Se existe um termo capaz de causar calafrios no setor financeiro, ele atende por “corrida bancária”. Em meio a temores de que a quebra do Silicon Valley Bank (SVB) provocasse um efeito dominó, os reguladores do sistema financeiro norte-americano trabalharam durante o fim de semana para lançar um programa de emergência e mitigar eventuais efeitos colaterais da falência.
Enquanto isso, o HSBC anunciou nesta segunda-feira a compra da sucursal britânica do SVB pelo preço simbólico de uma libra, ou R$ 6,29 na cotação de hoje.
Por meio desse programa, pessoas e empresas com dinheiro depositado nos falidos SVB e Signature Bank terão acesso integral aos recursos a partir desta segunda-feira.
A proteção não inclui acionistas desses bancos nem detentores de certas dívidas. Os diretores de ambas as instituições foram destituídos de suas funções.
O anúncio foi feito na noite de domingo em comunicado conjunto emitido pelo Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e pela FDIC, sigla para Corporação Federal de Garantia de Depósitos.
O comunicado reforça que os clientes serão totalmente protegidos e que o custo da operação não recairá sobre os contribuintes. O programa prevê que os bancos desempenhem a função de salvaguardar depósitos e proporcionar o acesso a crédito para famílias e empresas.
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Programa será coordenado pelo Fed
O programa de resgate aos clientes do SVB e do Signature Bank será coordenado pelo Fed. Ele atenderá por BTFP, sopa de letrinhas em inglês para Programa de Financiamento Bancário a Prazo.
O banco central dos EUA assegurou estar preparado para lidar com qualquer pressão de liquidez que venha a surgir. Por meio do programa, o Fed fornecerá uma linha adicional de liquidez às instituições depositárias por meio do BTFP.
O programa prevê empréstimos com vencimento de até um ano a bancos, associações de poupança, uniões de crédito e outras que comprometerem ativos qualificados como garantia.
Segundo o Fed, o BTFP elimina a necessidade de uma instituição de vender rapidamente esses títulos em momentos de estresse.
O programa será lastreado pelo Fundo de Estabilização Cambial, com US$ 25 bilhões em recursos. Entretanto, o Fed informou que não tem a intenção de recorrer ao fundo.
Signature Bank foi fechado para evitar risco sistêmico
Além de fecharem o SVB, as autoridades reguladoras do sistema financeiro norte-americano decretaram a falência do Signature Bank no domingo. A medida foi tomada em meio a temores de “risco sistêmico”.
Quem assumiu o controle do Signature Bank foi o Departamento de Serviços Financeiros dos EUA. O banco em questão dispõe de US$ 110,36 bilhões em ativos e US$ 88,59 bilhões em depósitos.
No comunicado no qual anunciou a criação do BTFP, o Fed assegurou que as posições de liquidez e capital dos bancos norte-americanos estão "fortes".
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HSBC compra braço britânico do SVB por uma libra
Diante da quebra do SVB, o setor financeiro se mobilizou para abocanhar a massa falida do chamado ‘banco das startups’.
Na manhã desta segunda-feira, HSBC anunciou a compra do braço britânico do SVB pelo valor simbólico de uma libra.
O acordo foi intermediado pelo governo do Reino Unido e pelo Banco da Inglaterra (BoE, pela sigla em inglês).
Por meio de nota, o HSBC informou que o SVB UK tinha empréstimos de cerca de 5,5 bilhões de libras e depósitos no valor aproximado de 6,7 bilhões de libras em 10 de março.
Já o Tesouro britânico, em comunicado à parte, garantiu que clientes do SVB UK terão acesso normal a seus depósitos e serviços bancários.