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Ricardo Gozzi
NOVA ORDEM ECONÔMICA

Não é só a China que vai passar os EUA. Goldman Sachs vê mais um país desbancando a economia norte-americana

A Índia deve se tornar a segunda maior economia do mundo até 2075, desbancando os EUA e ficando atrás somente da China

Ricardo Gozzi
10 de julho de 2023
11:37 - atualizado às 11:14
Taj Mahal, na Índia
O Taj Mahal é um dos maiores símbolos da Índia. - Imagem: Freepik

A Índia vai se tornar a segunda maior economia do mundo. De acordo com o bancão norte-americano Goldman Sachs, isso deve ocorrer até 2075. No máximo.

Parece muito. Afinal trata-se de um horizonte superior a meio século e muita coisa pode acontecer até lá.

Há quanto tempo ouvimos que a China vai desbancar os Estados Unidos para se tornar a maior economia do planeta?

Para a maioria dos economistas, essa questão de se — não de quando — foi apenas adiada pela pandemia.

De qualquer modo, os analistas do Goldman Sachs elencaram uma série de motivos para sustentar a tese.

Quais são as maiores economias do mundo hoje

A Índia ocupa atualmente o posto de quinta maior economia do planeta.

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No processo, a expectativa é de que os indianos deixem para trás não apenas o Japão e a Alemanha, mas também os Estados Unidos.

Atualmente, as cinco maiores economias do mundo por estimativa do PIB em dólar são as seguintes:

  • Estados Unidos: US$ 25,4 trilhões
  • China: US$ 18,1 trilhões
  • Japão: US$ 4,2 trilhões
  • Alemanha: US$ 4 trilhões
  • Índia: US$ 3,4 trilhões

Por que a economia da Índia deve crescer tanto nas próximas décadas

A Índia tornou-se este ano o país mais populoso do mundo.

Além da população crescente, a Índia deve ser beneficiada pelos crescentes investimentos em inovação e tecnologia, pelo maior investimento de capital e pelo aumento da produtividade, afirmam os analistas do banco.

“Nas próximas duas décadas, a taxa de dependência da Índia será uma das mais baixas entre as economias regionais”, disse Santanu Sengupta, economista da Goldman Sachs Research para a Índia.

O gráfico a seguir mostra quais serão as cinco maiores economias do mundo em 2075, segundo a projeção do banco norte-americano.

O que é a taxa de dependência

A taxa de dependência de um país é medida pelo número de dependentes em relação à população economicamente ativa.

Uma taxa de dependência baixa sinaliza a existência proporcional de mais adultos economicamente ativos e com capacidade financeira para sustentar os jovens e os idosos.

Somada a uma taxa de mortalidade da população em queda lenta porém constante entre 2000 e 2020, a expectativa é de que a Índia se beneficie do chamado bônus demográfico.

O que a Índia precisa fazer para se beneficiar disso, segundo o Goldman

Sengupta afirma que a chave para que a Índia extraia o potencial da população em rápido crescimento é aumentar a participação de sua força de trabalho na economia.

O economista prevê que a Índia terá uma das taxas de dependência mais baixas entre as grandes economias do mundo nos próximos 20 anos.

“Portanto, essa é realmente a janela para que a Índia acerta em termos de estabelecimento de capacidade de produção, mantendo o avanço do setor de serviços e do desenvolvimento de infraestrutura”, diz ele.

O que a Índia já vem fazendo nesse sentido

O governo da Índia tem dado prioridade ao desenvolvimento de infraestrutura, especialmente na construção de estradas e ferrovias.

O orçamento do país mantém programas de concessão de empréstimos sem juros por 50 anos aos governos estaduais, a fim de estimular investimentos em infraestrutura.

Para o Goldman Sachs, este é um momento propício para que o setor privado aumente a capacidade de produção nos setores industrial e de serviços, a fim de gerar mais empregos e absorver a crescente força de trabalho.

Tecnologia e investimentos

Os investimentos em tecnologia e inovação também são vistos como fundamentais para que a Índia se mantenha na atual trajetória de crescimento econômico.

Espera-se que a receita da indústria de tecnologia da Índia aumente em US$ 245 bilhões até o fim de 2023, de acordo com a Nasscom, uma a associação comercial indiana.

Além disso, o Goldman prevê que o investimento de capital será outro propulsor de crescimento para a Índia.

“É provável que a taxa de poupança da Índia aumente com a queda dos índices de dependência, o aumento da renda e o desenvolvimento do setor financeiro, Isso provavelmente levará à formação de uma reserva de capital suficiente para impulsionar mais investimentos”, afirma o relatório do Goldman.

Mas e os riscos negativos?

O calcanhar de Aquiles da projeção do banco é a taxa de participação da população economicamente ativa.

A estimativa do Goldman depende em demasia do aumento dessa taxa.

“A taxa de participação da força de trabalho na Índia diminuiu nos últimos 15 anos”, advertem os autores do relatório.

O documento ressalta que a taxa de participação das mulheres na força de trabalho é “significativamente menor” do que a dos homens na Índia.

“Apenas 20% de todas as mulheres indianas em idade produtiva estão empregadas”, informa o banco em um outro relatório.

De acordo com o Goldman Sachs, o número baixo pode ser atribuído ao fato de as indianas estarem envolvidas principalmente em atividades que escapam às métricas do emprego formal.

Outro fator de risco encontra-se nas exportações líquidas. Elas têm sido um obstáculo ao crescimento da Índia, que opera com déficit em conta corrente.

O Goldman destaca, entretanto, que as exportações de serviços vêm amortecendo o saldo em transações correntes da Índia.

A boa notícia para a projeção é que a economia indiana é impulsionada pela demanda interna. O Goldman Sachs atribui até 60% do crescimento econômico indiano ao consumo e ao investimento internos.

Instituições como a S&P Global e o Morgan Stanley estimam que a Índia se tornará a terceira maior economia do mundo até 2030.

Para este ano, a expectativa é de que a expansão econômica da Índia desacelere para 7,2%, de crescimento de 9,1% no ano-fiscal anterior.

*Com informações da CNBC.

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