A disparada das ações da Nvidia é só mais uma bolha de tecnologia (e está tudo bem)
O instinto do mercado em inflar os preços de ativos como os da Nvidia e fazer previsões demasiadamente otimistas é exatamente o mesmo de 20 anos atrás
Olá, seja bem-vindo à Estrada do Futuro, onde conversamos semanalmente sobre a intersecção entre investimentos e tecnologia. De tempos em tempos, bolhas se formam no setor de tecnologia. E está tudo bem…
Aceitar essa dinâmica nada mais é do que compreender o quão cíclico é esse segmento.
Mas calma, você deve estar se perguntando: todos os anos o investimento em tecnologia cresce. Se o crescimento geral é estável e duradouro, como você pode acusar de cíclico um setor com esse?
Um pouco de história vai nos ajudar.
SEU DINHEIRO EXPLICA — Dá para pagar uma faculdade de medicina com o Tesouro Educa+? Fizemos as contas para você!
Como assim?
Um dos melhores exemplos de setor cíclico é o de commodities.
Petróleo, minério de ferro, alimentos… para todos esses produtos aceitamos que forças de oferta e demanda se digladiam o tempo inteiro em busca de um equilíbrio.
Leia Também
Veja quanto o seu banco paga de imposto, que indicadores vão mexer com a bolsa e o que mais você precisa saber hoje
As lições do Chile para o Brasil, ata do Copom, dados dos EUA e o que mais movimenta a bolsa hoje
Qualquer disrupção em um dos lados é capaz de provocar flutuações enormes nos preços dessas commodities e nos resultados das empresas que as produzem.
Desde a pandemia, por exemplo, os preços do petróleo oscilaram entre US$ 35 negativos (sim, negativos) no auge da pandemia e US$ 120 por volta de fevereiro de 2022.
Talvez — e essa é tão somente uma especulação minha — a natureza “concreta” das commodities torne muito mais simples entender seus ciclos.
Afinal, um barril de petróleo vendido no “all time high” é similar ao barril vendido no “all time low”.
Apesar dos orçamentos de tecnologia crescerem todos os anos, os ciclos aqui se movem em ondas de inovação. Assim, cada vez que o ciclo muda, mudam também os produtos e serviços em que as empresas estão investindo.
Por exemplo, se pensarmos em termos de hardware, a década de 90 e o início dos anos 2000 foram marcados pelo crescimento exponencial dos servidores.
Em paralelo a eles, aplicações de software como ERP e bancos de dados também cresceram exponencialmente.
A "bolha" da Cisco
No final dos anos 90, quando era a empresa mais valiosa do mundo, a Cisco cresceu receitas em 57% (1997), 32% (1998), 43% (1999) e 55% (2000).
Em quatro anos, suas receitas triplicaram.
Nos 20 anos seguintes, porém, a empresa mais quente do mundo sofreria com a estagnação, primeiro com a bolha.com e a desaceleração do segmento de tecnologia e depois, no final da década seguinte, com a ascensão da computação em nuvem.
De repente, havia algo mais novo e mais interessante para se investir.
O mesmo aconteceu com software
Na medida em que SAP e Oracle dominaram os dois maiores mercados de software do mundo, um novo problema de negócio ganhou a atenção (e o orçamento) das grandes empresas: o Big Data.
O início da década de 2010 foi a febre do Big Data.
Bilhões de dólares foram empilhados em ferramentas como o Tableau (adquirido pela Salesforce) que prometia entregar aos executivos uma visão 360 de todo o conhecimento disperso por suas organizações.
O Big Data destravaria novas avenidas de crescimento, tornaria os clientes e funcionários mais felizes e blablabla.
Quando eu entrei na faculdade de economia (no distante ano de 2014), todo mundo fazia cursos de Big Data…
Mas, na prática, o “Big Data” do começo dos anos 2010 era meia dúzia de dashboards coloridos vistos no navegador (e futuramente no celular). Uma versão “chique” do que as empresas faziam no excel desde a década de 90.
Os petabytes de dados e mais dados produzidos todos os dias pelas empresas continuaram como diamantes brutos não lapidados.
Ainda assim, muitas empresas levantaram muito dinheiro prometendo lapidá-los.
Por favor, não me entenda mal: o Big Data talvez seja o precursor da inteligência artificial na forma como consumimos hoje, com os modelos transformers e especialmente os modelos de linguagem natural como o ChatGPT.
Em si, porém, o conceito Big Data nunca entregou na prática o que ele prometia no papel.
Agora, chegou a vez da Nvidia.
Sim, provavelmente a Nvidia faz parte de mais uma bolha de tecnologia
Desde 2018, quando recomendamos pela primeira vez as ações da Nvidia, escrevemos sobre como a crescente atuação da empresa no segmento corporativo seria seu verdadeiro upside de longo prazo.
Naquele momento, a Nvidia era uma empresa de games, com a maior parte das suas receitas vinda da venda das placas de vídeo da família RTX.
Passados cinco anos, a receita de “Data Centers”, que engloba vendas de uma série de hardwares de uso comercial (entre eles, AI), é 4x maior que a venda de GPUs de games.
O que vemos na indústria é uma corrida do ouro em que os clientes estão comprando todas as GPUs que conseguem.
Em parte para acelerar o desenvolvimento de seus próprios modelos, em parte para tentar atrasar seus concorrentes no desafio de fazê-lo também.
No tempo, essa corrida maluca invariavelmente levará o mercado a uma situação sub ótima: em algum momento esse excesso de estocagem se transformará em um problema.
Hoje, não é exagero dizer que as empresas de tecnologia estão fazendo reservas estratégicas de GPUs.
É sempre assim no setor de semicondutores.
A não ser, claro, que você diga as palavras proibidas do mercado financeiro: dessa vez é diferente!
Dificilmente será
Para 2024, 2025 e 2026, o mercado estima que a receita da Nvidia crescerá 100%, 37% e 24%, respectivamente.
Isso, aliás, ecoa de uma maneira quase alarmante a história que eu contei acima, sobre a Cisco no início dos anos 2000.
Claro, o mercado, o momento e o impacto dessa nova tecnologia (AI) são completamente diferentes.
Entretanto, o instinto do mercado em criar uma bolha ao inflar os preços dos ativos e fazer previsões demasiadamente otimistas é exatamente o mesmo de 20 anos atrás.
- Nvidia (NVDC34) não está entre as 5 melhores ações internacionais para buscar lucros agora, segundo Richard Camargo. Veja quais são as recomendações do analista da Empiricus Research acessando este relatório gratuito.
Como enterrar um projeto: você já fez a lista do que vai abandonar em 2025?
Talvez você ou sua empresa já tenham sua lista de metas para 2026. Mas você já fez a lista do que vai abandonar em 2025?
Flávio Day: veja dicas para proteger seu patrimônio com contratos de opções e escolhas de boas ações
Veja como proteger seu patrimônio com contratos de opções e com escolhas de boas empresas
Flávio Day nos lembra a importância de ter proteção e investir em boas empresas
O evento mostra que ainda não chegou a hora de colocar qualquer ação na carteira. Por enquanto, vamos apenas com aquelas empresas boas, segundo a definição de André Esteves: que vão bem em qualquer cenário
A busca pelo rendimento alto sem risco, os juros no Brasil, e o que mais move os mercados hoje
A janela para buscar retornos de 1% ao mês na renda fixa está acabando; mercado vai reagir à manutenção da Selic e à falta de indicações do Copom sobre cortes futuros de juros
Rodolfo Amstalden: E olha que ele nem estava lá, imagina se estivesse…
Entre choques externos e incertezas eleitorais, o pregão de 5 de dezembro revelou que os preços já carregavam mais política do que os investidores admitiam — e que a Bolsa pode reagir tanto a fatores invisíveis quanto a surpresas ainda por vir
A mensagem do Copom para a Selic, juros nos EUA, eleições no Brasil e o que mexe com seu bolso hoje
Investidores e analistas vão avaliar cada vírgula do comunicado do Banco Central para buscar pistas sobre o caminho da taxa básica de juros no ano que vem
Os testes da família Bolsonaro, o sonho de consumo do Magalu (MGLU3), e o que move a bolsa hoje
Veja por que a pré-candidatura de Flávio Bolsonaro à presidência derrubou os mercados; Magazine Luiza inaugura megaloja para turbinar suas receitas
O suposto balão de ensaio do clã Bolsonaro que furou o mercado: como fica o cenário eleitoral agora?
Ainda que o processo eleitoral esteja longe de qualquer definição, a reação ao anúncio da candidatura de Flávio Bolsonaro deixou claro que o caminho até 2026 tende a ser marcado por tensão e volatilidade
Felipe Miranda: Os últimos passos de um homem — ou, compre na fraqueza
A reação do mercado à possível candidatura de Flávio Bolsonaro reacende memórias do Joesley Day, mas há oportunidade
Bolha nas ações de IA, app da B3, e definições de juros: veja o que você precisa saber para investir hoje
Veja o que especialista de gestora com mais de US$ 1,5 trilhão em ativos diz sobre a alta das ações de tecnologia e qual é o impacto para o mercado brasileiro. Acompanhe também a agenda da semana
É o fim da pirâmide corporativa? Como a IA muda a base do trabalho, ameaça os cargos de entrada e reescreve a carreira
As ofertas de emprego para posições de entrada tiveram fortes quedas desde 2024 em razão da adoção da IA. Como os novos trabalhadores vão aprender?
As dicas para quem quer receber dividendos de Natal, e por que Gerdau (GGBR4) e Direcional (DIRR3) são boas apostas
O que o investidor deve olhar antes de investir em uma empresa de olho dos proventos, segundo o colunista do Seu Dinheiro
Tsunami de dividendos extraordinários: como a taxação abre uma janela rara para os amantes de proventos
Ainda que a antecipação seja muito vantajosa em algumas circunstâncias, é preciso analisar caso a caso e não se animar com qualquer anúncio de dividendo extraordinário
Quais são os FIIs campeões de dezembro, divulgação do PIB e da balança comercial e o que mais o mercado espera para hoje
Sete FIIs disputam a liderança no mês de dezembro; veja o que mais você precisa saber hoje antes de investir
Copel (CPLE3) é a ação do mês, Ibovespa bate novo recorde, e o que mais movimenta os mercados hoje
Empresa de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, a Copel é a favorita para investir em dezembro. Veja o que mais você precisa saber sobre os mercados hoje
Mais empresas no nó do Master e Vorcaro, a escolha do Fed e o que move as bolsas hoje
Titan Capital surge como peça-chave no emaranhado de negócios de Daniel Vorcaro, envolvendo mais de 30 empresas; qual o risco da perda da independência do Fed, e o que mais o investidor precisa saber hoje
A sucessão no Fed: o risco silencioso por trás da queda dos juros
A simples possibilidade de mudança no comando do BC dos EUA já começou a mexer na curva de juros, refletindo a percepção de que o “jogo” da política monetária em 2026 será bem diferente do atual
Tony Volpon: Bolhas não acabam assim
Wall Street vivencia hoje uma bolha especulativa no mercado de ações? Entenda o que está acontecendo nas bolsas norte-americanas, e o que a inteligência artificial tem a ver com isso
As lições da Black Friday para o universo dos fundos imobiliários e uma indicação de FII que realmente vale a pena agora
Descontos na bolsa, retorno com dividendos elevados, movimentos de consolidação: que tipo de investimento realmente compensa na Black Friday dos FIIs?
Os futuros dividendos da Estapar (ALPK3), o plano da Petrobras (PETR3), as falas de Galípolo e o que mais move o mercado
Com mudanças contábeis, Estapar antecipa pagamentos de dividendos. Petrobras divulga seu plano estratégico, e presidente do BC se mantém duro em sua política de juros