Luis Stuhlberger ficou menos otimista com a bolsa brasileira depois do anúncio do novo arcabouço fiscal pelo governo. Tanto que o gestor decidiu reduzir marginalmente a exposição em ações na B3 do lendário fundo Verde.
Para Stuhlberger e sua equipe, o arcabouço que vai substituir o teto de gastos consegue ser "ao mesmo tempo pior do que o necessário e melhor que o temido".
“É claro que a maior parte da disciplina fiscal vem do lado da receita, o que levará a discussões complicadas no Congresso, ao mesmo tempo que um governo que já gasta muito e mal quer crescer mais ainda”, escreveram os gestores do Verde, na carta mensal aos investidores.
A parte "melhor que a temida" vem dos sinais que o novo arcabouço traz de busca de superávits primários, de acordo com o Verde.
Pelas regras, o governo tem como meta entregar um déficit fiscal zero no ano que vem, com uma banda de tolerância de 0,25 ponto percentual para mais ou para menos.
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Verde: bolsa vive a soma de todos os medos
Seja como for, o novo arcabouço trouxe alívio tanto para os juros como para o câmbio, que voltou a flertar com o patamar abaixo de R$ 5 nesta terça-feira.
Já a bolsa continua a ser vítima do que os gestores do fundo Verde chamam de a "soma de todos os medos". São basicamente três as preocupações que não deixam a bolsa andar, segundo Stuhlberger e sua equipe:
- A bolsa não consegue precificar a queda do juro futuro diante das taxas atuais em 13,75%;
- O alto nível de endividamento das empresas e o crédito restrito;
- O provável aumento de impostos com o novo arcabouço fiscal.
Perdas em março
Além da posição menor na bolsa brasileira, o Verde tem exposição líquida neutra em bolsa global. O conturbado mês de março, aliás, não foi bom para o fundo, que registrou retorno negativo de 0,41%.
No ano, o Verde tem ganho de 2,36%, abaixo dos 3,25% do CDI, o indicador de referência.
Para os gestores, a quebra do Silicon Valley Bank (SVB) e de outros bancos no mês passado não deve ser interpretada como uma possível reedição da crise financeira de 2008.
"Acreditamos que o modelo mental de 2008 não funciona para hoje, e os problemas do sistema não são de solvência, mas sim, em grande medida, de liquidez, algo que os Bancos Centrais podem endereçar sem os mecanismos da taxa de juros", escreveram os gestores do Verde.
Assim, o fundo manteve a posição tomada em juros nos EUA, ou seja, com a aposta de alta nas taxas. O Verde também manteve a posição em ouro, mas zerou a exposição ao petróleo.
Em meio à queda do dólar, o fundo de Stuhlberger também decidiu montar uma pequena alocação comprada na morda norte-americana contra o real.