Libra em queda: BC do Reino Unido faz previsão bombástica e traz pressão extra à moeda britânica
Junto com projeções, o Banco da Inglaterra elevou a taxa básica em históricos 75 pontos-base hoje – o maior aumento desde 1989

Um combo de más notícias pesa sobre a libra esterlina nesta quinta-feira (03). Não bastasse a decisão de ontem (04) do Federal Reserve (Fed), hoje o Banco da Inglaterra (BoE) jogou mais uma pá de cal sobre a moeda britânica, que afunda em relação ao dólar.
Também não é para menos: o BoE alertou que o Reino Unido está enfrentando a recessão mais longa desde que esse tipo de dado começou a ser registrado, com a desaceleração prevista para se estender até 2024.
O banco central britânico descreveu as perspectivas para a economia britânica como “muito desafiadoras”, observando que o desemprego deve dobrar para 6,5% durante o período de dois anos no qual o país estará mergulhado na recessão.
O Produto Interno Bruto (PIB) do Reino Unido deve cair 0,75% no segundo semestre de 2022, refletindo o aperto na renda real devido ao aumento dos preços de energia e bens comercializáveis, de acordo com as projeções do BoE.
A expectativa da autoridade monetária é de que a economia continue em queda ao longo de 2023 e no primeiro semestre de 2024 — a previsão constituiria a mais longa, embora não a mais profunda, recessão do Reino Unido desde a década de 1920, quando os registros oficiais começaram a ser feitos.
O aumento histórico do juro
A previsão sombria sobre a duração da recessão no Reino Unido veio acompanhada de uma dose histórica de aumento do juro.
Junto com as projeções econômicas, o Banco da Inglaterra elevou a taxa básica em históricos 75 pontos-base hoje – o maior aumento desde 1989.
O oitavo aumento consecutivo do juro marca os esforços contínuos do banco central britânico para domar a inflação desenfreada no Reino Unido, que atingiu o maior nível em 40 anos ao alcançar 10,1% em setembro.
O BOE disse esperar que a inflação permaneça acima de 10% até o final de 2022 e no primeiro trimestre de 2023, antes de desacelerar.
Libra em queda
A libra caiu com a decisão do BoE de elevar a taxa básica, sendo negociada em torno de US$ 1,116, enquanto o juro projetado pelos títulos de dívida do governo do Reino Unido subiram.
Por volta de 13h40, a libra recuava 2,03% ante o dólar, a US$ 1,115. Já em relação ao real, a moeda britânica caía 2,67%, a R$ 5,704.
As previsões do BoE são especialmente difíceis de digerir considerando a estratégia fiscal ainda pouco clara do governo, cujos detalhes devem ser anunciados em 17 de novembro.
O banco central britânico foi forçado a intervir nos mercados financeiros em setembro, lançando uma operação emergencial de compra de títulos depois que o controverso mini-orçamento da então primeira-ministra Liz Truss provocou um caos nos mercados.
Com o recém-escolhido primeiro-ministro Rishi Sunak no cargo, e o ministro das Finanças, Jeremy Hunt, tendo recuado da maioria dos cortes de impostos propostos por seu antecessor, a política fiscal e monetária não parecem mais estar indo em direções opostas.
Ainda teve o Fed
A libra assim como outras moedas também sentem a pressão da decisão de ontem do Federeal Reserve. O banco central norte-americano subiu pela quarta vez seguida a taxa básica em 75 pontos-base, colocando o teto do juro nos EUA em 4% ao ano — o maior nível desde 2008.
Questionado sobre a valorização do dólar derivado da política agressiva de aperto monetário, o presidente do banco central norte-americano, Jerome Powell, foi categórico ontem: “Sei das consequências para o dólar e para as economias que sofrem com o dólar mais forte, mas o compromisso do Fed é com estabilidade de preços”.
Segundo ele, no longo prazo, a estabilidade de preços nos EUA garante um crescimento sustentável da economia norte-americana — o que, consequentemente, acaba beneficiando todas as economias.
O ouro na encruzilhada: proximidade de ‘cruz da morte’ ameaça levar o metal precioso a cair ainda mais
Cotação do ouro encontra-se no nível mais baixo desde março, mas pode cair ainda mais se taxas das Treasuries continuarem em alta e o dólar se fortalecer
Bernard Arnault se envolveu com lavagem de dinheiro? Entenda por que o dono da LVMH está sob investigação
O dono do conglomerado de luxo LVMH está sob a lupa do Ministério Público de Paris por possíveis transações financeiras irregulares com o oligarca russo Nikolai Sarkisov
Cinismo ou pragmatismo? Executivos do petróleo defendem os combustíveis fósseis
Os representantes das principais empresas de energia afirmaram que “não estamos no negócio de sorvetes”, em conferência em Abu Dhabi
Estados Unidos está a poucas horas de ‘apagão’: por que a maior economia do mundo pode parar ainda nesta madrugada — agências se preparam para o pior
Congresso dos Estados Unidos tem até a meia-noite de hoje para aprovar um orçamento capaz de manter o governo funcionando
Sergio Massa melhora nas pesquisas para presidente na Argentina, mas Javier Milei segue na liderança
O candidato governista abriu as portas dos cofres públicos com diversos programas assistencialistas, o que lhe garantiu fôlego na pesquisa
Ação da Evergrande é suspensa de novo apenas um mês depois de seu retorno; saiba por quê
A incorporadora confirmou que o fundador e chairman está sob vigilância da polícia chinesa; as negociações foram retomadas em 28 de agosto na bolsa de Hong Kong, após hiato de 17 meses
Muito além de Neymar e Cristiano Ronaldo: por que a Arábia Saudita quer ter uma das dez maiores ligas de futebol do mundo
Os investimentos da Arábia Saudita no futebol já acumulam mais de US$ 1 bilhão. Os objetivos do governo não param por aí, mas pode ter “segundas intenções”; entenda
Bolsa da Argentina já subiu mais que o dobro do Ibovespa em 2023 — mas você não deveria se deixar levar pelo ‘ouro de tolo’; entenda
O índice Merval, principal índice da bolsa argentina, sobe incríveis 175,64% em 2023 até o fechamento da última quarta-feira (27)
Crise atrás de crise: Fundador da Evergrande está sob investigação (e custódia) da polícia chinesa; confira os detalhes
Yan foi “preso” pela polícia no início de setembro e pouco se sabe sobre a situação do bilionário; a incorporadora acumula mais de US$ 300 bilhões em dívidas
Dólar comeu poeira. Você vai se surpreender com a moeda que mais se valorizou no trimestre
Moeda do Afeganistão, governado pelo Taleban, teve valorização de 9% no trimestre e deve manter a apreciação até o fim do ano
Leia Também
-
Vai dar tempo? Após Lula sancionar lei que limita juros no rotativo do cartão de crédito, bancos têm 90 dias para enviar propostas e seguem discutindo
-
O que são os Treasurys e por que a alta das taxas nos EUA derruba a bolsa brasileira e faz o dólar disparar?
-
Brasil e China dizem adeus ao dólar e fazem primeira transação com liquidação em moedas locais; entenda como funciona
Mais lidas
-
1
Por que a terça-feira será um “Dia D” para a Casas Bahia (BHIA3)? Entenda como uma reunião pode impactar a situação financeira da varejista
-
2
Este fundo imobiliário admite que tem pouca chance de crescer e vai devolver R$ 36 por cota aos investidores; veja quem tem direito
-
3
Dona da JSL e da Movida, Simpar (SIMH3) anuncia aquisição do Grupo Alta por R$ 120 milhões e amplia presença no setor de veículos leves