Mais um processo foi aberto pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nesta segunda-feira (16) para investigar a Americanas (AMER3) após a companhia divulgar, na semana passada, uma inconsistência contábil estimada em R$ 20 bilhões em seus balanços, que podem elevar a sua dívida para R$ 40 bilhões.
Agora, a xerife do mercado de capitais tem quatro processos abertos para investigar a varejista, que pode vir a pedir recuperação judicial num futuro próximo.
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A Americanas conseguiu, na Justiça do Rio, uma tutela de urgência cautelar que a protege de ter suas dívidas executadas por credores em razão da divulgação do rombo bilionário, o que é considerado uma preparação para um pedido de RJ.
Um dos processos na CVM tem como partes interessadas, além das próprias Americanas, a Associação Brasileira de Investidores (Abradin), a PwC, empresa responsável por auditar as demonstrações financeiras da varejista, e a B3, operadora da bolsa de valores brasileira.
Relembre o imbróglio envolvendo a Americanas (AMER3)
A revelação da inconsistência contábil nos balanços das Americanas no último dia 11, junto com a divulgação da saída do então CEO, Sergio Rial, e do CFO e diretor de relações com investidores, André Covre, derrubou as ações AMER3 em mais de 70% no dia seguinte. De lá para cá, os papéis já derreteram 83%.
A oscilação foi forte também entre os títulos de dívida da empresa no mercado de debêntures. O evento, assim, machucou tanto os sócios quanto os credores da companhia.
Agora, o mercado - sobretudo os bancos credores - esperam que os acionistas de referência - o trio de empresários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira - façam um aporte bilionário na companhia.
Há quem também já esteja recorrendo à Justiça para receber o que deve. Com as correções no balanço, a Americanas certamente terá seus indicadores de liquidez e endividamento bagunçados, condição que normalmente consiste em quebra de contrato em financiamentos, dando ao credor o direito de executar a dívida.
O BTG é um desses credores, que já entrou na Justiça pelo direito de manter o pagamento efetuado pela companhia a uma dívida de R$ 1,2 bilhão, que venceu antecipadamente em razão da divulgação do rombo. O referido pagamento corre o risco de ser desfeito pela tutela obtida pela companhia.
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