Dólar subiu e deve estacionar acima dos R$ 5 até o final de 2023, diz XP; veja três fatores que mexem com preço da moeda
O principal fator é a influência dos juros nos Estados Unidos, mas a deterioração fiscal do país, a “desglobalização” do comércio internacional

Na mesma semana em que o dólar voltou a flertar com patamares acima dos R$ 5,00, os analistas da XP revisaram as estimativas para a moeda norte-americana para o final deste ano. As projeções saíram de R$ 4,70 para R$ 5,10, de acordo com um relatório recente.
O ajuste foi feito para captar a recente valorização da moeda, o que não interferiu nas projeções de médio prazo, segundo os analistas. As projeções para o final de 2024 e de 2025, por exemplo, permaneceram nos mesmos patamares de R$ 4,85 e R$ 5,00, respectivamente.
A nova projeção da XP é superior à observada na mais recente edição do Boletim Focus. Publicação semanal do Banco Central, o Focus compila as estimativas do mercado para os principais indicadores macroeconômicos.
Na última segunda-feira, as projeções do Focus apontavam para um câmbio ainda abaixo dos R$ 5,00, a R$ 4,95 até o final de 2023 — mas isso foi antes da disparada da moeda.
Os motivos para a valorização do dólar não são apenas domésticos. O principal fator é a influência dos juros nos Estados Unidos, mas a deterioração fiscal do país, a “desglobalização” do comércio internacional — bem como uma próxima eleição que promete ser bastante acirrada — também são pontos a serem observados no médio prazo.
“Assim”, destaca o relatório, “até onde a vista alcança, as taxas de juros globais serão provavelmente mais elevadas do que no pré-pandemia”.
Leia Também
Dólar e a influência dos juros americanos
Lançando luz mais específica sobre a questão dos juros, a expectativa geral do mercado é de que o Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA) eleve as taxas em mais 25 pontos-base até o final deste ano. Atualmente, o juro do país está na faixa dos 5,25% e 5,50%.
A expectativa para a reunião do próximo mês do Fomc, o Copom norte-americano, é de manutenção das taxas. Entretanto, o Sumário de Projeções Econômicas do Fed (SEP, sigla em inglês) mostrou que 12 dos 19 membros do comitê enxergam mais um aumento de juros este ano.
Apesar da incerteza envolvendo exatamente quando o Fed irá elevar os juros de novo, o mercado já começa a se ajustar ao aperto. Os retornos dos títulos do Tesouro (Treasurys) dos Estados Unidos dispararam e têm visitado nas últimas semanas os maiores níveis em 16 anos, o que afetou o preço do dólar.
Mais altos e por mais tempo
Além dos problemas que o aperto monetário causa hoje, a descompressão das taxas também teve seu horizonte ampliado.
Antes, a expectativa para 2024 era de uma redução dos juros em 1,5 ponto percentual a partir do segundo trimestre.
Agora, a expectativa é de corte de um ponto percentual até o final daquele ano só a partir do terceiro trimestre, o que implica que a taxa de juros dos EUA deve encerrar 2024 em 4,75% — mais alta do que a projeção anterior de 4,00%.
A neutralidade da política monetária só deve chegar em 2025, ainda que em um patamar mais elevado do que o esperado. Isso porque, no cálculo dos especialistas, os EUA devem atingir a meta de inflação de 2% com uma taxa de juros no intervalo entre 3,5% e 4,0%.
Na visão dos analistas da corretora, esse intervalo deve estabelecer o “novo normal” dos juros neutros no país. Antes da pandemia, a taxa “neutra real” era estimada em 0,5% ao ano.
Nem só dos Estados Unidos vive o dólar…
Para fechar, o relatório da corretora ainda destaca que a expectativa de crescimento mais fraco da China também deve manter a moeda norte-americana em um patamar mais elevado de preços.
Ainda que a relação pareça distante, explico: as economias latinoamericanas estão muito expostas a fatores externos. Além disso, a região é uma das grandes exportadoras de commodities, especialmente para a China.
Assim, uma fraca demanda do país por matérias primas pode não ser suficiente para manter o crescimento do PIB local. Vale lembrar que a atividade doméstica foi fortemente influenciada pela agropecuária e pela indústria extrativa.
Por fim, os analistas ressaltam que o rali do petróleo deve perder intensidade nos próximos meses. O preço do Brent, utilizado como referência internacional e pela Petrobras (PETR3/PETR4) se aproxima dos US$ 100 por barril, tornando o potencial de valorização adicional limitado daqui para frente.
- Petróleo em alta: por que a Petrobras (PETR4) não é recomendada para 'surfar o boom' da commodity?
Outras perspectivas para a economia brasileira
As contas públicas também são uma preocupação dos analistas, tanto para o final deste quanto para o próximo ano. O déficit de 2023 deve ficar em 1,7% (ou US$ 37,5 bilhões), uma melhora em relação às projeções anteriores de 2,1% do PIB (US$ 45 bilhões).
Para 2024, porém, ao contrário do que acredita o ministro da Economia, Fernando Haddad, as contas públicas devem continuar em déficit, de 1,8% do PIB em 2024 (US$ 42 bilhões) e de 2,0% do PIB em 2025 (US$ 48 bilhões).
E, apesar de a inflação seguir em queda — o índice de preços deve fechar 2023 em 4,8% para a XP —, o pouso dos juros pode estar ameaçado pelas principais economias do planeta. O ritmo de cortes da Selic em 0,5 ponto percentual deve continuar até maio de 2024.
No mês seguinte, uma redução de 0,25 ponto percentual deve colocar os juros básicos brasileiros no patamar de 10% ao ano.
Co-CEO da Cyrela (CYRE3) sem ânimo para o Brasil no longo prazo, mas aposta na grade de lançamentos. ‘Um dia está fácil, outro está difícil’
O empresário Raphael Horn afirma que as compras de terrenos continuarão acontecendo, sempre com análises caso a caso
Bolão fatura sozinho a Mega-Sena, a resposta da XP às acusações de esquema de pirâmide e renda fixa mais rentável: as mais lidas da semana no Seu Dinheiro
Loterias da Caixa Econômica foram destaque no Seu Dinheiro, mas outros assuntos dividiram a atenção dos leitores; veja as matérias mais lidas dos últimos dias
Engie Brasil (EGIE3) anuncia compra usinas hidrelétricas da EDP por quase R$ 3 bilhões — e montante pode ser ainda maior; entenda
O acordo foi firmado com a EDP Brasil (ENBR3) e a China Three Gorges Energia, com um investimento total de R$ 2,95 bilhões
AgroGalaxy (AGXY3) adia outra vez balanço financeiro em meio à recuperação judicial
A varejista de insumos para o agronegócio agora prevê que os resultados do quarto trimestre de 2024 serão divulgados em 22 de abril
Dividendos e JCP pingando na carteira: Rede D’Or (RDOR3) e outras 4 empresas anunciam mais de R$ 1 bilhão em proventos
Além do gigante hospitalar, a Localiza, Grupo Mateus, Track & Field e Copasa anunciaram JCPs e dividendos; saiba como receber
Por que a ação da Casas Bahia (BHIA3) salta 45% na B3 na semana, enquanto outra varejista desaba 18%?
A ação da varejista acumulou uma valorização estelar superior a 45% nos últimos pregões; entenda o movimento
Fundador do Nubank (ROXO34) volta ao comando da liderança. Entenda as mudanças do alto escalão do banco digital
Segundo o banco digital, os ajustes na estrutura buscam “aumentar ainda mais o foco no cliente, a eficiência e a colaboração entre países”
Ação da Petz (PETZ3) acumula queda de mais de 7% na semana e prejuízo do 4T24 não ajuda. Vender o papel é a solução?
De acordo com analistas, o grande foco agora é a fusão com a Cobasi, anunciada no ano passado e que pode ser um gatilho para as ações
Hora de comprar: o que faz a ação da Brava Energia (BRAV3) liderar os ganhos do Ibovespa mesmo após prejuízo no 4T24
A empresa resultante da fusão entre a 3R Petroleum e a Enauta reverteu um lucro de R$ 498,3 milhões em perda de R$ 1,028 bilhão entre outubro e dezembro de 2024, mas bancos dizem que o melhor pode estar por vir este ano
Agora vai, Natura (NTCO3)? Mercado não “compra” a nova reestruturação — mas ações tomam fôlego na B3
O mercado avalia que a Natura vivencia uma verdadeira perda, dada a saída de um executivo visto como essencial para a resolução da Avon. O que fazer com as ações NTCO3 agora?
Não fique aí esperando: Agenda fraca deixa Ibovespa a reboque do exterior e da temporada de balanços
Ibovespa interrompeu na quinta-feira uma sequência de seis pregões em alta; movimento é visto como correção
Deixou no chinelo: Selic está perto de 15%, mas essa carteira já rendeu mais em três meses
Isso não quer dizer que você deveria vender todos os seus títulos de renda fixa para comprar bolsa neste momento, não se trata de tudo ou nada — é até saudável que você tenha as duas classes na carteira
Sequoia (SEQL3): Justiça aprova plano de recuperação extrajudicial — e acionistas agora deverão votar a emissão de novas ações
O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo aprovou nesta quinta-feira (20) o processo de reestruturação com credores não financeiros do Grupo Move 3 Sequoia
Após semanas de short squeeze em Casas Bahia, até onde o mercado terá espaço para continuar “apertando” as ações BHIA3?
A principal justificativa citada para a performance de BHIA3 é o desenrolar de um short squeeze, mas há quem veja fundamentos por trás da valorização. Saiba o que esperar das ações
Ainda sobe antes de cair: Ibovespa tenta emplacar mais uma alta após decisões do Fed e do Copom
Copom elevou os juros por aqui e Fed manteve a taxa básica inalterada nos EUA durante a Super Quarta dos bancos centrais
CEO da Lojas Renner aposta em expansão mesmo com juro alto jogando contra — mas mercado hesita em colocar ações LREN3 no carrinho
Ao Seu Dinheiro, o presidente da varejista, Fabio Faccio, detalhou os planos para crescer este ano e diz que a concorrência que chega de fora não assusta
Nova York vai às máximas, Ibovespa acompanha e dólar cai: previsão do Fed dá força para a bolsa lá fora e aqui
O banco central norte-americano manteve os juros inalterados, como amplamente esperado, mas bancou a projeção para o ciclo de afrouxamento monetário mesmo com as tarifas de Trump à espreita
A bolsa da China vai engolir Wall Street? Como a pausa do excepcionalismo dos EUA abre portas para Pequim
Enquanto o S&P 500 entrou em território de correção pela primeira vez desde 2023, o MSCI já avançou 19%, marcando o melhor começo de ano na história do índice chinês
Nem os dividendos da Taesa conquistaram o mercado: Por que analistas não recomendam a compra de TAEE11 após o balanço do 4T24
O lucro líquido regulatório da empresa de energia caiu 32,5% no quarto trimestre. Veja outros destaques do resultado e o que fazer com os papéis TAEE11 agora
O que o meu primeiro bull market da bolsa ensina sobre a alta das ações hoje
Nada me impactou tanto como a alta do mercado de ações entre 1968 e 1971. Bolsas de Valores seguem regras próprias, e é preciso entendê-las bem para se tirar proveito