🔴 COPOM À VISTA: RECEBA EM PRIMEIRA MÃO 3 TÍTULOS PARA INVESTIR APÓS A DECISÃO – ACESSE GRATUITAMENTE

Vinícius Pinheiro

Vinícius Pinheiro

Diretor de redação do Seu Dinheiro. Formado em jornalismo, com MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela FIA, trabalhou nas principais publicações de economia do país, como Valor Econômico, Agência Estado e Gazeta Mercantil. É autor dos romances O Roteirista, Abandonado e Os Jogadores

SD ENTREVISTA

O mercado tentou “peitar” o Banco Central, mas foi forçado a se render e Selic deve terminar ciclo de cortes em dois dígitos, diz ex-BC

O risco maior hoje é o de o BC reduzir o ritmo de redução da Selic antes do esperado, afirma Reinaldo Le Grazie, sócio da Panamby Capital

Vinícius Pinheiro
Vinícius Pinheiro
5 de outubro de 2023
7:01 - atualizado às 10:58
Reinaldo Le Grazie, ex-diretor do Banco Central e sócio da Panamby Capital
Reinaldo Le Grazie, ex-diretor do Banco Central e sócio da Panamby Capital - Imagem: Beto Nociti/BCB

O mercado financeiro se envolveu em batalhas contra o Banco Central sobre o futuro das taxas de juros no Brasil e no exterior, mas foi forçado a se render em ambas. A visão é de Reinaldo Le Grazie, ex-diretor do BC e sócio da Panamby Capital.

Por aqui, os investidores tentaram antecipar um ciclo de queda mais agressivo da taxa básica de juros (Selic) do que as sinalizações do Comitê de Política Monetária (Copom).

No melhor momento, parte do mercado chegou a apostar em uma Selic abaixo de 9% no ano que vem. Mas as taxas passaram por um forte ajuste nas últimas semanas e agora a expectativa dos investidores é que os juros fiquem acima de 10% no fim do atual ciclo.

“Para mim o cenário é esse, o mercado agora está indo para o lugar certo”, me disse Le Grazie, em uma entrevista no escritório da Panamby.

A “rendição” das tropas locais aconteceu em meio à tentativa frustrada dos investidores no exterior de “peitar” o Federal Reserve — o BC norte-americano.

O mercado foi obrigado a "capitular" — nas palavras de Le Grazie — depois de o presidente do Fed, Jerome Powell, deixar claro que pretende manter os juros altos na maior economia do planeta pelo tempo que for preciso para trazer a inflação de volta para a meta.

Leia Também

Como consequência, as taxas dos títulos do Tesouro dos EUA (Treasurys) — que até então projetavam um Fed mais “bonzinho” — dispararam para se ajustar ao discurso mais duro.

Enquanto isso, aqui no Brasil o risco maior hoje é o de o BC reduzir o ritmo de redução da Selic antes do esperado, segundo o sócio da Panamby.

TOUROS E URSOS - Por que o Ibovespa (ainda) não decolou? Uma entrevista exclusiva com Felipe Miranda

Acabou a paz

Antes da reviravolta no cenário externo, Le Grazie esperava que a economia brasileira experimentasse um período de tranquilidade. “Imaginei naquele ponto que o país teria um ano para dar certo.”

O relativo otimismo vinha da aprovação do novo arcabouço fiscal e dos dados positivos da atividade econômica. Além disso, o governo acertou o discurso ambiental, algo positivo para atrair o capital internacional.

Tudo isso, combinado ao fato de que a bolsa e os ativos brasileiros ficaram para trás no rali dos mercados no início do ano, pintava um quadro bastante favorável para o país, pelo menos no curto e médio prazo.

O problema é que o próprio governo ajudou a tumultuar o ambiente quando recolocou na pauta a possibilidade de tirar a meta de déficit fiscal zero para o ano que vem.

A discussão ficou ainda mais complexa depois que o governo pediu autorização do Supremo Tribunal Federal (STF) para mudar a forma como contabiliza as despesas com precatórios.

“Eu gostaria de ver mais determinação do governo na gestão das contas públicas. Sem discutir se foi certo ou errado, nós já gastamos muito dinheiro. Agora é hora de ser mais produtivo”, disse Le Grazie.

Veja a seguir os principais trechos da entrevista de Reinaldo Le Grazie para o Seu Dinheiro:

Uma década brigando com a inflação

“A inflação lá fora está muito resiliente. Nos Estados Unidos, a renda não cresce, mas o consumo continua subindo. A atividade como um todo está forte, e a inflação até caiu, mas ainda não chegou aonde devia, e agora para atingir a meta [de 2% do Federal Reserve] vai ser bem mais duro.

Então acho que o Fed pode aumentar os juros em mais 25 ou 50 pontos-base. Seja como for, a política monetária agora está mais adequada. De qualquer maneira, é uma taxa de juros alta para uma inflação que não desacelera.

Por isso, o maior risco é o de o Fed continuar subindo os juros até derrubar a atividade de uma vez. Esse não é o meu cenário-base, mas é possível e tem muita gente que está considerando isso. Até porque essa alta recente do petróleo só está batendo nos índices a partir de agora.

Na Europa, a inflação demorou mais para cair porque a política monetária foi mais inadequada. Eles demoraram para combater a inflação, e agora vão ter que fazer isso com a atividade mais fraca.

Enquanto isso, a China vem tentando incentivar o consumo com mais medidas de estímulo, mas que até agora não surtiram os efeitos esperados na atividade do lado da demanda.

E por falar em China, se a globalização nos últimos 20 anos derrubou a inflação, agora que nós estamos partindo para dois blocos, entre Ocidente e Oriente de novo, isso também é inflacionário. Por tudo isso eu acho que a gente vai passar a próxima década brigando com a inflação.”

A queda de braço do mercado contra os BCs

“Uma coisa muito curiosa que eu vi nesses últimos anos é a sincronicidade dos movimentos globais. Nos Estados Unidos o mercado peitou o Fed.

O BC disse que ia subir os juros, e o mercado demorou muito para capitular. Chegaram a projetar que o Fed começaria a reduzir o juro no terceiro trimestre deste ano, que inclusive já acabou.

Aqui no Brasil aconteceu algo parecido recentemente. O Copom disse que ia reduzir a Selic em um ritmo de 50 pontos-base, e o mercado falou: "não, vai ser mais". Foi só agora que o mercado aqui também capitulou. 

Eu já não conseguia ver aceleração no ritmo de queda da Selic de jeito nenhum. Agora, começo a me perguntar até quando o BC vai seguir nesse passo e se ele não vai começar a diminuir o passo antes do esperado.”

Fim do ciclo de queda da Selic

“O mercado esperava que o ciclo de queda terminasse com a Selic em 9% ao ano. Agora, com o Fed subindo o juro nos EUA para 5,5% ou 5,75%, o nosso 9% significa um diferencial de juros baixo. Tanto que agora o mercado passou de 9% para 10% como o ponto onde termina o ciclo de baixa.

Então, se a gente terminar este ano com juros de 11,75%, teremos mais dois cortes de 50 pontos-base e talvez outros três de 25 pontos. Para mim o cenário é esse, e eu acho que o mercado agora está indo para o lugar certo.

Quando a taxa de juros lá fora subiu nesses últimos 45 dias acabou puxando muito a taxa aqui também. Mas além da questão internacional, nós tivemos questões domésticas também.”

Fim da agenda positiva no Brasil

“Entre abril e maio, quando o governo apresentou o arcabouço fiscal, eu imaginei que o país teria um ano para dar certo. O mercado deu o benefício da dúvida ao governo e eu concordei com esse benefício.

Com a arrecadação extraordinária das medidas do governo e uma atividade melhor do que o esperado, que ajuda a equilibrar a relação dívida/PIB, dava para ficar otimista.

Além disso, o Brasil é o único país que está fazendo uma reforma — no caso, a tributária — e ajustou o discurso ambiental, o que é bom do ponto de vista do investidor internacional.

Então como os ativos de risco por aqui não haviam acompanhado o bom momento lá fora, achei que a gente teria um ano de agenda positiva pela frente.

Mas aí já em agosto o governo fala em mudar a meta do arcabouço, que foi estabelecida menos de três meses antes. É claro que o mercado não gostou. Pelo menos pelo menos começa o jogo, né? Essa discussão não é positiva.”

Cabeça do governo

“O Brasil tem contas fiscais ruins. Portanto, você não atrai capital, e o Brasil precisa de capital. Então eu gostaria de ver mais determinação do governo na gestão das contas públicas. Sem discutir se foi certo ou errado, nós já gastamos muito dinheiro. Agora é hora de ser mais produtivo.

Os sinais do governo não vêm positivos desde dezembro, com a PEC da Transição [que liberou quase R$ 200 bilhões em despesas fora do teto de gastos].

Depois veio o arcabouço fiscal, que pode não ser tão bom, mas ter um plano ruim é melhor do que não ter nenhum plano. Mas pouco depois já começou a se discutir se não foi demais…

Eu realmente acho que se o governo tivesse mais crença de que o fiscal precisa ser melhor, se acreditasse que o fiscal vai ser bom para o Brasil, acho que o mercado todo gostaria. Mas eu tenho dúvidas sobre qual a importância que o governo dá para o assunto.”

Posições do fundo

“A sensibilidade hoje em dia ainda é muito baixa para posições estruturais grandes. É difícil fazer gestão de fundo nesse cenário. A impressão é o cenário melhora com o juro caindo mais um pouco, mas eu já estive mais animado.

A bolsa pode até andar, mas a Selic ainda vai ser de dois dígitos. Por isso, esse é um cenário que requer posições mais conservadoras e mais líquidas nos fundos, acompanhando os dados de curto e médio prazos.”

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
O QUE ESPERAR AGORA

“Israel só vai parar quando destruir toda a capacidade nuclear do Irã”: quais os impactos do ataque para a economia global?

13 de junho de 2025 - 13:19

O Seu Dinheiro ouviu especialistas, que contam os riscos do conflito escalar para uma guerra entre israelenses e iranianos e como isso mexe com o bolso de quem investe

MERCADOS HOJE

‘Declaração de guerra de Israel’: Petróleo dispara 8% com ataque histórico ao Irã; bolsas caem no mundo todo e dólar ganha força

13 de junho de 2025 - 10:35

A ofensiva de Israel matou líderes militares do Irã e cientistas nucleares de alto escalão. À ONU, Teerã classificou os ataques como “declaração de guerra”

LOTERIAS

Sorte no amor, azar no jogo? Não é o que aconteceu na Lotofácil: aposta solitária fatura prêmio. Mega-Sena promete R$ 100 milhões 

13 de junho de 2025 - 9:46

Enquanto a Lotofácil fez um novo milionário, Mega-Sena e a Quina continuaram acumulando — e os prêmios ficaram ainda mais tentadores

MEGA-SENA

R$ 90 milhões em jogo: Mega-Sena sorteia bolada nesta quinta-feira; Lotofácil premia 2 sortudos com R$ 800 mil

12 de junho de 2025 - 9:11

As engrenagens da Mega-Sena giram novamente na noite desta quinta-feira (12), às 20h. Em jogo, uma bolada de R$ 90 milhões no concurso 2.875.  No concurso da última terça (10), ninguém levou o prêmio máximo. A aposta mínima para a Mega-Sena custa R$ 5 e pode ser realizada também pela internet, até as 19h.A Mega-Sena […]

SENTA QUE LÁ VEM IMPOSTO

Governo publica pacote com mudanças no IOF e novas regras para taxação de investimentos; confira os detalhes

12 de junho de 2025 - 8:44

Medida Provisória inclui taxação de 5% sobre títulos que eram isentos de IR, como LCA, LCI, CRI, CRA e debêntures incentivadas

COM A PALAVRA, O MINISTRO

“Não é aumento de imposto, é correção”: Haddad defende fim da isenção a títulos privados e avalia os impactos no agro e no setor imobiliário

11 de junho de 2025 - 15:41

O ministro também voltou a falar que as novas medidas ligadas à alta do IOF vão atingir apenas os mais ricos

MUDANÇA NOS IMPOSTOS

Motta diz ter comunicado ao governo reação negativa do Congresso a mudanças tributárias e defende isenção para financiar agro e imóveis

11 de junho de 2025 - 12:48

No Brasília Summit, presidente da Câmara defendeu a revisão das isenções fiscais e de benefícios tributários

LOTERIAS

Sortudo embolsa quase R$ 15 milhões com a Quina, e Mega-Sena acumula em R$ 90 milhões; veja os resultados dos sorteios de terça (10)

11 de junho de 2025 - 9:40

Não é só a Mega-Sena que pode fazer um novo milionário em breve: outras cinco loterias estão acumuladas — e com prêmios de mais de R$ 1 milhão

EM BUSCA DE FUNDING

Adeus, poupança: Banco Central corre atrás de alternativas para o financiamento imobiliário diante do desinteresse pela caderneta

11 de junho de 2025 - 8:52

Com saques em massa e a poupança em declínio, o presidente do BC afirmou que se prepara para criar soluções que garantam o financiamento da casa própria

RECADO PARA LULA

O Brasil vai ser cortado? Moody’s diz o que pode levar ao rebaixamento do rating do país

10 de junho de 2025 - 19:01

Em evento nesta terça-feira, a analista responsável pela nota de crédito brasileira listou os pontos fortes e fracos do país

‘JUSTIÇA TRIBUTÁRIA’

Haddad confirma IR de 17,5% para investimentos e 20% para JCP, e diz que medidas só atingem “os moradores da cobertura”

10 de junho de 2025 - 15:07

Ministro da Fazenda se reuniu hoje com o presidente Lula para apresentar pacote discutido no domingo com líderes do Congresso

ESTÁ ACONTECENDO

O caminho do bem: IPCA de maio desacelera, fica abaixo das estimativas e abre espaço para fim do ciclo de alta da Selic

10 de junho de 2025 - 11:48

Inflação oficial caiu de 0,43% para 0,26%, abaixo do 0,33% esperado; composição também se mostrou mais saudável, embora ainda haja pontos de atenção

COMPENSAÇÃO DO IOF

Haddad quer reduzir incentivos fiscais, mas ainda não teve apoio de parlamentares; entenda os planos do ministro, que incluem BPC e Fundeb

10 de junho de 2025 - 11:10

A equipe econômica também apresentou um quadro das despesas para uma maior compreensão do atual quadro fiscal do país

ADEUS, CARTÃO

É recorde de Pix: brasileiros fazem quase 280 milhões de transações em um dia e valor passa de R$ 135 bilhões

9 de junho de 2025 - 18:41

O recorde diário anterior tinha sido registrado em 20 de dezembro de 2024, dia do pagamento da segunda parcela do décimo terceiro salário, com 252,1 milhões de movimentações

ALTERNATIVAS EM XEQUE

IOF em debate: Congresso não tem compromisso de aprovar as medidas propostas pelo governo, diz presidente da Câmara

9 de junho de 2025 - 16:01

Declaração de Hugo Motta aconteceu após reunião de quase seis horas entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e lideranças do Congresso no domingo (8)

NA MIRA DO LEÃO

Alternativa ao IOF: investimento em ações também pode estar na mira do governo; veja o que se sabe até agora

9 de junho de 2025 - 13:47

Por ora, todas as medidas aventadas vão na direção de aumentar as receitas do governo – nada de cortar gastos foi adiante nas negociações entre a equipe econômica e os líderes do Congresso, que se reuniram durante horas na noite neste domingo (08)

LOTERIAS

Quina e outras loterias sorteiam mais de R$ 21 milhões hoje — mas os prêmios de encher os olhos vêm depois

9 de junho de 2025 - 9:38

Tem Quina com R$ 13,5 milhões em jogo nesta segunda (10), mas loterias como Mega-Sena e Quina de São João roubam a cena

DE OLHOS BEM ABERTOS

Pacote com alternativas ao IOF deve incluir taxação sobre bets, mas também imposto sobre LCI e LCA

9 de junho de 2025 - 9:00

A expectativa é que o pacote seja apresentado novamente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva na terça-feira (10) pela manhã

ANOTE NO CALENDÁRIO

Agenda econômica: PIB no Reino Unido e inflação no Brasil e nos EUA; veja o que movimenta os mercados nesta semana

9 de junho de 2025 - 7:03

A agenda dos próximos dias é enxuta, mas os números esperados devem impactar as projeções futuras do mercado

BOMBOU NO SEU DINHEIRO

A esperança pela “volta” do Banco do Brasil (BBAS3) e as 5 ações para o segundo semestre são os temas mais lidos da semana

8 de junho de 2025 - 17:30

Entre a recuperação do Banco do Brasil (BBAS3) e as apostas da Bradesco Asset para o 2º semestre, veja os destaques mais lidos da semana no Seu Dinheiro

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar