Moura Dubeux (MDNE3) cumpriu planos do IPO antes do tempo e com volume maior, diz CEO
Em métricas importantes para o setor, a incorporadora e construtora nordestina vence outras concorrentes listadas — que, em sua maioria, são muito maiores em termos de valor de mercado
Líder absoluta e sem concorrentes de peso em sua região de atuação, margens acima dos pares e pressão inflacionária controlada: nada disso foi suficiente para impedir que as ações da Moura Dubeux (MDNE3) acumulassem uma queda de mais de 70% desde a abertura de capital, realizada em fevereiro de 2020.
Em métricas importantes para o setor, a incorporadora e construtora nordestina vence outras concorrentes listadas — que, em sua maioria, são muito maiores em termos de valor de mercado.
Mas quando o assunto é a performance das ações, a Moura Dubeux fica atrás dos pares e só perde para a endividada Tenda (TEND3). Veja abaixo a comparação com outras incorporadoras da B3.
O desempenho sinaliza que há algo errado com a empresa ou representa uma oportunidade de compra para os investidores que gostam de ações do imobiliário?
Fomos direto à fonte para responder a essa pergunta e conversamos com Diego Villar, CEO da Moura Dubeux. Também consultamos os especialistas do setor e o veredito você confere a seguir.
- O ‘VÉIO DA HAVAN’ ESTÁ NADANDO NO DINHEIRO: o segredo de Luciano Hang para deixar a pobreza para trás e acumular R$ 26 bilhões finalmente revelado; clique aqui e baixe o documento que revela tim-tim por tim-tim da vida do empresário
Liderança absoluta no Nordeste é o principal trunfo da Moura Dubeux (MDNE3)
O CEO da companhia reforça que a empresa não deixou de cumprir com o compromisso feito com os investidores durante a oferta pública de ações (IPO, na sigla em inglês), concluída às vésperas do início da pandemia da covid-19.
“O que foi possível, nós fizemos, antes do tempo, inclusive, e com um volume maior do que o que tínhamos prometido”, afirmou Villar, em entrevista ao Seu Dinheiro. Foram lançados 34 projetos no período, com Valor Geral de Vendas (VGV) bruto de R$ 3,2 bilhões e comercializado de R$ 2,7 bilhões.
Segundo Villar, a liderança regional é um dos principais fatores que explicam a boa performance — ao menos fora do mercado acionário — em um momento complicado para o setor.
“Se você me perguntar qual é a segunda maior incorporadora do Nordeste, eu não faço a menor ideia”, afirmou.
Há 15 anos na empresa focada em empreendimentos de luxo e alto padrão, o executivo explica que nem sempre foi assim. “No passado, todas as grandes empresas de São Paulo estavam aqui”.
Cyrela, Rossi, Tecnisa e outras companhias de porte desembarcaram na região após levantarem recursos com aberturas de capital, mas encontraram dificuldades para atuar em um mercado desconhecido.
Já outros nomes como Odebrecht, Queiroz Galvão e OAS deixaram o Nordeste ou restringiram a atuação na esteira da recuperação judicial provocada pelos escândalos de corrupção.
A Moura Dubeux — fundada há quase 40 anos em Recife, capital de Pernambuco — aproveitou o espaço para consolidar a marca e hoje está presente em sete dos nove estados nordestinos, com 20% de market share.
Mão de obra abundante reduz pressão inflacionária
Para Villar, os benefícios trazidos pela liderança isolada são a maior vantagem competitiva da empresa. Além disso, a companhia conta ainda com a ajuda de características próprias do mercado nordestino que suavizam parte dos problemas sentidos pelo setor em São Paulo, por exemplo.
“Elas [incorporadoras paulistas] sofrem uma dinâmica que aqui nós não sentimos, pelo menos não nesse momento: o excesso de canteiros e de emprego, o que gera a inflação da mão de obra”, diz o CEO
Os dados estatísticos sustentam a declaração: a taxa de desemprego no Nordeste ficou em 14,9% no primeiro trimestre deste ano, contra 11,1% no sudeste. As informações são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com poucos canteiros e competidores, a Moura Dubeux evita custos salgados com mão de obra, que conforme destaca Villar, é “um fator importante na composição do orçamento de qualquer orçamento de construção no Brasil”.
Sem problemas para contratar, a companhia também opta pela verticalização das operações, o que reduz o repasse potencial da alta dos preços ao longo de cadeias terceirizadas.
Poder de barganha minimiza efeitos da inflação dos insumos
Ainda assim, a Moura Dubeux não escapa da outra face da inflação na construção. Diferente da escassez de mão de obra, o encarecimento dos insumos construtivos afeta todo o país.
Mas, novamente, a liderança regional fornece a ferramenta necessária para que a incorporadora mitigue parte do problema.
O valor agregado dos insumos é baixo e não justifica o frete, logo a produção é feita localmente. “E, pela baixa quantidade de canteiros, a competição por esses materiais é menor. Como o maior player da região, nós conseguimos melhores negociações”, indica Villar.
Como resultado, a margem bruta — que, em linhas gerais, mede o retorno obtido com as vendas — da Moura Dubeux nos últimos 12 meses é a terceira maior entre os pares listados em bolsa, segundo informações da empresa.
Quando se trata da velocidade de vendas, outra métrica importante para o segmento, o resultado é ainda melhor. No quesito medido pelo índice de Vendas sobre Oferta (VSO) líquido, a Moura Dubeux deixa para trás todas as outras concorrentes.
Tropeço no segundo trimestre?
Vale destacar que esses dados traçam um cenário do último ano e há dúvidas se a Moura Dubeux será capaz de manter o desempenho forte nos próximos meses.
A velocidade de vendas anteriormente celebrada, por exemplo, foi uma surpresa negativa na prévia operacional do segundo trimestre, divulgada na última quinta-feira (7). O VSO líquido caiu 6,1 pontos percentuais, em relação ao mesmo período do ano passado, para 20,8%.
O recuo ocorreu porque as vendas contratadas caíram 18,9%, na mesma base de comparação, e ficaram em R$ 329,5 milhões. A queda do indicador é ainda maior, de 23,1%, quando confrontado com o trimestre imediatamente anterior.
A Moura Dubeux argumenta que parte do resultado pode ser explicado pelo regime escolhido para os lançamentos do período, que é o de incorporação.
A empresa costuma apostar no modelo de condomínio, no qual os recursos para as obras vêm direto do bolso dos compradores e a velocidade de comercialização é mais rápida, mas optou pela incorporação no segundo trimestre para equilibrar a operação.
A extensão dos efeitos do tropeço no desempenho financeiro da empresa poderá ser vista no balanço da companhia, cuja divulgação está marcada para o dia 10 do próximo mês. Mas Villar garante que a gestão está preparada para lidar com o que o futuro reservar.
Temos hoje dentro de casa mais de R$ 2 bilhões em projetos quase prontos para lançar. Lançaremos tudo este ano? Não sei, quem vai dizer é o mercado. Se os indicadores que marcamos todos os meses começarem a cair de forma consistente, suspenderemos. Se eles continuarem estáveis ou subindo, continuaremos lançando.
Diego Villar, CEO da Moura Dubeux
Veja também — RISCOS PARA A ECONOMIA NO 2° SEMESTRE: Lula x Bolsonaro, inflação e JUROS I RECESSÃO NOS EUA?
Hora de colocar a Moura Dubeux (MDNE3) na carteira?
Os analistas em geral têm uma visão positiva para as ações da Moura Dubeux. Entre as casas que recomendam a compra de MDNE3 está o Itaú BBA, que coloca a empresa como uma de suas top picks da construção civil. Para os analistas, a incorporadora é o nome mais bem posicionado no segmento de média renda.
“A ação [MDNE3] é a única que não se recuperou após o início da pandemia. Como consequência, é negociada a um desconto significativo para os a pares que não acreditamos ser merecido, considerando sua operação de alta qualidade no Nordeste”, justifica o banco de investimentos.
Nesse cenário, o Itaú BBA indica compra para a Moura Dubeux, com preço-alvo de R$ 9,00. A cifra representa uma alta de pouco mais de 75% para os papéis, em relação à cotação de fechamento de ontem (12).
A recomendação de compra também é unânime entre os especialistas consultados pelo TradeMap. A plataforma de investimentos compilou a análise de três casas e chegou a um preço-alvo médio ainda maior, de R$ 11. Aqui o potencial de ganho é de 114%.
Vale (VALE3) é a mais barata do setor de mineração e sai ganhando com futuro promissor do minério de ferro
Eu, Matheus Soares, enxergo um grande potencial na commodity independentemente da crise de sua maior exportadora: a China — e a mineradora brasileira sai ganhando com isso
XP Malls (XPML11) vai pagar o segundo maior dividendo de sua história neste mês; veja quem tem direito a receber
De acordo com comunicado enviado ao mercado na noite de quinta-feira (18), o XPML11 distribuirá R$ 0,91 por cota neste mês
Boa Safra (SOJA3) supera o “El Niño” da bolsa e capta R$ 300 milhões em oferta de ações
Apesar do momento de seca da bolsa, a Boa Safra encontrou uma boa demanda para os papéis no mercado; preço por ação saiu a R$ 16,50
Bolsa hoje: Dólar perde força e fecha abaixo de R$ 5,20; Ibovespa reduz as perdas da semana com “empurrão” de Petrobras (PETR4)
RESUMO DO DIA: Embora a tempestade que assombrou a semana não tenha se dissipado totalmente, o Ibovespa conseguiu emplacar a segunda alta consecutiva com apoio de Petrobras (PETR4) — que fez o índice reduzir as perdas dos últimos pregões. O Ibovespa fechou com alta de 0,75%, aos 125.124 pontos. Na semana, o recuo foi de […]
Petrobras (PETR4): e se a melhor e pior notícia que a empresa poderia dar vierem juntas, o que seria das ações?
De uns tempos para cá, a Petrobras vem testando os nervos dos investidores. Há alguns dias, rumores de que os saudosos dividendos extraordinários que foram retidos pela companhia finalmente poderiam sair, o que animou o mercado — e fez as ações saltarem. Mas logo veio um potencial balde de água fria: Aloizio Mercadante poderia assumir […]
Bolsa hoje: Nova York e Petrobras (PETR4) contaminam Ibovespa, que fecha próximo da estabilidade; dólar tem leve alta a R$ 5,25
RESUMO DO DIA: Para acertar o alvo, às vezes é preciso mais de uma flecha, ainda que a mira esteja no ponto certo. Mesmo com as incertezas sobre os juros e a questão fiscal no ar, o Ibovespa conseguiu terminar o dia em tom positivo. O principal índice da bolsa brasileira ficou próximo da estabilidade […]
Smart Fit (SMFT3) vai virar “monstro”? Banco recomenda compra das ações e vê espaço para rede de academias dobrar de tamanho
Os analistas do JP Morgan calcularam um preço-alvo de R$ 31 para os papéis da Smart Fit (SMFT3), o que representa um potencial de alta da ordem de 30%
Ozempic que se cuide! Empresa de biotecnologia faz parceria para distribuir caneta do emagrecimento no Brasil e ações disparam quase 40%
Com o anúncio, a Biomm conquistou R$ 1,2 bilhão em valor de mercado na B3; a comercialização do similar do Ozempic deve ainda passar pelo crivo da Anvisa
Bolsa hoje: Vale (VALE3) não é suficiente e Ibovespa fecha em queda na esteira de Nova York; dólar cai a R$ 5,24
RESUMO DO DIA: O Ibovespa até tentou interromper o ciclo de quedas com o forte avanço do minério de ferro e a prévia do PIB, mas o tom negativo de Nova York falou mais alto e arrastou o principal índice da bolsa brasileira. Com isso, o Ibovespa terminou o pregão em baixa de 0,17%, aos […]
O fracasso das empresas “sem dono” na B3. Por que o modelo das corporations vai mal na bolsa brasileira
São vários exemplos e de inúmeros setores de companhias sem uma estrutura de controle que passaram por graves problemas ou simplesmente fracassaram
Leia Também
-
Meu pai me ajudou a comprar um imóvel; agora ele faleceu, e meu irmão quer uma parte do valor; foi adiantamento de herança?
-
E agora, Ozempic? Caneta emagrecedora Zepbound se mostra promissora no tratamento da apneia do sono
-
XP Malls (XPML11) vai pagar o segundo maior dividendo de sua história neste mês; veja quem tem direito a receber
Mais lidas
-
1
Tchau, Vale (VALE3)? Por que a Cosan (CSAN3) vendeu 33,5 milhões de ações da mineradora
-
2
Sabesp (SBSP3): governo Tarcísio define modelo de privatização e autoriza aumento de capital de até R$ 22 bilhões; saiba como vai funcionar
-
3
Qual o futuro dos juros no Brasil? Campos Neto dá pistas sobre a trajetória da taxa Selic daqui para frente