A Valid (VLID3) é uma anomalia na B3? Saiba como usar o fluxo ao seu favor para encontrar oportunidades na bolsa
Como em um quebra-cabeça, a tese de investimento em Valid foi se encaixando e atraindo a atenção de investidores
No início do mês passado, escrevi esta newsletter sobre Seth Klarman, um dos maiores value investors de todos os tempos. Minha intenção foi abordar as dez maiores lições que tirei de um podcast que ele havia participado. Tê-lo escutado me ajudou - ainda que indiretamente - na tomada de decisão de carregar com peso relevante uma das maiores posições da Carteira Market Makers: a Valid.
Por ser um value investor raiz discípulo de Benjamin Graham, o que ele mais gosta de fazer é comprar ações que negociam abaixo do valor intrínseco ou, em outras palavras, que negociam com bastante margem de segurança para o valor justo.
Mas não só isso: as ações escolhidas precisam de algum gatilho de valorização.
Um desses gatilhos é o fluxo financeiro que pode vir devido a alterações na composição dos índices de ações. Ou seja, uma ação que entra em um índice irá se beneficiar por um fluxo comprador, enquanto a excluída será prejudicada por um fluxo vendedor.
Por este motivo, Seth Klarman gosta de comprar ações que ou foram excluídas de índices e viram seus preços descolarem do valor justo por conta do fluxo vendedor ou podem vir a fazer parte de um índice no futuro. Conforme ele mesmo diz:
“O que as pessoas tendem a gostar, tende a ficar muito bem precificado; o que as pessoas tendem a não gostar, tende a ficar ainda mais barato, mas tende a oferecer melhor retorno sobre o investimento”.
A tese em Valid (VLID3) na bolsa
Trazendo para o nosso contexto, os índices de ações mais conhecidos são o Ibovespa e o Índice Small Caps. Esses índices são seguidos por fundos passivos de investimento que basicamente replicam a carteira teórica deles, tais como o BOVA11 (inspirado no Ibovespa) e o SMAL11 (inspirado no Small Caps).
É aí que a Valid (VLID3) entra na história. Recentemente a ação passou a fazer parte de alguns índices de ações, sendo o de small caps o mais relevante.
Adicionamos Valid na Carteira Market Makers no dia 16/03/2023 sem a pretensão de achar que ela poderia entrar em algum índice.
Nossa tese era de uma empresa descontada que havia feito um trabalho de reestruturação operacional com potencial para entregar um lucro líquido de pelo menos R$ 200 milhões em 2023.
Sendo avaliada por R$ 800 milhões em valor de mercado e, portanto, negociando a 4x o lucro que havíamos estimado para o ano, achávamos uma das maiores anomalias da bolsa. Falei mais sobre a empresa aqui.
Leia Também
Copel (CPLE3) é a ação do mês, Ibovespa bate novo recorde, e o que mais movimenta os mercados hoje
Mais empresas no nó do Master e Vorcaro, a escolha do Fed e o que move as bolsas hoje

Com pouca dívida e desalavancada, o gatilho principal era que a entrega de resultados abriria (e ainda abre) espaço para a empresa remunerar seus acionistas através de proventos.
Valid (VLID3) é uma armadilha ou oportunidade na bolsa?
O que para o mercado era uma tese de value trap, para nós trazia atributos de value investing.
Como em um quebra-cabeça, a tese de investimento foi se encaixando, o melhor momento operacional da história da companhia foi se provando e a Valid passou a atrair a atenção de investidores, que por sua vez, fez aumentar a liquidez das ações e permitiu a ela entrar com um peso de 0,5% nas prévias da carteira do índice Small Caps divulgadas ao longo do mês de agosto.
Por regra da B3, os índices de ações são rebalanceados a cada quatro meses e os fundos passivos, também por regra, replicam a carteira teórica dos fundos.
Para se ter uma ideia da dimensão do fluxo, como o patrimônio líquido do SMAL11 sozinho totaliza R$ 6,2 bilhões, a entrada de Valid com um peso de 0,5% somente neste fundo passivo traria um volume adicional de R$ 30 milhões para as ações.
Pode até parecer pouco, mas como as ações de Valid giravam em média R$ 4 milhões por dia na bolsa, o fluxo seria relevante.
Sem falar que, por mandato, certos fundos ativos passam a acompanhar e só podem comprar empresas que passam a fazer parte de índices de ações.
Na última sexta-feira, data em que os fundos passivos replicaram as carteiras teóricas, VLID3 subiu 9,35% com um volume de mais de R$ 58 milhões no dia:

Ou seja, Valid era uma tese à la Seth Klarman e outro gatilho de valorização das ações havia acabado de se formar. Bastava ter paciência de esperar.
Um abraço,
Matheus Soares
Os futuros dividendos da Estapar (ALPK3), o plano da Petrobras (PETR3), as falas de Galípolo e o que mais move o mercado
Com mudanças contábeis, Estapar antecipa pagamentos de dividendos. Petrobras divulga seu plano estratégico, e presidente do BC se mantém duro em sua política de juros
Jogada de mestre: proposta da Estapar (ALPK3) reduz a espera por dividendos em até 8 anos, ações disparam e esse pode ser só o começo
A companhia possui um prejuízo acumulado bilionário e precisaria de mais 8 anos para conseguir zerar esse saldo para distribuir dividendos. Essa espera, porém, pode cair drasticamente se duas propostas forem aprovadas na AGE de dezembro.
A decisão de Natal do Fed, os títulos incentivados e o que mais move o mercado hoje
Veja qual o impacto da decisão de dezembro do banco central dos EUA para os mercados brasileiros e o que deve acontecer com as debêntures incentivadas, isentas de IR
Corte de juros em dezembro? O Fed diz talvez, o mercado jura que sim
Embora a maioria do mercado espere um corte de 25 pontos-base, as declarações do Fed revelam divisão interna: há quem considere a inflação o maior risco e há quem veja a fragilidade do mercado de trabalho como a principal preocupação
Rodolfo Amstalden: O mercado realmente subestima a Selic?
Dentro do arcabouço de metas de inflação, nosso Bacen dá mais cavalos de pau do que a média global. E o custo de se voltar atrás para um formulador de política monetária é quase que proibitivo. Logo, faz sentido para o mercado cobrar um seguro diante de viradas possíveis.
As projeções para a economia em 2026, inflação no Brasil e o que mais move os mercados hoje
Seu Dinheiro mostra as projeções do Itaú para os juros, inflação e dólar para 2026; veja o que você precisa saber sobre a bolsa hoje
Os planos e dividendos da Petrobras (PETR3), a guerra entre Rússia e Ucrânia, acordo entre Mercosul e UE e o que mais move o mercado
Seu Dinheiro conversou com analistas para entender o que esperar do novo plano de investimentos da Petrobras; a bolsa brasileira também reflete notícias do cenário econômico internacional
Felipe Miranda: O paradoxo do banqueiro central
Se você é explicitamente “o menino de ouro” do presidente da República e próximo ao ministério da Fazenda, é natural desconfiar de sua eventual subserviência ao poder Executivo
Hapvida decepciona mais uma vez, dados da Europa e dos EUA e o que mais move a bolsa hoje
Operadora de saúde enfrenta mais uma vez os mesmos problemas que a fizeram despencar na bolsa há mais dois anos; investidores aguardam discurso da presidente do Banco Central Europeu (BCE) e dados da economia dos EUA
CDBs do Master, Oncoclínicas (ONCO3), o ‘terror dos vendidos’ e mais: as matérias mais lidas do Seu Dinheiro na semana
Matéria sobre a exposição da Oncoclínicas aos CDBs do Banco Master foi a mais lida da semana; veja os destaques do SD
A debandada da bolsa, pessimismo global e tarifas de Trump: veja o que move os mercados hoje
Nos últimos anos, diversas empresas deixaram a B3; veja o que está por trás desse movimento e o que mais pode afetar o seu bolso
Planejamento, pé no chão e consciência de que a realidade pode ser dura são alguns dos requisitos mais importantes de quem quer ser dono da própria empresa
Milhões de brasileiros sonham em abrir um negócio, mas especialistas alertam que a realidade envolve insegurança financeira, mais trabalho e falta de planejamento
Rodolfo Amstalden: Será que o Fed já pode usar AI para cortar juros?
Chegamos à situação contemporânea nos EUA em que o mercado de trabalho começa a dar sinais em prol de cortes nos juros, enquanto a inflação (acima da meta) sugere insistência no aperto
A nova estratégia dos FIIs para crescer, a espera pelo balanço da Nvidia e o que mais mexe com seu bolso hoje
Para continuarem entregando bons retornos, os Fundos de Investimento Imobiliários adaptaram sua estratégia; veja se há riscos para o investidor comum. Balanço da Nvidia e dados de emprego dos EUA também movem os mercados hoje
O recado das eleições chilenas para o Brasil, prisão de dono e liquidação do Banco Master e o que mais move os mercados hoje
Resultado do primeiro turno mostra que o Chile segue tendência de virada à direita já vista em outros países da América do Sul; BC decide liquidar o Banco Master, poucas horas depois que o banco recebeu uma proposta de compra da holding Fictor
Eleição no Chile confirma a guinada política da América do Sul para a direita; o Brasil será o próximo?
Após a vitória de Javier Milei na Argentina em 2023 e o avanço da direita na Bolívia em 2025, o Chile agora caminha para um segundo turno amplamente favorável ao campo conservador
Os CDBs que pagam acima da média, dados dos EUA e o que mais movimenta a bolsa hoje
Quando o retorno é maior que a média, é hora de desconfiar dos riscos; investidores aguardam dados dos EUA para tentar entender qual será o caminho dos juros norte-americanos
Direita ou esquerda? No mundo dos negócios, escolha quem faz ‘jogo duplo’
Apostar no negócio maduro ou investir em inovação? Entenda como resolver esse dilema dos negócios
Esse número pode indicar se é hora de investir na bolsa; Log corta dividendos e o que mais afeta seu bolso hoje
Relação entre preço das ações e lucro está longe do histórico e indica que ainda há espaço para subir mais; veja o que analistas dizem sobre o momento atual da bolsa de valores brasileira
Investir com emoção pode custar caro: o que os recordes do Ibovespa ensinam
Se você quer saber se o Ibovespa tem espaço para continuar subindo mesmo perto das máximas, eu não apenas acredito nisso como entendo que podemos estar diante de uma grande janela de valorização da bolsa brasileira — mas isso não livra o investidor de armadilhas