Elon Musk não quer apenas uma fatia de seu bolo preferido, ele quer o bolo inteiro só pra ele. O CEO da Tesla acaba de anunciar que quer comprar 100% do Twitter (TWTR34) por por US$ 54,20 por ação.
De acordo com estatísticas das ações TWTR em circulação no mercado publicadas em 10 de fevereiro deste ano, o Twitter tem em torno de 800,64 milhões de papéis atualmente.
Ou seja, a oferta de Musk pela totalidade da rede social é de aproximadamente US$ 43,4 bilhões (o que, na conversão atual, chegaria a cerca de R$ 203,75 bilhões).
O valor representa um prêmio de 54% em relação ao dia anterior do investimento do bilionário no Twitter, quando acumulou participação de 9,2% na companhia.
Na carta enviada ao presidente do conselho do Twitter, Bret Taylor, Musk afirma que, caso sua oferta não seja aceita, ele deverá reconsiderar sua posição como atual acionista da rede social.
Por volta das 7h45 (horário de Brasília), as ações do Twitter disparavam no pré-mercado de Nova York, em alta de 12,24%, cotadas a US$ 51,46 na bolsa de valores de Nova York.
Elon Musk e Twitter, uma história antiga
Não é de hoje que o bilionário vem mostrando interesse na empresa.
Tudo começou no dia 28 de março, quando ele fez uma enquete na rede social para perguntar aos seus 81,1 milhões de seguidores se eles acreditavam que o Twitter segue os princípios da liberdade de expressão. Musk também destacou que a resposta seria muito importante.
Após 70% do público responder "não", ele disse que pensava em criar uma versão da rede onde "a liberdade tivesse prioridade máxima" e com propaganda mínima.
Assim, na segunda-feira da semana passada (04), ele anunciou sua participação bilionária de 9,2% na companhia e causou fortes repercussões e as ações entraram em disparada.
Acontece que, de acordo com as leis americanas, os investidores precisam informar à SEC (CVM dos EUA) quando fizerem aquisições acima de 5% dos papéis de uma empresa em um período de 10 dias.
Mas, de acordo com informações do Twitter, o empresário atingiu essa porcentagem no dia 14 de março e já vinha acumulando as ações desde janeiro. Isso significa que, pelas normas do mercado de capitais norte-americano, Musk deveria ter anunciado a fatia para a SEC até 24 de março, e não 11 dias depois.
“O que parece muito claro é que Elon Musk perdeu o prazo de 10 dias para relatar 5% de participação em uma empresa pública”, afirmou o advogado Alon Kapen em documento enviado à CNBC. Os acionistas do Twitter justificam o processo com a afirmação de que Elon Musk comprou os papéis deflacionados.
Isso significa que, entre ter atingido os 5% e chegado até a fatia de 9,2%, o executivo teria acumulando posição na empresa por um preço mais baixo do que se tivesse anunciado a participação assim que tivesse atingido o percentual determinado pela SEC.
Um dia após o anúncio de aquisição da fatia, Elon Musk informou que entraria para o conselho administrativo da empresa, mas logo desiludiu os investidores que se animaram com a notícia.
“Elon decidiu não se juntar ao nosso conselho”, escreveu Parag Agrawal, CEO da companhia, em um tweet. O motivo por trás da desistência não ficou explícito.
A carta de Musk ao Twitter
O homem mais rico do mundo afirma que a empresa de mídia social deve ser transformada de modo privado. Leia a íntegra da carta enviada à SEC — o órgão regulador do mercado norte-americano.
“Bret Taylor
Presidente do Conselho,
Investi no Twitter porque acredito em seu potencial de ser a plataforma para a liberdade de expressão em todo o mundo, e acredito que a liberdade de expressão é um imperativo social para uma democracia em funcionamento.
No entanto, desde que fiz meu investimento, agora percebo que a empresa não prosperará nem atenderá a esse imperativo social em sua forma atual. O Twitter precisa ser transformado em uma empresa privada.
Como resultado, estou oferecendo a compra de 100% do Twitter por US$ 54,20 por ação em dinheiro, um prêmio de 54% sobre o dia anterior ao meu investimento no Twitter e um prêmio de 38% sobre o dia anterior ao anúncio público do meu investimento.
Minha oferta é minha melhor e final oferta, e, se não for aceita, precisarei reconsiderar minha posição como acionista.
O Twitter tem um potencial extraordinário. Eu vou desbloqueá-lo”, disse Musk em uma carta enviada a Bret Taylor, presidente da rede social.