🔴 ESTA FERRAMENTA PODE MULTIPLICAR SEU INVESTIMENTO EM ATÉ 285% – SAIBA MAIS

Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com pós-graduação em Finanças Corporativas e Investment Banking pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Trabalhou com produção de reportagem na TV Globo e foi editora de finanças pessoais de Exame.com, na Editora Abril.
Risco para os credores

O que são covenants e o que isso tem a ver com o rombo de R$ 20 bilhões das Americanas (AMER3)?

Ainda que não tenha efeito no caixa da companhia, inconsistência contábil deve aumentar o endividamento e estourar os chamados covenants; entenda o que são e por que isso poderia ser um problema para as Americanas

Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
12 de janeiro de 2023
14:59 - atualizado às 15:53
Fachada de unidade da rede Lojas Americanas Express (AMER3 LAME3 LAME4), na Avenida Paulista, região central de São Paulo
Fachada de unidade da rede Lojas Americanas Express, na Avenida Paulista, região central de São Paulo. - Imagem: Estadão Conteúdo/Itaci Batista

As "inconsistências contábeis" estimadas em R$ 20 bilhões descobertas nas demonstrações financeiras das Americanas (AMER3) têm "efeito caixa imaterial", segundo a companhia, mas têm tudo para bagunçar os indicadores de endividamento da empresa, ocasionando um estouro dos chamados covenants.

O que são covenants e para que servem

O termo covenant, mais conhecido de quem investe em títulos de dívida de empresas do que em ações, designa, neste caso, indicadores ou métricas financeiras que uma empresa precisa manter em certos níveis como forma de sinalizar a seus credores que tem capacidade de cumprir suas obrigações - ou, em bom português, pagar as suas dívidas.

Num sentido mais amplo, covenants são quaisquer tipo de obrigações acordadas entre as partes de um contrato para fazê-lo valer. Podem abarcar obrigações de se fazer ou não fazer algo - por exemplo, manter determinada composição societária, apresentar determinadas informações ao mercado periodicamente ou utilizar os recursos advindos do financiamento apenas para certo tipo de projeto.

  • Quais empresas vão para o ‘ralo’ junto com AMER3? Segundo CEO da Empiricus Research, outras duas ações também podem sofrer desvalorizações bruscas após o ‘rombo’ descoberto em Americanas. SAIBA AQUI QUAIS SÃO ELAS

Os covenants são definidos em contrato e, se forem descumpridos, a outra parte tem direito a medidas compensatórias ou a tomar medidas legais.

No caso de covenants financeiros, que é o caso quando falamos de dívidas de empresas, eles geralmente abarcam indicadores de liquidez e alavancagem, um teto para o endividamento ou até mesmo a classificação de risco concedida por uma agência de rating.

Para emprestar dinheiro para a companhia, o credor - digamos, um banco - exige que a empresa mantenha, por exemplo, a sua relação dívida líquida/Ebitda ou Ebitda/despesas financeiras em determinado patamar ou faixa - sendo o Ebitda o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês.

Os covenants, assim, servem como uma espécie de garantia - em adição a eventuais outras garantias que a empresa tomadora de crédito possa apresentar -, de forma a dar segurança ao credor de que a devedora não perderá controle das suas finanças. Também contribuem para reduzir os juros da dívida da empresa que se dispõe a cumpri-los.

Em geral, se a empresa tomadora do crédito não for capaz de manter os seus indicadores dentro do que foi acertado - isto é, estourar os covenants - o credor tem o direito de executar a dívida antecipadamente. Para evitar que isso ocorra, as partes podem também repactuar os covenants.

Por que isso poderia ser um problema para as Americanas (AMER3)

O rombo identificado no balanço das Americanas certamente aumentará muito o endividamento da companhia quando as demonstrações financeiras hoje erradas forem republicadas com a correção.

Isso provavelmente levará a um estouro dos níveis de liquidez e alavancagem considerados aceitáveis pelos credores da varejista que porventura tenham acertado covenants para conceder o crédito, o que pode incluir bancos e outros investidores detentores de debêntures.

Num efeito cascata, isso poderia levar a um aumento das despesas financeiras da companhia ou até a execução de garantias. A pressão dos credores e a falta de capacidade de pagar imediatamente tamanha obrigação, por sua vez, poderia levar a varejista a precisar entrar com um pedido de recuperação judicial.

Segundo apurou o jornal Valor Econômico, no entanto, o comando das Americanas já procurou seus principais bancos credores, que concordaram em rolar a dívida da companhia, o que pode prevenir um eventual pedido de RJ.

Em teleconferência na manhã desta quinta-feira o agora ex-CEO da varejista, Sérgio Rial, já havia dito que sentia receptividade dos bancos a um possível acordo de suspensão da cobrança das dívidas.

Ele acrescentou, ainda, que as Americanas não têm dívidas relevantes de curtíssimo prazo e que teria caixa para pagar o primeiro grande vencimento, em 2025.

Do ponto de vista dos credores, o analista do Bradesco BBI, Gustavo Schroden, estima que o rombo das Americanas impactaria o patrimônio líquido dos seis bancos que a casa cobre em 4,5%.

Como não é possível precisar a exposição de cada um deles à empresa, especificamente, o analista analisou a exposição de cada banco ao segmento de varejo. Nesse sentido, Santander (SANB11) e BTG Pactual (BPAC11) são os que têm maior exposição, com cerca de 7% do total de empresas.

Acionistas precisarão socorrer a companhia

Para atravessar esta fase difícil, as Americanas precisarão de uma capitalização bilionária dos acionistas, segundo Rial.

Nos cálculos do analista da Empiricus Research, Fernando Ferrer, a capitalização da varejista pode chegar a US$ 2 bilhões. O número considera os compromissos futuros e também o endividamento da empresa, que deve ser equacionado para um patamar de três vezes a relação Dívida Líquida/Ebitda.

Acionista de referência da varejista, a 3G Capital - veículo de investimento do trio de empresários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira - já se comprometeu com a injeção de capital, o que, no entanto, deve diluir os acionistas que não toparem colocar mais dinheiro na empresa.

Após passar toda a manhã em leilão, as ações AMER3 finalmente começaram a ser negociadas no início da tarde desta quinta-feira, em queda de 76%. Acompanhe a nossa cobertura completa de mercados.

Compartilhe

O SINAL AMARELOU

Assembleia da Light (LIGT3) é suspensa sem votação do plano de recuperação judicial; veja quando os credores voltarão a se reunir

25 de abril de 2024 - 19:20

O documento, que explica em detalhes como a empresa planeja pagar seus credores e quais medidas serão adotadas para fortalecer o caixa, voltará a ser apreciado na próxima semana

BALANÇO DOS SHOPPINGS

Com receita em alta e despesas ‘bem-comportadas’ Multiplan (MULT3) tem lucro recorde no primeiro trimestre

25 de abril de 2024 - 18:44

A companhia, que completou 50 anos neste mês, lucrou R$ 267 milhões no período, o maior valor já registrado para um primeiro trimestre

DEU NA BUSCA

Procurando por dividendos? Dona do Google responde com os primeiros proventos da história do grupo — ações avançam mais de 13%

25 de abril de 2024 - 18:02

Vale lembrar que, em fevereiro, o conselho da Meta autorizou o pagamento dos primeiros dividendos da dona do Instagram, Whatsapp e Facebook

CONFIRA AS DATAS

Ainda sem privatização, mas com dividendos: Sabesp (SBSP3) anuncia quase R$ 1 bilhão em proventos aos acionistas

25 de abril de 2024 - 17:30

Terá direito ao pagamento, que está marcado para 24 de junho deste ano, quem estava na base de acionistas da Sabesp hoje

PASSOU!

Dividendos extraordinários da Petrobras (PETR4): acionistas batem o martelo para o pagamento de R$ 21,9 bilhões

25 de abril de 2024 - 14:55

O pagamento dos outros 50% ainda este ano também foi aprovada, segundo o Broadcast e a CNN Brasil, mas a decisão sobre a data exata deve sair até 31 de dezembro

DUELO DE GIGANTES

Vale (VALE3) e a megafusão: CEO da mineradora brasileira encara rivais e diz se pode entrar na briga por ativos da Anglo American

25 de abril de 2024 - 14:14

Os executivos da Vale também comentaram sobre os resultados da companhia no primeiro trimestre de 2024 e dizem se há chances de distribuição de dividendos extraordinários este ano

ACORDO ENTRE HERMANOS

Petrobras (PETR4) firma nova parceria para exploração de gás com estatal argentina Enarsa; entenda por que a empresa está na mira de Milei

25 de abril de 2024 - 12:46

Em meio aos perigos de nova crise energética, parceria entre Petrobras e Enarsa busca ajudar abastecimento da Argentina

NOVA MESCLA

Mais problemas para a Vale (VALE3)? Como a oferta de quase US$ 40 bilhões da BHP pela Anglo American pode afetar a brasileira

25 de abril de 2024 - 12:03

Ações da Anglo, que detém reservas de minério de ferro no Brasil, saltavam 13,5% em Londres após o anúncio

PAPEL DE HERÓI E VILÃO

Klabin (KLBN11): lucro líquido desaba mais de 60% no 1T24, mas acionistas vão receber R$ 330 milhões em dividendos 

25 de abril de 2024 - 10:08

O balanço da empresa de papel e celulose trouxe um lucro menor, queda na receita e aumento na queima de caixa. Veja os destaques do resultado

EFEITO BYD?

Como a “invasão” dos carros chineses impacta as locadoras como a Localiza (RENT3) e a Movida (MOVI3)

25 de abril de 2024 - 6:10

Entrada dos carros elétricos chineses tende a colocar ainda mais pressão sobre as locadoras no momento da revenda dos seminovos; ações acumulam forte queda em 2024

Fechar
Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Continuar e fechar