Bolsonaro inelegível — e agora: teremos a volta da polarização ou uma oportunidade para a direita brasileira?
Se mantendo o quadro definido até aqui, quem perde com a decisão do STF? Além do próprio Bolsonaro, claro, outro perdedor parece ser o Lula

Não sou cientista político. Nem pretendo ser. Apesar disso, sou alfabetizado (ao menos, parcialmente) e capaz de interpretar pesquisas eleitorais.
Também não transponho minhas preferências ideológicas para minhas análises econômico-financeiras. Se há alguma curiosidade particular entre os três leitores, posso satisfazê-la: sou um irrefreável liberal na economia e nos costumes.
Feito o disclosure, posso dividir minha perplexidade ao acompanhar a movimentação nas redes sociais ao longo do final de semana. Identifiquei muitos perfis de esquerda, alguns deles claramente lulistas, comemorando a inelegibilidade de Jair Bolsonaro. Confesso não ter entendido a celebração.
Em se mantendo o quadro definido até aqui, quem perde com a decisão do STF? Além do próprio Bolsonaro, claro, outro perdedor parece ser o próprio Lula, que sempre precisou de seu antagonista favorito para voltar a ser competitivo e, a julgar pelas pesquisas de intenção de voto na última eleição, perderia para qualquer candidato mais centrista num eventual segundo turno.
Sem Bolsonaro, os governadores mais à direita, como Tarcísio e Zema, ou até mesmo de centro-esquerda, como Eduardo Leite, teriam caminho livre para disputar com Lula ou algum outro quadro petista em 2026.
Claro que estamos muito longe e até mesmo uma semana pode ser longo prazo em política. Mas a tendência, mantido o quadro das intenções de voto até aqui demonstrado, seria Lula perder para qualquer um desses. E se Haddad fosse lançado, dado o bom trabalho que vem realizando à frente do ministério da Fazenda e a simpatia conquistada junto à Faria Lima, nem precisaria haver eleição — os mercados poderiam reagir bem com Tarcísio, Zema, Leite ou o atual ministro.
Leia Também
Não foi por falta de aviso: Copom encontra um sótão para subir os juros, mas repercussão no Ibovespa fica para amanhã
Rodolfo Amstalden: São tudo pequenas coisas de 25 bps, e tudo deve passar
Isso é claramente importante porque hoje se forma um consenso sobre uma janela de curto prazo positiva para os mercados brasileiros. A inflação pode ficar na meta já neste ano, o PIB está mais forte do que se esperava, projeta-se, majoritariamente, uma redução de 50 pontos-base na Selic em agosto, com o juro básico caminhando, talvez, para algo como 9% até o final do ano que vem.
O Brasil virou o queridinho entre os mercados emergentes junto do México, até pela falta de alternativas viáveis. Os fundos multimercados e de ações estão aumentando risco em suas carteiras locais.
Só falta a pessoa física — o primeiro movimento já começou, com a redução dos resgates em fundos de risco; infelizmente, o histórico sugere que esse investidor entra mais atrasado, depois de uma alta mais consistente das ações e do início concreto do ciclo de cortes da Selic. Seja como for, esse fluxo ainda vai chegar e pode ajudar.
O mais interessante, no entanto, é que esse ciclo conjuntural pode se transformar, a se confirmar o cenário citado acima, num longo período estrutural em prol de mais racionalidade econômica, retorno de reformas fiscais e liberalizantes e, ainda mais relevante, numa agenda de medidas para aumento da produtividade brasileira, estagnada há mais de 20 anos.
Com efeito, essa é a única saída para o Brasil na próxima década. É a real pauta necessária! Não há outra de igual relevância ou sequer parecida.
Com Bolsonaro fora do jogo, o risco é uma oportunidade?
Conforme deixou clara a última pesquisa, a população brasileira cresce em ritmo muito mais lento do que supúnhamos e envelhece rápido. Recorrendo ao modelo clássico de Solow, só podemos crescer com capital, trabalho ou aumento de produtividade.
Não haverá muita mão-de-obra disponível à frente por conta da demografia. Capital também nunca foi nosso forte. Restam os ganhos de produtividade, que só virão a partir de reformas para melhorar o ambiente de negócios e muito investimento em educação.
O mundo se abre para potenciais ganhos de produtividade como talvez não víamos desde a revolução agrícola. Estamos diante de um tsunami vindo com a inteligência artificial. Até aqui, o Brasil se esforça mais uma vez para honrar o título do país que nunca perde uma oportunidade de perder uma oportunidade. Ainda há tempo de mudar e abraçar essa chance única que o mundo nos oferece.
Aquilo que seria uma janela de 12 meses pode se transformar num longo bull market estrutural. Há dois riscos aqui. O primeiro: esta talvez seja nossa última chance de evitarmos a tragédia de nos tornarmos um país velho antes de virarmos um país rico. O Japão ficou velho e teve de lidar com esse problema, mas pelo menos já era rico. Não teríamos esse privilégio.
O segundo: a direita rachar novamente e termos o nome de Michelle Bolsonaro nas urnas, mantendo a polarização e os mesmos temores de radicalização de parte a parte. O risco é também uma oportunidade para a direita: ela pode se diferenciar da esquerda e mostrar sua capacidade de aprender com os erros do passado.
Felipe Miranda: O fim do Dollar Smile?
Agora o ouro, e não mais o dólar ou os Treasuries, representa o ativo livre de risco no imaginário das pessoas
17 X 0 na bolsa brasileira e o que esperar dos mercados hoje, com disputa entre Israel e Irã no radar
Desdobramentos do conflito que começou na sexta-feira (13) segue ditando o humor dos mercados, em semana de Super Quarta
Sexta-feira, 13: Israel ataca Irã e, no Brasil, mercado digere o pacote do governo federal
Mercados globais operam em queda, com ouro e petróleo em alta com aumento da aversão ao risco
Labubu x Vale (VALE3): quem sai de moda primeiro?
Se fosse para colocar o meu suado dinheirinho na fabricante do Labubu ou na mineradora, escolho aquela cujas ações, no longo prazo, acompanham o fundamento da empresa
Novo pacote, velhos vícios: arrecadar, arrecadar, arrecadar
O episódio do IOF não é a raiz do problema, mas apenas mais uma manifestação dos sintomas de uma doença crônica
Bradesco acerta na hora de virar o disco, governo insiste no aumento de impostos e o que mais embala o ritmo dos mercados hoje
Investidores avaliam as medidas econômicas publicadas pelo governo na noite de quarta e aguardam detalhes do acordo entre EUA e China
Rodolfo Amstalden: Mais uma anomalia para chamar de sua
Eu sou um stock picker por natureza, mas nem precisaremos mergulhar tanto assim no intrínseco da Bolsa para encontrar oportunidade; basta apenas escapar de tudo o que é irritantemente óbvio
Construtoras avançam com nova faixa do Minha Casa, e guerra comercial entre China e EUA esfria
Seu Dinheiro entrevistou o CEO da Direcional (DIRR3), que falou sobre os planos da empresa; e mercados globais aguardam detalhes do acordo entre as duas maiores potências
Pesou o clima: medidas que substituem alta do IOF serão apresentadas a Lula nesta terça (10); mercados repercutem IPCA e negociação EUA-China
Entre as propostas do governo figuram o fim da isenção de IR dos investimentos incentivados, a unificação das alíquotas de tributação de aplicações financeiras e a elevação do imposto sobre JCP
Felipe Miranda: Para quem não sabe para onde ir, qualquer caminho serve
O anúncio do pacote alternativo ao IOF é mais um reforço à máxima de que somos o país que não perde uma oportunidade de perder uma oportunidade. Insistimos num ajuste fiscal centrado na receita, sem anúncios de corte de gastos.
Celebrando a colheita do milho nas festas juninas e na SLC Agrícola, e o que esperar dos mercados hoje
No cenário global, investidores aguardam as negociações entre EUA e China; por aqui, estão de olho no pacote alternativo ao aumento do IOF
Azul (AZUL4) no vermelho: por que o negócio da aérea não deu samba?
A Azul executou seu plano com excelência. Alcançou 150 destinos no Brasil e opera sozinha em 80% das rotas. Conseguiu entrar em Congonhas. Chegou até a cair nas graças da Faria Lima por um tempo. Mesmo assim, não escapou da crise financeira.
A seleção com Ancelotti, e uma empresa em baixa para ficar de olho na bolsa; veja também o que esperar para os mercados hoje
Assim como a seleção brasileira, a Gerdau não passa pela sua melhor fase, mas sua ação pode trazer um bom retorno, destaca o colunista Ruy Hungria
A ação que disparou e deixa claro que mesmo empresas em mau momento podem ser ótimos investimentos
Às vezes o valuation fica tão barato que vale a pena comprar a ação mesmo que a empresa não esteja em seus melhores dias — mas é preciso critério
Apesar da Selic, Tenda celebra MCMV, e FII do mês é de tijolo. E mais: mercado aguarda juros na Europa e comentários do Fed nos EUA
Nas reportagens desta quinta, mostramos que, apesar dos juros nas alturas, construtoras disparam na bolsa, e tem fundo imobiliário de galpões como sugestão para junho
Rodolfo Amstalden: Aprofundando os casos de anomalia polimórfica
Na janela de cinco anos podemos dizer que existe uma proporcionalidade razoável entre o IFIX e o Ibovespa. Para todas as outras, o retorno ajustado ao risco oferecido pelo IFIX se mostra vantajoso
Vanessa Rangel e Frank Sinatra embalam a ação do mês; veja também o que embala os mercados hoje
Guerra comercial de Trump, dados dos EUA e expectativa em relação ao IOF no Brasil estão na mira dos investidores nesta quarta-feira
O Brasil precisa seguir as ‘recomendações médicas’: o diagnóstico da Moody’s e o que esperar dos mercados hoje
Tarifas de Trump seguem no radar internacional; no cenário local, mercado aguarda negociações de Haddad com líderes do Congresso sobre alternativas ao IOF
Crônica de uma ruína anunciada: a Moody’s apenas confirmou o que já era evidente
Três reformas estruturais se impõem como inevitáveis — e cada dia de atraso só agrava o diagnóstico
Tony Volpon: O “Taco Trade” salva o mercado
A percepção, de que a reação de Trump a qualquer mexida no mercado o leva a recuar, é uma das principais razões pelas quais estamos basicamente no zero a zero no S&P 500 neste ano, com uma pequena alta no Nasdaq