Chegou a hora de abandonar a Petrobras (PETR4) e as ações de óleo e gás?
A estatal não é o investimento mais seguro que existe, especialmente após tantas críticas do novo governo e do aumento da possibilidade de interferências políticas. Por outro lado, os papéis seguem muito baratos – saiba o que fazer
As últimas semanas têm sido caóticas para quem acompanha ou investe nas empresas de petróleo brasileiras. De um dia para o outro o setor acordou com taxação para exportações e congelamento na venda de ativos da Petrobras (PETR4).
Falando em Petrobras, nesta semana os acionistas da estatal ainda ficaram sabendo de um plano de investimentos de quase R$ 300 bilhões (!!!) em energia eólica, o que poderia impactar bastante os dividendos e, consequentemente, a grande tese de investimento na companhia.
Obviamente, nenhuma dessas novidades é boa para as companhias nem para os investidores.
No entanto, isso não significa que não vale mais a pena investir no setor. Ainda vemos atratividade em algumas companhias, mesmo depois dessa chuva de notícias ruins.
Como cada uma é afetada
O primeiro grande impacto para o setor foi a taxação de 9,2% no petróleo cru exportado.
Dentre as empresas que acompanhamos, a PetroRio (PRIO3) é a mais afetada, por exportar a totalidade da sua produção.
Leia Também
Os planos e dividendos da Petrobras (PETR3), a guerra entre Rússia e Ucrânia, acordo entre Mercosul e UE e o que mais move o mercado
Felipe Miranda: O paradoxo do banqueiro central
O prazo original para a taxação é de quatro meses, e para que ela continue além desse prazo, será preciso que o Congresso aprove, o que não nos parece muito provável, dada a pressão de setores relevantes do país.
Além disso, nomes importantes do setor (Shell, TotalEnergies, Equinor, etc) já entraram na Justiça para rever a taxação.
Para fechar, é possível que em quatro meses a oneração de combustíveis volte a ser como era antes, reduzindo a necessidade de o governo buscar outras áreas para "pagar as contas".
Ainda assim, esse risco existe e, mesmo gostando bastante de PRIO3, preferimos ficar de fora dos papéis, ainda que eles tenham caído 20% recentemente.
As outras juniores
Para a 3R Petroleum (RRRP3) e PetroRecôncavo (RECV3), a taxação sobre as exportações atrapalha menos, já que elas vendem sua produção internamente.
Há o risco de impactos indiretos, como a queda do petróleo no mercado interno para "acomodar" os novos impostos nos preços finais e ainda permitir um preço de óleo competitivo lá fora. Mas isso só deveria acontecer se a taxação durar muito mais do que os quatro meses, o que é improvável em nossa visão.
O grande impacto vem de outra medida: a paralisação nos processos de venda de ativos da Petrobras.
As duas têm planos de crescer através de aquisições de campos vendidos justamente pela estatal, e como o Ministério de Minas e Energia (MME) pediu a interrupção desses processos, a perspectiva de crescimento das duas foi bastante impactada.
No caso da PetroRecôncavo, a companhia estava em negociações para adquirir o polo Bahia-Terra, mas ainda não tinha chegado a um acordo.
O caso da 3R é um pouco mais dramático, porque ela já tinha chegado a um acordo com a Petrobras para adquirir o polo Potiguar. Faltava apenas a licença ambiental para ela passar a operar o ativo, que tem capacidade para dobrar a sua produção diária.
Entendemos que os riscos de a 3R não ficar com Potiguar aumentaram, mas ao mesmo tempo esse não é um ativo de grande relevância para a Petrobras, e o cancelamento da venda pode acarretar em uma série de inseguranças jurídicas que trarão muito mais "dor de cabeça" do que benefícios para o governo.
Apesar dos problemas recentes, continuamos gostando das duas, especialmente por causa dos múltiplos já bastante descontados. A 3R segue sendo a nossa preferida, por causa do grande desconto para as pares já descontadas.
A Petrobras
Por incrível que pareça, das medidas mencionadas, a Petrobras é a menos afetada. Na verdade, o que preocupa mais no caso da estatal é a notícia de que ela estaria estudando construir sete projetos de geração eólica em alto-mar, em parceria com a Equinor.
Com base em alguns dados disponíveis da Empresa de Pesquisas Energéticas (EPE) e estudos da Iberdrola, o Capex total ficaria em torno de US$ 50 bilhões diluídos entre 7 e 11 anos de construção, o que ainda seria dividido entre Petrobras e Equinor, de acordo com as participações de cada empresa nos projetos – em uma conta simplista, seriam investidos US$ 2,5 bilhões por cada uma por ano, assumindo 50% de participação e investimentos iguais em 10 anos de construção.
O montante não é um grande absurdo para a Petrobras. Para se ter uma base de comparação, o plano estratégico da estatal (divulgado pela administração anterior) prevê investimentos anuais da ordem de US$ 15 bilhões, dos quais US$ 12 bilhões seriam destinados para exploração e produção de petróleo.
Ainda assim, pensando apenas em termos de alocação de capital, é óbvio que para os acionistas a melhor alternativa seria a petroleira investir apenas no pré-sal e distribuir os enormes dividendos que ele proporciona. Mas já sabíamos que isso não aconteceria, dadas as sinalizações recentes do novo governo.
Neste momento, o grande ponto para nós é: com um Ebitda de mais US$ 40 bilhões esperado por ano com a cotação do petróleo nos níveis atuais, serão necessários muitos novos projetos e criatividade para secar os dividendos dos acionistas.
Além disso, é importante mencionar que, após uma repercussão negativa, o CEO da Petrobras, Jean Paul Prates, tratou de tranquilizar os investidores ao dizer que os projetos eólicos são apenas um estudo preliminar, e que a companhia não vai deixar de fazer grandes investimentos em Exploração e Produção de petróleo.
É óbvio que a Petrobras não é o investimento mais seguro que existe, especialmente após tantas críticas do novo governo e do aumento da possibilidade de interferências políticas.
Por outro lado, os papéis seguem muito baratos: a Petrobras negocia por duas vezes o seu Ebitda, com dividendos muito polpudos. Em minha visão, isso ajuda a amenizar boa parte das notícias negativas. Por exemplo, mesmo com tudo isso acontecendo, PETR4 ainda sobe 5% no ano.
Por isso, dado o valuation atual e os elevados níveis de dividend yield, PETR4 segue na série Vacas Leiteiras, que tem se aproveitado do momento de incertezas para abrir cada vez mais vantagem sobre o Ibovespa.

Se quiser conferir a carteira completa com as melhores ações pagadoras de dividendos da bolsa brasileira, deixo aqui o convite.
Um grande abraço e até a semana que vem!
Ruy
Planejamento, pé no chão e consciência de que a realidade pode ser dura são alguns dos requisitos mais importantes de quem quer ser dono da própria empresa
Milhões de brasileiros sonham em abrir um negócio, mas especialistas alertam que a realidade envolve insegurança financeira, mais trabalho e falta de planejamento
Rodolfo Amstalden: Será que o Fed já pode usar AI para cortar juros?
Chegamos à situação contemporânea nos EUA em que o mercado de trabalho começa a dar sinais em prol de cortes nos juros, enquanto a inflação (acima da meta) sugere insistência no aperto
A nova estratégia dos FIIs para crescer, a espera pelo balanço da Nvidia e o que mais mexe com seu bolso hoje
Para continuarem entregando bons retornos, os Fundos de Investimento Imobiliários adaptaram sua estratégia; veja se há riscos para o investidor comum. Balanço da Nvidia e dados de emprego dos EUA também movem os mercados hoje
O recado das eleições chilenas para o Brasil, prisão de dono e liquidação do Banco Master e o que mais move os mercados hoje
Resultado do primeiro turno mostra que o Chile segue tendência de virada à direita já vista em outros países da América do Sul; BC decide liquidar o Banco Master, poucas horas depois que o banco recebeu uma proposta de compra da holding Fictor
Eleição no Chile confirma a guinada política da América do Sul para a direita; o Brasil será o próximo?
Após a vitória de Javier Milei na Argentina em 2023 e o avanço da direita na Bolívia em 2025, o Chile agora caminha para um segundo turno amplamente favorável ao campo conservador
Os CDBs que pagam acima da média, dados dos EUA e o que mais movimenta a bolsa hoje
Quando o retorno é maior que a média, é hora de desconfiar dos riscos; investidores aguardam dados dos EUA para tentar entender qual será o caminho dos juros norte-americanos
Direita ou esquerda? No mundo dos negócios, escolha quem faz ‘jogo duplo’
Apostar no negócio maduro ou investir em inovação? Entenda como resolver esse dilema dos negócios
Esse número pode indicar se é hora de investir na bolsa; Log corta dividendos e o que mais afeta seu bolso hoje
Relação entre preço das ações e lucro está longe do histórico e indica que ainda há espaço para subir mais; veja o que analistas dizem sobre o momento atual da bolsa de valores brasileira
Investir com emoção pode custar caro: o que os recordes do Ibovespa ensinam
Se você quer saber se o Ibovespa tem espaço para continuar subindo mesmo perto das máximas, eu não apenas acredito nisso como entendo que podemos estar diante de uma grande janela de valorização da bolsa brasileira — mas isso não livra o investidor de armadilhas
Seca dos IPOs ainda vai continuar, fim do shutdown e o que mais movimenta a bolsa hoje
Mesmo com Regime Fácil, empresas ainda podem demorar a listar ações na bolsa e devem optar por lançar dívidas corporativas; mercado deve reagir ao fim do maior shutdown da história dos EUA, à espera da divulgação de novos dados
Rodolfo Amstalden: Podemos resumir uma vida em uma imagem?
Poucos dias atrás me deparei com um gráfico absolutamente pavoroso, e quase imediatamente meu cérebro fez a estranha conexão: “ora, mas essa imagem que você julga horripilante à primeira vista nada mais é do que a história da vida da Empiricus”
Shutdown nos EUA e bolsa brasileira estão quebrando recordes diariamente, mas só um pode estar prestes a acabar; veja o que mais mexe com o seu bolso hoje
Temporada de balanços, movimentos internacionais e eleições do ano que vem podem impulsionar ainda mais a bolsa brasileira, que está em rali histórico de valorizações; Isa Energia (ISAE4) quer melhorar eficiência antes de aumentar dividendos
Ibovespa imparável: até onde vai o rali da bolsa brasileira?
No acumulado de 2025, o índice avança quase 30% em moeda local — e cerca de 50% em dólar. Esse desempenho é sustentado por três pilares centrais
Felipe Miranda: Como era verde meu vale do silício
Na semana passada, o mitológico investidor Howard Marks escreveu um de seus icônicos memorandos com o título “Baratas na mina de carvão” — uma referência ao alerta recente de Jamie Dimon, CEO do JP Morgan, sobre o mercado de crédito
Banco do Brasil (BBAS3) precisará provar que superou crise do agro, mercado está otimista com fim do shutdown nos EUA no horizonte, e o que mais você precisa saber sobre a bolsa hoje
Analistas acreditam que o BB não conseguirá retomar a rentabilidade do passado, e que ROE de 20% ficou para trás; ata do Copom e dados de inflação também mexem com os mercados
Promovido, e agora? Por que ser bom no que faz não te prepara para liderar pessoas
Por que seguimos promovendo técnicos brilhantes e esperando que, por mágica, eles virem líderes preparados? Liderar é um ofício — e como todo ofício, exige aprendizado, preparo e prática
Novo nome da Eletrobras em nada lembra mercado de energia; shutdown nos EUA e balanço da Petrobras também movem os mercados hoje
Depois de rebranding, Axia Energia anuncia R$ 4 bilhões em dividendos; veja o que mais mexe com a bolsa, que bate recorde depois de recorde
Eletrobras agora é Axia: nome questionável, dividendos indiscutíveis
Mesmo com os gastos de rebranding, a empresa entregou bons resultados no 3T25 — e há espaço tanto para valorização das ações como para mais uma bolada em proventos até o fim do ano
FII escondido no seu dia a dia é campeão entre os mais recomendados e pode pagar dividendos; mercado também reflete decisão do Copom e aprovação da isenção de IR
BTGLG11 é campeão no ranking de fundos imobiliários mais recomendados, Copom manteve Selic em 15% ao ano, e Senado aprovou isenção de Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil
É bicampeão! FII BTLG11 volta ao topo do ranking dos fundos mais recomendados em novembro — e tem dividendos extraordinários no radar
Pelo segundo mês consecutivo, o BTLG11 garantiu a vitória ao levar quatro recomendações das dez corretoras, casas de análise e bancos consultados pelo Seu Dinheiro