje
Investidores acompanham o segundo dia do julgamento de Bolsonaro no STF, além de desdobramentos da taxação dos EUA
Hoje é dia de rock, bebê! Em dia cheio de grandes acontecimentos, saiba o que esperar dos mercados
Terça-feira terá dados do PIB e início do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, além de olhos voltados para o tarifaço de Trump
Entre o rali eleitoral e o malabarismo fiscal: o que já está nos preços?
Diante de uma âncora fiscal frágil e de gastos em expansão contínua, a percepção de risco segue elevada. Ainda assim, fatores externos combinados ao rali eleitoral e às apostas de mudança de rumo em 2026, oferecem algum suporte de curto prazo aos ativos brasileiros.
Tony Volpon: Powell Pivot 3.0
Federal Reserve encara pressão do presidente dos EUA, Donald Trump, por cortes nos juros, enquanto lida com dominância fiscal sobre a política monetária norte-americana
Seu cachorrinho tem plano de saúde? A nova empreitada da Petz (PETZ3), os melhores investimentos do mês e a semana dos mercados
Entrevistamos a diretora financeira da rede de pet shops para entender a estratégia por trás da entrada no segmento de plano de saúde animal; após recorde do Ibovespa na sexta-feira (29), mercados aguardam julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que começa na terça (2)
O importante é aprender a levantar: uma seleção de fundos imobiliários (FIIs) para capturar a retomada do mercado
Com a perspectiva de queda de juros à frente, a Empiricus indica cinco FIIs para investir; confira
Uma ação que pode valorizar com a megaoperação de ontem, e o que deve mover os mercados hoje
Fortes emoções voltam a circular no mercado após o presidente Lula autorizar o uso da Lei da Reciprocidade contra os EUA
Operação Carbono Oculto fortalece distribuidoras — e abre espaço para uma aposta menos óbvia entre as ações
Essa empresa negocia atualmente com um desconto de holding superior a 40%, bem acima da média e do que consideramos justo