Os dias do dólar como principal moeda para trocas internacionais estão contados? No que depender da China, sim. Quem resolveu aderir ao renminbi — nome oficial dado ao dinheiro chinês, popularmente conhecido como yuan — para pagamentos transfronteiriços agora foi a Argentina.
O país passa por uma severa escassez de dólares, o que impulsionou a inflação para mais de 100% e uma desvalorização de 50% do peso argentino frente à moeda norte-americana. A decisão foi anunciada pelo ministro da Economia do país, Sergio Massa, em coletiva ontem (26).
Já em abril, as importações argentinas em yuan devem subir para US$ 1,04 bilhão após uma série de acordos bilaterais. No próximo mês, as trocas com a moeda chinesa devem permanecer na faixa entre US$ 790 milhões e US$ 1 bilhão.
“O uso do yuan para trocas comerciais não ajuda apenas a fortalecer as reservas internacionais, mas também facilita o comércio bilateral e traz maior flexibilidade”, disse Massa.
‘Choripán’ e ‘Chow Mein’: Argentina e China contra o dólar
O embaixador da China na Argentina, Zou Xiaoli, também comemorou a decisão. Ele afirmou que o país apoia os esforços da Argentina para manter a estabilidade econômica e financeira, em declaração conjunta emitida durante a visita do presidente Alberto Fernández no ano passado.
No início deste ano, o Banco Central da Argentina declarou que os países haviam oficialmente expandido seu acordo de swap cambial.
Assim, a reserva de moeda chinesa no país chegou a 130 bilhões de yuans (US$ 19,5 bilhões), com direito a mais 35 bilhões de yuans (US$ 5,25 bilhões) disponíveis para eventualidades.
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Não é só a Argentina
Não foi só a turma do choripán que se rendeu à culinária chinesa com o delicioso macarrão chow mein. A Rússia também deixou o strogonoff de lado para dar uma garfada na cumbuca da China.
O país já realiza mais de 70% das suas transações internacionais em yuan, segundo o ministro de finanças da Rússia, Anton Siluanov.A China também recentemente anunciou que pretende ampliar o uso do yuan digital (também chamado de e-CNY), a versão digital da moeda chinesa, para pagamentos transfronteiriços.
A expectativa é de que o país estenda o uso para as nações que integram a Nova Rota da Seda — da qual a Argentina e mais 139 países fazem parte.