Cessar-fogo e libertação de reféns: o que está por trás da mudança de posição de Israel ao aceitar a trégua
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, vinha assumindo uma postura implacável desde os ataques do Hamas, em 7 de outubro; saiba o que pode ter feito ele ceder
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que só pararia com a guerra contra o Hamas quando o grupo fosse desmantelado — e o que se viu foi uma contraofensiva impiedosa em resposta aos ataques de 7 de outubro. Só que o que parecia impossível aconteceu na noite de terça-feira (21): um cessar-fogo em Gaza. Seria esse o primeiro sinal do fim do conflito?
Embora tenha firmado acordo que prevê uma trégua temporária na Faixa de Gaza, o governo de Israel reforçou o compromisso em continuar a guerra na região para completar a "eliminação do Hamas e evitar a existência de ameaças” ao país.
O cessar-fogo temporário se dará assim: na primeira fase, o Hamas libertará 50 mulheres e crianças nos próximos quatro dias — período no qual haverá uma pausa nos combates.
"A soltura de cada dez novos reféns resultará em um dia adicional de pausa", disse o governo israelense, em comunicado.
Além disso, espera-se que cerca de 150 mulheres e crianças palestinas sejam libertadas das prisões em Israel — que também teria concordado, segundo fontes, em interromper a vigilância com drones no norte de Gaza durante seis horas por dia
Os estrangeiros mantidos como reféns, no entanto, não estão inclusos no acordo principal, mas ainda podem fazer parte de pactos separados que garantam sua liberação durante o período de trégua.
Israel: algo mudou?
Provavelmente seria equivocado sugerir que o cessar-fogo temporário representa um abrandamento da posição de Netanyahu.
O primeiro-ministro de Israel tem sido inflexível na missão de eliminar o Hamas como força militar e política em Gaza — e parece apegado a essa abordagem, de cujo sucesso depende o seu próprio futuro político.
Mas não dá para ignorar o fato de que Netanyahu e o gabinete de guerra — que inclui o ministro da Defesa linha dura, Yoav Gallant — têm estado sob intensa pressão para fazer mais por parte das famílias dos reféns, que organizaram uma enorme marcha de cinco dias até Jerusalém na semana passada.
- Leia também: Bomba nuclear em Gaza: China reage à posição de Israel e Netanyahu dá explicação pública
Os analistas israelenses atribuem a aparente mudança de atitude de Netanyahu à movimentação desses familiares e também a uma compreensão tardia de que as Forças de Defesa de Israel (IDF) e o sistema de segurança têm um dever com os cidadãos de Israel que vai além da destruição do Hamas.
“O sistema de defesa, sendo responsável pelo terrível fracasso que permitiu o massacre de 7 de outubro, deve ser retificado. E a retificação não termina com a conquista de território e a morte de terroristas. Em primeiro lugar, envolve um esforço para trazer pelo menos as mães e crianças entre os reféns de volta para casa”, escreveu o colunista do Haaretz, Amos Harel.
Especula-se também que a mudança de Netanyahu pode ter sido influenciada de forma crítica pelo seu encontro com famílias dos reféns, após semanas durante as quais se recusou a encontrá-las.
O premiê e o seu partido Likud perderam a confiança da maioria dos eleitores, que os culpam pelos lapsos e pela complacência com o 7 de Outubro. As pesquisas sugerem que perderiam uma eleição se esta fosse realizada agora.
Fato é que o gabinete de guerra está dividido, com a linha dura, incluindo Netanyahu, convencida de que a pressão militar implacável é a melhor forma de enfraquecer o Hamas e convencer o seu líder em Gaza, Yahya Sinwar, a libertar os cativos, enquanto outros argumentam que Israel deve conseguir o que pode agora antes que a pressão internacional para recuar em Gaza se torne ainda maior.
A DINHEIRISTA - Posso deixar meu marido sem herança? Estou muito doente e ele se recusa a cuidar de mim!
A reação internacional
Os líderes internacionais saudaram o acordo entre Israel e o Hamas para uma trégua, que deverá entrar em vigor na manhã de quinta-feira (23).
O Catar e o Egipto foram negociadores-chave no acordo, com ambos os países indicando que esperam que seja um passo em direcção a um cessar-fogo e a uma solução a longo prazo.
Os EUA foram outro negociador principal, com o secretário de Estado Antony Blinken afirmando que o acordo marcava “um progresso significativo”, mas prometendo que os EUA “não descansarão enquanto o Hamas continuar a manter reféns em Gaza”.
O presidente da França, Emmanuel Macron, também deu as boas vindas aos cessar-fogo e disse que segue trabalhando pela libertação de todos os reféns.
*Com informações da CNN Internacional e do The Guardian
Um perigo à espreita: como EUA e China podem colocar a economia mundial em risco — de novo
Gita Gopinath diz que acontecimentos como a pandemia e a invasão da Ucrânia pela Rússia perturbaram as relações comerciais globais de uma forma nunca vista desde a Guerra Fria e mais pode estar por vir
China não deixa barato: Gigante asiático responde a ofensiva dos EUA sobre a Huawei
Em mais um esforço para conter o avanço chinês, os EUA revogaram licenças de exportação que permitiam que empresas norte-americanas enviassem semicondutores para a chinesa
“Odeio Trump”, diz Stormy Daniels — o depoimento da pivô do caso que pode levar Trump à prisão
A estrela pornô testemunhou nesta terça-feira (7) sobre a relação com o ex-presidente norte-americano e disse que quer ele seja preso se for condenado no julgamento criminal
Javier Milei é “buy”? Elon Musk recomenda investimento na Argentina e bolsa local sobe mais de 3%
Após um encontro com o presidente argentino e a secretária geral da presidência, Karina Milei, o bilionário postou uma foto, comentando na sequência: “eu recomendo investir na Argentina”
O recado da China à Europa: o que o presidente Xi Jinping foi fazer na França após cinco anos — e não é só comércio
Ainda esta semana, o presidente chinês fará escalas na Sérvia e na Hungria, aliados da Rússia que cortejaram o investimento chinês
Fim da guerra em Gaza? Hamas concorda com cessar-fogo, mas trégua ainda não está garantida. Veja a resposta de Israel
O cessar-fogo está sendo articulado em um momento em que Netanyahu planeja a invasão por terra da na cidade de Rafah, no sul de Gaza — em uma ofensiva prometida há semanas
Por que o dado negativo de emprego nos EUA anima os mercados e pode fazer você ganhar dinheiro na bolsa
A economia norte-americana abriu menos vagas do que o esperado em abril e a taxa de desemprego subiu no período — isso pode ser uma boa notícia para os investidores; descubra as razões
Paciência no limite? Biden solta o verbo e não perdoa nem mesmo um grande aliado dos EUA
O presidente norte-americano comparou o aliado à China e à Rússia; saiba o que ele disse e a razão para isso
O milagre de Milei será adiado? A Via Sacra da Argentina até o crescimento econômico na visão da OCDE
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) projeta, no relatório Perspectiva Econômica divulgado nesta quinta-feira (2), que o PIB da Argentina sofrerá contração de 3,3% em 2024
Os juros não sobem mais nos EUA? A declaração de Powell que animou os investidores — e os dois fatores determinantes para a taxa começar a cair
Na decisão desta quarta-feira (1), o comitê de política monetária do Fed manteve a taxa de juros inalterada como era amplamente esperado; foi Powell o encarregado de dar os sinais ao mercado
Leia Também
-
Fim da guerra em Gaza? Hamas concorda com cessar-fogo, mas trégua ainda não está garantida. Veja a resposta de Israel
-
Exército russo tem avanço diário sobre Ucrânia, que enfrenta soldados exaustos após mais de dois anos de guerra
-
Deputados dos Estados Unidos aprovam novo pacote bilionário de apoio à Ucrânia — e Putin não deve deixar ‘barato’