Lula com Chuchu: Como Geraldo Alckmin ressuscitou para a política em uma improvável aliança com um de seus maiores rivais
Ao mesmo tempo em que deu sustentação à guinada de Lula ao centro, Geraldo Alckmin também precisou atenuar suas posições

Uma das frases mais impactantes de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no discurso de sua vitória nas eleições deste ano referia-se a sua ressurreição política.
“Eu me considero um cidadão que teve um processo de ressurreição na política brasileira. Tentaram me enterrar vivo, e eu estou aqui”, disse o agora presidente-eleito.
Mas Lula não era o único ressurreto no ecumênico palanque sobre o qual declarou vitória. A seu lado, discreto e sem o mesmo estardalhaço, o vice-presidente-eleito Geraldo Alckmin protagoniza um processo similar.
- POUPANÇA ‘INDO PARA O RALO’? Caderneta comum vai para o ‘saco’ após poupança 2.0 entregar lucro 60% maior a brasileiros comuns; talvez seu banco esteja te escondendo essa oportunidade turbo. Acesse neste link.
O ex-governador paulista foi dado como morto para a política ao término do primeiro turno das eleições presidenciais de 2018.
Pouco mais de um ano depois, em novembro de 2019, a estreia de um quadro na Band como “Doutor Geraldo”, referência a sua formação em medicina, parecia ser a tampa no caixão da morte em vida de Alckmin para a política.
Se você não se lembra disso, confirma no vídeo a seguir.
Leia Também
Talvez por isso, muitos analistas de política deram de ombros quando Alckmin trocou o PSDB, partido que ajudou a fundar em 1988, pelo PSB no fim de 2021.
Ainda não estava claro naquele momento que, em uma articulação intermediada por Fernando Haddad e Márcio França, o movimento de Alckmin o transformaria no esteio de uma guinada de Lula rumo ao centro e o conduziria à Vice-Presidência da República.
Como Alckmin nasceu e ressuscitou na política
Mas para entender como Alckmin ressuscitou, é necessário lembrar que, a exemplo de Lula, ele também precisou promover uma guinada em seu pensamento político, mas no sentido inverso, da direita para o centro.
Filiou-se ao MDB aos 19 anos. Logo em sua primeira eleição, em 1972, tornou-se o vereador proporcionalmente mais votado da história de sua cidade-natal, Pindamonhangaba, no Vale do Paraíba.
Era o início de uma trajetória que o levaria a tornar-se prefeito de Pinda (1977), deputado estadual (1982), deputado constituinte (1986) e deputado federal (1990), antes de ser convidado por Mario Covas para vice em sua chapa ao governo de São Paulo, em 1994.
O convite tinha razão de ser. Quando deputado constituinte, Alckmin construiu a reputação de bom articulador político. Mais do que isso: sabia quando e como cobrar os compromissos costurados nos bastidores.
A habilidade começou a chamar ainda mais a atenção a partir de 1991, quando Alckmin tornou-se presidente estadual do PSDB.
Dali até as eleições de 1994, Alckmin construiu uma estrutura de alianças pelo interior de São Paulo que se fortaleceria com o passar dos anos e sustentaria uma hegemonia do partido no Estado que se estenderia por 28 anos, chegando ao fim justamente agora, em 2022.
Como vice de Covas, tocou o Programa Estadual de Desestatização ao mesmo tempo em que garantia que a bancada governista na Assembleia Legislativa atuasse como um verdadeiro rolo compressor.
Por mais barulho que a oposição fizesse, os interesses do Palácio dos Bandeirantes dificilmente acabavam contrariados pela Alesp.
Covas reelegeu-se governador em 1998, mais uma vez com Alckmin como vice. No início de 2001, porém, Covas sucumbiu a um câncer na bexiga e Alckmin foi alçado a governador.
Inicialmente visto como herdeiro político de Covas, conhecido pelas posições progressistas, Alckmin demorou a ser visto como um político conservador, embora nunca tenha feito nenhum esforço para esconder como realmente pensava.
“Picolé de Chuchu” alça voo solo
Em 2002, Alckmin concorreu ao governo do Estado como cabeça de chapa do PSDB. O perfil austero e sóbrio de Alckmin inspiraria José Simão a cravar o apelido que o político carregaria pelas décadas seguintes sem se ofender publicamente: Picolé de Chuchu.
Diante da projeção proporcionada pelo cargo, Alckmin ignorou a fama de iguaria insossa na política nacional e decidiu tentar um voo mais alto.
O ano era 2006. O presidente era Lula e o antipetismo passava por um ápice na esteira do escândalo do mensalão.
Analistas políticos eram quase unânimes em projetar uma derrota de Lula contra quem quer que personificasse o antipetismo.
De um primeiro turno com sete candidatos, Lula e Alckmin emergiram para um tira-teima em 29 de outubro daquele ano.
Assim como agora em 2022, as eleições presidenciais de 2006 foram extremamente polarizadas. Juntos, eles concentraram mais de 90% dos votos em disputa. Lula bateu na trave, conseguindo 48,61% dos votos válidos na ocasião. Alckmin angariou apoio de 41,64% dos brasileiros.
A surpresa veio no segundo turno. Enquanto Alckmin optou por um discurso ainda mais duro, ancorado na percepção de que o antipetismo lhe renderia mais votos, Lula colou no adversário a pecha de “privatista”.
Como resultado, o petista amealhou 60,83% dos votos válidos no segundo turno. Por sua vez, Alckmin perdeu quase 1,5 milhão de votos em relação à primeira rodada.
Em tempo, são da campanha de 2006 as duras declarações de Alckmin contra Lula requentadas por Bolsonaro nas eleições deste ano.
Voltando à carreira política de Alckmin, ele arrumou um bico de secretário de Desenvolvimento de José Serra antes de sair novamente candidato a governador. Elegeu-se em 2010, reelegeu-se em 2014 e cacifou-se para disputar mais uma vez a Presidência da República em 2018.
Mais uma vez, Alckmin tentou surfar a onda de antipetismo desencadeada pela Operação Lava Jato antes de sua queda no descrédito.
Com apenas 4,76% da votação, terminou o primeiro turno em quarto lugar. Talvez tenha lido o próprio obituário político mais vezes do que gostaria, especialmente depois do quadro como “Doutor Geraldo” na Band.
O camarada Geraldo
A ressurreição política de Geraldo Alckmin começou a se desenhar em dezembro de 2021. Começou com sua desfiliação do PSDB seguida de filiação ao PSB.
Estava aberta a porta de uma costura política que envolvia Fernando Haddad e Marcio França, além de Lula e Alckmin, para a construção da frente política mais ampla possível para enfrentar Jair Bolsonaro.
Quando a aliança foi finalmente selada, houve quem jocosamente se referisse ao vice como o “camarada Geraldo”. Os mais otimistas lançaram que “lula com chuchu” seria a tendência gastronômica das eleições.
Na prática, a aliança serviu de esteio para que Lula trouxesse para sua órbita o mais amplo arco já formado na política brasileira, reunindo partidos e líderes que vão da esquerda à centro-direita do espectro nacional.
É claro que nada disso ocorreu sem os esperados atritos. Há tendências dentro do PT que veem os acordos com desconfiança. Mas o pragmatismo prevaleceu e — por mais difícil que seja mensurar alianças em votos — venceu.
Guerra comercial abre oportunidade para o Brasil — mas há chance de transformar Trump em cabo eleitoral improvável de Lula?
Impacto da guerra comercial de Trump sobre a economia pode reduzir pressão inflacionária e acelerar uma eventual queda dos juros mais adiante no Brasil (se não acabar em recessão)
Petrobras (PETR4) avança em processo para tirar ‘novo pré-sal’ do papel
Petrobras recebeu permissão para operar a Unidade de Atendimento e Reabilitação de Fauna. O centro é uma exigência do Ibama para liberar a busca de petróleo no litoral do Amapá
Com eleições de 2026 no radar, governo Lula melhora avaliação positiva, mas popularidade do presidente segue baixa
O governo vem investindo pesado para aumentar a popularidade. A aposta para virar o jogo está focada principalmente na área econômica, porém a gestão de Lula tem outra carta na manga: Donald Trump
Tarifas gerais de Trump começam a valer hoje e Brasil está na mira; veja como o governo quer reagir
Além do Brasil, Trump também impôs tarifa mínima de 10% a 126 outros países, como Argentina e Reino Unido
Um café e um pão na chapa na bolsa: Ibovespa tenta continuar escapando de Trump em dia de payroll e Powell
Mercados internacionais continuam reagindo negativamente a Trump; Ibovespa passou incólume ontem
Lula reclama e Milei “canta Queen”: as reações de Brasil e Argentina às tarifas de Trump
Os dois países foram alvo da alíquota mínima de 10% para as exportações aos EUA, mas as reações dos presidentes foram completamente diferentes; veja o que cada um deles disse
Eleições 2026: Lula tem empate técnico com Bolsonaro e vence todos os demais no 2º turno, segundo pesquisa Genial/Quaest
Ainda segundo a pesquisa, 62% dos brasileiros acham que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não deveria se candidatar à reeleição em 2026
Trump Day: Mesmo com Brasil ‘poupado’ na guerra comercial, Ibovespa fica a reboque em sangria das bolsas internacionais
Mercados internacionais reagem em forte queda ao tarifaço amplo, geral e irrestrito imposto por Trump aos parceiros comerciais dos EUA
A resposta de Lula às tarifas de Trump: Brasil pode pegar pesado e recorrer à OMC
O governo brasileiro estuda todas as opções para se defender das medidas do governo norte-americano e, embora prefira o diálogo, não descarta acionar os EUA na Organização Mundial do Comércio
Genial/Quaest: Aprovação do governo Lula atinge pior nível desde janeiro de 2023 e cai inclusive no Nordeste e entre mulheres
As novas medidas anunciadas e o esforço de comunicação parecem não estar gerando os efeitos positivos esperados pelo governo
O Brasil pode ser atingido pelas tarifas de Trump? Veja os riscos que o País corre após o Dia da Libertação dos EUA
O presidente norte-americano deve anunciar nesta quarta-feira (2) as taxas contra parceiros comerciais; entenda os riscos que o Brasil corre com o tarifaço do republicano
Brasil não aguarda tarifas de Trump de braços cruzados: o último passo do Congresso antes do Dia da Libertação dos EUA
Enquanto o Ibovespa andou com as próprias pernas, o Congresso preparava um projeto de lei para se defender de tarifas recíprocas
Nova faixa do Minha Casa Minha Vida deve impulsionar construtoras no curto prazo — mas duas ações vão brilhar mais com o programa, diz Itaú BBA
Apesar da faixa 4 trazer benefícios para as construtoras no curto prazo, o Itaú BBA também vê incertezas no horizonte
Esporte radical na bolsa: Ibovespa sobe em dia de IPCA-15, relatório do Banco Central e coletiva de Galípolo
Galípolo concederá entrevista coletiva no fim da manhã, depois da apresentação do Relatório de Política Monetária do BC
Lula firma acordos com Japão, mas frustração do mercado ajuda a derrubar as ações dos frigoríficos na bolsa
Em rara visita de Estado ao Japão, o presidente brasileiro e o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, firmaram nesta quarta-feira (26) dez acordos de cooperação em áreas como comércio, indústria e meio ambiente
Inocentes ou culpados? Governo gasta e Banco Central corre atrás enquanto o mercado olha para o (fim da alta dos juros e trade eleitoral no) horizonte
Iminência do fim do ciclo de alta dos juros e fluxo global favorecem, posicionamento técnico ajuda, mas ruídos fiscais e políticos impõem teto a qualquer eventual rali
Ainda sobe antes de cair: Ibovespa tenta emplacar mais uma alta após decisões do Fed e do Copom
Copom elevou os juros por aqui e Fed manteve a taxa básica inalterada nos EUA durante a Super Quarta dos bancos centrais
De volta à Terra: Ibovespa tenta manter boa sequência na Super Quarta dos bancos centrais
Em momentos diferentes, Copom e Fed decidem hoje os rumos das taxas de juros no Brasil e nos Estados Unidos
Isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil: o que muda para cada faixa de renda se proposta de Lula for aprovada
Além da isenção para quem ganha até R$ 5 mil por mês, governo prevê redução de imposto para quem ganha entre R$ 5 mil e R$ 7 mil; já quem ganha acima de R$ 50 mil deve pagar mais
Na presença de Tarcísio, Bolsonaro defende anistia e volta a questionar resultado das eleições e a atacar STF
Bolsonaro diz que, “mesmo preso ou morto”, continuará sendo “um problema” para o Supremo Tribunal Federal (STF)