🔴 É AMANHÃ: ONDE INVESTIR NO 2º SEMESTRE – VEJA COMO PARTICIPAR GRATUITAMENTE

Larissa Vitória

Larissa Vitória

É repórter do Seu Dinheiro. Formada em jornalismo na Universidade de São Paulo (ECA-USP), já passou pelo portal SpaceMoney e pelo departamento de imprensa do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).

CRISE NAS LAJES CORPORATIVAS?

As empresas estão abandonando Alphaville? Escritórios enfrentam vacância histórica na região e afetam dividendos de fundos imobiliários

Segundo um levantamento da SiiLA feito a pedido do Seu Dinheiro, a taxa de desocupação dos escritórios de alto padrão da região está em 33,3%

Larissa Vitória
Larissa Vitória
18 de outubro de 2023
6:33 - atualizado às 18:43
Vista panorâmica dos prédios e casas de Alphaville, SP
Alphaville é um bairro planejado localizado nos municípios de Barueri e Santana de Parnaíba - Imagem: Leila Melhado/iStock

Existe uma história que é repetida em todo aniversário de Alphaville, bairro planejado localizado nos municípios de Barueri e Santana de Parnaíba: a de que, quando procurado pelos dois engenheiros que adquiriram o terreno em 1973, o então prefeito de Barueri, Guilherme Guglielmo — ou Perereca —, teria dito que não queria saber de residências no local, mas sim de empresas.

O objetivo do veto à construção de casas era mudar o status do município de cidade-dormitório para polo econômico. E, sendo a história verdadeira ou não, os dois idealizadores do bairro, os sócios Yojiro Takaoka e Renato Albuquerque, de fato focaram em indústrias não poluentes para ocupar o terreno, que fica a apenas 34 quilômetros do centro de São Paulo.

Mas a ironia é que justamente o diretor da primeira companhia a se instalar no local em 1975, a Hewlett Packard (HP), foi responsável por sugerir a construção de um residencial para os executivos não precisarem fazer a viagem da capital até o bairro todos os dias e pudessem viver perto do trabalho.

Naquele mesmo ano foi criado o Residencial 1 em um modelo de condomínios fechados de alto padrão que passaria a ser replicado e dominaria os poucos mais de 16 quilômetros quadrados da região.

De todo modo, o sonho do prefeito Perereca de criar um polo industrial não morreu com a expansão dos residenciais. Com a ajuda de incentivos fiscais, um centro empresarial se formou no bairro com escritórios de nomes como a própria HP, Netflix, Adidas e Azul.

Ainda assim, foram as casas de luxo que se tornaram a característica mais marcante de Alphaville 50 anos depois. Enquanto isso, os escritórios registram vacância em níveis históricos e afetam negativamente fundos imobiliários de lajes corporativas que apostaram no bairro como alternativa a São Paulo.

Leia Também

  • [Seleção “premium” de fundos imobiliários] Veja quais são os 5 FIIs recomendados pelo analista Caio Araujo para buscar ótimos dividendos mensais. Baixe aqui o relatório gratuito.

Vacância cresce em Alphaville mesmo com o fim da pandemia de covid-19

A vacância nos prédios comerciais de Alphaville não é um fenômeno novo, diga-se de passagem. 

Segundo um levantamento da SiiLA feito a pedido do Seu Dinheiro, a taxa de desocupação dos escritórios de alto padrão — classes A e A+ — era de 24,23% no quarto trimestre de 2019.

Ou seja, mesmo antes do início da pandemia de covid-19, que levou muitas companhias a fecharem escritórios e adotarem o trabalho remoto, Alphaville já sofria com vários prédios parcialmente vazios.

O problema é que, desde então, os espaços desocupados crescem consistentemente e o aluguel também recua, pois os proprietários têm pouco poder na negociação com os potenciais locatários.

E nem mesmo a queda no número de empresas em home office e a volta ao trabalho presencial se refletiram na região, que chegou ao terceiro trimestre deste ano com 33,31% de vacância e preço médio por metro quadrado das locações ainda abaixo do período pré-pandêmico. 

O movimento é o oposto do que ocorre em determinadas regiões da capital paulista, onde os índices de desocupação recuam desde o início do ano passado. Na Avenida Faria Lima e entorno, por exemplo, a vacância chegou a 12,35% no auge da pandemia, no início de 2021, mas já baixou para a casa dos 5,2% no segundo trimestre deste ano.

Para Mauro Lima, sócio-diretor da área de real estate da Inter Asset, a trajetória oposta nas lajes em áreas já dominadas por escritórios na capital e na grande São Paulo é natural, pois a retomada sempre começa pelo “filé mignon” do mercado e se expande para outras regiões menos aquecidas ainda dentro da metrópole, como as avenidas Chucri Zaidan e Rebouças.

“Alphaville é um ótimo empreendimento residencial, as casas continuam sendo maravilhosas. O serviço que eles têm por lá em termos de restaurantes, de padarias e de farmácias também é super legal, mas não é um endereço óbvio de escritórios, então as empresas acabam dando prioridade para São Paulo.”

Nem mesmo os gestores que não têm problemas de vacância se mostram muito animados com o potencial do bairro. Um dos fundos da RBR Asset, o RBR Properties (RRBR11), é dono de 5,6% um imóvel em Alphaville. O Edifício Pravda está 100% ocupado, mas Caio Castro, sócio e membro do comitê de investimentos, conta que a exposição só ocorreu pela demanda de um inquilino importante.

“Estamos tranquilos com o imóvel pois há uma demanda grande para os serviços do locatário, pagamos barato no imóvel e essa é uma laje pequena dentro do portfólio, mas a região tem uma vacância historicamente elevada”, diz.

PODCAST TOUROS E URSOS - Israel em chamas: o impacto do conflito com Hamas nos investimentos

Infraestrutura é o maior inimigo dos escritórios de Alphaville?

Além da competição com São Paulo, outro vilão para a ocupação do bairro da região metropolitana é a infraestrutura, de acordo com Rodrigo Abbud, sócio fundador da VBI Real Estate e Head do segmento de escritórios.

“O desenvolvimento das regiões prime nos principais centros urbanos mundo afora está muito atrelado à infraestrutura, basicamente transporte público e acesso fluido. Você tem que conseguir chegar e sair muito fácil, e esse é o maior problema de Alphaville”, diz ele.

A região é acessível por meio de rodovias como a Castello Branco ou pelo sistema de ônibus e trens metropolitanos. Mas o trânsito carregado e os problemas com o transporte público são alvo de críticas constantes, especialmente nos horários de pico.

“Mundo afora, quando você olha, os subúrbios acabam sendo uma boa alternativa de espaço. Podemos entender Alphaville como um subúrbio da grande São Paulo, então o bairro teria um papel a cumprir, mas a infraestrutura ainda fica limitada”, afirmou Abbud.

Vale destacar que a CCR ViaOeste, concessionária que opera a Castello Branco, realiza obras para a expansão da rodovia nas imediações de Alphaville. Além disso, há planos da construção de um metrô que conecte o bairro a São Paulo e ao ABC Paulista.

Mas o investidor de imóveis interessado em Alphaville não deveria contar com o avanço da infraestrutura, pelo menos no curto e médio prazo. “Se eu acredito que o metrô vai conectar o Alphaville à Praça da Sé? Se formos parar pra pensar, não conseguimos terminar ainda nem o metrô da Copa do Mundo de 2014”, disse o sócio da VBI, que possui um total de R$ 7,9 bilhões sob gestão.

Os fundos imobiliários e Alphaville

Enquanto as rodovias seguem congestionadas e o metrô não chega, os escritórios permanecem apenas parcialmente ocupados e prejudicam as receitas de fundos imobiliários que detêm participações em ativos em Alphaville.

O FII Rio Negro (RNGO11), por exemplo, é dono de duas das quatro torres de um centro administrativo homônimo e está atento aos problemas de infraestrutura, conforme conta Carolina Mori, gerente de portfólio da Rio Bravo, gestora do fundo.

Com uma vacância física de 25,8% no portfólio atualmente, o fundo busca diferenciar seus ativos de outros na região e o condomínio deve contratar em novembro um serviço de transporte. O plano é que vans fiquem disponíveis em horários de pico para facilitar o deslocamento dos usuários do imóvel até o sistema de trens metropolitanos.

Além disso, Carolina Mori explica que a gestora notou uma mudança no perfil das demandas de potenciais locatários — que passaram a buscar lajes menores em meio à adoção do regime híbrido de trabalho — e adaptou unidades para atender a essa procura.

A Rio Bravo, gestora do fundo, informou ainda, no último relatório gerencial, que, apesar do cenário desafiador para o mercado, “tem trabalhado arduamente na prospecção para novas locações e está em negociação avançada para aproximadamente 2.000 m² para as suas áreas disponíveis”.

Fundo imobiliário da XP pode zerar dividendos?

Um caso ainda mais emblemático entre os fundos imobiliários é o do XP Properties (XPPR11), que está entre os dez maiores FIIs do segmento em número de cotistas, com mais de 60 mil investidores

O fundo detém parte de um imóvel no entorno da Faria Lima, mas seus outros dois edifícios estão em Alphaville e correspondem à maior parte da vacância da carteira, que é de 46%, segundo o último relatório gerencial.

A gestão do XPPR11 trabalha para locar os espaços vazios, mas registra poucas visitas com probabilidade alta de conversão, conforme indica o gráfico divulgado pelo fundo neste mês.

Com quase metade do portfólio sem gerar renda, o fundo cortou o pagamento de proventos em mais de 66% neste ano e pode zerar a distribuição em 2024, segundo a Guide.

Fernando Siqueira, head do time de research da corretora, destacou, em relatório divulgado no mês passado, que a projeção de resultados produzida pelo XPPR11 mostra um resultado caixa negativo para o FII no próximo ano.

A estimativa sai de R$ 0,12 por cota, em agosto deste ano, para -R$ 0,26 por cota a partir de junho de 2024. Veja abaixo:

O resultado caixa é a métrica utilizada para balizar o pagamento de dividendos. A regulação dos FIIs, que está na Lei 9.779/99, determina que eles devem pagar semestralmente 95% dos rendimentos apurados no regime de caixa.

Além dos imóveis vagos, a Guide cita também uma "expressiva" alavancagem que onera o resultado do fundo. O saldo devedor total dos títulos de securitização vinculados ao FII é de pouco mais de R$ 593,6 milhões.

As cotas do XPPR11 são penalizadas na B3 pela vacância e endividamento e acumulam uma queda de 37% neste ano. Procurada, a XP não deu entrevista.

Marcelo Potenza, analista do Itaú BBA, diz que quando o fundo foi constituído, em 2019, o mercado de fundos imobiliários estava em um momento de crescimento no qual era razoável investir em Alphaville.

“Os gestores tinham um plano traçado para diluir a exposição do fundo ao longo do tempo, mas no meio do caminho tivemos uma pandemia.”

O analista acredita que o fundo caminha para ser liquidado no futuro: “A XP errou no XP Properties. Não é um demérito para a XP, eles têm fundos ótimos, mas a tese não deu certo.”

Como mostra o passado recente, o mercado imobiliário tem uma sensibilidade grande ao que acontece na economia. Ou seja, não é impossível que Alphaville volte a atrair investimentos para empreendimentos comerciais. Mas tudo indica que o sonho do prefeito Perereca ainda deve levar algum tempo para se concretizar.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
RECICLANDO PORTFÓLIO

FII Guardian Real Estate (GARE11) negocia venda de 10 lojas por mais de R$ 460 milhões; veja quanto os cotistas ganham se a operação sair do papel

27 de junho de 2025 - 11:32

Todos os imóveis estão ocupados atualmente e são locados por grandes varejistas: o Grupo Mateus e o Grupo Pão de Açúcar

DINÂMICA E EFICIÊNCIA

ETFs ganham força com a busca por diversificação em mercados desafiadores como a China

26 de junho de 2025 - 18:18

A avaliação foi feita por Brendan Ahern, CIO da Krane Funds Advisors, durante o Global Managers Conference 2025, promovido pelo BTG Pactual Asset Management

COLHENDO OS FRUTOS

Pátria Escritórios (HGRE11) na carteira: BTG Pactual vê ainda mais dividendos no radar do FII

26 de junho de 2025 - 18:01

Não são apenas os dividendos do fundo imobiliários que vêm chamando a atenção do banco; entenda a tese positiva

RENDA VARIÁVEL

Fim da era do “dinheiro livre”: em quais ações os grandes gestores estão colocando as fichas agora?

26 de junho de 2025 - 17:39

Com a virada da economia global e juros nas alturas, a diversificação de investimentos ganha destaque. Saiba onde os grandes investidores estão alocando recursos atualmente

GLOBAL MANAGERS CONFERENCE

Excepcionalismo da bolsa brasileira? Não é o que pensa André Esteves. Por que o Brasil entrou no radar dos gringos e o que esperar agora

26 de junho de 2025 - 16:48

Para o sócio do BTG Pactual, a chave do sucesso do mercado brasileiro está no crescente apetite dos investidores estrangeiros por mercados além dos EUA

MERCADOS HOJE

Bolsa em alta: investidor renova apetite por risco, S&P 500 beira recorde e Ibovespa acompanha

26 de junho de 2025 - 15:58

Aposta em cortes de juros, avanço das ações de tecnologia e otimismo global impulsionaram Wall Street; no Brasil, Vale, Brasília e IPCA-15 ajudaram a B3

DE OLHO NO BRASIL

Ibovespa calibrado: BlackRock lançará dois ETFs para investir em ações brasileiras de um jeito novo

26 de junho de 2025 - 13:59

Fundos EWBZ11 e CAPE11 serão listados no dia 30 de junho e fazem parte da estratégia da gestora global para conquistar mais espaço nas carteiras domésticas

NOVAS PREFERÊNCIAS

Todo mundo quer comprar Bradesco: Safra eleva recomendação para ações BBDC4 e elege novos favoritos entre os bancões

25 de junho de 2025 - 17:24

Segundo o Safra, a mudança de preferência no setor bancário reflete a busca por “jogadores” com potencial para surpreender de forma positiva

FOME DE AQUISIÇÃO

Apetite do TRXF11 não tem fim: FII compra imóvel ocupado pelo Assaí após adicionar 13 novos ativos na carteira

25 de junho de 2025 - 16:19

Segundo a gestora, o ativo está alinhado à estratégia do fundo de investir em imóveis bem localizados e que beneficia os cotistas

BANCOS NA CARTEIRA

Até os gringos estão com medo de investir no Banco do Brasil (BBAS3) agora. Quais as novas apostas dos EUA entre os bancos brasileiros?

25 de junho de 2025 - 11:50

Com o Banco do Brasil em baixa entre os investidores estrangeiros, saiba em quais ações de bancos brasileiros os investidores dos EUA estão apostando agora

GUIA DOS FUNDOS

FIIs de papel são os preferidos do Santander para estratégia de renda passiva; confira a carteira completa de recomendação

24 de junho de 2025 - 18:57

Fundos listados pelo banco tem estimativas de rendimento com dividendos de até 14,7% em 12 meses

FECHAMENTO DOS MERCADOS

Mesmo com petroleiras ‘feridas’, Ibovespa sobe ao lado das bolsas globais; dólar avança a R$ 5,5189

24 de junho de 2025 - 17:51

Cessar-fogo entre Israel e Irã fez com que os preços da commodity recuassem 6% nesta terça-feira (24), arrastando as empresas do setor para o vermelho

JOGADA TÁTICA

Não é hora de comprar Minerva (BEEF3): BTG corta preço-alvo das ações, mas revela uma oportunidade ainda mais suculenta

24 de junho de 2025 - 17:25

Os analistas mantiveram recomendação neutra para as ações BEEF3, mas apontaram uma oportunidade intrigante que pode mexer com o jogo da Minerva

TURISMO NA LIDERANÇA

CVC (CVCB3) decola na B3: dólar ajuda, mas otimismo do mercado leva ação ao topo do Ibovespa

24 de junho de 2025 - 15:33

A recuperação do apetite ao risco, o fim das altas da Selic e os sinais de trégua no Oriente Médio renovam o fôlego das ações ligadas ao consumo

ROADSHOW NOS EUA

É hora do Brasil: investidores estrangeiros estão interessados em ações brasileiras — e estes 4 nomes entraram no radar

24 de junho de 2025 - 13:41

Vale ficou para trás nos debates, mas uma outra empresa que tem brilhado na bolsa brasileira mereceu uma menção honrosa

REAÇÃO AO RESULTADO

Ações da São Martinho (SMTO3) ficam entre as maiores quedas do Ibovespa após resultado fraco e guidance. É hora de pular fora?

24 de junho de 2025 - 12:40

Do lado do balanço, o lucro líquido da companhia encolheu 83,3% no quarto trimestre da safra 2024/2025 (4T25); veja o que dizem os analistas

PREPARA O BOLSO

Porto Seguro (PSSA3) e Grupo Mateus (GMAT3) vão distribuir mais de R$ 450 milhões em JCP; confira os detalhes

23 de junho de 2025 - 19:04

A seguradora ainda não tem data para o pagamento, já o Grupo Mateus deposita os proventos ainda neste ano, mas vai demorar

TENSÃO NAS ALTURAS

Retaliação: Irã lança mísseis contra bases dos EUA, e petróleo desaba no exterior; Petrobras (PETR4) cai na B3

23 de junho de 2025 - 14:32

Após a entrada dos EUA no conflito, o Irã lançou mísseis contra a base aérea norte-americana no Catar, segundo agências de notícias

ACIMA DA MÉDIA

Comprado em Brasil: UBS eleva recomendação para ações e vê país como segundo mercado mais atraente entre os emergentes; veja o porquê

23 de junho de 2025 - 13:29

Banco suíço considera as ações do Brasil “baratas” e vê gatilhos para recuperação dos múltiplos de avaliação à frente

SEM SURTO

Por que o mercado não se apavorou com o envolvimento dos EUA no conflito entre Irã e Israel? Veja como está a repercussão

23 de junho de 2025 - 10:40

Mesmo com envolvimento norte-americano no conflito e ameaça de fechamento do estreito de Ormuz, os mercados estão calmos. O que explica?

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar