A Copel (CPLE6) corre o risco de virar uma nova Eletrobras (ELET6)? Saiba o que esperar das ações da ex-estatal na B3 após a privatização
O maior temor é o de que a Copel esteja fadada a percorrer o mesmo caminho da ex-estatal federal, que vem enfrentando uma série de resistências do governo
A oferta de ações que tirou a Copel (CPLE3; CPLE6) do controle do governo do Estado do Paraná completa um mês nesta semana. Mas o que deveria ser motivo de euforia no mercado ainda provoca desconfiança em parte dos investidores. E parte da “culpa” é da Eletrobras.
O maior temor é o de que a Copel esteja fadada a percorrer o mesmo caminho da ex-estatal federal, que vem enfrentando uma série de resistências do governo após a eleição do presidente Lula. Como resultado, as ações ELET3 amargam uma queda de mais de 10% desde a privatização, em junho do ano passado.
De fato, a Copel adotou um caminho de privatização semelhante ao da Eletrobras, por meio de uma oferta de ações que movimentou R$ 5,2 bilhões ao todo. Foi a segunda maior operação na B3 neste ano até agora, atrás apenas da captação da BRF.
A oferta de ações diluiu a participação do Estado do Paraná no capital da Copel, de 31% para 15,6% — e de 69,66% para 26,96% do total de ações com direito a voto. Assim, a Copel se tornou uma sociedade com capital disperso e sem acionista controlador, sendo, enfim, privatizada.
Só que a saída do Estado do comando da Copel ainda não empolgou o mercado. As ações da ex-estatal (CPLE3) andam praticamente de lado desde o follow on, embora acumulem ganho de 20% no acumulado do ano, na expectativa da privatização.
Mas por que o mercado está preocupado com o futuro da Copel, já que a privatização correu dentro dos conformes? O Seu Dinheiro conversou na última semana com gestores e analistas e mostra por que o temor de a empresa repetir os “erros” da Eletrobras parece exagerado.
Leia Também
A Copel e a Eletrobras
O principal receio envolvendo a desestatização da Copel recai justamente nos desdobramentos da privatização da Eletrobras — mais especificamente, nos problemas da companhia com o governo, que se mantém como um acionista relevante.
Em março, a União entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para contestar a cláusula no estatuto que limita o poder de voto dos acionistas a 10% do capital.
Se aprovada pelo STF, a reversão da limitação de votos da União na Eletrobras abriria precedentes para que a situação se repetisse para a Copel.
O alerta para a companhia paranaense de energia se acendeu quando, nos “finalmentes” da privatização, o BNDES gerou ruídos no processo de venda da elétrica.
Acionista minoritário da companhia, o banco público fez com que dois itens fossem retirados da pauta da privatização: a conversão de ações preferenciais classes A e B em ações ordinárias e a migração da companhia para o Novo Mercado da B3.
Para aderir ao Novo Mercado, as companhias precisam cumprir uma série de regras rígidas de governança. Entre elas, a conversão de todas as ações em ordinárias (com direito a voto).
Desta vez vai ser diferente
Ainda que parte do mercado tenha receios sobre o futuro da Copel privatizada, quem acompanha a empresa de perto avalia que a companhia elétrica paranaense está mais blindada contra potenciais intervenções governamentais e que não deve repetir os passos da Eletrobras.
Uma das razões é a estrutura de capital da companhia. Ao contrário do que acontece na holding, na qual a União manteve pouco mais de 40% do capital, a participação remanescente do governo paranaense na Copel é menor, o que reduz o risco político caso haja uma mudança na gestão do Estado.
E quanto à presença do BNDES no capital da Copel? Para um gestor de fundos que analisou a companhia, o banco público não deve ser um empecilho para a empresa cumprir os planos da privatização.
Agora fora do ninho do Estado, a Copel ganha maior agilidade na tomada de decisões, incluindo iniciativas de redução de custos e geração de receita. Além disso, o plano de reforço nas linhas de transmissão da Copel e o potencial de dividendos no futuro também atraem os analistas.
Procurada pela reportagem do Seu Dinheiro, a Copel preferiu não comentar sobre os projetos da empresa e os riscos que envolvem o negócio.
De todo modo, a companhia já deu início ao plano de redução de custos operacionais, com o anúncio de um programa de demissão voluntária (PDV) de R$ 300 milhões.
A empresa não revelou as estimativas da quantidade de funcionários que devem aderir ao programa nem quanto dinheiro espera economizar a longo prazo com o PDV.
Afinal, vale a pena comprar as ações?
Apesar da atual desconfiança dos investidores, os analistas que cobrem a Copel estão otimistas com o futuro da empresa privatizada. Tanto que, dos 11 profissionais que cobrem a companhia, 9 recomendam a compra dos papéis CPLE6, de acordo com dados da Bloomberg.
O preço-alvo dos analistas aponta potencial de valorização de 17,9% para as ações, mas os gestores mais otimistas com a empresa falam em potencial para o médio prazo bem maior. Caso a companhia cumpra os planos da privatização, os papéis podem até dobrar de valor, nos cálculos um profissional ouvido pelo Seu Dinheiro.
O Bank of America já possuía recomendação de compra para as ações da Copel, mas ficou ainda mais otimista após a privatização. Os analistas elevaram o preço-alvo das ações CPLE6, de R$ 10,20 para R$ 12, e das units CPLE11, de R$ 51 para R$ 60.
Para o BofA, a ação da Copel está com uma avaliação descontada e possui a relação de risco e retorno mais atraente da cobertura do banco no setor.
Os analistas projetam uma taxa interna de retorno (TIR) real de 11,5% para CPLE6, “assumindo iniciativas de corte de custos de baixo risco e baixa exposição aos preços de energia”.
Depois da privatização, a Copel também se tornou a ação favorita do JP Morgan no setor de energia. Para os analistas, a ex-estatal possui um valuation atrativo com riscos de queda limitados e deve ser uma das companhias mais rentáveis do setor elétrico.
O banco possui recomendação de compra para os papéis, com preço-alvo de R$ 60 para as units da empresa (CPLE11), equivalente a um potencial de alta de 39% em relação ao último fechamento.
“Nós vemos a Copel (CPLE11) negociando próxima da CPFL Energia (CPFE3), como uma companhia de maior qualidade, diversificada e de crescimento modesto. Esperamos que a Copel continue melhorando a eficiência e lucratividade, agora que é uma corporação privada”, afirma o JPM.
Os analistas enxergam dois principais gatilhos que podem impulsionar as ações da Copel: a alocação de capital, com a venda de ativos e outras medidas de eficiência, e o potencial de dividendos mais elevados.
A projeção se baseia no potencial da paranaense em se tornar “uma verdadeira corporação, com potencial para governança corporativa superior, um mix de negócios mais diversificado e exposição nula ao risco de renovação de concessões nos próximos 5 anos.”
No começo de agosto, o Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou o processo de renovação da concessão de três das principais usinas hidrelétricas da Copel por mais 30 anos.
O valor estabelecido pelo governo no processo foi de R$ 3,719 bilhões, a título de bônus de outorga. Segundo a empresa, parte do dinheiro da privatização será usado no pagamento.
Os riscos de Copel para além do governo Lula
Na visão do JP Morgan, existem três principais riscos para a tese de investimento em Copel — e eles em nada têm a ver com a gestão de Lula. O primeiro remete ao desempenho da empresa após a privatização.
“Já presumimos cortes de custos, maiores eficiências e melhor alocação de capital, mas se a privatização for menos benéfica para a Copel do que esperamos, veríamos um risco negativo para a nossa avaliação e preço-alvo”, afirma o JPM, em relatório.
O banco norte-americano ainda considera outros dois riscos à avaliação da Copel: preços de energia mais baixos para novos contratos de energia e a participação da companhia em novos projetos greenfield com retornos desfavoráveis.
Vale lembrar que a Copel anunciou há dois meses um reajuste das tarifas médias de energia para os consumidores em 10,50%. O percentual deve permanecer em vigor durante um ano, até junho de 2024.
Já em relação aos projetos, desde 2022, a empresa busca oportunidades brownfield e greenfield por meio de leilões no segmento de transmissão. Segundo o CEO da Copel, Daniel Slaviero, a companhia paranaense pretende fazer parcerias para entrar em novos negócios nesse segmento.
Americanas (AMER3) aceita nova proposta da BandUP! para a venda da Uni.Co, dona da Imaginarium e Pucket; entenda o que falta para a operação sair do papel
A nova oferta conta com os mesmos termos e condições da proposta inicial, porém foi incluído uma provisão para refletir novas condições do edital de processo competitivo
Vale tudo pelos dividendos da Petrobras (PETR4)? O que esperar do plano estratégico em ano de eleição e petróleo em queda
A estatal está programada para apresentar nesta quinta-feira (27) o novo plano de negócios para os próximos cinco anos; o Seu Dinheiro foi atrás de pistas para contar para você o que deve ser divulgado ao mercado
Lula mira expansão da Petrobras (PETR4) e sugere perfuração de gás em Moçambique
O presidente afirmou que o país africano tem muito gás natural, mas não tem expertise para a extração — algo que a Petrobras pode oferecer
Mais um adeus à B3: Controladora da Neoenergia (NEOE3) lança OPA para comprar ações e retirar empresa da bolsa
A espanhola Iberdrola Energia ofereceu um prêmio de 8% para o preço dos papéis da Neoenergia; confira o que acontece agora
Banco Master: Light (LIGT3) e Gafisa (GFSA3) dizem não ter exposição ao banco, após questionamentos da CVM
A Light — em recuperação judicial — afirmou que não mantém qualquer relação comercial, operação financeira ou aplicação ligada ao Banco Master ou a instituições associadas ao conglomerado.
Hapvida (HAPV3) revive pesadelo do passado… só que pior: além do balanço, o que realmente está por trás da queda de 42% em um dia?
Não é a primeira vez que as ações da Hapvida são dilaceradas na bolsa logo após um balanço. Mas agora o penhasco foi maior — e tem muito mais nisso do que “só” os números do terceiro trimestre
Sem esclarecer irregularidades, Banco Master diz não ser responsável por R$ 12,2 bilhões repassados ao BRB
Segundo o Master, a empresa que deu origem ao crédito foi a responsável pela operação e pelo fornecimento da documentação com irregularidades
Após privatização e forte alta, Axia Energia (AXIA3), Ex-Eletrobras, ainda tem espaço para avançar, diz Safra
O banco Safra reforçou a recomendação outperform (equivalente a compra) para a Axia Energia após atualizar seus modelos com os resultados recentes, a nova política de dividendos e premissas revisadas para preços de energia. O banco fixou preço-alvo de R$ 71,40 para AXIA3 e R$ 77,60 para AXIA6, o que indica retorno potencial de 17% […]
Neoenergia (NEOE3) levanta R$ 2,5 bilhões com venda de hidrelétrica em MT, mas compra fatia na compradora e mantém participação indireta de 25%
Segundo a Neoenergia, a operação reforça sua estratégia de rotação de ativos, com foco na otimização do portfólio, geração de valor e disciplina de capital.
Hapvida (HAPV3): Itaú BBA segue outras instituições na avaliação da empresa de saúde, rebaixa ação e derruba preço-alvo
As perspectivas de crescimento se distanciaram das expectativas à medida que concorrentes, especialmente a Amil, ganharam participação nos mercados chave da Hapvida, sobretudo em São Paulo.
BRB já recuperou R$ 10 bilhões em créditos falsos comprados do Banco Master; veja como funcionava esquema
Depois de ter prometido mundos e fundos aos investidores, o Banco Master criou carteiras de crédito falsas para levantar dinheiro e pagar o que devia, segundo a PF
Banco Master: quem são os dois empresários alvos da operação da PF, soltos pela Justiça
Empresários venderam carteiras de crédito ao Banco Master sem realizar qualquer pagamento, que revendeu ao BRB
Uma noite sobre trilhos: como é a viagem no novo trem noturno da Vale?
Do coração de Minas ao litoral do Espírito Santo, o Trem de Férias da Vale vai transformar rota centenária em uma jornada noturna inédita
Com prejuízo bilionário, Correios aprovam reestruturação que envolve demissões voluntárias e mais. Objetivo é lucro em 2027
Plano prevê crédito de R$ 20 bilhões, venda de ativos e cortes operacionais para tentar reequilibrar as finanças da estatal
Supremo Tribunal Federal já tem data para julgar acordo entre Axia (AXIA3) e a União sobre o poder de voto na ex-Eletrobras; veja
O julgamento acontece após o acordo entre Axia e União sobre poder de voto limitado a 10%
Deixe o Banco do Brasil (BBAS3) de lado: para o Itaú BBA, é hora de olhar para outros dois bancões — e um deles virou o “melhor da bolsa”
Depois da temporada de balanços do terceiro trimestre, o Itaú BBA, que reiterou sua preferência por Nubank (ROXO33) e Bradesco (BBDC4), enquanto rebaixou a indicação do Santander (SANB11) de compra para neutralidade. Já o Banco do Brasil (BBAS3) continua com recomendação neutra
O novo trunfo do Magazine Luiza (MGLU3): por que o BTG Pactual vê alavanca de vendas nesta nova ferramenta da empresa?
O WhatsApp da Lu, lançado no início do mês, pode se tornar uma alavanca de vendas para a varejista, uma vez que já tem mostrado resultados promissores
5 coisas que o novo Gemini faz e você talvez não sabia
Atualização do Gemini melhora desempenho e interpretação de diferentes formatos; veja recursos que podem mudar sua rotina
Vibra (VBBR3) anuncia R$ 850 milhões em JCP; Energisa (ENGI11) e Lavvi (LAVV3) anunciam mais R$ 500 milhões em dividendos
Vibra e Energisa anunciaram ainda aumentos de capital com bonificação em ações; veja os detalhes das distribuições de dividendos e ações
Nvidia (NVDC34) tem resultados acima do esperado no 3T25 e surpreende em guidance; ações sobem no after market
Ações sobem quase 4% no after market; bons resultados vêm em meio a uma onda de temor com uma possível sobrevalorização ou até bolha das ações ligadas à IA
