Mercado já aposta em alta da Selic no início de 2023 com PEC da Transição e falas de Lula sobre responsabilidade fiscal
A negociação dos contratos de depósitos interfinanceiros (DIs) mostra que o mercado já precifica um retorno da Selic à casa dos 14%

A manutenção da Selic em 13,75% ao ano nas últimas duas decisões de juros do Banco Central deixou boa parte do mercado financeiro sonhando com um corte já na primeira metade de 2023. Mas o próximo encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) tende a ser realizado em uma realidade bem diferente.
Nos últimos dias, as apostas de queda na taxa básica evaporaram, com a “curva de juros futuros” dos contratos de depósitos interfinanceiros (DIs) mostrando que a Selic pode voltar a casa dos 14% já no início do próximo ano, podendo ir até 14,75% a.a — bem acima das projeções colhidas pelo BC no boletim Focus.
A razão para a mudança nas projeções do mercado tem nome e sobrenome: PEC de transição. A preocupação está enraizada nos sinais de que o governo eleito irá elevar os gastos sem criar uma contrapartida arrecadatória.
Mais cedo, ainda no Egito para participação na COP27, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva defendeu o furo no teto de gastos para gastos com programas sociais. "Se eu falar isso vai cair a Bolsa, vai aumentar o dólar? Paciência", alfinetou o presidente.
A declaração elevou ainda mais os temores entre os investidores, pressionando a curva de juros. Nas redes sociais, Tony Volpon, ex-diretor do BC, afirmou que a precificação de aumentos de pelo menos 0,5 ponto percentual é consequência de um "sincericídio desnecessário" por parte do presidente-eleito.
Ao contrário do que acontece com as estimativas do boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, a curva de juros se movimenta com base nas operações feitas no mercado. Ou seja, não se trata de uma mera previsão como fazem os economistas. Nesse caso, os investidores estão colocando dinheiro em um cenário de alta de juros no ano que vem.
Com o risco de descontrole das contas públicas, o mercado, acaba exigindo uma taxa de retorno maior do que a esperada para acomodar uma eventual piora no cenário.
Na prática, isso significa que o acesso a crédito deve se manter mais caro por mais tempo, comprimindo o consumo das famílias e ampliando a atratividade dos ativos de renda fixa.
O que está na conta do mercado
O texto apresentado para a PEC pelo relator do Orçamento, Marcelo Castro, acabou confirmando as preocupações do mercado — R$ 175 bilhões para o Bolsa Família, por tempo indeterminado, e destinação de 40% da receita extraordinária para investimentos, com um limite de R$ 23 bilhões.
Para alguns, o texto atual muito dificilmente será aprovado sem desidratações no mercado. “Davi Alcolumbre, presidente da CCJ, sinalizou não haver ambiente político para aprovação de uma licença tão ampla de gastos. Ao mesmo tempo, a ausência do presidente da Câmara, Arthur Lira, na entrega da proposta também sinaliza a falta de apoio à esta versão do texto”, apontou um analista.
Rafael Passos, sócio-analista da Ajax Capital, destaca que a trajetória da dívida pública é desafiadora e as declarações recentes do governo eleito podem piorar as contas do mercado.
O analista também menciona outro risco que é analisado com lupa pelo mercado: a utilização dos bancos públicos para induzir crescimento com investimentos e aceleração do crédito em um momento de alta da inadimplência. “Há um risco claro de crescimento artificial no curto prazo, inflação e gastos exorbitantes.”
CDB ou LCA: títulos mais rentáveis de junho diminuem taxas, mas valores máximos chegam a 105% do CDI com imposto e 13,2% ao ano isento de IR
Levantamento da Quantum Finance traz as emissões com taxas acima da média do mercado e mostra que os valores diminuíram em relação a maio
“Uma pena o Brasil ter entrado nessa indústria de isento”: por que Reinaldo Le Grazie, ex-BC, vê a taxação de títulos de renda fixa com bons olhos?
MP 1.303 reacende uma discussão positiva para a indústria, segundo o sócio da Panamby, que pode melhorar a alocação de capital no Brasil
Nem toda renda fixa, mas sempre a renda fixa: estas são as escolhas dos especialistas para investir no segundo semestre
Laís Costa, da Empiricus, Mariana Dreux, da Itaú Asset, e Reinaldo Le Grazie, da Panamby, indicam o caminho das pedras para garantir os maiores retornos na renda fixa em evento exclusivo do Seu Dinheiro
Crédito privado conquistou os investidores com promessas de alto retorno e menos volatilidade; saiba o que esperar daqui para frente
Ativos de crédito privado, como FIDCs e debêntures, passaram a ocupar lugar de destaque na carteira dos investidores; especialistas revelam oportunidades e previsões para o setor
Petrobras (PETR4) emite R$ 3 bilhões em debêntures, com taxas que pagam menos que os títulos públicos — mas são consideradas atrativas
A renda fixa da Petrobras, com isenção de imposto de renda, tem apelo significativo neste momento, segundo avaliação da Empiricus
Subiu mais um pouquinho: quanto rendem R$ 100 mil na poupança, em Tesouro Selic, CDB e LCI com a Selic em 15%
Copom aumentou a taxa básica em mais 0,25 ponto percentual nesta quarta (18), elevando ainda mais o retorno das aplicações pós-fixadas; ajuste deve ser o último do ciclo de alta
Acabou a isenção: como as mudanças propostas no imposto de renda dos investimentos podem mexer com os mercados
Investidores podem esperar mudanças nas taxas, nos prazos e nos retornos se propostas da MP 1.303/25, que estabelece imposto de 5% para isentos e alíquota única de 17,5% para demais investimentos, forem aprovadas
LCI, LCA, CRI, CRA e debêntures incentivadas devem perder isenção de IR e passar a ser tributadas; veja regras completas
Governo publicou texto da Medida Provisória com novas regras de tributação para investimentos que inclui tributação de 5% para títulos de renda fixa antes isentos
Estratégia dos gestores: títulos AAA e agro ficam em segundo plano; pitada de risco é bem-vinda para melhorar retornos
Enquanto investidores colocam cada vez mais fichas no crédito privado, gestores enfrentam cenário mais difícil para retornos acima da curva
O que esperar da renda fixa com o fim das altas na Selic e a possível tributação de isentos, como LCI e LCA?
No Touros e Ursos desta semana, Ulisses Nehmi, CEO da gestora de renda fixa Sparta, fala sobre estratégias e riscos diante de um juro tão alto e ameaças de tributação
Renda fixa em junho: Tesouro IPCA+ e debênture da Sabesp são destaques; indicações incluem títulos isentos como CRIs, LCAs e a nova LCD
Veja o que BB Investimentos, BTG Pactual, Itaú BBA e XP recomendam comprar na renda fixa em junho
Não são só as LCIs e LCAs! CRI, CRA e debêntures incentivadas também devem perder isenção; demais investimentos terão alíquota única
Pacote de medidas para substituir o aumento do IOF propõe tributação de 5% em todos os títulos de renda fixa hoje isentos, além de alíquota única de 17,5% nas demais aplicações
Ainda vale a pena investir em LCI e LCA com o imposto de 5% proposto por Haddad? Fizemos as contas
Taxação mexe com um dos investimentos preferidos do investidor pessoa física; LCI e LCA hoje são isentas de imposto de renda
Neon lança CDB que rende até 150% do CDI, de olho em novos clientes; veja como investir
Os Certificados de Depósito Bancário tem aporte mínimo de R$ 100; promoção será válida por dois meses
Petrobras (PETR4) está considerando emitir R$ 3 bilhões em debêntures incentivadas, isentas de imposto de renda
Oferta da estatal seguiria outra oferta bilionária de dívida anunciada na semana passada, a da Vale
Vale (VALE3) anuncia emissão de R$ 6 bilhões em debêntures isentas de imposto de renda com retorno inferior ao dos títulos públicos
Com isenção, porém, papel deve se manter atrativo em relação aos títulos Tesouro IPCA+; oferta será restrita a investidores profissionais
CMN reduz prazo de carência de LCIs e LCAs de nove para seis meses, mas fecha um pouco mais o cerco a CRIs, CRAs e CDCAs
Órgão afrouxa restrição imposta em fevereiro de 2024 a LCIs e LCAs, mas aperta um pouco mais as regras para outros títulos isentos de imposto de renda
Vencimento de Tesouro IPCA+ paga R$ 153 bilhões nesta semana; quanto rende essa bolada se for reinvestida?
O Seu Dinheiro simulou o retorno do reinvestimento em novos títulos Tesouro IPCA+ e em outros papéis de renda fixa; confira
Retorno recorde nos títulos IPCA+ de um lado, spreads baixos e RJs do outro: o que é de fato risco e oportunidade na renda fixa privada hoje?
Em carta a investidores, gestora de renda fixa Sparta elenca os pontos positivos e negativos do mercado de crédito privado hoje
Retorno da renda fixa chegou ao topo? Quanto rendem R$ 100 mil na poupança, em Tesouro Selic, CDB e LCI com a Selic em 14,75%
Copom aumentou a taxa básica em mais 0,50 ponto percentual nesta quarta (7), elevando ainda mais o retorno das aplicações pós-fixadas; mas ajuste pode ser o último do ciclo de alta