A crise das empresas de tecnologia também parece ter atingido a gigante Shein — por mais que a varejista chinesa continue o seu crescimento pelo globo. E isso não tem nada a ver com os planos frustrados de taxação por parte do governo brasileiro.
De acordo com informações do Wall Street Journal, a companhia acaba de finalizar uma nova rodada de captação de recursos com sucesso, levantando cerca de US$ 2 bilhões, mas a operação contou com uma peculiaridade — um valor de mercado de "apenas" US 66 bilhões, o que equivale a um terço do preço visto um ano antes.
A nova rodada de financiamento foi liderada pelos fundos Sequoia Capital, General Atlantic e o Mubadala. Investidores antigos foram atribuídos com mais ações para que mantivessem a sua fatia na companhia.
No ano passado, a empresa registrou uma receita de R$ 23 bilhões, com um lucro líquido de mais de US$ 800 milhões. Para algumas fontes ouvidas pela reportagem do WSJ, o valor de mercado mais baixo deixa espaço para que em uma eventual abertura de capital (IPO, na sigla em inglês) dê fôlego ao valor da empresa.
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IPO da Shein?
Chegar às bolsas, no entanto, pode ser uma missão difícil.
Em todo o mundo, crescem as dúvidas sobre a cadeia produtiva da Shein e as razões pelas quais a companhia chinesa consegue manter os seus preços tão baixos, ganhando bilhões de dólares de receita do varejo tradicional.
Nos Estados Unidos, há questionamentos sobre a proveniência do algodão utilizado para a fabricação das roupas e também das condições de trabalho na companhia — questões que vão além do já usual entrave entre EUA e China.
Um grupo bipartidário, com mais de 20 assinaturas, enviou à Comissão de Valores Mobiliários americana (SEC, na sigla em inglês), um pedido para que a SEC investigue a cadeia de produção da companhia antes de permitir que uma oferta de ações seja realizada nas bolsas americanas.
De acordo com a Shein, nenhum de seus fornecedores é da região de Xinjiang, localidade proibida pela legislação americana, e há zero tolerância para qualquer tipo de trabalho forçado.
Fundada em 2008, em Nanjing, na China, a Shein alcançou o estrelato ao longo da pandemia do coronavírus, com a venda de roupas e produtos a preços mais acessíveis do que os tradicionalmente encontrados no varejo tradicional.
A companhia, no entanto, é acusada de alimentar um ciclo de consumo excessivo, com coleções curtas e produtos pouco duráveis. Para rebater as acusações, a empresa tem investido em um programa de reciclagem de produtos usados — mas com um alcance limitado.
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