Adeus, dólar? Nada disso! Por que a China não vai conseguir roubar o lugar dos EUA como moeda internacional
No episódio #46, Roberto Dumas Damas, do Insper, e o gestor da Dahlia Capital, José Rocha, revelam por que o dólar não deve ser substituído no mundo
![O professor de Economia no Insper, Roberto Dumas Damas, e o gestor da Dahlia Capital, José Rocha, falam sobre dólar e yuan](https://media.seudinheiro.com/uploads/2023/05/Design-sem-nome-1-2-715x402.jpg)
Os últimos capítulos da história dos Estados Unidos causam calafrios nos investidores. O mercado, que até então tratava o dólar como reserva de valor, agora cogita um possível fim do reinado da moeda norte-americana — e a China está na lista de ‘competidores’ favoritos dos investidores para assumir a posição.
Afinal, com uma dívida trilionária e o risco de um calote inédito dos EUA, não é de se espantar que o mercado procure uma nova alternativa ao dólar para se proteger.
Entretanto, apesar dos rumores entre o mercado financeiro, a China está longe de ‘roubar’ o lugar dos EUA como principal moeda global — e existem alguns motivos para isso, de acordo com os convidados do episódio #46 do Market Makers.
A edição do podcast contou com a presença do mestre em economia chinesa e professor de Economia no Insper, Roberto Dumas Damas, e o gestor da Dahlia Capital, José Rocha. A gestora independente possui mais de R$ 7 bilhões em ativos sob gestão.
Confira a conversa na íntegra aqui:
É o fim do dólar?
Na visão do professor Roberto Dumas Damas, a probabilidade de existir um processo de “desdolarização” para os próximos 10 anos é “muito, muito difícil”.
Em conversa com os apresentadores Renato Santiago e Thiago Salomão, Damas destaca que o primeiro motivo para a manutenção do dólar como moeda internacional deve-se inteiramente à força dos Estados Unidos.
“Os Estados Unidos são o mercado financeiro mais desenvolvido, mais regulado e o país é considerado um porto seguro para o mundo inteiro”, conta.
Enquanto isso, José Rocha, da Dahlia Capital, afirma que os EUA são a superpotência dominante do mundo devido a uma série de razões, que incluem a geografia do país, a qualidade das instituições e a vantagem tecnológica.
"Se o teu país tem a vantagem demográfica, tecnológica e das instituições e ele tem a vantagem geográfica de ser independente em energia e em comida, é natural que o seu país tenha a moeda de reserva do mundo”, argumenta Rocha.
- Leia também: A economia da China está em apuros — e a culpa não é dos EUA, segundo gestor com R$ 75 bilhões em ativos
China vs EUA: O yuan vai substituir o dólar?
Os convidados do Market Makers ainda revelaram os motivos que explicam o porquê de a China não conseguir emplacar o renminbi — nome oficial do dinheiro chinês, popularmente chamado de yuan — como moeda internacional.
O professor do Insper, que é especialista em economia chinesa, afirma que, para ser uma moeda conversível — isto é, ser aceita por todo o mundo —, é preciso, antes de tudo, ter livre movimentação de capitais.
Porém, na visão do economista, a China não possui a livre movimentação de capital — e nem tem intenção de fazê-lo.
“É importante que a conta capital seja aberta. Mas quando ela vai ser aberta? Quando o Partido Comunista Chinês e o governo deixarem de usar os bancos chineses como braço parafiscal para legitimar o governo. E quando isso vai acontecer? É difícil, porque a gente sabe que economia, política e sociedade são uma coisa só”, afirma Damas.
Ainda segundo o professor do Insper, se você concorda que os bancos asiáticos deixarão de ser usados como braço parafiscal, é porque “está do lado dos que acreditam que o yuan pode ser uma moeda internacional e a conta capital ser aberta”.
“Eu não acredito. Por ser ditadura, é preciso ter o controle completo dos bancos. Para não ter o sudden stop [parada repentina nos fluxos de capital, em português], eu não acredito que a conta capital vai ser escancarada em 10 anos. Não vejo nenhuma possibilidade de desdolarização em 10 anos.”
Enquanto isso, o gestor da Dahlia Capital, José Rocha, destaca que, apesar de não enxergar um processo de desdolarização a longo prazo, há razões para o mercado cogitar a possibilidade no curto prazo.
“Faz sentido que o renminbi tenha um peso um pouco maior do que ele tem no momento nas reservas internacionais. Porque a China é um parceiro comercial importante de muitos países.”
Seja como for, isso não deve ser o suficiente para o gigante asiático tomar o lugar do dólar norte-americano como a moeda de reserva do mundo.
"É muito difícil lutar contra essas coisas. Isso não quer dizer que a China é ruim, ela só é o segundo melhor [país]. O melhor é os Estados Unidos. Por causa disso, o dólar é a moeda. Não tem desdolarização, não ao nível de perder o status de moeda de reserva do mundo.”
Clique aqui para assistir à conversa na íntegra:
Como os trens do Rio de Janeiro se transformaram em uma dívida bilionária para a Supervia que o BNDES vai cobrar na Justiça
O financiamento foi concedido à concessionária em 2013, para apoiar a concessão do serviço de transporte via trens urbanos na região metropolitana do estado
Lula sanciona criação de título de renda fixa isento de IR para pessoa física para estimular indústria
O projeto apresentado pelo governo federal que institui a LCD foi aprovado neste ano pelo Congresso Nacional
Casa própria ameaçada no Minha Casa Minha Vida? Com orçamento pressionado, governo deve voltar a apertar regras e limitar financiamentos de imóveis usados
O governo estuda alterar as regras para priorizar o financiamento de imóveis novos
Mega-Sena acumula e Lotofácil faz mais um milionário, mas o maior prêmio da noite vem de outra loteria
Enquanto a Mega-Sena e a Quina “se fazem” de difíceis, a Lotofácil continua justificando o nome e distribuindo prêmios na faixa principal
Tributação dos super ricos é prioridade para o Brasil, diz Haddad na reunião do G20
Cooperação internacional é a aposta da área financeira nesta edição do encontro das 20 maiores economias do mundo
Compras na internet: como a “fraude amigável” está gerando um prejuízo de US$ 100 bilhões por ano para o varejo dos EUA
O golpe acontece quando o consumidor faz uma compra na internet com cartão de crédito e, quando recebe o produto ou serviço, solicita o estorno
A privatização da Sabesp (SBSP3) não foi suficiente? Tarcísio agora fala em vender a Petrobras (PETR4) e o Banco do Brasil (BBAS3), mas não tem a caneta
O governador de São Paulo acredita que há espaço para avançar nas privatizações de companhias estatais no Brasil inteiro
Eleições nos EUA não devem afetar relações com o Brasil, diz Haddad; ministro busca parceiros ‘além da China’ e fala em acordos com União Europeia
Haddad destacou que não existe transformação ecológica sem novos instrumentos financeiros e cita os ‘green bonds’ do governo
Depois de mais de 2 anos encalhada, loteria mais difícil de todos os tempos sai pela primeira vez e paga o segundo maior prêmio da história
Abandonado numa caderneta de poupança, o segundo maior prêmio individual da história das loterias no Brasil renderia cerca de R$ 1,5 milhão por mês
Banco Central vai seguir na regulação independente do PL sobre os criptoativos, diz técnico da autoridade monetária
Segundo Nagel Paulino, BC pretende concluir a sua estratégia regulatória de criptoativos até o início de 2025