Depois de sustentar um discurso de inflação transitória ao longo do ano passado, o Federal Reserve mudou o tom e se mostra disposto a lutar contra a alta dos preços nos Estados Unidos com armas que incluem um agressivo aperto monetário. E, segundo a SPX Capital, não há como saber quais serão as consequências dessa batalha para os mercados.
“No cenário atual, a inflação é a vilã. Ao lutar contra ela, o Fed mexerá nas placas tectônicas do mercado. O que sairá disso, ninguém sabe; mas a história diz que não é bom ficar de peito aberto na frente dessa tempestade que vai chegar”, alerta a gestora de Rogério Xavier em sua carta mensal.
A SPX prevê ainda que os ventos fortes que acompanharão esse temporal muito provavelmente estourarão bolhas de ativos criadas após anos de políticas muito estimulativas do lado monetário e frouxas no campo fiscal.
Difícil dizer o alcance dessas bolhas, mas dá para dizer que houve exageros que vão precisar ser corrigidos. Correções quase sempre são traumáticas e imprevisíveis. É possível saber como começam, mas nunca se sabe como terminam.
SPX Capital
O guarda-chuva da SPX
Mas, para a sorte dos investidores, quem prevê o temporal também explica quais ferramentas podem ser utilizadas para se proteger contra a tempestade dos juros. De acordo com a SPX, as mais eficazes são aquelas que permitem a saída rápida do capital em situações adversas.
“Temos trabalhado cada vez mais com a opção do imponderável. Eventos raros têm sido mais comuns do que seria esperado. Com isso em mente, temos buscado oportunidades em que não precisamos carregar nossas alocações por um período longo”, diz a carta assinada por Xavier.
Por aqui, a gestora se mantém comprada em inflação implícita. Mas, atenta à postura mais agressiva do Banco Central, posiciona-se também em uma desinclinação da curva dos preços na parte curta.
Além disso, indica que o dólar seguirá com uma boa performance neste cenário, seja contra moedas de países emergentes ou desenvolvidos.
Um teto de ações, commodities e crédito
Quando o assunto são as ações, a SPX divide suas escolhas entre os mercados locais e internacionais. No primeiro caso, a gestora aposta contra as fintechs e o setor de mineração, mas mantém posições compradas em papéis dos segmentos financeiro e de transporte.
Na parte internacional da carteira, a preferência ainda é por setores mais defensivos. De olho na flexibilização da política monetária e fiscal que buscam impulsionar o crescimento da China, a gestora também inicia um posicionamento comprado no gigante asiático.
Já em commodities, a novidade é a volta dos Grãos, que se juntam às alocações em Energia, Metais Industriais e Crédito de Carbono já existentes no portfólio.
Por fim, no mercado de crédito da América Latina, a gestora opta por concentrar-se em posições de valor relativo e seguir com alguns nomes idiossincráticos - ou seja, com risco particulares - “que não são altamente correlacionados ao mercado de juros americanos”. Nos EUA, as alocações são nos setores de Energia e Transportes.
Onde NÃO buscar abrigo
Além de mostrar aquele que acredita ser o caminho para longe da tormenta, a gestora de Rogério Xavier também diz onde os investidores não devem buscar abrigo contra a tempestade.
Veja abaixo ativos que, na opinião de Xavier, “estão no topo da pirâmide dos mercados que serão os mais afetados” pelo cenário.
- Algumas ações de tecnologia;
- Títulos de empresas de alto risco;
- Moedas de países emergentes com fundamentos ruins;
- Títulos governamentais que passaram anos se endividando com juros baixos ou negativos;
- Commodities como os metais preciosos.
No mês de dezembro, o SPX Nimitz rendeu 1,78%, contra CDI de 0,76% no mesmo período. Com isso, o fundo multimercado macro da gestora fechou o ano com ganhos de 11,71% em 2021.
