A disparada das ações da Nvidia é só mais uma bolha de tecnologia (e está tudo bem)
O instinto do mercado em inflar os preços de ativos como os da Nvidia e fazer previsões demasiadamente otimistas é exatamente o mesmo de 20 anos atrás

Olá, seja bem-vindo à Estrada do Futuro, onde conversamos semanalmente sobre a intersecção entre investimentos e tecnologia. De tempos em tempos, bolhas se formam no setor de tecnologia. E está tudo bem…
Aceitar essa dinâmica nada mais é do que compreender o quão cíclico é esse segmento.
Mas calma, você deve estar se perguntando: todos os anos o investimento em tecnologia cresce. Se o crescimento geral é estável e duradouro, como você pode acusar de cíclico um setor com esse?
Um pouco de história vai nos ajudar.
SEU DINHEIRO EXPLICA — Dá para pagar uma faculdade de medicina com o Tesouro Educa+? Fizemos as contas para você!
Como assim?
Um dos melhores exemplos de setor cíclico é o de commodities.
Petróleo, minério de ferro, alimentos… para todos esses produtos aceitamos que forças de oferta e demanda se digladiam o tempo inteiro em busca de um equilíbrio.
Leia Também
Sexta-feira, 13: Israel ataca Irã e, no Brasil, mercado digere o pacote do governo federal
Labubu x Vale (VALE3): quem sai de moda primeiro?
Qualquer disrupção em um dos lados é capaz de provocar flutuações enormes nos preços dessas commodities e nos resultados das empresas que as produzem.
Desde a pandemia, por exemplo, os preços do petróleo oscilaram entre US$ 35 negativos (sim, negativos) no auge da pandemia e US$ 120 por volta de fevereiro de 2022.
Talvez — e essa é tão somente uma especulação minha — a natureza “concreta” das commodities torne muito mais simples entender seus ciclos.
Afinal, um barril de petróleo vendido no “all time high” é similar ao barril vendido no “all time low”.
Apesar dos orçamentos de tecnologia crescerem todos os anos, os ciclos aqui se movem em ondas de inovação. Assim, cada vez que o ciclo muda, mudam também os produtos e serviços em que as empresas estão investindo.
Por exemplo, se pensarmos em termos de hardware, a década de 90 e o início dos anos 2000 foram marcados pelo crescimento exponencial dos servidores.
Em paralelo a eles, aplicações de software como ERP e bancos de dados também cresceram exponencialmente.
A "bolha" da Cisco
No final dos anos 90, quando era a empresa mais valiosa do mundo, a Cisco cresceu receitas em 57% (1997), 32% (1998), 43% (1999) e 55% (2000).
Em quatro anos, suas receitas triplicaram.
Nos 20 anos seguintes, porém, a empresa mais quente do mundo sofreria com a estagnação, primeiro com a bolha.com e a desaceleração do segmento de tecnologia e depois, no final da década seguinte, com a ascensão da computação em nuvem.
De repente, havia algo mais novo e mais interessante para se investir.
O mesmo aconteceu com software
Na medida em que SAP e Oracle dominaram os dois maiores mercados de software do mundo, um novo problema de negócio ganhou a atenção (e o orçamento) das grandes empresas: o Big Data.
O início da década de 2010 foi a febre do Big Data.
Bilhões de dólares foram empilhados em ferramentas como o Tableau (adquirido pela Salesforce) que prometia entregar aos executivos uma visão 360 de todo o conhecimento disperso por suas organizações.
O Big Data destravaria novas avenidas de crescimento, tornaria os clientes e funcionários mais felizes e blablabla.
Quando eu entrei na faculdade de economia (no distante ano de 2014), todo mundo fazia cursos de Big Data…
Mas, na prática, o “Big Data” do começo dos anos 2010 era meia dúzia de dashboards coloridos vistos no navegador (e futuramente no celular). Uma versão “chique” do que as empresas faziam no excel desde a década de 90.
Os petabytes de dados e mais dados produzidos todos os dias pelas empresas continuaram como diamantes brutos não lapidados.
Ainda assim, muitas empresas levantaram muito dinheiro prometendo lapidá-los.
Por favor, não me entenda mal: o Big Data talvez seja o precursor da inteligência artificial na forma como consumimos hoje, com os modelos transformers e especialmente os modelos de linguagem natural como o ChatGPT.
Em si, porém, o conceito Big Data nunca entregou na prática o que ele prometia no papel.
Agora, chegou a vez da Nvidia.
Sim, provavelmente a Nvidia faz parte de mais uma bolha de tecnologia
Desde 2018, quando recomendamos pela primeira vez as ações da Nvidia, escrevemos sobre como a crescente atuação da empresa no segmento corporativo seria seu verdadeiro upside de longo prazo.
Naquele momento, a Nvidia era uma empresa de games, com a maior parte das suas receitas vinda da venda das placas de vídeo da família RTX.
Passados cinco anos, a receita de “Data Centers”, que engloba vendas de uma série de hardwares de uso comercial (entre eles, AI), é 4x maior que a venda de GPUs de games.
O que vemos na indústria é uma corrida do ouro em que os clientes estão comprando todas as GPUs que conseguem.
Em parte para acelerar o desenvolvimento de seus próprios modelos, em parte para tentar atrasar seus concorrentes no desafio de fazê-lo também.
No tempo, essa corrida maluca invariavelmente levará o mercado a uma situação sub ótima: em algum momento esse excesso de estocagem se transformará em um problema.
Hoje, não é exagero dizer que as empresas de tecnologia estão fazendo reservas estratégicas de GPUs.
É sempre assim no setor de semicondutores.
A não ser, claro, que você diga as palavras proibidas do mercado financeiro: dessa vez é diferente!
Dificilmente será
Para 2024, 2025 e 2026, o mercado estima que a receita da Nvidia crescerá 100%, 37% e 24%, respectivamente.
Isso, aliás, ecoa de uma maneira quase alarmante a história que eu contei acima, sobre a Cisco no início dos anos 2000.
Claro, o mercado, o momento e o impacto dessa nova tecnologia (AI) são completamente diferentes.
Entretanto, o instinto do mercado em criar uma bolha ao inflar os preços dos ativos e fazer previsões demasiadamente otimistas é exatamente o mesmo de 20 anos atrás.
- Nvidia (NVDC34) não está entre as 5 melhores ações internacionais para buscar lucros agora, segundo Richard Camargo. Veja quais são as recomendações do analista da Empiricus Research acessando este relatório gratuito.
Construtoras avançam com nova faixa do Minha Casa, e guerra comercial entre China e EUA esfria
Seu Dinheiro entrevistou o CEO da Direcional (DIRR3), que falou sobre os planos da empresa; e mercados globais aguardam detalhes do acordo entre as duas maiores potências
Pesou o clima: medidas que substituem alta do IOF serão apresentadas a Lula nesta terça (10); mercados repercutem IPCA e negociação EUA-China
Entre as propostas do governo figuram o fim da isenção de IR dos investimentos incentivados, a unificação das alíquotas de tributação de aplicações financeiras e a elevação do imposto sobre JCP
Felipe Miranda: Para quem não sabe para onde ir, qualquer caminho serve
O anúncio do pacote alternativo ao IOF é mais um reforço à máxima de que somos o país que não perde uma oportunidade de perder uma oportunidade. Insistimos num ajuste fiscal centrado na receita, sem anúncios de corte de gastos.
Celebrando a colheita do milho nas festas juninas e na SLC Agrícola, e o que esperar dos mercados hoje
No cenário global, investidores aguardam as negociações entre EUA e China; por aqui, estão de olho no pacote alternativo ao aumento do IOF
Azul (AZUL4) no vermelho: por que o negócio da aérea não deu samba?
A Azul executou seu plano com excelência. Alcançou 150 destinos no Brasil e opera sozinha em 80% das rotas. Conseguiu entrar em Congonhas. Chegou até a cair nas graças da Faria Lima por um tempo. Mesmo assim, não escapou da crise financeira.
A seleção com Ancelotti, e uma empresa em baixa para ficar de olho na bolsa; veja também o que esperar para os mercados hoje
Assim como a seleção brasileira, a Gerdau não passa pela sua melhor fase, mas sua ação pode trazer um bom retorno, destaca o colunista Ruy Hungria
A ação que disparou e deixa claro que mesmo empresas em mau momento podem ser ótimos investimentos
Às vezes o valuation fica tão barato que vale a pena comprar a ação mesmo que a empresa não esteja em seus melhores dias — mas é preciso critério
Apesar da Selic, Tenda celebra MCMV, e FII do mês é de tijolo. E mais: mercado aguarda juros na Europa e comentários do Fed nos EUA
Nas reportagens desta quinta, mostramos que, apesar dos juros nas alturas, construtoras disparam na bolsa, e tem fundo imobiliário de galpões como sugestão para junho
Rodolfo Amstalden: Aprofundando os casos de anomalia polimórfica
Na janela de cinco anos podemos dizer que existe uma proporcionalidade razoável entre o IFIX e o Ibovespa. Para todas as outras, o retorno ajustado ao risco oferecido pelo IFIX se mostra vantajoso
Vanessa Rangel e Frank Sinatra embalam a ação do mês; veja também o que embala os mercados hoje
Guerra comercial de Trump, dados dos EUA e expectativa em relação ao IOF no Brasil estão na mira dos investidores nesta quarta-feira
O Brasil precisa seguir as ‘recomendações médicas’: o diagnóstico da Moody’s e o que esperar dos mercados hoje
Tarifas de Trump seguem no radar internacional; no cenário local, mercado aguarda negociações de Haddad com líderes do Congresso sobre alternativas ao IOF
Crônica de uma ruína anunciada: a Moody’s apenas confirmou o que já era evidente
Três reformas estruturais se impõem como inevitáveis — e cada dia de atraso só agrava o diagnóstico
Tony Volpon: O “Taco Trade” salva o mercado
A percepção, de que a reação de Trump a qualquer mexida no mercado o leva a recuar, é uma das principais razões pelas quais estamos basicamente no zero a zero no S&P 500 neste ano, com uma pequena alta no Nasdaq
O copo meio… cheio: a visão da Bradesco Asset para a bolsa brasileira e o que esperar dos mercados hoje
Com feriado na China e fala de Powell nos EUA, mercados reagem a tarifas de Trump (de novo!) e ofensiva russa contra Ucrânia
Você já ouviu falar em boreout? Quando o trabalho é pouco demais: o outro lado do burnout
O boreout pode ser traiçoeiro justamente por não parecer um problema “grave”, mas há uma armadilha emocional em estar confortável demais
De hoje não passa: Ibovespa tenta recuperação em dia de PIB no Brasil e índice favorito do Fed nos EUA
Resultado do PIB brasileiro no primeiro trimestre será conhecido hoje; Wall Street reage ao PCE (inflação de gastos com consumo)
A Petrobras (PETR4) está bem mais próxima de perfurar a Margem Equatorial. Mas o que isso significa?
Estimativas apontam para uma reserva de 30 bilhões de barris, o que é comparável ao campo de Búzios, o maior do mundo em águas ultraprofundas — não à toa a região é chamada de o “novo pré-sal”
Prevenir é melhor que remediar: Ibovespa repercute decisão judicial contra tarifaço, PIB dos EUA e desemprego no Brasil
Um tribunal norte-americano suspendeu o tarifaço de Donald Trump contra o resto do mundo; decisão anima as bolsas
Rodolfo Amstalden: A parábola dos talentos financeiros é uma anomalia de volatilidade
As anomalias de volatilidade não são necessariamente comuns e nem eternas, pois o mercado é (quase) eficiente; mas existem em janelas temporais relevantes, e podem fazer você ganhar uma boa grana
Época de provas na bolsa: Ibovespa tenta renovar máximas em dia de Caged, ata do Fed e recuperação judicial da Azul
No noticiário corporativo, o BTG Pactual anunciou a compra de R$ 1,5 bilhão em ativos de Daniel Vorcaro; dinheiro será usado para capitalizar o Banco Master