Se a vingança é um prato que se come frio, Vladimir Putin não parece disposto a esperar muito tempo. O presidente russo já colocou no fogo uma nova ofensiva na Ucrânia — ao mesmo tempo, ele prepara a Rússia para anos de conflito contra os EUA e aliados.
Putin não engoliu a decisão desta semana de norte-americanos e alemães enviarem tanques para Kiev. Mas o objetivo do chefe do Kremlin não é apenas responder ao que chamou de “guerra por procuração” do Ocidente contra a Rússia. Ele quer mais.
Com a nova ofensiva, Putin também pretende demonstrar que as forças russas podem se recuperar após meses perdendo terreno. A ideia é pressionar a Ucrânia a concordar com uma trégua que deixe a Rússia no controle do território que agora ocupa.
Publicamente, o Kremlin diz que não há planos para mais mobilização no momento.
- Leia também: Putin está furioso: a decisão dos EUA e de países europeus que tirou o presidente russo do sério
Presente de russo
A nova ofensiva pode começar em fevereiro — quando a invasão russa completa um ano — ou no mais tardar em março.
Se isso acontecer, confirmará as advertências da Ucrânia e de seus aliados de que uma nova ofensiva russa está a caminho e pode começar antes que Kiev receba os prometidos tanques de guerra dos EUA e da Alemanha.
A determinação de Putin é o presságio de outra escalada da guerra — do outro lado das trincheiras, a Ucrânia prepara um novo ataque para expulsar as forças de Moscou, descartando qualquer cessar-fogo que deixe a Rússia ocupando seu território.
Fontes próximas de Putin ouvidas pela Bloomberg afirmam que o líder russo acredita que não tem alternativa a não ser prevalecer em um conflito que vê como existencial com os EUA e seus aliados.
- Como investir em 2023? Com o início do novo governo Lula, a guerra entre Ucrânia e Rússia e o medo de uma recessão nas principais economias do mundo, é normal que o investidor não saiba muito o que fazer agora. Por isso, este material exclusivo do Seu Dinheiro revela as melhores oportunidades de investimento nas principais classes de ativos para quem não quer perder dinheiro em 2023. CONFIRA AQUI GRATUITAMENTE
Putin vai conseguir bancar a guerra?
Oficiais de inteligência dos EUA e da Europa questionam se a Rússia tem recursos para uma nova ofensiva de grande porte, mesmo depois de mobilizar 300.000 soldados adicionais no fim do ano passado.
Enquanto isso, os aliados da Ucrânia estão intensificando o fornecimento de armas, preparando-se para entregar pela primeira vez veículos blindados e tanques que podem ajudar as tropas ucranianas a romper as linhas russas.
Putin e a guerra eterna
Putin contou com uma invasão eficiente e tomada rápida de controle do território ucraniano, mas não foi o que aconteceu. No próximo dia 24 de fevereiro, a guerra completa um ano.
Nos últimos seis meses, as forças russas retomaram apenas uma pequena cidade e com um custo enorme em baixas. As tropas da Ucrânia, por outro lado, surpreenderam aliados e observadores com o sucesso em repelir os invasores.
Por isso, Putin se prepara para mais tempo de guerra. O chefe do Kremlin aprovou planos para expandir as fileiras militares em quase 50% nos próximos anos, destacando novas forças perto da Finlândia e nas regiões ocupadas da Ucrânia.
Escolas e universidades estão restabelecendo os cursos de treinamento militar conduzidos amplamente pela última vez na era soviética, enquanto os preparativos para a guerra permeiam a sociedade.
Um cessar-fogo ainda é possível?
Putin não age apenas nas linhas de frente do conflito. Diplomaticamente, a Rússia tem procurado conquistar apoiadores entre os países não ocidentais com apelos para negociações sobre um cessar-fogo.
Mesmo pessoas próximas ao Kremlin admitem que não há chances no momento para um cessar-fogo, dada a exigência da Ucrânia de que a Rússia retire suas tropas como condição para qualquer acordo.
Em entrevista na quinta-feira (26) ao canal Sky News, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que “não está interessado” em se encontrar com Putin.
“Depois de uma invasão em grande escala, para mim [Putin] não é ninguém”, disse Zelensky quando perguntado se era tarde demais para negociações de paz.
*Com informações da Bloomberg e da CNN