O que faz as ações do Mercado Livre (MELI34) caírem mais de 15% em Wall Street hoje mesmo após o lucro em alta no 3T24
O desempenho negativo vem na esteira de um balanço forte e em expansão, mas aquém das expectativas nas linhas de lucratividade e geração de caixa
O Mercado Livre amanheceu no vermelho nesta quinta-feira (7) após anunciar os números do terceiro trimestre de 2024.
Por volta das 12h15, as ações negociadas em Wall Street desabavam 15,26%, a US$ 1.794,13. Já os BDRs MELI34, listados na bolsa brasileira, marcavam baixa de 6,07% no mesmo horário na B3.
- VAREJO: Está melhor investir em Mercado Livre (MELI34) ou Amazon (AMAZO34)? Analistas explicam o que fazer com ativos após resultados do 3T24; cadastre-se e confira
O desempenho negativo vem na esteira de um balanço forte e em expansão, mas aquém das expectativas nas linhas de lucratividade e geração de caixa.
Para o BTG Pactual, ainda que o Mercado Livre tenha registrado outra rodada de forte expansão de GMV (volume bruto de mercadorias, indicador de volume de receita gerada nos canais digitais) em todas as regiões de atuação, ele decepcionou as expectativas para Ebitda e lucro líquido.
Segundo o Goldman Sachs, os investidores estão digerindo os números mais fracos, especialmente no Ebitda, e já revisando para baixo quaisquer projeções para os lucros do próximo trimestre.
O que desagradou o mercado no balanço do Mercado Livre (MELI34)
O lucro líquido do Mercado Livre (MELI34) chegou a US$ 397 milhões entre julho e setembro deste ano — um aumento de 11% na base anual, mas abaixo das estimativas do mercado, que previa um montante médio ajustado de US$ 513,25 milhões, segundo o consenso Bloomberg.
Leia Também
Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado caiu 22,3% frente ao 3T23, a US$ 714 milhões. Você confere aqui o balanço na íntegra.
O principal propulsor dessa queda foi o crescimento maior do que o esperado na carteira de empréstimos, impulsionado majoritariamente por cartões de crédito, o que resultou em níveis de provisionamento para inadimplência mais altos.
Vale destacar que o Meli tem melhorado a qualidade de crédito e se concentrado cada vez mais em em clientes de maior poder aquisitivo, que apresentam menor risco, oferecendo empréstimos com margens menores.
As despesas gerais e administrativas também foram uma surpresa negativa e pesaram forte na margem Ebitda. Os desembolsos foram catalisados por custos mais altos de programas de remuneração de longo prazo do Meli após o desempenho recente do preço das ações em Wall Street e pelo câmbio mais fraco no Brasil e no México.
As “dores de crescimento” do Meli
Nas palavras da Genial Investimentos, o Mercado Livre hoje enfrenta “dores de crescimento”. Afinal, o balanço do 3T24 demonstrou os primeiros impactos da estratégia de expansão da varejista argentina.
O Meli aposta fortemente em robustos investimentos em logística para fortalecer as entregas do lado do e-commerce, enquanto, na fintech Mercado Pago, o crescimento implica na expansão da carteira de cartões de crédito — que possui margens menores e pressiona os números de curto prazo.
Na visão do BTG, ainda que a lucratividade esteja sob pressão, ela continua saudável, com investimentos visando o longo prazo.
O próprio Meli afirmou no balanço que, embora novas instalações possam criar pressão de margem de curto prazo, elas são “essenciais para nosso crescimento, escala e diluição de custos de longo prazo”.
Na avaliação do Goldman Sachs, a pressão dos investimentos em logística já estava amplamente em linha com o esperado — mas a pressão nas margens levantou um sinal de alerta entre os investidores.
“À medida que os investidores incorporam uma escala mais rápida do livro de crédito, esperamos que eles rebaixem suas expectativas de margem de curto prazo para baixo, o que pode pesar no desempenho das ações de curto prazo”, afirmou o banco.
“Considerando que o momentum do GMV permanece sólido e a carteira de crédito amadurece em um ritmo cada vez mais rápido, essas pressões devem ser amplamente temporárias”, acrescentou.
Lembrando que o GMV continuou em ritmo robusto de expansão de 14% em relação ao 3T23, a US$ 12,9 bilhões. No Brasil, as vendas do marketplace do Mercado Livre subiram 34%.
- GRÁTIS: Reportagens, análises e tudo o que você precisa saber sobre esta temporada de balanços para investir melhor; cadastre-se gratuitamente para acessar
E agora, é hora de vender Mercado Livre?
Na visão de Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research, ainda que os números do Mercado Livre tenham vindo abaixo das expectativas no 3T24, refletindo alguns desafios de crescimento, o desempenho não compromete a tese de longo prazo.
A receita líquida cresceu 35% em base anual, totalizando US$ 5,3 bilhões, impulsionada pela expansão do e-commerce em todas as regiões e pela performance sólida do segmento de fintech.
“Em nossa visão, esses impactos são conjunturais e necessários para suportar a tese de crescimento da companhia de forma sustentável”, disse Quaresma.
“Apesar do trimestre mais desafiador, ainda enxergamos uma longa avenida de expansão para o Mercado Livre, apoiado pelas suas vantagens competitivas e baixa penetração do e-commerce e serviços financeiros digitais na América Latina.”
Para o Goldman Sachs, as ações do Mercado Livre (MELI34) devem continuar sob pressão, à medida que os investidores ajustam suas expectativas de curto prazo e podem se afastar taticamente dos papéis até ganharem mais visibilidade sobre quando virá um próximo catalisador para a varejista.
A expectativa dos analistas é que a incerteza acerca do crescimento da carteira de crédito do Meli e de novas potenciais despesas de provisionamento nos próximos trimestres deve permanecer pairando sobre a varejista.
No entanto, o banco norte-americano prevê que a maturação do portfólio deve compensar gradualmente essas pressões ao longo do tempo.
“De uma perspectiva de médio a longo prazo, destacamos que essas pressões — embora causem um descompasso de expectativas de curto prazo — refletem o compromisso implacável da administração de investir no conjunto de oportunidades da empresa em fintech e e-commerce. Enquanto os retornos desses investimentos permanecerem intactos, isso deve dar suporte à tese de investimentos”, afirmou o Goldman.
O banco manteve recomendação de compra para as ações do Mercado Livre, com preço-alvo de US$ 2.620 para os próximos 12 meses, uma valorização potencial de 23,7% frente ao último fechamento.
Parte do que sustenta a visão ainda otimista do Goldman Sachs para o Meli é o valuation, com uma meta projetada de 43 vezes a relação entre preço e lucro (P/L) de 12 meses.
A favorita do BTG
Apesar das pressões de curto prazo, o BTG Pactual manteve o Mercado Livre (MELI34) como a ação favorita entre as gigantes do varejo. Com recomendação de compra, os analistas reiteraram o preço-alvo de US$ 2.112,00 para o próximo ano, leve desvalorização potencial de 0,2% em relação ao fechamento anterior.
“Embora os resultados do Meli tenham decepcionado, o que deve significar pressão de curto prazo sobre as ações, destacamos que a maior parte da pressão de margem veio de investimentos estratégicos que a empresa fez para impulsionar seu ecossistema, aumentando a penetração de crédito (uma ferramenta poderosa de fidelidade) e estrutura de logística para dar suporte ao crescimento exponencial do comércio eletrônico”, disse o banco.
Para os analistas, apesar de negociar a um múltiplo de 40 vezes o P/L de 2025, a lucratividade ainda saudável do Mercado Livre, o espaço para crescimento de crédito (principalmente por meio de cartões de crédito) e a perspectiva competitiva suave no e-commerce da América Latina parecem promissores.
Bolsa em tempos de turbulência: BTG Pactual recomenda 5 ações e 3 fundos imobiliários defensivos para investir em 2025
Risco fiscal e alta da taxa básica de juros devem continuar afligindo os mercados domésticos no próximo ano, exigindo uma estratégia mais conservadora até na bolsa
Por que as ações do Pão de Açúcar (PCAR3) chegaram a saltar 10% hoje — e o que o empresário Nelson Tanure tem a ver com isso
O impulso dos papéis vem na esteira de rumores sobre uma potencial combinação de negócios entre a rede de supermercados Grupo Dia e o GPA
Ybyrá Capital anuncia aumento de capital de R$ 3 bilhões para impulsionar expansão dos negócios
Com isso, companhia tem seu capital total elevado para R$ 7,666 bilhões; operação inclui a emissão de 37,5 milhões de novas ações preferenciais
Efeito Milei leva principal ETF de ações argentinas a superar os US$ 800 milhões em patrimônio
Desde a posse de Milei, o patrimônio do fundo Global X MSCI Argentina (ARGT) se multiplicou por seis; ETF sobe quase 70% no ano
Uma ação que já disparou 150% no ano ainda pode mais? Itaú BBA diz o que esperar da Embraer (EMBR3) daqui para frente
O valuation da fabricante brasileira de aeronaves é uma preocupação para os investidores atualmente; o banco fez uma comparação com a Airbus e diz qual delas vale a pena
O pior ficará em 2024? Com queda de 47% no ano, ação da Kora (KRSA3) sobe após conclusão de reperfilamento da dívida
Depois de se debruçar nos últimos meses na operação, a companhia agora tem os instrumentos necessários para fortalecer sua estrutura de capital e também a liquidez
Compra com desconto e potencial de alta de 55%: por que o JP Morgan recomenda você ter Inter (INBR32) na carteira
Com isso, a expectativa do JP Morgan é de uma valorização dos BDRs da ordem de 55%, com o preço-alvo de R$ 42,00 para o fim de 2025
Simpar (SIMH3) detalha acordo de aquisição da Automob por R$ 226 milhões e afirma que operação não afeta reorganização da empresa
O montante será pago em parcelas anuais iguais a partir de 31 de dezembro de 2025 até a mesma data de 2028
Quando até a morte é incerta: Em dia de agenda fraca, Ibovespa reage ao IBC-Br em meio a expectativa de desaceleração
Mesmo se desacelerar, IBC-Br de outubro não altera sinalizações de alta dos juros para as próximas reuniões
A Selic subiu, o dólar disparou e chegou a hora de fazer alguns ajustes no portfólio – mas sem exageros
Muitas vezes os investidores confundem “ajustes” com “mudança completa” e podem acabar sendo pegos no contrapé, perdendo muito dinheiro com aquilo que acreditavam ser uma estratégia defensiva
“Não vamos tomar atalho na estratégia só para agradar a qualquer custo”, diz CEO da Veste
Das 172 lojas das marcas Le Lis, Dudalina, John John, Bo.Bô e Individual, 58 devem estar repaginadas e prontas para lucrar mais até o final do ano
Após 15 anos — e muito juro pela frente —, IPO do Bradesco Seguros pode finalmente sair do papel? Bancões têm altas expectativas que sim
Oferta colocaria banco ao lado de outras instituições que já tem seus segmentos de seguros com capital aberto em bolsa
Suzano (SUZB3) revisa estimativas de custos devido à alta do dólar e da inflação e ações caem na B3 durante Investor Day
O CEO da empresa de papel e celulose, Beto Abreu, disse que investidores não deveriam esperar por uma grande aquisição da companhia nos próximos anos
Depois do adeus de Campos Neto com alta da Selic, vem aí a decisão dos juros nos EUA — e o mercado diz o que vai acontecer por lá
Novos dados de inflação e emprego da maior economia do mundo deixam mais claro qual será o próximo passo do Fed antes da chegada de Donald Trump na Casa Branca; por aqui, Ibovespa recua e dólar sobe
Ninguém escapa da Selic a 12,25%: Ações do Carrefour (CRFB3) desabam 10% e lideram perdas do Ibovespa, que cai em bloco após aperto de juros pelo Copom
O desempenho negativo das ações brasileiras é ainda mais evidente entre as empresas cíclicas e companhias que operam mais alavancadas
Happy Hour garantido para os acionistas da Ambev (ABEV3): Gigante das cervejas vai distribuir R$ 10,5 bilhões em dividendos e JCP
A chuva de proventos da Ambev deve pingar em duas datas. Os JCP serão pagos em 30 de dezembro deste ano, enquanto os dividendos serão depositados em 7 de janeiro de 2025
Alupar (ALUP11) anuncia recompra de ações: o que isso significa para investidores da empresa de energia elétrica?
Programa de aquisição de units representa a 1,17% do capital social da empresa
Acionistas da Lojas Renner (LREN3) aprovam incorporação de administradora de cartões e aumento de capital em meio bilhão de reais
A incorporação da Renner Administradora de Cartões de Crédito (RACC) não acarretará em emissão de novas ações ou impacto financeiro para a varejista, por se tratar de uma subsidiária
Energia limpa e dados quentes: Brasil é o ‘El Dorado’ da Inteligência Artificial — e a chave da equação perfeita para ramo que deu 90% das receitas da Nvidia (NVDC34)
Para Marcel Saraiva, gerente de vendas da divisão Enterprise da Nvidia no Brasil, país precisa seguir um caminho para realizar o sonho da soberania de IA
Hapvida (HAPV3) sobe na B3 em meio a estimativas sobre novos reajustes nos planos de saúde — mas esse bancão ainda prefere outras duas ações do setor
Em contas preliminares do BTG Pactual, os planos de saúde individuais devem passar por um aumento de cerca de 5,6% nos preços para o ciclo 2025-26