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Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com pós-graduação em Finanças Corporativas e Investment Banking pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Trabalhou com produção de reportagem na TV Globo e foi editora de finanças pessoais de Exame.com, na Editora Abril.
Vai pagar menos

Como fica a renda fixa após a queda da Selic para 13,25%? Veja quanto rendem R$ 1.000 em CDB, LCI, poupança e Tesouro Direto daqui para frente

Este promete ser apenas o início do ciclo de cortes na taxa básica de juros, o que reduzirá o retorno das aplicações mais conservadoras

Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
2 de agosto de 2023
18:55 - atualizado às 15:11
btg reserva de emergencia
Investimentos indexados à Selic e ao CDI, como os da reserva de emergência, passam a pagar menos. Imagem: Unsplash

Após um ano estagnada em 13,75% ao ano, a Selic finalmente começou a ceder nesta quarta-feira (02), conforme já era esperado pelo mercado.

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) efetuou um corte de 0,50 ponto percentual na meta da taxa básica de juros, que passou agora para 13,25% ao ano.

A magnitude da redução correspondeu às expectativas de parte dos investidores, mas as principais apostas, desta vez, estavam divididas entre 0,25 ou 0,50 ponto percentual.

E mesmo dentro do colegiado do BC não houve unanimidade: foram cinco votos pela redução de 0,50 ponto percentual – incluindo o do presidente da autarquia, Roberto Campos Neto – a quatro votos pelo corte de 0,25.

Seja como for, para o investidor pessoa física o início do esperado ciclo de cortes na Selic – que deve continuar nas próximas reuniões – significa que os investimentos de renda fixa indexados à taxa básica e ao CDI, como as aplicações mais conservadoras, vão passar a render menos.

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Em outras palavras, a rentabilidade da sua reserva de emergência vai diminuir.

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Com a Selic em 13,25% ao ano, teremos as seguintes rentabilidades mensais e anuais líquidas nas principais aplicações financeiras conservadoras:

InvestimentoRetorno líquido em 1 mês*Retorno líquido em 1 ano**
Poupança0,66%8,19%
Tesouro Selic 2026 (via Tesouro Direto)0,78%10,78%
CDB 100% do CDI ou fundo Tesouro Selic de taxa zero0,80%10,85%
CDI bruto1,03%13,15%
(*) 1 mês, no caso da poupança, ou 21 dias úteis e mais de 30 dias corridos para os demais investimentos. Alíquota de IR de 22,5%, quando for o caso. (**) 12 meses, no caso da poupança, ou 252 dias úteis e mais de 360 dias corridos para os demais investimentos. Alíquota de IR de 17,5%, quando for o caso.

Parâmetros da simulação

  • Para o cálculo do retorno da poupança, foi considerada a TR média de julho (0,1581%);
  • Para o cálculo do retorno do Tesouro Selic, foram considerados uma taxa de administração igual a zero, o spread de compra e venda (espécie de “pedágio” para a venda do título antes do vencimento) e uma taxa de custódia de 0,20% ao ano sobre todo o montante investido, que é o padrão da calculadora do Tesouro Direto. Atualmente, no entanto, existe uma isenção da taxa de custódia para valores aplicados de até R$ 1 mil, o que significa que a verdadeira rentabilidade do Tesouro Selic é um pouco maior que a estimada na tabela.

Porém, como você já deve saber, a Selic não deve ficar estagnada em 13,25% por muito tempo, pois são esperados novos cortes pelo Banco Central nas próximas reuniões do Copom.

Segundo a última edição do boletim Focus do BC, por exemplo, as instituições financeiras esperam que a meta da taxa básica termine 2023 em 12,00% e chegue a 9,25% ao final de 2024.

Ou seja, a rentabilidade das aplicações conservadoras dentro de um ano, a partir de agora, deve ser ainda menor do que os cerca de 11% projetados na tabela anterior.

Importante notar ainda que mesmo a rentabilidade da poupança deve cair daqui para frente. Não que a Selic vá recuar abaixo de 8,50% ao ano, que é o patamar que ativa a mudança na regra de remuneração da caderneta; é que, com a redução da taxa de juros, a TR também deve cair.

Assim, para dar uma ideia melhor de como ficará a rentabilidade dos investimentos conservadores daqui para frente, vamos simular diferentes prazos de aplicação utilizando as estimativas futuras do mercado para a Selic e o CDI nos próximos 12 e 24 meses.

Vale frisar, no entanto, que essas projeções agora podem mudar a partir da decisão do Copom de hoje, bem como das sinalizações do Banco Central para as próximas reuniões. Além disso, as projeções para a poupança continuam considerando a TR de julho, mas esta taxa também deve cair daqui para frente.

InvestimentoRetorno líquido em 1 ano*Retorno líquido em 2 anos**
Poupança8,19%17,05%
CDB 100% do CDI ou fundo Tesouro Selic de taxa zero9,40%19,90%
Tesouro Selic 2026 (via Tesouro Direto)9,56%20,10%
LCI 90% do CDI10,20%21,07%
(*) 12 meses, no caso da poupança, ou 252 dias úteis e mais de 360 dias corridos para os demais investimentos. Alíquota de IR de 17,5%, quando for o caso. (**) 24 meses, no caso da poupança, ou 504 dias úteis e mais de 720 dias corridos para os demais investimentos. Alíquota de IR de 15,0%, quando for o caso.

Parâmetros da simulação

  • DI projetado para 1 ano: 11,39% a.a.
  • Selic projetada para 1 ano: 11,49% a.a.
  • DI projetado para 2 anos: 11,09% a.a.
  • Selic projetada para 2 anos: 11,19% a.a.
  • Para o cálculo do retorno da poupança, foi considerada a TR média de julho (0,1581%);
  • Para o cálculo do retorno do Tesouro Selic, foram considerados uma aplicação de apenas R$ 1 mil (portanto, isenta de taxa de custódia), uma taxa de administração igual a zero e o spread de compra e venda (espécie de “pedágio” para a venda do título antes do vencimento).

Veja, na tabela a seguir, quanto você teria, ao final de cada período, caso aplicasse R$ 1 mil em cada um desses investimentos, nas circunstâncias da simulação anterior:

InvestimentoQuanto você teria após 1 anoQuanto você teria após 2 anos
Caderneta de poupançaR$ 1.081,89R$ 1.170,49
CDB ou fundo Tesouro Selic 100% do CDIR$ 1.094R$ 1.198,98
Tesouro Selic 2026R$ 1.095,59R$ 1.201,02
LCI 90% do CDIR$ 1.102R$ 1.210,69

Renda fixa conservadora vai render menos, mas não deve sair da carteira

As aplicações mais conservadoras de renda fixa vão passar a render menos, mas elas não devem sair da sua carteira – sobretudo da sua reserva de emergência. Esse tipo de investimento é fundamental em qualquer portfólio, pois tem baixo risco, pouca volatilidade e liquidez diária, deixando os seus recursos disponíveis sempre que você precisar deles.

Além disso, a redução da Selic não se dará da noite para o dia. Uma taxa básica de juros de dois dígitos ainda é bastante alta, resultando num retorno mensal de cerca de 1%.

A queda dos juros deve, por outro lado, favorecer os investimentos de mais risco. Dentro da renda fixa, os títulos prefixados e indexados à inflação, que tendem a se valorizar quando os juros caem; na renda variável, ações e fundos imobiliários.

Para quem pretende comprar títulos de renda fixa prefixada ou atrelada à inflação, entretanto, quanto antes fizer isso, melhor. Ainda é possível contratar remunerações elevadas, garantidas para quem levar os títulos até o vencimento. À medida que o ciclo de corte de juros avançar, essas rentabilidades para novos aportes tendem a recuar junto.

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