Mais do mesmo? Nada disso. Entenda como a ‘Super Quarta’ desafia os bancos centrais do Brasil e dos EUA
Esta semana, os mercados enfrentam um cenário agitado devido ao feriado brasileiro e à “Super Quarta” de reuniões de bancos centrais nos EUA e Brasil

Esta semana promete ser agitada e encurtada para os brasileiros devido ao feriado de quinta-feira, que resultará no fechamento do mercado local. Estamos nos aproximando de outra "Super Quarta", quando coincidem as reuniões de política monetária dos Bancos Centrais do Brasil e dos EUA.
Como é habitual, as reuniões começam hoje, terça-feira, mas apenas teremos as conclusões apresentadas na quarta-feira (à tarde nos EUA e após o encerramento do pregão no Brasil).
Como tem sido observado recentemente, o foco estará mais no comunicado que acompanha a decisão do que nas mudanças nas taxas em si.
Aqui no Brasil, espera-se que uma nova redução de 50 pontos-base na taxa Selic seja uma decisão unânime entre os membros do Comitê de Política Monetária (Copom), levando a taxa básica de juros para 12,25% ao ano.
Comunicado do Copom deve vir mais cauteloso
No entanto, o tom do comunicado provavelmente será mais cauteloso, considerando as turbulências no cenário internacional, como a contínua alta das taxas de juros nos EUA e a guerra em curso no Oriente Médio.
Desde a última reunião, o cenário global tornou-se cada vez mais incerto, exigindo uma atenção redobrada por parte dos responsáveis pela política monetária dos mercados emergentes.
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A cautela também pode ser adotada para evitar fornecer uma orientação clara sobre o ciclo de afrouxamento, que provavelmente continuará a ser caracterizado como dependente dos dados econômicos.
Além disso, o episódio envolvendo o governo federal complica ainda mais o cenário.
Na sexta-feira da semana passada, o presidente Lula surpreendeu ao afirmar que a meta fiscal não precisa necessariamente ser zero, como vinha sendo defendido pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Na perspectiva de Lula, alcançar a meta de déficit zero é improvável, uma vez que ele não está disposto a realizar cortes em investimentos e obras.
Embora ninguém no mercado realmente acreditasse em uma meta de déficit zero para o próximo ano, a declaração de Lula teve um impacto negativo na confiança, anulando parte dos esforços realizados pela equipe econômica ao longo de meses e lançando incertezas sobre a meta fiscal em 2024.
No Congresso, as negociações para obter uma parte desse déficit já estavam em andamento e agora devem aumentar.
O presidente questionou: "Se o Brasil tiver um déficit de 0,5%, o que é? De 0,25%, o que é?" Em resposta, presidente, posso dizer que é bem diferente do que o governo vinha prometendo.
Existem diversas interpretações para esse movimento conturbado.
Primeiro, especula-se que Lula possa estar sofrendo pressões e, devido à sua idade avançada, seja natural cometer deslizes, especialmente considerando a frustração do governo atual em comparação com o que foi alcançado em seu primeiro mandato.
Em segundo lugar, o presidente pode ter se sentido pressionado a conceder mais cargos para aprovar propostas, como no caso da presidente da Caixa Econômica Federal, e isso pode ter feito com que ele desejasse mostrar força, especialmente em relação ao presidente da Câmara, Arthur Lira.
Por fim, Lula pode estar antecipando a necessidade de fazer concessões políticas significativas e, ao sinalizar uma disposição de lidar com um déficit (cujo tamanho ainda é incerto), ele busca angariar apoio no Centrão, mesmo que isso signifique desagradar o mercado financeiro e a equipe de Haddad.
Independentemente da razão, essas declarações vieram em um momento bastante inoportuno, especialmente às vésperas da reunião do Copom, onde já se esperava um corte na taxa de juros acompanhado de um comunicado duro, em função do cenário internacional. Agora, o cenário tornou-se ainda mais incerto.
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Inflação desacelera
Por outro lado, o IPCA-15 de outubro apresentou um aumento de 0,21% na comparação mensal (5,05% na comparação anual), desacelerando em relação à leitura de setembro (0,35%).
Isso foi impulsionado principalmente por um abrandamento significativo dos preços regulados (particularmente dos combustíveis) e, em menor grau, por uma desaceleração nos serviços essenciais.
Mais uma vez, o resultado foi melhor do que o esperado, o que apoia o progresso no processo de desinflação.
Também é importante observar que as expectativas de inflação para 2023 melhoraram nas últimas semanas, enquanto as expectativas para 2024 permaneceram praticamente estáveis.
BC ainda monitora ancoragem das expectativas
No entanto, ainda não temos uma ancoragem total das expectativas, o que é uma preocupação para o Banco Central, dado o seu objetivo de manter a confiança dos agentes na meta de inflação.
Desde o início do atual ciclo, o Copom tem sinalizado unanimemente a intenção de promover reduções na mesma magnitude nas reuniões subsequentes.
Essa estratégia foi adotada em agosto e repetida em setembro para conter expectativas de cortes mais agressivos nas taxas de juros.
No entanto, é natural considerar uma reavaliação dessa estratégia à luz dos riscos globais à liquidez e da situação fiscal no Brasil, que o Banco Central está monitorando de perto.
Ainda prevejo que o BC mantenha o ritmo de cortes de 50 pontos-base nas próximas reuniões, mas esses movimentos podem vir acompanhados de um tom mais duro e cauteloso, algo semelhante a um "corte contracionista."
Minha projeção para a Selic é de 11,75% no final deste ano e algo em torno de 9% até o final de 2024 ou início de 2025.
Estamos atentos aos riscos que possam levar a uma desaceleração no ritmo de cortes, incluindo o crescimento interno, a evolução da agenda fiscal no Congresso nas próximas semanas e meses, e o aumento da incerteza no cenário externo.
O Banco Central provavelmente manterá uma postura de serenidade e moderação, mantendo as taxas acima do nível neutro até que o processo de desinflação se consolide e as expectativas de inflação se ancorem novamente em torno da meta.
Nos Estados Unidos, a situação é um pouco diferente.
Na semana passada, o S&P 500 encerrou em território de correção, marcando o fim de uma semana difícil para o mercado de ações.
O S&P 500 caiu 0,5%, levando o índice a uma queda de 10% em relação à sua recente alta de 4.588,96 pontos. Esta é a 103ª correção registrada no S&P, com a última ocorrendo em 16 de setembro de 2022.
O Nasdaq Composite também entrou em correção, com um ganho de 0,4% no dia, embora tenha acumulado uma queda de 2,6% ao longo da semana.
Tanto o S&P 500 quanto o Nasdaq estão a caminho de registrar o pior mês de outubro desde 2018.
As quedas recentes não são impulsionadas por novos eventos, mas sim pelos mesmos fatores macroeconômicos de sempre, com foco no PCE, a medida de inflação preferida pelo Federal Reserve (Fed), que permaneceu em linha com as expectativas.
De olho nos sinais
O destaque da semana é a reunião de dois dias do Comitê Federal de Mercado Aberto. Embora não se espere um aumento nas taxas de juros neste momento, qualquer sinalização sobre os próximos passos do Fed será importante.
Para aumentar a ansiedade do mercado, haverá a divulgação de dados relacionados ao mercado de trabalho, incluindo a Pesquisa de Vagas de Emprego e Rotatividade de Trabalho de setembro na quarta-feira, e o relatório de empregos de outubro na sexta-feira, com os economistas não prevendo mudanças na taxa de desemprego, atualmente em 3,8%.
A batalha da Fed contra a inflação está prestes a entrar em uma nova fase, mas o enorme balanço do banco central continuará a desempenhar um papel fundamental.
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Ao longo de cerca de um ano e meio, o Fed aumentou agressivamente as taxas de juro para o seu nível mais elevado em 22 anos.
Isso é a ferramenta mais conhecida do Fed para manter a inflação sob controle e maximizar o emprego, que são suas duas funções fundamentais, conforme determinado pelo Congresso. No entanto, essa não é a única ferramenta à disposição do banco central no combate à inflação.
O Fed também gere um balanço que contabiliza trilhões de dólares em títulos. Este balanço é utilizado como uma ferramenta macroeconômica para enfraquecer ou fortalecer a economia.
Parece que o Fed pode ter terminado de aumentar as taxas de juros, com a possibilidade de mais um aumento em dezembro ou em janeiro (apenas 25 pontos-base de alta adicional).
No entanto, a economia continua a expandir-se de forma robusta, o mercado de trabalho continua apertado, e a inflação continua acima da meta de 2%.
Isso significa que o Fed tem mais trabalho a fazer para esfriar a economia.
O balanço ajudou e continuará a ajudar a desacelerar a economia, uma vez que as taxas de juro mais elevadas durante mais tempo fazem a maior parte do trabalho pesado.
Funciona da seguinte forma: o Fed detém ativos como títulos do Tesouro, títulos garantidos por hipotecas e empréstimos concedidos a bancos. Também detém passivos como moeda, reservas bancárias e "acordos de recompra de reservas", que são contratos de curto prazo para vender títulos e depois comprá-los a um preço mais elevado.
Sempre que o Fed pretende estimular a economia, expande suas compras de títulos, uma estratégia conhecida como "flexibilização quantitativa". Fez isso para ajudar a economia a se recuperar da Grande Recessão, por exemplo, quando o Fed expandiu dramaticamente sua carteira de ativos de menos de um bilhão em 2007 para mais de 2 bilhões de dólares em 2009.
Nos primeiros dias da pandemia de Covid-19, o Fed também reforçou drasticamente sua carteira de ativos, comprando espantosos 1,5 trilhões de dólares em títulos do Tesouro em março e abril de 2020 para estabilizar o sistema financeiro e amortecer os efeitos dos encerramentos na economia. Continuou a adquirir centenas de bilhões em títulos públicos ao longo de 2020.
O Fed tem adotado uma abordagem oposta nos dias de hoje.
Há mais de um ano, o Fed vem constantemente reduzindo seu balanço para ajudar a esfriar a economia. Essa redução é conhecida como "aperto quantitativo".
O balanço desempenha um papel crucial na retirada do estímulo da política monetária, operando em segundo plano, enquanto as taxas dos fundos federais servem como nossa principal ferramenta ativa.
O balanço da Fed está atualmente em cerca de 7,9 trilhões de dólares, abaixo do seu pico de 9 trilhões de dólares no início de 2022.
Alguns agentes de mercado preveem que, devido a uma possível recessão no próximo ano, o Fed poderá interromper o aperto quantitativo por volta do final de 2024, deixando o balanço em cerca de 7,2 trilhões de dólares. Isso pode mudar a depender dos dados de atividade, claro.
Sinalizações sobre para onde o Fed pretende levar esse balanço também serão de grande importância nesta reunião.
É improvável que o Fed continue a apertar passivamente a política monetária por meio do aperto quantitativo durante um período de crescimento econômico negativo, aumento do desemprego e cortes significativos nas taxas dos fundos federais.
Ajuste monetário nos EUA ainda parece incompleto
O presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou em entrevista coletiva após a decisão política do banco central em julho que o aperto quantitativo poderia continuar mesmo durante cortes nas taxas de juros. Isso permitiria ao Banco Central tentar retornar o balanço aproximadamente ao seu tamanho de equilíbrio.
Apesar dos sinais dos membros do Fed indicarem uma baixa probabilidade de outro ajuste nas taxas de juros de curto prazo, o ritmo robusto da economia, o mercado de trabalho apertado e sinais menos encorajadores de inflação na margem indicam que o ajuste monetário ainda não está completo.
Vejo como provável a manutenção da taxa neste encontro, mantendo um discurso cauteloso sobre os próximos passos e deixando a possibilidade de um novo aumento, ao mesmo tempo explicitando a continuidade do aperto quantitativo.
Os passos futuros dependerão dos dados econômicos. Se a atividade enfraquecer neste último trimestre, poderá haver uma sinalização menos contracionista em dezembro, o que aliviaria os mercados, que estão sob pressão devido à incerteza macroeconômica.
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