Reforma tributária: da taxação de fundos à reforma do IR, entenda em 5 pontos os detalhes da proposta, segundo Appy
As falas foram feitas em uma live promovida pela Revista Exame, em que o secretário explicou ponto a ponto sobre a reforma

O secretário extraordinário da Reforma Tributária, Bernard Appy, voltou a falar nesta sexta-feira, 18, sobre o sistema que começou a ser estudado no governo para possibilitar um modelo de cobrança simples para o Imposto sobre Valor Agregado (IVA), que será instituído com a reforma tributária.
Segundo Appy, a ideia é possibilitar a cobrança logo na liquidação financeira da operação. O secretário explicou que o modelo ainda está em fase de estudos, mas que já há conversas preliminares com o Banco Central.
"É criar uma chave que liga o documento fiscal eletrônico ao instrumento de pagamento, seja Ted, pix, boleto, cartão. Ele carrega esse número, aí na hora que está fazendo o crédito na compra do vendedor, você pega essa chave, consulta, sabe a porcentagem do imposto, e desse valor que está sendo pago, se a empresa tiver crédito do imposto, tem o abatimento, e aí tem o crédito em valor líquido, uma compensação em tempo real. Se não tem crédito, deduzo imposto, transfiro aos entes, e crédito o valor líquido a empresa", explicou em live promovida pela Revista Exame.
Appy explicou ainda que o governo pretende enviar no início do próximo ano os projetos de regulamentação da reforma sobre consumo. Além disso, a expectativa é de que a PEC seja promulgada até o fim de 2023.
O governo já contabiliza que o Senado deverá fazer alterações no texto aprovado pela Câmara, o que obrigará uma nova análise pelos deputados. "Mas o Senado provavelmente vai estar em contato com a Câmara para fazer de forma mais coordenada", avaliou Appy.
Reforma tributária pode ter texto 'limado'
O secretário, assim como o ministro da Fazenda Fernando Haddad, afirmou que gostaria que o Senado desse "uma limada" no texto final da reforma tributária. Ele fazia referência a algumas exceções presentes no texto que já foi aprovado na Câmara.
Leia Também
"Haddad tem falado que gostaria que o Senado desse uma arredondada, uma limada no texto final, e eu, obviamente, também gostaria que isso acontecesse. É natural que isso ocorra", afirmou Appy, ressaltando, porém, que algumas das exceções colocadas pela Câmara foram importantes para a aprovação da medida.
Entre os pontos de atenção para a discussão no Senado, Appy pontuou que "as questões federativas devem ser um ponto com um pouco mais de tensão".
"Talvez pelo tempo para discussão e aprovação, não houve tempo de se fazer o melhor desenho possível. Mas entendo que essas são questões políticas."
Veja a seguir os destaques da fala do secretário:
A DINHEIRISTA — Pensão alimentícia: valor estabelecido é injusto! O que preciso para provar isso na justiça?
1 — As tais das exceções da reforma tributária
Sobre a lista de exceções à alíquota padrão aprovada no texto da Câmara, o secretário voltou a dizer que o texto não é o "ideal", contudo, aponta para um cenário "muito melhor" do que o atual. "Foi o possível do ponto de vista da construção política."
As exceções têm dois impactos principais, de acordo com o secretário: o primeiro é um efeito negativo sobre crescimento, considerado "pequeno" por Appy, principalmente se comparado à realidade do sistema atual.
O segundo é obrigar uma alíquota padrão mais alta para compensar a perda de arrecadação. Um estudo da Pasta apontou que a alíquota total do IVA ficará entre 25,45% e 27%, de acordo com os critérios aprovados pela Câmara dos Deputados.
2 — Fundos exclusivos na mira da reforma
Além disso, Appy destacou também que o Ministério da Fazenda deve "enviar logo" ao Congresso o projeto de taxação de fundos exclusivos, que está entre as medidas da pasta para melhorar a expectativa de arrecadação no próximo ano, e possibilitar que a Fazenda cumpra o objetivo de zerar o déficit em 2024.
Essas propostas precisam ser enviadas ao Legislativo até o fim deste mês, já que devem constar como fonte de receita possível para o ano seguinte.
"Tem um segundo projeto que o governo vai enviar logo, que é dos fundos exclusivos. Pessoa de classe média quando aplica em fundo de investimento, aplica em fundo aberto, que tem vários cotistas, e que você é tributado duas vezes por ano. Tem algumas famílias de altíssima renda que tem fundo só delas, e eles não são tributados, só quando faz amortização, retira recurso. Não tem tributação periódica. Projeto vai estabelecer isonomia entre as tributações dos fundos. O patrimônio médio dos fundos exclusivos é de R$ 40 milhões. São realmente pessoas de alta renda", disse.
- [ONDE INVESTIR NO 2º SEMESTRE] Veja as principais recomendações de ações, criptomoedas, fundos imobiliários, BDRs, títulos de renda fixa e investimentos em dólar e ouro, segundo especialistas consultados pelo Seu Dinheiro. Clique aqui para acessar o guia gratuito.
3 — Depois da tributária, reforma do IR é prioridade
O secretário também reforçou que a proposta ampla de reforma do imposto de renda deve ser enviada ao Congresso apenas depois da promulgação da PEC da reforma do consumo, que já foi aprovada pela Câmara dos Deputados e agora está no Senado. Segundo Appy, apesar de não poder garantir que essa será a estratégia, essa é a expectativa do momento.
O auxiliar de Fernando Haddad evitou antecipar pontos da proposta, mas repetiu que deve constar do texto a tributação de distribuição de dividendos combinada a uma redução de alíquota das empresas. "Devem ter muito mais mudanças, mas projeto não está fechado dentro do governo", afirmou.
Appy respondeu ainda que não está "na mesa" nesse momento a ideia de tributar grandes fortunas. O secretário levantou questionamentos sobre a eficiência da medida e avaliou fazer mais sentido tributar as rendas mais altas.
"A reforma da renda vai ter foco de eficiência econômica. Ela vai ter sim objetivo de neutralidade, e vai, via fechamento de brechas, como nas offshores, fundos exclusivos, tornar sistema tributário mais progressivo que é hoje", disse Appy, ainda segundo quem Haddad tem deixado "claro" ser importante rever benefícios fiscais que existem hoje.
4 — Por fim: a desoneração da folha vem ou não?
Embora o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tenha indicado que poderá colocar em votação na próxima semana a desoneração da folha de pagamento para 17 setores, Bernard Appy reforçou hoje a posição da Fazenda de que prefere discutir o tema junto da reforma do imposto de renda.
"É bem provável, não é certo, que a discussão de propostas no imposto de renda venha com proposta de mudança na tributação na folha de pagamento também."
Isso porque a medida de desoneração exige uma compensação que, em sua avaliação, não pode ser financiada com aumento da tributação do consumo, ou com a criação de um imposto semelhante à Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), como alguns sugerem, disse.
Críticas à reforma
Por isso, ele voltou a defender que o debate seja feito junto da discussão ampla da reforma sobre renda, que deve ser enviada ao Congresso após a promulgação da reforma sobre consumo.
"O que sobra é fazer a discussão da renda em conjunto com a tributação da folha", afirmou o secretário, já que, em sua avaliação, é possível "tornar o sistema mais justo" ao promover mudanças no imposto de renda, tendo como alvo um sistema mais progressivo.
Appy reconheceu que, assim como o consumo, a folha de salários no Brasil é "excessivamente tributada", o que sugere a necessidade de reduzir a tributação da folha.
"O debate é, a tributação gera distorções? Por exemplo, de estimular informalidade, pejotização, como faz para fazer mudança de forma a desestimular efeitos negativos? Brasil tem duas bases excessivamente tributadas, consumo e folha de salários. E duas bases que poderiam ser melhor exploradas, que é renda e patrimônio", pontuou, reforçando que reduzir a tributação da folha exige uma compensação.
Governo Trump sobe o tom contra o Brasil, e Itamaraty condena ameaças dos EUA de usar “poder militar”
O documento do Itamaraty foi publicado após a porta-voz da Casa Branca ser questionada sobre a possibilidade de novas sanções ao Brasil por conta do julgamento de Jair Bolsonaro
Bolsonaro era líder de organização criminosa que tentou golpe de Estado, diz Moraes — Dino acompanha o relator e vota por condenação
Ministros destacaram provas de uma trama articulada desde 2021 e pediram condenação dos sete réus. Dino, entretanto, vê diferentes níveis de culpa
O julgamento de Bolsonaro e o xadrez eleitoral com Lula e Tarcísio: qual é o futuro do Brasil?
O cientista político Rafael Cortez, da Tendências Consultoria, analisa o impacto da condenação de Jair Bolsonaro, a estratégia de Tarcísio de Freitas e as dificuldades de Lula em chegar com força para as eleições de 2026
Pedimos para a inteligência artificial da Meta produzir imagens de Lula, Trump, Bolsonaro, Alexandre de Moraes e outros — e o resultado vai te surpreender (ou não)
A inteligência artificial da Meta entregou resultados corretos em apenas duas das seis consultas feitas pela redação do Seu Dinheiro
STF encerra primeira semana do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados; confira os principais pontos do segundo dia
A sessão será retomada na próxima terça-feira (9), às 9 horas, com o voto do relator e ministro do STF, Alexandre de Moraes
A suspeita de rombo nos cofres que levou ao afastamento do governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa, pelo STJ
Investigado na Operação Fames-19, Barbosa é suspeito de participar de um esquema de R$ 73 milhões em contratos emergenciais durante a pandemia
Filho de ourives e clientes como Neymar, Vini Jr e Ludmilla: quem é TH Joias, deputado preso por suspeita de negociar armas com o Comando Vermelho
Investigado por suposta ligação com o Comando Vermelho, o parlamentar conhecido como TH Joias já havia sido preso em 2017 por acusações semelhantes
Ao vivo: assista ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro
Julgamento da trama golpista de 2022 prossegue nesta quarta-feira com sustentação oral dos advogados de Jair Bolsonaro e de mais três réus
Supremo Tribunal Federal inicia julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados por tentativa de golpe; confira os principais pontos da sessão
A sessão foi suspensa e será retomado nesta quarta-feira (3), com a expectativa da manifestação da defesa do ex-presidente
Lula em xeque: gestora traduz em números a dificuldade de reeleição e vê Selic a 7% com vitória da centro-direita
Com base nos dados de popularidade do presidente, a gestora carioca Mar Asset projeta um desempenho entre 38% e 45% dos votos para Lula
Sem saída na diplomacia, governo Lula aposta em advogados americanos para reagir à Lei Magnitsky e às tarifas de 50%
AGU se prepara para defender Brasil em tribunais dos EUA e diante da administração federal norte-americana
Isenção de IR até R$ 5 mil vem aí? Confira quais são os próximos passos do projeto de lei no Congresso
Regime de urgência agiliza a tramitação, mas texto ainda deve passar pelo plenário da Câmara e do Senado
Bolsonaro na Argentina? Indiciamento do ex-presidente e possível fuga repercutem no exterior; veja o que os principais jornais disseram
Na minuta endereçada ao presidente argentino, Bolsonaro afirma que é “um perseguido por motivos e por delitos essencialmente políticos”
Tarifaço de Trump pesa sobre Bolsonaro e coloca Lula na rota da reeleição; entenda como fica o cenário eleitoral de 2026
Com a imagem da família prejudicada pela taxação dos EUA, cresce a pressão para que Jair Bolsonaro — que está inelegível — abra mão da tentativa de se candidatar no ano que vem
CPMI do INSS é instalada com derrotas para o governo e líderes do Congresso; oposição comemora
Eleição de Carlos Viana para a presidência e escolha de Alfredo Gaspar como relator contrariam indicações de Davi Alcolumbre e Hugo Motta
Aprovação do governo Lula chega a 46%, o maior nível desde janeiro — avaliação sobre tarifaço também avança
Popularidade do presidente cresce no Nordeste, entre homens e eleitores mais velhos, de acordo com o levantamento
Após polêmica com preços abusivos, ministro do Turismo diz que Belém terá “leitos para todos” na COP30
Celso Sabino afirma que valores abusivos são exceção e garante acomodações entre US$ 100 e US$ 600 para lideranças globais
Moraes manda recado para Trump: “Não há possibilidade de recuar nem um milímetro”; confira tudo o que o ministro do STF disse
Ele é alvo de punições pelos Estados Unidos com base na Lei Magnitsky — que penaliza estrangeiros acusados de corrupção ou violações graves de direitos humanos
Para 35% dos brasileiros, Lula é o culpado pelo tarifaço; 22% acusam Bolsonaro, diz Datafolha
Pesquisa do Datafolha revela o impacto da crise tarifária nos brasileiros, dividindo as responsabilidades entre Lula, Bolsonaro e outros nomes políticos
Al Gore lamenta postura “esquizofrênica” dos EUA sobre crise climática
País norte-americano tem alternado posição sobre Acordo de Paris nos últimos anos