Adeus, dólar! (parte 4): Fim da hegemonia da moeda dos EUA não é questão de se, mas de quando — e América Latina será centro da ‘revolução’
Uma queda na demanda pela moeda americana poderia gerar um cenário de hiperinflação nos EUA e contagiar as demais economias emergentes
![Dólar contra yuan China usa mais própria moeda do que a americana](https://media.seudinheiro.com/uploads/2023/04/Dolar-contra-yuan-China-usa-mais-propria-moeda-do-que-a-americana-715x402.png)
O dólar deixará de ser a moeda mais utilizada para transações internacionais. Ao menos é isso que prevê Frank Giustra, co-presidente do International Crisis Group (ICG), em um novo documento publicado pelo grupo nesta quarta-feira (03).
Esta é a quarta parte de uma sequência de matérias sobre a hegemonia do dólar norte-americano como principal moeda para transações do planeta. Aqui você pode ler as partes três, dois e um.
Para embasar o argumento, o ICG volta à época do tratado de Bretton Woods, pós Segunda Guerra Mundial, que definia que o dólar teria o lastro em ouro e outros países teriam reservas em moeda norte-americana — consolidando, assim, o poder dos EUA como potência global.
Essa hegemonia durou praticamente até o ano de 1971, quando o então presidente Richard Nixon determinou que a emissão de dólar não estaria mais ligada à quantidade de ouro no Tesouro americano.
Desde então, as trocas de mercadorias, commodities e produtos seriam em dólar. Essa “majestade” durou até a suspensão da Rússia do Swift, o sistema de pagamentos internacional — e aí tudo começou a ir pelo ralo.
- Já sabe como declarar seus investimentos no Imposto de Renda 2023? O Seu Dinheiro elaborou um guia exclusivo onde você confere as particularidades de cada ativo para não errar em nada na hora de se acertar com a Receita. Clique aqui para baixar o material gratuito.
Dólar abriu uma oportunidade para a China
A impossibilidade de realizar transações com outros países aproximou a Rússia da China, que se tornou o principal parceiro comercial do país em guerra com a Ucrânia.
Esse é considerado o “marco zero” do fim da hegemonia do dólar. Isso porque outros países em desenvolvimento e membros dos BRICS — grupo composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (o S vem de South Africa) — dependem de commodities vindas da Rússia, como petróleo, fertilizantes e outros, destaca o documento do ICG.
Somado a isso, havia um ressentimento global desses países da “periferia do capitalismo” contra o dólar. A experiência de trocas usando a moeda chinesa, o renminbi — ou yuan, como é popularmente conhecida — foi vista com bons olhos.
Problemas em tirar o dólar da jogada
Na visão de Giustra, a “desdolarização” não é mais uma questão de “se” irá acontecer — mas de “quando”.
Entretanto, a retirada da “coroa” do dólar não virá sem consequências.
“Qualquer queda repentina na demanda pela moeda americana pode ter consequências desastrosas para os EUA. Isso poderia desencadear uma crise do dólar americano, levando a uma inflação muito alta — ou mesmo hiperinflação — e iniciar um ciclo de dívida e impressão de dinheiro que poderia destruir o tecido social da sociedade”, diz o relatório.
A hiperinflação dos EUA poderia contagiar a economia de outros países. Por outro lado, a dívida soberana de emergentes poderia voltar a patamares mais aceitáveis, já que o dólar mais caro dificulta o pagamento dos credores.
Alternativas à moeda norte-americana
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi uma das vozes mais ativas contra a hegemonia do dólar recentemente. Em visita à China, ele reforçou a necessidade de uma moeda comum para trocas comerciais dos BRICS.
A Argentina é um dos países que vem buscando alternativas para escassez de dólares. Já em abril, as importações argentinas em yuan devem subir para US$ 1,04 bilhão após uma série de acordos bilaterais.
No próximo mês, as trocas com a moeda chinesa devem permanecer na faixa entre US$ 790 milhões e US$ 1 bilhão.
Olimpíadas de Paris: investigação de gastos bilionários e ataque coordenado marcam a abertura dos jogos na capital da França
A cerimônia desta sexta-feira (26) acontece sob um forte esquema de segurança e sob uma investigação dos gastos bilionários do evento
O que significa o apoio do casal Obama à candidatura de Kamala Harris
Barack e Michelle Obama romperam o silêncio na manhã desta sexta-feira e endossaram a candidatura de Kamala Harris à presidência dos Estados Unidos
Após o “boom” de preços pós-pandemia, passagens aéreas ficam mais baratas em todo o mundo – e a tendência deve continuar. O que explica esse fenômeno?
Tarifas de passagens em companhias aéreas nos Estados Unidos, Europa e Austrália já caíram mais de 11% em 2024
Os juros vão cair mesmo? Por que o mercado comemorou o PIB dos EUA, mas não deveria
Indicadores econômicos divulgados nesta quinta-feira (25) reforçaram a crença dos investidores de que o primeiro corte de juros nos EUA em quatro anos vai acontecer em setembro
O que Biden deixou de dizer em discurso é mais importante do que o que ele realmente disse
Presidente norte-americano faz um balanço de sua administração, fala de manutenção da democracia, mas é vago sobre os motivos que o levaram a abandonar a disputa
Dólar livre na Argentina: Banco Central do país anuncia regras para aliviar controle sobre moeda norte-americana
Um dos objetivos da gestão Milei é unificar essas cotações em uma só e adotar o modelo de câmbio flutuante, como o do Brasil
Kamala Harris usa passado como promotora para se contrapor a Trump e seus problemas com a justiça — e já aparece em vantagem em pesquisa
Pesquisa Reuters/Ipsos mostra Kamala Harris com 2 pontos de vantagem sobre Donald Trump no voto popular, mas não é ele que decide a eleição
Acabou para Maduro? Venezuela vive dias “quentes” antes de eleição que será teste de fogo para o chavista
Faltando poucos para a eleição de domingo (28), o presidente venezuelano trabalha mais arduamente do que nunca para reforçar a lealdade das Forças Armadas
Kamala Harris já dispõe de apoio suficiente entre os democratas, mas ainda tem um caminho a percorrer até ser a candidata oficial do partido
Candidatura de Kamala Harris precisa ser ratificada pelos delegados do Partido Democrata, o que só deve acontecer em agosto
Discurso inesperado: Biden fala pela primeira vez após desistência; Harris também se pronuncia
Biden convocou uma reunião de campanha para agradecer à sua equipe pelo trabalho árduo e para reforçar o apoio à campanha presidencial de Harris