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Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
Jornalista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com pós-graduação em Finanças Corporativas e Investment Banking pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Trabalhou com produção de reportagem na TV Globo e foi editora de finanças pessoais de Exame.com, na Editora Abril.
De volta aos dois dígitos

Como ficam os seus investimentos em renda fixa com a Selic em 10,75%

Taxa básica de juros deve subir mais ao longo do ano. Veja como fica o retorno das aplicações conservadoras de renda fixa com a nova alta da Selic

Julia Wiltgen
Julia Wiltgen
2 de fevereiro de 2022
19:37 - atualizado às 19:41
foto de um pote de vidro com moedas e pilha de moedas decrescentes ao lado esquerdo
Com aumento da taxa básica, TR voltou a subir, e até a poupança passa a render um pouco mais. Imagem: Shutterstock

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) já começou seus trabalhos em 2022 aumentando a taxa básica de juros, a Selic, em mais 1,5 ponto percentual, na sua primeira reunião do ano, finalizada nesta quarta-feira (02).

O ajuste veio dentro das expectativas do mercado e do que já havia sido sinalizado pela autoridade monetária na reunião passada, elevando a meta da Selic de 9,25% para 10,75% ao ano.

É a primeira vez desde 2017 que a meta da taxa básica supera os dois dígitos. O atual ciclo de alta de juros visa a controlar a inflação, que fechou 2021 em 10,06%, bem acima do teto da meta do Banco Central, que era de 5,25%.

Embora alguns dados recentes de inflação já tenham indicado que o aperto monetário promovido pelo Banco Central já começa a surtir efeito, devem vir mais altas por aí, ainda que não na mesma intensidade.

Segundo o comunicado do Copom que acompanha a decisão de juros, o Comitê "antevê como mais adequada, neste momento, a redução do ritmo de ajuste da taxa básica de juros", mas não explicitou de quando poderá ser o aumento da Selic na próxima reunião, a ser realizada em meados de março, indicando apenas que deve ser inferior a 1,5 ponto percentual.

De acordo com o último Boletim Focus do Banco Central, a Selic deve terminar 2022 em 11,75% ao ano, enquanto a inflação oficial, medida pelo IPCA, deve fechar o ano em 5,38%, ainda acima do teto da meta, que neste ano é de 5%.

O custo disso será o sacrifício no crescimento econômico: a expectativa do mercado para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022 é de apenas 0,30%.

Seja como for, do ponto de vista do investidor, um retorno aos juros de dois dígitos e o ciclo de alta da Selic deixa a renda fixa conservadora cada vez mais atrativa.

Desde a última reunião do Copom, que elevou os juros para 9,25% ao ano, a poupança já remunera sua taxa máxima, a mesma da poupança antiga. Recentemente, a Taxa Referencial (TR), que corrige a rentabilidade da caderneta, saiu do zero pela primeira vez desde 2017 e voltou a engordar um pouquinho o retorno da poupança.

Mesmo assim, a aplicação mais popular do país permanece menos interessante que os melhores investimentos pós-fixados, como é o caso do Tesouro Selic (LFT), dos fundos DI e dos títulos bancários mais rentáveis, como os CDB, LCI e LCA pós-fixados.

Assim, é um bom momento para investir nesses papéis pós-fixados (atrelados à Selic e ao CDI) para além da reserva de emergência, pois o retorno dessas aplicações tende a aumentar com a elevação da taxa básica. Além disso, aumenta a diferença entre a remuneração desses papéis e a da caderneta de poupança.

No vídeo a seguir, eu explico o que é a reunião do Copom e como a definição da Selic afeta a sua vida. Assista:

Vencendo o dragão

No patamar de 10,75% ao ano, a Selic já não perde para a inflação oficial projetada para os próximos 12 meses (de 5,29%, segundo o último Focus), como vinha acontecendo há algum tempo.

As aplicações financeiras cuja remuneração é atrelada à Selic ou à taxa DI - taxa de juros que costuma acompanhar a taxa básica - também já começam a vencer o dragão.

Com a perspectiva de que a Selic continue em alta, o que tende também a controlar a inflação, essas aplicações devem encontrar cada vez menos dificuldades de preservar o poder de compra do investidor.

Como ficam os investimentos conservadores com a Selic em 10,75% ao ano

Para você ter uma ideia de como o retorno da renda fixa conservadora está neste momento, eu fiz uma simulação de rentabilidade com quatro aplicações pós-fixadas no novo cenário de juros: caderneta de poupança, Tesouro Selic (LFT), fundo de renda fixa/CDB e Letra de Crédito Imobiliário (LCI). Considerei Selic constante de 10,75% ao ano e o CDI constante de 10,65%, um pouco abaixo, como costuma acontecer.

Escolhi quatro prazos de forma a contemplar as quatro alíquotas de IR possíveis, no caso das aplicações tributadas (Tesouro Selic e fundos/CDB).

Usei datas reais para poder usar o simulador do Tesouro Direto para calcular o retorno do Tesouro Selic, de modo a incluir a taxa de custódia e o spread nos cálculos no caso de uma venda antes do vencimento.

Para calcular o retorno da poupança utilizei os prazos em meses e anos. Já para simular os retornos do fundo/CDB e da LCI, levei em conta o número de dias úteis entre as duas datas reais consideradas em cada prazo.

Todas as rentabilidades estão líquidas de taxas, spread e imposto de renda, quando for o caso.

PrazoPoupançaTesouro SelicFundo de renda fixa / CDB 100% do CDILCI 100% do CDI
3 meses1,69%1,82%1,86%2,40%
8 meses4,57%5,45%5,51%6,89%
1 ano6,94%8,71%8,79%10,65%
2 anos14,36%18,83%18,94%22,29%

Parâmetros

Com o aumento da Selic para um valor superior a 8,50% ao ano, foi acionado o gatilho de altera o cálculo de rentabilidade da poupança.

Anteriormente, a caderneta pagava 70% da taxa Selic mais Taxa Referencial (TR), mas com a taxa básica neste novo patamar, a remuneração passou para 0,5% ao mês + TR, a mesma rentabilidade da poupança antiga e retorno máximo para esse tipo de aplicação.

Lembrando que a caderneta de poupança não tem taxas nem imposto de renda, e sua rentabilidade é mensal, apenas no dia do aniversário.

A TR, que desde 2017 vinha se mantendo zerada, voltou a subir recentemente, então eu considerei a taxa média de janeiro (0,0605%) na simulação. Assim, a rentabilidade da poupança mostrada na tabela é de cerca de 0,56% ao mês, supondo uma TR constante de 0,0605% ao mês, mas essa taxa tende a subir ainda mais com novas altas na Selic.

Já o Tesouro Selic é um título público que paga, no vencimento, a Selic mais um ágio ou deságio. Se vendido antes do vencimento, o retorno é levemente sacrificado em função de uma diferença entre as taxas de compra e venda do papel (spread), o que pode deixar a rentabilidade inferior à Selic do período.

O rendimento do Tesouro Selic é diário, e há cobrança de IR e de uma taxa de custódia obrigatória de 0,20% ao ano, paga à B3, apenas sobre o que exceder o saldo investido de R$ 10 mil.

É possível, porém, que a rentabilidade do título seja um pouco maior do que a que aparece na tabela. Isso porque, nos casos de venda antes do vencimento, a calculadora do Tesouro Direto não confere a isenção de taxa de custódia para o valor investido inferior a R$ 10 mil.

Levei em conta, ainda, que a corretora utilizada para operar no Tesouro Direto não cobra taxa de agente de custódia, que é aquela taxa de administração que as corretoras podem cobrar para oferecer acesso à plataforma do Tesouro - mas que a maioria já não cobra.

Considerei também os fundos de renda fixa que só investem em Tesouro Selic e não cobram taxa de administração, supondo que seu retorno represente a variação do CDI no período menos o imposto de renda. Assim, esses fundos se equiparam, por exemplo, aos CDBs, RDBs ou contas de pagamentos que remuneram 100% do CDI.

Vale aqui uma observação: os fundos Tesouro Selic não costumam pagar exatamente 100% do CDI. Sua remuneração tem ficado um pouco abaixo disso, e eles também estão sujeitos a eventuais quedas nos preços dos títulos, que são raras, mas podem acontecer. A simulação é apenas ilustrativa.

Por fim, simulei o retorno da LCI porque se trata de um título isento de taxas e de IR. Considerei um papel que pague 100% do CDI (às vezes surge uma dessas por aí), apenas para você ver como seria receber uma rentabilidade líquida de 100% do CDI.

A renda fixa voltou

Com a Selic em 10,75% ao ano, já dá para dizer que os investimentos de renda fixa atrelados à taxa básica de juros, mesmo os mais conservadores, "voltaram para o jogo".

Repare que, no prazo de um ano e considerando uma Selic constante, as rentabilidades líquidas projetadas para o Tesouro Selic (8,71%), os fundos Tesouro Selic ou CDBs que rendem 100% do CDI (8,79%) e as LCIs que rendem 100% do CDI (10,65%) já vencem a inflação projetada para 12 meses, de 5,29%.

Essa diferença tende a aumentar à medida que a Selic subir mais, conforme o previsto, e a inflação for, consequentemente, sendo controlada.

Repare ainda que a poupança se mantém desvantajosa frente aos demais investimentos conservadores, e deve ficar cada vez mais. Mas agora, mesmo a poupança já se mostra capaz de repor a inflação projetada em 12 meses.

Além disso, nos atuais patamares de juros, o Tesouro Selic ganha da poupança nova em todos os cenários, mesmo quando há cobrança de taxa de custódia, no resgate antecipado e nos prazos mais curtos, quando a alíquota de IR é maior. Porém, nos patamares mais baixos de Selic, nem sempre isso é verdade.

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