Felipe Miranda: Mudança de narrativa — rumo ao trade da recessão
A esta altura, parece mesmo improvável que consigamos escapar de uma recessão nos EUA, ainda que não seja possível desenhar sua extensão e profundidade
Mudamos de novo a narrativa: agora estamos no “trade da recessão”. Investidores batem nas commodities (exceção feita ao petróleo, por conta do corte de produção da Opep) e em outros cíclicos globais para comprar o que pode se beneficiar da queda das taxas de juro.
Há tempos já vivemos um mercado muito temático. Veio a pandemia e só o combo “stay at home” (fique em casa) tinha valor. De repente, as vacinas estavam a caminho e, então, era a hora de comprar a abertura. Empresas ligadas ao e-commerce se multiplicaram por 3x, para depois cair 85%.
Mais recentemente, arrisco dizer que tudo dentro de 2023, fomos do “soft landing” para o “no landing”, até chegar ao atual “hard landing”.
O pouso suave e a recessão
Começamos com a ideia de um pouso suave; então, fomos surpreendidos por bons dados de atividade com sinais (ainda que incipientes) de inflação abrandando.
Um pouco mais tarde, a turma resolveu olhar os PMIs e os ISMs no detalhe, seguidos de um relatório Jolts mostrando uma tendência ruim para o emprego norte-americano, que viria a ser corroborada pelo ADP Employment e suas poucas vagas criadas no mercado de trabalho privado.
A esta altura, parece mesmo improvável que consigamos escapar de uma recessão nos EUA, ainda que não seja possível desenhar sua extensão e profundidade. Nem me arrisco.
Leia Também
Hapvida decepciona mais uma vez, dados da Europa e dos EUA e o que mais move a bolsa hoje
Acho que as pessoas perdem muito tempo tentando antecipar a realidade futura, uma tarefa impossível por definição, e se dedicam pouco a tentar mensurar como os vários cenários potenciais podem impactar seu portfólio e sua vida.
Caímos de novo na máxima de Nassim Taleb: X não é F(X). X é a realidade. F(x) é como essa realidade impacta seu portfólio.
Muitas vezes é bem mais difícil desenhar o mundo do que vislumbrar como seus investimentos vão se comportar à frente. Exemplo elementar: se você está quase integralmente exposto a títulos pós-fixados brasileiros, não precisaria se preocupar tanto com o futuro do PIB dos EUA. Já se está lotado de Petrobras e Vale a coisa muda de figura.
Eis o ponto preocupante: enquanto os mercados se mostram bastante preocupados com uma recessão futura nos EUA, o apreçamento dos índices de ações por lá, sobretudo quando se pensa em termos agregados, parece não condizer com a realidade objetiva.
Em outras palavras, em se confirmando o cenário de recessão norte-americana e se a história pode servir de guia, o S&P 500 oferece uma combinação risco-retorno pouco atraente nesses níveis.
Dito ainda de uma maneira diferente, investidores parecem muito otimistas com o futuro dos juros nos EUA, enquanto não vislumbram um impacto tão relevante da recessão sobre os lucros corporativos.
- Já sabe como declarar seus investimentos no Imposto de Renda 2023? O Seu Dinheiro elaborou um guia exclusivo onde você confere as particularidades de cada ativo para não errar em nada na hora de se acertar com a Receita. Clique aqui para baixar o material gratuito.
Em relatório recente, o Bank of America Merrill Lynch escreveu: “as pessoas estão muito otimistas com fortes quedas de juros e pouco pessimistas com a recessão.”
O mesmo banco lembrou um alerta importante: em 8 das últimas 10 recessões, o S&P 500 sofreu quedas superiores a 20%. O gráfico abaixo resume o argumento:

Outro ponto relevante: ainda que, de fato, os juros menores justifiquem, mesmo ex-ante, múltiplos maiores para as ações (o chamado re-rating), essa dinâmica, na verdade, reflete uma economia em pior situação, com lucros à frente.
E a coisa fica ainda pior porque não há garantia de que o Fed vá mesmo cortar sua taxa básica já neste ano, porque a inflação é persistente e o mercado de trabalho como um todo ainda gera mais de 200 mil novas vagas por mês. O Fed quer ver a taxa de desemprego acima de 4% e isso deve acontecer mais à frente.
Quais estratégias funcionam bem?
Se a recessão está mesmo a caminho, qual o play book a seguir? Quais estratégias podem funcionar bem?
1. Mantenha uma posição importante de caixa. Ele tende a ter uma performance acima da média até que haja clareza, de fato, sobre os cortes do Fed. Não subestime o maratonista CDI: no Brasil, você é muito bem pago para esperar, tem liquidez diária e nenhuma volatilidade.
2. Ouro também costuma ser um bom ativo para o início das recessões. O dólar tende a se enfraquecer no mundo e o metal precioso é o hedge clássico contra o “greenback”.
3. Um dólar fraco também costuma ser bom prenúncio para mercados emergentes, embora, aqui, tenha de se ter cuidado com o cíclico global. Crescimento defensivo, como farmácias e supermercados, pode ir bem.
4. Venda o que está sobrecomprado, como big techs americanas e consumo de luxo na Europa.
5. Tenha o dedo no gatilho. No momento em que a recessão estiver clara e os juros começarem a cair, será a hora exata para comprar cíclicos a preços de distressed, fundos imobiliários sensíveis ao aperto monetário e small caps a preços de banana.
No final do dia, a economia vive de ciclos. Estamos terminando um deles. Sempre prefiro um fim terrível a um terror sem fim.
A nova estratégia dos FIIs para crescer, a espera pelo balanço da Nvidia e o que mais mexe com seu bolso hoje
Para continuarem entregando bons retornos, os Fundos de Investimento Imobiliários adaptaram sua estratégia; veja se há riscos para o investidor comum. Balanço da Nvidia e dados de emprego dos EUA também movem os mercados hoje
O recado das eleições chilenas para o Brasil, prisão de dono e liquidação do Banco Master e o que mais move os mercados hoje
Resultado do primeiro turno mostra que o Chile segue tendência de virada à direita já vista em outros países da América do Sul; BC decide liquidar o Banco Master, poucas horas depois que o banco recebeu uma proposta de compra da holding Fictor
Eleição no Chile confirma a guinada política da América do Sul para a direita; o Brasil será o próximo?
Após a vitória de Javier Milei na Argentina em 2023 e o avanço da direita na Bolívia em 2025, o Chile agora caminha para um segundo turno amplamente favorável ao campo conservador
Os CDBs que pagam acima da média, dados dos EUA e o que mais movimenta a bolsa hoje
Quando o retorno é maior que a média, é hora de desconfiar dos riscos; investidores aguardam dados dos EUA para tentar entender qual será o caminho dos juros norte-americanos
Direita ou esquerda? No mundo dos negócios, escolha quem faz ‘jogo duplo’
Apostar no negócio maduro ou investir em inovação? Entenda como resolver esse dilema dos negócios
Esse número pode indicar se é hora de investir na bolsa; Log corta dividendos e o que mais afeta seu bolso hoje
Relação entre preço das ações e lucro está longe do histórico e indica que ainda há espaço para subir mais; veja o que analistas dizem sobre o momento atual da bolsa de valores brasileira
Investir com emoção pode custar caro: o que os recordes do Ibovespa ensinam
Se você quer saber se o Ibovespa tem espaço para continuar subindo mesmo perto das máximas, eu não apenas acredito nisso como entendo que podemos estar diante de uma grande janela de valorização da bolsa brasileira — mas isso não livra o investidor de armadilhas
Seca dos IPOs ainda vai continuar, fim do shutdown e o que mais movimenta a bolsa hoje
Mesmo com Regime Fácil, empresas ainda podem demorar a listar ações na bolsa e devem optar por lançar dívidas corporativas; mercado deve reagir ao fim do maior shutdown da história dos EUA, à espera da divulgação de novos dados
Rodolfo Amstalden: Podemos resumir uma vida em uma imagem?
Poucos dias atrás me deparei com um gráfico absolutamente pavoroso, e quase imediatamente meu cérebro fez a estranha conexão: “ora, mas essa imagem que você julga horripilante à primeira vista nada mais é do que a história da vida da Empiricus”
Shutdown nos EUA e bolsa brasileira estão quebrando recordes diariamente, mas só um pode estar prestes a acabar; veja o que mais mexe com o seu bolso hoje
Temporada de balanços, movimentos internacionais e eleições do ano que vem podem impulsionar ainda mais a bolsa brasileira, que está em rali histórico de valorizações; Isa Energia (ISAE4) quer melhorar eficiência antes de aumentar dividendos
Ibovespa imparável: até onde vai o rali da bolsa brasileira?
No acumulado de 2025, o índice avança quase 30% em moeda local — e cerca de 50% em dólar. Esse desempenho é sustentado por três pilares centrais
Felipe Miranda: Como era verde meu vale do silício
Na semana passada, o mitológico investidor Howard Marks escreveu um de seus icônicos memorandos com o título “Baratas na mina de carvão” — uma referência ao alerta recente de Jamie Dimon, CEO do JP Morgan, sobre o mercado de crédito
Banco do Brasil (BBAS3) precisará provar que superou crise do agro, mercado está otimista com fim do shutdown nos EUA no horizonte, e o que mais você precisa saber sobre a bolsa hoje
Analistas acreditam que o BB não conseguirá retomar a rentabilidade do passado, e que ROE de 20% ficou para trás; ata do Copom e dados de inflação também mexem com os mercados
Promovido, e agora? Por que ser bom no que faz não te prepara para liderar pessoas
Por que seguimos promovendo técnicos brilhantes e esperando que, por mágica, eles virem líderes preparados? Liderar é um ofício — e como todo ofício, exige aprendizado, preparo e prática
Novo nome da Eletrobras em nada lembra mercado de energia; shutdown nos EUA e balanço da Petrobras também movem os mercados hoje
Depois de rebranding, Axia Energia anuncia R$ 4 bilhões em dividendos; veja o que mais mexe com a bolsa, que bate recorde depois de recorde
Eletrobras agora é Axia: nome questionável, dividendos indiscutíveis
Mesmo com os gastos de rebranding, a empresa entregou bons resultados no 3T25 — e há espaço tanto para valorização das ações como para mais uma bolada em proventos até o fim do ano
FII escondido no seu dia a dia é campeão entre os mais recomendados e pode pagar dividendos; mercado também reflete decisão do Copom e aprovação da isenção de IR
BTGLG11 é campeão no ranking de fundos imobiliários mais recomendados, Copom manteve Selic em 15% ao ano, e Senado aprovou isenção de Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil
É bicampeão! FII BTLG11 volta ao topo do ranking dos fundos mais recomendados em novembro — e tem dividendos extraordinários no radar
Pelo segundo mês consecutivo, o BTLG11 garantiu a vitória ao levar quatro recomendações das dez corretoras, casas de análise e bancos consultados pelo Seu Dinheiro
Economista revela o que espera para a Selic em 2025, e ações ligadas à inteligência artificial sofrem lá fora; veja o que mais mexe com o mercado hoje
Ibovespa renovou recorde antes de decisão do Copom, que deve manter a taxa básica de juros em 15% ao ano, e economista da Galapagos acredita que há espaço para cortes em dezembro; investidores acompanham ações de empresas de tecnologia e temporada de balanços
O segredo do Copom, o reinado do Itaú e o que mais movimenta o seu bolso hoje
O mercado acredita que o Banco Central irá manter a taxa Selic em 15% ao ano, mas estará atento à comunicação do banco sobre o início do ciclo de cortes; o Itaú irá divulgar seus resultados depois do fechamento e é uma das ações campeãs para o mês de novembro