Como fica o retorno da poupança, do Tesouro Direto e dos CDB com a Selic em 11,75%?
Banco Central cortou a taxa básica em mais 0,50 ponto percentual nesta quarta; veja como a rentabilidade dos investimentos conservadores deve reagir
A Selic terminará 2023 a 11,75% ao ano. Nesta quarta-feira (13), o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) realizou sua última reunião do ano e, atendendo às expectativas do mercado, cortou a taxa básica de juros em mais 0,5 ponto percentual.
Para o investidor pessoa física, o novo corte nos juros representa mais uma redução na remuneração dos investimentos de renda fixa indexados à taxa básica e ao CDI, como as aplicações mais conservadoras.
Em outras palavras, a rentabilidade da sua reserva de emergência vai diminuir ainda mais. No novo patamar de Selic, o CDI mensal se afasta ainda mais da "marca psicológica" de 1,00% ao mês, a qual já havia deixado na última reunião do Copom, realizada em novembro.
A queda para 11,75%, entretanto, ainda não é o suficiente para ativar o gatilho que muda a regra de remuneração da caderneta de poupança para 70% da Selic mais Taxa Referencial (TR). Esta mudança só ocorre caso a taxa básica caia abaixo de 8,50%, o que ainda está bem distante.
Assim, a poupança continua pagando seu tradicional 0,5% ao mês mais TR e se torna um pouco mais atrativa frente às aplicações financeiras indexadas à Selic e ao CDI – mas ainda com retorno pior, mesmo consideradas eventuais taxas e imposto de renda dos investimentos pós-fixados.
Com a Selic em 11,75% ao ano (e supondo um CDI um pouco inferior de 11,65%, como costuma ser), as rentabilidades mensais e anuais líquidas das principais aplicações financeiras conservadoras ficam assim:
Investimento | Retorno líquido em 1 mês* | Retorno líquido em 1 ano** |
Poupança | 0,58% | 7,15% |
Tesouro Selic 2026 (via Tesouro Direto) | 0,69% | 9,51% |
CDB 100% do CDI ou fundo Tesouro Selic de taxa zero | 0,71% | 9,61% |
CDI bruto | 0,92% | 11,65% |
Parâmetros da simulação
- Para o cálculo do retorno da poupança, foi considerada a TR média de novembro (0,0775%);
- Para o cálculo do retorno do Tesouro Selic, foram considerados uma taxa de administração igual a zero, o spread de compra e venda (espécie de “pedágio” para a venda do título antes do vencimento) e uma taxa de custódia de 0,20% ao ano sobre todo o montante investido, que é o padrão da calculadora do Tesouro Direto. Atualmente, no entanto, existe uma isenção da taxa de custódia para valores aplicados de até R$ 1 mil, o que significa que a verdadeira rentabilidade do Tesouro Selic, nesses casos, é um pouco maior que a estimada na tabela.
Após o alívio recente nos rendimentos dos títulos do Tesouro americano (Treasurys), o mercado voltou a ficar confiante na trajetória descendente da taxa básica de juros, que deve passar por novos cortes nas próximas reuniões do Copom.
Sendo assim, a Selic não deve ficar estagnada em 11,75% por muito tempo. Segundo a última edição do boletim Focus do Banco Central, por exemplo, as instituições financeiras esperam que a meta da taxa básica chegue a 9,25% ao final de 2024.
Ou seja, a rentabilidade das aplicações conservadoras dentro de um ano, a partir de agora, deve ser ainda menor do que os valores projetados na tabela anterior.
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Importante notar ainda que, mesmo com a permanência da regra de remuneração da poupança em 0,5% mais TR, a rentabilidade da caderneta também vem caindo, ainda que sutilmente. É que, com a redução da taxa de juros, a TR também tende a reduzir com o tempo, embora responda por uma parcela pequena da remuneração.
Assim, para dar uma ideia melhor de como ficará a rentabilidade dos investimentos conservadores daqui para frente, vamos simular diferentes prazos de aplicação utilizando as estimativas do mercado para a Selic e o CDI nos próximos 12 e 24 meses (DI futuro).
Vale frisar, no entanto, que essas projeções podem mudar a partir da decisão do Copom de hoje, bem como das sinalizações do Banco Central para as próximas reuniões. Além disso, as projeções para a poupança continuam considerando a TR de novembro, mas esta taxa também pode cair daqui para frente.
Investimento | Retorno líquido em 1 ano* | Retorno líquido em 2 anos** |
Poupança | 7,15% | 14,82% |
CDB 100% do CDI ou fundo Tesouro Selic de taxa zero | 9,20% | 19,82% |
Tesouro Selic 2026 (via Tesouro Direto) | 9,10% | 19,65% |
LCI 90% do CDI | 9,98% | 20,76% |
Parâmetros da simulação
- DI projetado para 1 ano: 11,15% a.a.
- Selic projetada para 1 ano: 11,25% a.a.
- DI projetado para 2 anos: 11,05% a.a.
- Selic projetada para 2 anos: 11,15% a.a.
- Para o cálculo do retorno da poupança, foi considerada a TR média de novembro (0,0775%);
- Para o cálculo do retorno do Tesouro Selic, foram considerados uma aplicação de R$ 10 mil, taxa de custódia de 0,20% ao ano, uma taxa de administração igual a zero e o spread de compra e venda (espécie de “pedágio” para a venda do título antes do vencimento).
Veja, na tabela a seguir, quanto você teria ao final de cada período caso aplicasse R$ 10 mil em cada um desses investimentos, nas circunstâncias da simulação anterior:
Investimento | Quanto você teria após 1 ano | Quanto você teria após 2 anos |
Caderneta de poupança | R$ 10.715,44 | R$ 11.482,07 |
CDB ou fundo Tesouro Selic 100% do CDI | R$ 10.919,88 | R$ 11.982,29 |
Tesouro Selic 2026 | R$ 10.909,85 | R$ 11.965,00 |
LCI 90% do CDI | R$ 10.998,14 | R$ 12.076,33 |
Renda fixa conservadora vai render menos, mas não deve sair da carteira
Com o ciclo de reduções esperadas para a Selic, as aplicações mais conservadoras de renda fixa devem render cada vez menos, mas elas não devem sair da sua carteira – sobretudo no caso da sua reserva de emergência.
Investimentos conservadores e pós-fixados (indexados às taxas de juros) são fundamentais em qualquer portfólio, pois têm baixo risco, pouca volatilidade e, em muitos casos, liquidez diária, deixando os seus recursos disponíveis sempre que você precisar deles.
Além disso, a redução da Selic não se dará da noite para o dia. Uma taxa básica de juros de dois dígitos ainda é bastante alta.
A queda dos juros deve, por outro lado, favorecer os investimentos de mais risco. Dentro da renda fixa, os títulos prefixados e indexados à inflação, que tendem a se valorizar quando os juros caem; na renda variável, ações e fundos imobiliários.
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