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Os testes de personalidade de carreira são uma grande furada?

O MBTI, um dos mais tradicionais testes de personalidade usados por equipes de RH no mundo, está no centro de um debate: ele segue válido?

19 de março de 2023
8:11 - atualizado às 14:18
Arte conceitual mostrando uma pessoa de terno com um símbolo de interrogação no lugar da cabeça; em segundo plano, um fundo azul com um gráfico. A imagem representa uma pessoa com dúvidas na carreira e no mercado corporativo; também pode indicar dúvidas referentes aos investimentos
Imagem: Shutterstock

Alimento uma grande admiração pelo psicólogo organizacional Adam Grant, autor de livros como Originais e Pense de Novo. Para quem ainda não o segue nas redes sociais, fica aqui a minha primeira recomendação de hoje.

E faz algumas semanas que ele postou um desabafo manifestando sua decepção com uma ferramenta de avaliação de personalidade amplamente utilizada pelos profissionais de RH, coaches de carreira e mentores: o MBTI.

Sigla em inglês para Myers-Briggs Type Indicator, o MBTI é um teste psicológico de personalidade, ou avaliação comportamental, que se baseia na teoria de Carl Jung. Ele identifica a personalidade das pessoas com base em quatro pares de opostos:

  • extroversão (E) versus introversão (I);
  • sensação (S) versus intuição (N);
  • pensamento (T) versus sentimento (F); e
  • julgamento (J) versus percepção (P).

Com base nas respostas do indivíduo, o assessment atribui uma combinação de quatro letras que representam sua personalidade. Para que você entenda a treta que o Adam está encabeçando, aqui está o post que ele fez sintetizando sua visão sobre a ferramenta:

https://twitter.com/AdamMGrant/status/1632402755594715136

Em tradução livre, "Tipos de personalidade são um mito. Cada traço existe em um continuum moldado como uma curva de sino. O MBTI está desatualizado. É mais provável que você seja um ambivertido do que um introvertido ou extrovertido. E você não precisa escolher entre ser um indivíduo racional ou um sentimental."

O fim de uma paixão

Como um bom curioso, fui dar uma olhadinha nos comentários do post e, como eu imaginava, a turma estava bem dividida nas opiniões. Esperava encontrar essa polarização, visto que o MBTI é um teste queridinho e muito amado dentro do mundo do desenvolvimento humano.

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Inclusive, o texto de Adam em sua newsletter mensal, que deu origem ao post, é escrito em um formato de carta, como se ele fosse um ex-namorado que foi muito apaixonado pelo MBTI, o que reforça a minha percepção de que este é um assessment-xodó-tudo-de-bom para muitos profissionais.

Mas, em seu relato, essa admiração acabou. Grant sugere que o MBTI precisa ser atualizado e melhorado, incorporando as últimas descobertas da ciência, e que deveria deixar de lado a terminologia de "tipos" em favor de "traços" mais confiáveis e precisos.

Ele argumenta que outros assessments são mais precisos, mais amplos e multiculturais, e pede que o MBTI siga algumas regras básicas da ciência se quiser continuar relevante.

Eu concordo com a reivindicação do Adam sobre a ausência de evidência, mas ela é também uma ferramenta, aplicada globalmente por milhares de organizações e profissionais — e continua sendo validada empiricamente por esses atores como um instrumento que apresenta uma certa precisão. Ou seja, o MBTI tem o seu valor.

Inclusive em minha própria experiência prática, como profissional certificado e que aplica essa avaliação, as pessoas reagem positivamente ao resultado, alegando com muita frequência sobre a acuracidade dele.

Se você ainda não fez esse teste, há uma versão gratuita que parece se aproximar do original na internet, chamado de 16 personalities (personalidades). Já fiz o meu oficial, realizado por profissionais certificados, e também essa versão grátis e, de fato, o resultado foi muito similar.

E o principal motivo pelo qual decidi escrever sobre esse tema é que talvez Grant tenha exagerado na reação — e listo a seguir os porquês.

1. Os testes de personalidade ajudam nos processos de autoconhecimento e desenvolvimento individual

O segredo está em usá-los como um mapa, que serve para navegar em pontos que não conseguimos perceber sobre nós mesmos e também reforçar outros que já temos mais clareza.

Por exemplo, perceber que você tende a ser mais extrovertido o tempo todo pode ser um convite a pensar em quais momentos você poderia introverter, nos quais esse traço poderia gerar mais valor na atividade ou trabalho em questão.

Como disse o Adam no post, ninguém é uma coisa só, caminhamos nas dicotomias das nossas personalidades o tempo todo e saber usá-las a nosso favor é o ponto-chave aqui.

Lembre-se que testes de personalidade mostram preferências e tendências de comportamento em diferentes situações e contextos. Ele deve ser um aliado em seu processo de desenvolvimento e não um oráculo que responde o que você é ou deveria ser.

Use e abuse dos mais diversos testes de personalidade, desde que você assuma uma postura curiosa e aberta para entendê-los como oportunidades de ampliação do olhar sobre si mesmo.

2. Usá-lo como meio para reflexão e não assumir como um fim ou justificativa para provar sua personalidade

"Eu sou assim e ponto." Não sei você, mas quando escuto essa frase, já viro os olhinhos. 

Alecrim dourado, não sou obrigado a aceitar suas sombras porque você as atribui como tipos de personalidade. Buscar o nosso próprio desenvolvimento pessoal é desafiar principalmente nossas sombras e questionar por que atuamos desse jeito — e como poderíamos fazer diferente.

Como ilustração, imagine que você é uma pessoa extremamente racional e precisa tomar uma decisão que impacta pessoas. Por mais que você queira justificar que seu processo decisório será integralmente racional, é natural que você use mais da sua faceta de imaginar os impactos que a decisão terá sobre as pessoas.

Isso é navegar entre traços opostos, mostrando que a personalidade é flexível e deveria se adequar a cada contexto, mesmo tendo nossas preferências basais.

Leia as últimas colunas do Trilhas de Carreiras:

3. Alô, RH! Este é um teste que definitivamente não deveria ser usado como elemento excludente em processos de recrutamento

Como tudo na vida, o risco é alto para que a finalidade de algo seja desvirtuada a depender de quem opera a coisa em si. Usar o MBTI ou qualquer outro instrumento avaliador requer cuidado e clareza sobre o que se espera extrair do resultado. 

Quando passamos a operar de uma forma determinística, dizendo que tal pessoa é assim e tem determinada personalidade, estamos entrando em um território reducionista, o oposto de um mapa.

E quando falamos de gente, a única certeza é de que o indivíduo será plural e muito maior do que um resultado de quatro letras. 

Nesse sentido, o tipo psicológico em um processo de recrutamento só deveria ser utilizado para trazer insights para começarmos um papo, validando com o avaliado o que faz e o que não faz sentido, tendo em vista que tudo é mutável e a transformação pessoal é sempre possível.

Ficou curioso? Saiba mais sobre o teste

Se ficou curioso sobre o tema e ainda não o conhecia, há vários outros testes disponíveis no mercado: o Big Five, o Hogan Personality Inventory, o PrinciplesYou, o CliftonStrengths, entre outros. 

Quando você estiver no papel de avaliado, recomendo que explore os resultados com o profissional que aplicou o teste. Faça perguntas que possam revelar suas preferências pessoais e as origens de seus comportamentos, de forma a obter aprendizados para impulsionar sua carreira. Essa conversa pode trazer luz a aspectos importantes de sua personalidade e ajudá-lo a se desenvolver profissionalmente.

Antes de me despedir, gostaria de compartilhar um breve resumo sobre minha personalidade, identificada como ENFP pelo MBTI. Para aqueles que só me conhecem por meio desta coluna, acredito que seja uma oportunidade para entender um pouco mais sobre quem escreve para vocês.

ENFPs são pessoas extrovertidas, intuitivas, sentimentais e prospectivas. Eles são energizados por interações sociais, tem uma natureza criativa e focam em ideias e possibilidades futuras. São empáticos e têm uma forte compreensão das emoções dos outros. Eles preferem manter suas opções abertas e podem ter dificuldade em tomar decisões finais.

Posso concluir que tem muita coisa da minha personalidade nessa descrição. Por isso, diferentemente do Adam Grant, posso dizer que ainda estou em um relacionamento com o MBTI — não exclusivo, obviamente.

Até a próxima. Um abraço,

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