Os primeiros três dias do novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva foram tumultuados para o mercado financeiro. Isso porque além dos sinais de que uma política de Estado forte deve ser a norma, aconteceram desencontros entre medidas oficiais e declarações dadas por seus ministros recém-empossados.
O primeiro deles foi com relação à continuidade da desoneração dos combustíveis. Enquanto o ministro Fernando Haddad, da Fazenda, condenou a medida citando o seu negativo impacto fiscal, Lula prorrogou o corte de impostos já nas primeiras horas do seu governo, o que foi visto como uma “desautorização” ao novo chefe da pasta.
Ontem (03), a confusão foi criada pelo ministro Carlos Lupi, que falou na necessidade de uma “antirreforma da Previdência”, aumentando os temores de que o governo tente reverter a reforma aprovada em 2019.
Hoje (04), coube ao ministro da Casa Civil tentar fazer com que o carro não passe na frente dos bois. Rui Costa afirmou que não há estudos para reverter a situação da Previdência, e que sem o aval de Lula, as declarações não passam de opiniões pessoais. Ministros e presidente devem se encontrar na próxima sexta-feira (06) para alinhar o discurso.
O mercado gostou do que ouviu, levando o Ibovespa a reverter a queda do início do dia. Jean Paul Prates, indicado do governo para a Petrobras (PETR4), também teve participação na melhora do humor do mercado — afirmando que a paridade internacional deve continuar existindo e que não haverá intervenção estatal na empresa.
O resultado disso foi um dia mais ameno para a estatal e para a bolsa brasileira, ainda que a forte queda do petróleo por mais uma sessão tenha ficado no radar. O Ibovespa fechou em alta de 1,12%, aos 105.334 pontos.
A curva de juros acompanhou a virada no humor dos investidores e operou em queda, mas o dólar à vista não teve a mesma sorte. Isso porque as sinalizações dadas pela ata da última reunião do Federal Reserve mostram que o BC americano está disposto a seguir elevando os juros — e não há espaço para cortes em 2023. A moeda americana encerrou o dia em leve alta de 0,01%, a R$ 5,4524.
Boletim Wall Street
Em Nova York, o dia foi de sentimentos mistos. Primeiro, a decepção com o índice de gerentes de compra (PMI, na sigla em inglês) do setor industrial pesou, mostrando uma desaceleração maior do que a projetada para o segmento.
Em um segundo momento, as atenções dos investidores se voltaram para a ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve — que apesar de sem grandes novidades, trouxe instabilidade para os negócios.
Isso porque foi um banho de água fria para aqueles que esperavam um sinal sobre o fim da política monetária restritiva.
O documento apontou que nenhum dirigente do colegiado vê um corte na taxa de juros em 2023 e ainda que exista uma flexibilização das ferramentas monetárias adotadas, novos aumentos serão apropriados para se chegar mais uma vez às metas de inflação e emprego.
Em Nova York, as bolsas perderam fôlego e o dólar à vista passou a operar em alta. Confira o fechamento das bolsas em Wall Street:
- Nasdaq: 0,69%
- S&P 500: 0,75%
- Dow Jones: 0,40%
Sobe e desce do Ibovespa
O alívio visto nos juros futuros impulsionou a bolsa brasileira, principalmente o setor de consumo e tecnologia, mais sensível às oscilações da curva e dependentes do mercado de crédito. Confira as maiores altas do dia:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VAR |
NTCO3 | Natura ON | R$ 11,02 | 8,89% |
CVCB3 | CVC ON | R$ 4,25 | 6,78% |
PCAR3 | GPA ON | R$ 16,73 | 4,89% |
SOMA3 | Grupo Soma | R$ 9,37 | 4,69% |
EZTC3 | EZTEC ON | R$ 13,15 | 4,45% |
Confira também as maiores quedas da sessão:
CÓDIGO | NOME | ULT | VAR |
SLCE3 | SLC Agrícola | R$ 44,35 | -1,84% |
PRIO3 | PetroRio ON | R$ 34,09 | -0,61% |
RADL3 | Raia Drogasil ON | R$ 22,70 | -0,53% |
ENGI11 | Engie units | R$ 41,77 | -0,48% |
GGBR4 | Gerdau PN | R$ 29,38 | -0,47% |